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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO JOVIANE - REVISADO EM 1-10-2019 2º revisão (1)

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UNIVERSIDADE PAULISTA
LEI SECA 
OSVALDO LUIS HANNICKEL
SOROCABA
2021
45
OSVALDO LUIS HANNICKEL
LEI SECA 
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de bacharel no curso de Direito da Universidade Paulista-UNIP. Orientador: 
Profª: Cássio 
SOROCABA
2019
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus por permitir e me dar forças e saúde para viver essa vitória!
Agradeço a Deus por mim, mesmo com tantas falhas e dificuldades só me fez fortalecer e não desistir. 
Agradeço a toda minha família que me apoiaram e também aos que me desafiaram afirmando: ``só começaria e não terminaria o curso´´
Agradeço a todos os professores que nesses anos contribuíram com o meu crescimento profissional e pessoal.
Agradeço a meu orientador, Doutor Cássio por sua atenção e auxilio no presente trabalho.
EPÍGRAFE 
“A justiça é o vínculo das sociedades humanas; as leis emanadas da justiça são a alma de um povo”. Juan Vives
RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade analisar os fundamentos que permeiam a Lei Seca e aborda a constitucionalidade da Lei Seca. Para isso, possui como objetivo geral mostrar que, apesar da boa intenção do legislador ordinário e do Governo Federal, não é possível, em nome da proteção à incolumidade pública e da segurança viária, ferir ou violar as garantias constitucionais dos indivíduos. É adequado e necessário garantir a liberdade das pessoas, assegurando a observância de seus direitos fundamentais constitucionalmente determinados.
Nesse cenário, iniciaremos nossa pesquisa, observando a conformidade da nomenclatura “Lei Seca” adotada no Brasil, com seu conceito originário norte-americano, além de analisarmos os índices antes e depois da edição dessa lei. Em sequência, verificamos as inovações trazidas pela Lei nº 11.705/08, buscando comparar as antigas e novas redações. 
No terceiro capítulo, dedicado à constitucionalidade da Lei Seca, procuramos analisar os direitos e princípios constitucionais envolvidos, além da adoção de perigo abstrato no crime de embriaguez ao volante. Propõe-se, então, uma reflexão, à luz do texto constitucional, de natureza técnico-científica, notadamente sob a perspectiva dos princípios constitucionais e dos direitos fundamentais. Palavras-chave: Lei Seca; Lei nº 11.705/08; Constitucionalidade; Direitos Fundamentais.
Palavras-chave: Responsabilidade Civil e Criminal, Lei Seca, 
ABSTRACT
This paper aims to analyze the fundamentals that underlie the relationship of economic groups and the succession of employers and the responsibility with employees, doctrine, jurisprudence. That is, the guiding principles that enable workers to have their rights guaranteed. As well as when there is risk of process, it is imminent and causes irreparable damage to the life of the worker. Both the affiliated or subsidiary incumbency of companies through Frugal Greges is linked to employment contracts. That must be fulfilled and repair every right that the employee holds. That is, even if an unlawful act of companies or a partner enters the legal personality diatribe that is legally supported. As long as there is no type of procedural fraud, not to fulfill the pecuniary obligation with the worker. In this sense, this study permeates this care that labor justice has in analyzing the concrete case. And to verify the lawfulness or illegality of the parsimonious consociations and their ways of safeguarding to avoid their contractual relationship with the employees. Some judgments and jurisprudences of the Superior Labor Courts, when analyzing their positions regarding the joint and several liability of economic groups and their companies through successions of employers. The succession of labor, as a protection mechanism, aims to guarantee the employee the maintenance of the benefits acquired during the employment contract, in view of the change in the legal structure or property of the company, which occurs, especially in cases of sale, merger, split, incorporation and transformation. It is proposed in this paper the analysis of the Institute of Labor Succession, addressing the general rule of its effects in relation to labor claims, because of this, the cases in which the happened will not be held responsible. Or the successor will also have responsibility, whether joint or several, based on doctrinal studies and jurisprudential understanding of the Superior Labor Court. Therefore, the present work has a bibliographical research, covering works of Labor Law, as well as Business Law, in addition, it was necessary to carry out a jurisprudential survey on the subject to support the protection of workers, considered as sufficient in the employment relationship.
Keywords: Solidarity and Subsidiary Responsibility; Economic groups. Employer Succession
SUMARIO
I INTRODUÇÃO..................................................................................................................08
2 ADVENTO DA REFORMA TRABALHISTA.................................................................10
3 GRUPO ECONÔMICO.....................................................................................................13
3.1 Sucessão de Empregadores.........................................................................................22
4 APLICAÇÃO DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO DIREITO DO TRABALHO..................................................................................................................26
5 RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.............................................................................34
5.1 Projetos de lei sobre a Desconsideração da Personalidade jurídica no Direito do Trabalho..............................................................................................................................37
CONCLUSÃO.....................................................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................44
 
I INTRODUÇÃO
2 ADVENTO DA REFORMA TRABALHISTA 
A formalidade do advento da reforma trabalhista e sua normativa legal passaram a vigorar em 2017, após seus tramites legai. Foi aprovada pelo Senado Federal em 11 de julho por 50 a 26 votos e foi sancionada pelo executivo (Presidente da República), no dia 13 de julho sem vetos a nova Reforma trabalhista. 
E após decurso de 120 dias após sua publicação no diário oficial, começou a valer as mudanças ocorridas na lei trabalhista em todo território nacional. 
Mas a insegurança do legislador em ponderar sobre o assunto com clareza, a respeito da responsabilização dos sócios em consequência do descumprimento de obrigações que sucede a respeito da coalizão de labor ficou cristalina, frente a inúmeras consequências que poderá acarretar com a diatribe da pessoalidade jurídica.  
Observa-se que uma das vantagens que foi com relação à sucessão de empregadores e a responsabilidade que os sócios serão atingidos nos momentos de transição em que participaram dos dividendos e lucros da empresa, sendo também responsáveis pelos cumprimentos das obrigações nos contratos de trabalho enquanto sócios. 
Uma das mudanças que vale a pena ressaltar é a respeito do sucedimento de empresas e o laço temporal de responsabilidade dos sócios, após sua saída da sociedade em que eram integrados. 
E as maiorias das ações trabalhistas estão associadas nas circunstâncias da efígie jurídica(?). Pois na própria CLT já estava prevista sobre a estruturação jurídica da empresa, que consolidava sobre os direitos adquiridos de seus empregados caso houvesse alguma saída de qualquer dos sócios.(CONTINUO SEM ENTENDER. REVEJA, POR FAVOR) 
Portanto a lei 13.4467/17 em seu dispositivo referente ao artigo 448-A em seu parágrafo único que firmava em seu texto o seguinte:
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.
Parágrafo único.  A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. Assim, o legislador deixou evidente que, na sucessão empresarial ou de empregadores, o sucessor é quem deve responder pelas obrigações trabalhistas, inclusive aquelas anteriores à sua formalização, salvo se “ficar comprovada fraude na transferência”.
Com a reforma outro item acrescentado foi o artigo 10-A, na CLT, que em seu normativo estabelece à responsabilidade subsidiária do sócio emigrado da empresa a ocasião na qual se mantinha como sócio. 
Mas, contudo, apenas seria aplicada tal obrigação aos sócios emigrados após dois anos depois de averbada a comutação da convenção.
Tais enunciados já estavam previstos no parágrafo único do artigo 1003 e artigo 1032 do diploma do código civil Brasileiro, que continham a responsabilidade solidária e não subsidiária, eram utilizadas analogicamente ao processo de trabalho. 
O artigo 10-A da CLT trata sobre a responsabilidade subsidiária, a ordem de preferência que deveria ser seguida para conseguir o adimplemento da obrigação. 
Diante desse dispositivo consolidava que primeiramente responderia a empresa ou seu devedor principal, e se não fosse possível o cumprimento da obrigação pecuniária pela empresa em sua totalidade, tais responsabilidade recairia sobre os atuais sócios. 
O sócio emigrado, caso houvesse a necessidade completaria o valor da obrigação faltante e entraria na cadeia de responsabilidades, podendo ser requisitado se todas as hipóteses fossem sem êxito de recebimento.
 A responsabilidade do sócio emigrante, sofreria penalidade e alteração na hipótese de fraude comprovada na alteração societária, e estando mesmo confirmado tal ilícito a mesma passará a ser solidária com todos os sócios envolvidos por parte da empresa, que está previsto em seu normativo legal no artigo 10-A, da CLT. 
 E após abordar as mudanças o ponto que devemos apontar como relevante é o incidente do agravo da efígie jurídica, que através da lei 13.467/17 englobou a CLT em seu artigo 855-A, o texto que veio a consagrar a aplicabilidade referente ao processo trabalhista o incidente de doesto da pessoalidade jurídica, previsto nos artigos 133 á 137 da lei de nº 13.105 de 16 de março de 2015.
Segundo Willian Pestana, em artigo denominado “sucessão trabalhista e os limites para responsabilização do sócio emigrante”, o instituto deve ser aplicado “somente quando houver necessidade de despir a sociedade empresária e alcançar o patrimônio dos sócios”.
 Sendo que a sua incidência precede “da ausência de bens da executada, passíveis de garantir a satisfação da dívida, de modo que a fraude patrimonial é presumida, diante do inadimplemento da obrigação, de caráter alimentar”. 
Diante dos fundamentos acima abordados, pensamos que a lei 13.467/17 trouxe consideráveis avanços na legislação trabalhista ao disciplinar de forma clara as normas que regulamentam a responsabilidade dos sócios retirantes das sociedades empresárias, a responsabilidade pelas obrigações trabalhistas nas sucessões de empregadores, bem como a respeito da aplicação, no processo do trabalho, do incidente do vitupério da efígie jurídica. 
3 GRUPO ECONÔMICO
A definição de um grupo econômico é um agrupamento de empresas, que mesmo juridicamente independente entre si, estão interligadas, seja por relação contratuais, ou seja, pelo capital, ou cuja propriedade de ativos específicos, ou principalmente de capital, pertencente a indivíduos ou instituições que exercem o controle efetivo sobre esse conjunto de empresas. A propriedade do capital é vista como um mecanismo ou um instrumento de controle. Por meio desta propriedade exerce o poder e nele reside o poder de determinar ou limitar decisões administrativas.
Por isso definir um conceito explicito para um grupo econômico tem como disposição a lei das sociedades anônimas, que através da lei 6.404/76, estabelece a interpretação estruturada em alguns dos seus dispositivos (arts. 265, 267, 269, etc.).
Através de seus dispositivos a lei estabelece o modus operante dos grupos de direito, aqueles que detém os requisitos legais e os elementos e as formalidades que são estabelecidos. 
Com relação aos grupos de direitos apenas são os únicos que atendem os requisitos materiais. Existem uma diferença de fato entre eles, de que os últimos não gozariam do normativo legal.
Mas não podemos deixar de ressaltar que os grupos de direito somente podem ser criados mediante a celebração de uma convenção, com contrato estabelecido, entre todas as sociedades comparte.
Para a deliberação desta convenção e sua eficácia, observa-se a necessidade da realização de assembleias gerais ou composição de toda a sociedade que irão compor o grupo societário.
Nesse âmbito se torna obrigatório a designação de uma sociedade controladora, ou de grupo deliberativo que comanda, sendo necessariamente brasileira que venha a exercer direta ou indiretamente permanentemente o comando administrativo e total controle das sociedades filiadas ao grupo, como o presidente que detém o poder e titular de direitos de sócio ou acionista, ou de acordo com outros sócios ou acionistas.
 Esses dois requisitos são inafastáveis: I- controle total da sociedade entre as todas e as demais; tal controle seja fundado perante a II- os titulares das ações ou com maiores cotas, ou seja, firmado acordo entre os sócios.
Com relação ao Direito Trabalhista, traz de forma conceitual de grupo em seu dispositivo legal no parágrafo 2º do art. 2º da CLT que estabelece:
“Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, pessoalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas”.
E garante através do seu dispositivo o parágrafo 2º do artigo 2º da CLT, que todas as empresas que são integrantes do mesmo grupo econômico são responsáveis e responderão solidariamente pelo valor pecuniário das obrigações trabalhistas. 
Pode-se consolidar que a legislação trabalhista promove toda garantia e solvência com relação aos créditos trabalhistas. 
Estabelece-se um grupo econômico em seu dispositivo e legislação trabalhista vigente quando uma ou mais empresas, mesmo que cada empresa possua efígie jurídica própria, possuírem sob a direção, o controle sua administração ou de outra (grupo econômico por subordinação). 
Denomina-se sociedade financial de dominação, que detém o comando de uma empresa principal ou controladora, ou seja, várias empresas controladas (subordinadas).
Portanto a estrutura do grupo econômico, com maior ou menor grau, tendo uma unidade diretiva comum, ou seja, como prova consistente desta existência. 
É essencial para a formação de grupo de empresas é que exista uma coordenação interna empresarial com objetividade comuns, e uma única unidade diretora.
Diante desse elemento essencial a direção unitária do grupo, porque se torna inexistente, as empresas teriam liberação para cada uma seguir o seu caminho de acordo com as suas determinações, aspecto relevante esse que retiraria a integração empresarial crucial para que um grupo possa ser considerado efetivo.
Com relação ao entendimento que prevalece na Justiça do Trabalho é também possível a reorganização do grupo econômico sem relação de domínio, tornando essa relação de coordenar várias empresas, como acontece o controle das empresas quando está nas mãos de uma ou mais pessoas físicas, detentoras de um número de ações conveniente para criar uma efetiva unidade de comando. Assim a responsabilidade solidária trabalhista torna-se sem efeito, para os grupos de empresas que estão constituídos de maneira formal e informalmente.Ou seja, sendo que é realizado a relação do grupo entre a empresa e uma investigação analítica será ponderada a partir do elo que a empresa empregadora e as demais têm em comum. (NÃO ENTENDI)
 A identificação dos grupos de empresas que são constituídos informal são observadas pela Justiça do Trabalho a partir dos seguintes indícios:
I- a direção e/ou administração das empresas pelos mesmos sócios e gerentes e o controle de uma pela outra;
II- Verificar a nascente comum do capital e do patrimônio das empresas;
III- a composição ou a conexão de negócios;
IV- Utilizar a mão de obra comum, ou que indiquem o aproveitamento direto ou indireto por uma empresa da mão de obra contratada por outra.
Para efeitos na legislação trabalhista não são encontrados nenhuma norma para os contratos de franquia, ou seja, a não ser que o contrato apresente ilícito e ser que se prove fraude ou anomalia contratual.
Já para o contrato especial de franquias, não há uma observação pelo franqueador sobre o fraqueado (do ponto de vista societário, conforme a LSA) e hipótese nenhuma o franqueador é responsável pela direção do franqueado (direção considerada como a prática dos atos de gestão empresarial, sob responsabilidade do administrador).
Não haverá ilícito no contrato de franquia quando regido pelas normas vigente e obedecendo toda regra especificada na lei, e não há fraude em sua formalização e constituição, ou seja, não se pode responsabilizar o franqueador pelos ressarcimentos trabalhistas de seu franqueado, pois são empresas com CNPJ diferente e independentes, pois cada contrato demonstra claramente que cada qual possui gestão própria e cada um responde pelas dívidas contraídas, apenas sendo franqueado a patente e não as dívidas que surgirem caso o negócio não prospere. 
Ao examinar a caracterização do grupo econômico para efeitos trabalhistas, com a nova disciplina legal: conforme o artigo 2º, parágrafo 2º, da CLT, com redação dada pela Lei 13.467/2017:
“Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, efígie jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego”.
Tais requisitos para a formalização das empresas para a configuração das consorciações parcimoniosas e suas empresas não há exigência dos requisitos formais perante ao Direito do Trabalho, que pode decorrer de situação de fato, mesmo porque incide a primazia da realidade.
 Cada grupo econômico deverá ser formado por duas ou mais empresas, ou seja, cada empresa deterá sua pessoalidade jurídica própria.
 Não é permitida que sociedade financial (?), integrado por empresas, que não detém atividades econômicas e empresariais.
A grupo econômico poderá se apresentar com dois modos alternativos:
1) quando as empresas envolvidas estão sob a direção, controle ou administração de outra; ou
2) quando, mesmo guardando cada uma das empresas a sua autonomia, integrem grupo econômico.
A primeira hipótese refere-se a sociedade econômica com poder hierárquico sob subordinação, em que uma das empresas exerce o poder de dominação em face das demais.
Tal premissa de empresa principal é um poder de direção, ou seja, de controle administrativo das empresas subordinadas a principal.
a) dirige as empresas subordinadas, determinando o que fazer e como elas devem exercer as suas atividades; ou
b) controla as empresas subordinadas, decidindo a respeito dos rumos a serem tomados ou das diretrizes a serem observadas por elas (como ocorre, por exemplo, quando a empresa controladora detém quantidade de ações suficiente para exercer o controle das empresas controladas); ou
c) administra as empresas subordinadas, gerindo as suas atividades e organizando o modo de atuarem no mercado.
A segunda hipótese diz respeito a sociedade frugal não hierarquizado, ou seja, em que as empresas mantêm relação horizontal, isto é, de coordenação, e não de dominação, inexistindo uma empresa principal e outras a ela subordinadas.
Entretanto, nesse caso, a mera identidade de sócios não caracteriza a sociedade financial, pois são necessários para a configuração do grupo três requisitos, quais sejam: a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes (artigo 2º, parágrafo 3º, da CLT, acrescentado pela Lei 13.467/2017).
No âmbito rural, nos termos do artigo 3º, parágrafo 2º, da Lei 5.889/1973, sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas pessoalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem sociedade econômica ou financeiro rural, serão responsáveis solidariamente nas obrigações decorrentes da relação de emprego.
Como se pode notar, na esfera rural também se admite a grupo econômico hierarquizado, ou seja, por dominação, em que as empresas mantêm entre si relação de coordenação.
A consequência da existência de grupos econômicos é que todas as empresas que o integram são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
Isto é que tanto a empresa principal como as empresas subordinadas (no grupo econômico hierarquizado) e todas as empresas que mantêm relação de coordenação entre si (no grupo econômico não hierarquizado) são responsáveis solidariamente pelos direitos devidos aos empregados da sociedade financial e das empresas que o integrem. Trata-se, no caso, de solidariedade passiva, decorrente de expressa previsão legal.
Logo, o empregado pode exigir os créditos trabalhistas da empresa a quem prestou serviços e (ou) das demais empresas que compõem a grupo econômico. Não se observa benefício de ordem entre as empresas, pois a responsabilidade é solidária, e não subsidiária.
Discute-se, entretanto, se o grupo de empresas é o empregador único. Vale dizer, questiona-se se a relação jurídica do empregado é mantida com a empresa ou com a sociedade financial. Cabe verificar, assim, se o empregador é a empresa que integra a grupo econômico ou este. A questão envolve a temática de saber se no grupo de empresas também há solidariedade ativa, em que cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro (artigo 267 do Código Civil).
A redação do artigo 2º, parágrafo 2º, da CLT, decorrente da Lei 13.467/2017, parece indicar que a responsabilidade das empresas que integram a sociedade financial é apenas passiva, ao prever que elas “serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego” (destaquei).
Ainda assim, defende-se o entendimento de que essa questão deve ser analisada em cada caso concreto, tendo em vista a incidência do princípio da primazia da realidade.
Há situações em que o poder de direção é exercido pela sociedade financial como um todo, de modo que o empregado irá prestar serviços de forma subordinada às empresas que o integram. Com isso, o tempo de serviço prestado a uma das empresas é computado (como para fins de férias, 13º salário e indenizações) quando o empregado é transferido e passa a prestar serviços para outra empresa do mesmo grupo econômico. 
Nesse caso, a relação de emprego existe e se desenvolve entre o empregado e a sociedade financial, o qual figura como o verdadeiro empregador. Ou seja, o contrato de trabalho é mantido entre o empregado e a sociedade financial, como empregador único.
A respeito dessa questão, segundo a Súmula 129 do TST: “Contrato de trabalho. sociedade frugal. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário”.
Diversamente, há situações em que o empregado é juridicamente subordinado apenas a uma empresa, a qual exerce o poder diretivo e figura como o efetivo empregador. Nessa hipótese, o contrato de trabalho tem como sujeitos o empregadoe a empresa. As demais empresas que integram a sociedade financial, entretanto, respondem solidariamente pelos créditos trabalhistas.
Como se pode notar, o tema do grupo de empresas no Direito do Trabalho é da maior relevância, devendo-se acompanhar a interpretação e a aplicação, pela doutrina e pela jurisprudência, das novas previsões legais.
O artigo 2o da Consolidação das Leis do Trabalho enuncia o conceito de sociedade financial. Pela redação anterior à Lei no 13.467/17, poder-se-ia entender a sociedade parcimoniosa como uma simples aglomeração ou reunião de empresas, responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
Desse modo, o labor a qualquer uma das empresas desse conglomerado empresarial gerava a solidariedade entre todas as pessoas jurídicas integrantes, independentemente da identidade societária. Tal circunstância autorizava, assim, o empregado a demandar judicialmente qualquer das empresas integrantes da sociedade financial, afigurando-se irrelevante ter ou não o reclamantes prestados serviços ao demandado eleito.
Os requisitos para a caracterização de uma reunião de empresas como sociedade financial consistiam objeto de discussão doutrinária e jurisprudencial. Prevaleceu historicamente, contudo, o entendimento de que a relação empresarial necessária à configuração da sociedade financial, apta a gerar a responsabilidade solidária de todos os integrantes do conglomerado, era a de subordinação hierárquica – em detrimento de correntes iniciais que defendiam a mera coordenação de empresas.
Assim, o Tribunal Superior do Trabalho, na linha da doutrina majoritária, fixou o entendimento de que, existindo subordinação hierárquica entre empresas, tem-se por configurado a grupo econômico, ensejando a responsabilidade solidária de todos os seus integrantes pelas obrigações trabalhistas – e não somente do real empregador.
Sobreleva notar que tal fenômeno gerava substancial insegurança jurídica. Isso porque uma empresa, que não manteve qualquer relação com determinado empregado, sem beneficiar-se de seus préstimos, diante da circunstância de inadimplência do empregador, poderia, na fase de execução, ter seus créditos penhorados por determinação da Justiça do Trabalho, sem prévia intimação, em razão do só fato de compor um aglomerado empresarial.
Tal situação suscitava, inclusive, perplexidades de natureza processual. Isso porque, não raramente, a pessoa jurídica opunha embargos à execução, e o Magistrado do Trabalho, entendendo não ser hipótese de devedor, no sentido estrito jurídico, afirmava cabível o manejo de embargos de terceiro. A reforma trabalhista, nesse aspecto, trouxe efetiva segurança jurídica. De plano, a nova legislação incorporou ao processo do trabalho as normas comuns acerca do incidente do contempto da efígie jurídica. Isso significa que o Magistrado da execução deve oportunizar prévio direito de defesa à empresa integrante da sociedade financial, antes de promover atos constritivos.
Efetivamente, o Código de Processo Civil de 2015 fez incluir expressamente em seu texto o cabimento do incidente de agravo da pessoalidade jurídica, tanto na fase de conhecimento como na de execução. Desse modo, o terceiro, ainda que venha a ser incluído no grupo econômico parca, não será surpreendido com penhora de seus bens ou por uma decisão judicial em feito de que não participou, em que não se defendeu e no qual não teve a oportunidade de ser ouvido. Eliminam-se, assim, atos constritivos surpreendentes.
Ademais, a Lei no 13.467/17 – reforma trabalhista – arrolou requisitos objetivos para a configuração da sociedade financial, a partir da inserção do § 3o ao artigo 2oda Consolidação das Leis do Trabalho.
De plano, impõe-se destacar que, em positivação do que já configurava firme jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, a lei fixou que a mera identidade de sócios não caracteriza sociedade parcimoniosa.
Logo, expressamente afastada a simples coincidência societária como elemento caraterizador do grupo econômico, cuidou a novel legislação de estabelecer a tríade de fatores que ensejam o reconhecimento da sociedade parcimoniosa: “a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes”.
Com efeito, extrai-se do conceito legal que um grupo pode não atuar de forma homogênea, vindo a ser constituído precisamente por empresas que buscam o fortalecimento de suas relações interempresariais, sem, contudo, compartilharem dos mesmos interesses, vindo a atuar, cada pessoa jurídica, em seu ramo diferenciado.
Sobreleva destacar, acima de tudo, a necessidade de comprovação dos três requisitos acima descritos, a fim de que se tenha por configurado a sociedade parcimoniosas. Tal exigência constitui importante regra de segurança jurídica, inexistente no ordenamento jurídico anterior à reforma trabalhista.
Nesse contexto, o novo ordenamento jus-trabalhista confere padrões de objetividade e de segurança jurídica às relações laborais que envolvam prestação de serviços a integrante do grupo, mitigando os aspectos subjetivos e de imprevisibilidade que prevaleciam na ordem anterior à Lei no 13.467/17.
3.1 Sucessão de Empregadores
Para termos um conhecimento mais específico cabe ressaltar a importância de verificar as alterações na reforma trabalhista, e que ponto os requisitos mudaram com relação a obrigação das consorciações parcimoniosas e a sucessão de empregadores, ou sucessão trabalhista. Contudo sobre a sucessão de empregadores é relevante observar os ativos e passivos da empresa e que seja importante na alteração e nas condições de trabalho.
Tendo como pressuposto que o funcionário da empresa sucedida permaneça com a empresa sucessora, já a sucessão dos direitos trabalhista permanece com a empresa sucedida e não subsiste na prestação de serviços para a pessoa jurídica sucessora.
Portanto como requisito da sucessão de empregadores, ou seja, a prestação de empregadores, observa-se que basta a transferência de patrimônio efetiva já se consolida para fins de direito do empregado seus recebimentos e liquidação, pois basta essa transferência para efetivar o direito dos recebíveis.
Já com a reforma trabalhista o texto normativo traz essa responsabilidade exclusiva ao sucessor pelas obrigações decorrentes da relação de emprego – ressalvada e resguardada responsabilização da pessoa jurídica sucedida em hipótese de ilícito.
Diante desse contexto, anexou ao texto o legislador da reforma no artigo 10-A consonante à CLT, priorizando que subsidiariamente o sócio que se retirou da empresa responda também pelas relações trabalhistas da sociedade ao período em que se figurou como um dos sócios, “mas tendo como normativo legal que somente as propostas até dois anos após ter ocorrido à averbação, (prazo decadencial), e observado o dispositivo – que não pode ser afetado pela subversão do juízo.(NÃO ENTENDI)
Dessa forma foi estabelecido três patamares de dívidas; que são: Das responsabilidades da empresa com o empregado; e a relação e as circunstâncias de alteração do quadro de sócios do grupo empresarial. 
 Como a doutrina sofreu nova regra aplicável na seara trabalhista – trouxe uma maior segurança maior para todo grupo financeiro. 
A nova jurisprudência normativa, o sócio que se retira da empresa responde subsidiariamente durante o prazo decadencial de dois anos. Mas como tudo há sempre uma exceção é que sempre aparece também uma hipótese que se constatada uma ocorrência de ilícito na alteração societária decorrente da modificação do contrato, por conluio, entre os sócios retirantes e os demais. Diante desse pressuposto nesse cenário, a legislação prevê a responsabilidade solidária dos fraudadores.
Note-se que a regra de responsabilização do sócio retirante, em alguma medida, já existia na Lei das Sociedades. Usualmente, contudo, o Magistrado trabalhista deixava de aplicá-la, determinando a responsabilização de todo e qualquer sócio, ainda que não tivesse a direção do empreendimento. 
A diretriz traçada seguia a intençãode cobrança do crédito do reclamante, ainda que sob pena de gerar situações de notória insegurança jurídica, alcançando sócios que há muito já haviam se retirado da sociedade, sem indícios de fraude. Publica Justiça e Cidadania o seguinte:
A seu turno, o artigo 448 da CLT complementa a regra da sucessão do artigo 10, fixando, como norma geral, que, nas hipóteses de sucessão empresarial ou de empregadores, as obrigações trabalhistas contraídas a qualquer tempo são de responsabilidade do sucessor. A empresa sucedida, contudo, responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada a fraude no negócio jurídico. Cumpre registrar, ainda, que o instituto da sucessão não se aplica à empresa em recuperação judicial, tampouco à empresa falida adquirida em hasta pública.
 Segundo Costa a questão jurídica, relativa à interpretação da Lei no 11.101/05, e notadamente presente em controvérsias envolvendo empresas do setor aéreo, foi pacificada pelo Supremo Tribunal Federal ( Jus Brasil-STF), que firmou o entendimento de que nenhum cenário de alienação de empresa em recuperação judicial no processo de recuperação judicial gera o fenômeno de sucessão”. (COSTA, DA WALMIR OLIVEIRA 20.11.201, ed.207). 
 Segundo publicação da Jus Brasil contida na página do Tribunal da 15º região e jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, seguiu na mesma trilha do STF. Dessarte, as pessoas jurídicas adquirentes dos ativos de empresas em recuperação judicial ou em estado falimentar não respondem pelas dívidas contraídas anteriormente à aquisição. (COSTA, DA WALMIR OLIVEIRA 20/11/2017). 
Trata-se, uma vez mais, de regra de segurança jurídica, que fará com que os negócios jurídicos tenham maior previsibilidade.
Ilustrativamente, o Tribunal Superior do Trabalho, por meio do Tribunal Pleno, julgou, no âmbito dos recursos repetitivos (Tema no 7), a controvérsia envolvendo a TAP, que adquiriu parte da VARIG, empresa aérea em recuperação judicial. A Corte confirmou o entendimento e firmou a tese, de observância obrigatória, no sentido de que, como a unidade produtiva foi adquirida em meio a processo de recuperação judicial, a adquirente não deve responder pelos débitos trabalhistas decorrentes de relações de emprego firmadas anteriormente à aquisição. (COSTA, DA WALMIR OLIVEIRA 20/11/2017).
Como um todo, observa-se que a reforma trabalhista teve dentre seus objetivos traduzir regra de proteção à figura do sócio, notadamente a fim de evitar que seja inscrito indevidamente no rol dos devedores o sócio que dele não deveria constar, minimizando constrições surpreendentes. No plano negocial, trata-se de regra de extrema importância, e que não pode ser afastada da seara trabalhista. (COSTA, DA WALMIR OLIVEIRA 20/11/2017). 
Caberá, assim, ao Juiz do Trabalho observá-la e evitar exacerbação da aplicação do princípio protetivo do trabalhador. Incumbirá, ainda, ao Tribunal Superior do Trabalho amadurecer as discussões emergentes da nova legislação, com sabedoria, disciplina, segurança e previsibilidade, tendo em mente que a atuação do magistrado trabalhista deve adequar-se, sobretudo, ao que estabelece a lei. (COSTA, DA WALMIR OLIVEIRA 20/11/2017). 
4 APLICAÇÃO DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO DIREITO DO TRABALHO
A teoria do doesto da efígie jurídica tem sua origem no âmbito da common law, nos Estados Unidos, em 1809, com o caso Bank of United versus Devaux. No entanto, o caso de maior repercussão, e que parece ter lançado mundialmente a teoria da disregard doctrine, ocorreu na Inglaterra e foi julgado em 1897, com o famoso precedente Salomon versus Salomon & Co. (ANGELA ADELIA DRESCH, 16/09/2017)
Reputa-se que a introdução dessa teoria em nosso sistema legal foi realizada pelo jurista e professor Rubens Requião, na década de 1960, quando não havia disposição legal tratando do assunto no Brasil. 
Atualmente, a teoria do vitupério da pessoalidade jurídica pode ser encontrada em diversos diplomas legais: Código Civil (art. 50), Código Tributário Nacional (Lei nº 9.605/98), Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), Lei Antitruste (Lei nº 8.884/94) e Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98). (ANGELA ADELIA DRESCH, 16/09/2017).
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica é uma exceção ao princípio da separação patrimonial da empresa e dos seus sócios e, como o próprio nome infere, consiste na extensão aos sócios e administradores de determinadas obrigações da sociedade, nas hipóteses de utilização indevida da pessoa jurídica em situações como fraude, simulação e abuso da pessoalidade.
O consagrado Rubens Requião, em monografia pioneira sobre o tema, afirma que "o que se pretende com a doutrina do disregard não é a anulação da efígie jurídica em toda a sua extensão, mas apenas a declaração de sua ineficácia para determinado efeito, em caso concreto, em virtude de o uso legítimo da pessoalidade ter sido desviado de sua legítima finalidade (abuso de direito) ou para prejudicar credores ou violar a lei (fraude)" 
No direito do trabalho, há um conjunto de dispositivos que regem a aplicação do agravo da efígie jurídica, a começar com os arts. 2º, § 2º, da CLT e 3º, § 2º, da Lei nº 5.889/73, que consagram a teoria especialmente no que diz respeito aos chamados grupos de empresas ou sociedade financial.
Os dispositivos estão assim redigidos:
"Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, efígie jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas." (art. 2º, § 2º, da CLT)
"Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas pessoalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia integre sociedade parcimoniosa ou financeira rural, serão responsáveis solidariamente nas obrigações decorrentes da relação de emprego." (art. 3º, § 2º, da Lei nº 5.889/73)
A figura do grupo econômicos surge a partir da vinculação entre entidades que se beneficiam de forma direta ou indireta de um mesmo contrato de trabalho. A caracterização do grupo de empresas pressupõe a pluralidade e a independência das empresas no grupo (isto é, que cada uma delas detenha efígie jurídica própria).
Há distinção importantes entre os dois dispositivos mencionados acima: enquanto a CLT parece optar por uma concepção mais restrita da sociedade frugal, exigindo direção una no âmbito do grupo, a Lei nº 5.889/73 escolhe um conceito mais amplo, alargado, eis que prevê a caracterização do grupo de empresas ainda que cada uma delas guarde a sua autonomia, isto é, mesmo que haja mera relação de coordenação entre os integrantes do grupo.
A questão a ser posta é, então, se a sociedade parcimoniosa urbana também (?) se configura quando há simples relação de coordenação entre as empresas, ou, pelo contrário, se é indispensável a estruturação vertical no interior do grupo. A possibilidade de caracterização da sociedade parcimoniosa por coordenação, a teor do art. 2º, § 2º, da CLT. Nesse sentido, a par da literalidade do preceito consolidado, é preciso ter em conta a finalidade do instituto, que objetiva garantir de forma mais ampla os direitos e créditos trabalhistas. 
Aliás, qualquer discussão em torno da figura da sociedade parcimoniosa - bem como do instituto do vitupério da efígie jurídica - deve ser orientada por essa finalidade.
O grupo econômico para fins trabalhistas independe de qualquer tipificação oriunda de outros ramos do direito, como o direito civil, empresarial, comercial ou econômico. 
Em outras palavras, o fato de determinado agrupamento de sociedades não se enquadrar em quaisquer das figuras previstas pelo direito empresarial, por exemplo, não impede o reconhecimento como sociedade financial para fins trabalhistas, com os efeitos do art. 2º, § 2º, da CLT (5).
Assim, o que é decisivo, parao direito do trabalho, é a constatação de que sociedades vinculadas entre si por relação de direção ou coordenação se beneficiam, de modo direto ou indireto, de um mesmo contrato de trabalho. 
Uma vez configurado o grupo, tem-se a responsabilidade solidária dos seus integrantes, nos termos da legislação pertinente. 
A solidariedade aí é ativa e passiva, do que decorre o reconhecimento de que o legislador adotou a perspectiva da sociedade parcimoniosa como empregador único.
É exatamente essa previsão de responsabilidade solidária entre as empresas integrantes do grupo, associada à noção de empregador único, que corresponde à consagração da teoria do doesto da efígie jurídica do empregador no que diz respeito as consorciações parcimoniosas. 
Vale lembrar que uma das características fundamentais da relação de emprego é a impessoalidade quanto à figura do empregador, o que quer dizer que o empregado estabelece o vínculo com a atividade econômica explorada pelo empregador. 
Não por acaso é possível, no direito do trabalho, a ocorrência de sucessão de empregadores, sem que tal evento interfira na dinâmica do contrato de trabalho, como preceituam os artigos. 10 e 448 da CLT (6).
A teoria do agravo da pessoalidade jurídica, fundada nos artigos. 2º, § 2º, da CLT e 3º, § 2º, da Lei nº 5.889/73, permite deixar explícita a realidade subjacente a grupo econômico. 
Como esclarece Suzy Elizabeth Cavalcante Koury, "a aplicação da disregard doctrine visa evitar que a efígie jurídica da empresa contratante seja abusivamente utilizada para encobrir a real vinculação do empregado com o grupo”. (KOURY, SUZY ELIZABETH CAVALCANTE Op. cit. p. 170, 2011). 
O Tribunal Superior do Trabalho (TST-Jus brasil), por meio do então enunciado nº 205, dispunha que não podia ser sujeito passivo na execução o responsável solidário, integrante da sociedade parcimoniosa, que não constou do título executivo judicial. Assim, a execução somente poderia ser proposta contra a sociedade constante no título executivo. 
O simples fato da falência da empregadora não autorizaria a extensão dos efeitos da execução trabalhista às demais sociedades integrantes do mesmo sociedade financial.
Entretanto, o verbete foi cancelado pela Resolução nº 121, de 2003, tendo o Tribunal Superior do Trabalho passado a adotar o entendimento oposto, como se verifica do seguinte precedente:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. GRUPO ECONÔMICO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INCLUSÃO DA EXECUTADA NO POLO PASSIVO APENAS NA FASE DE EXECUÇÃO. Não procede a alegação de que houve afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa e do direito de propriedade, sob o fundamento de que não fez parte do polo passivo da demanda e tampouco, do título executivo judicial. Com efeito, no caso de configuração de grupo econômico, não cerceia o direito de defesa ou contraditório e, ainda, não viola o direito de propriedade da reclamada, a sua inclusão no polo passivo da demanda apenas na fase de execução. Isso porque a responsabilidade das empresas integrantes do grupo econômico decorre da própria lei (art. 2º, § 2º, da CLT) e, por esse motivo, pode ser reconhecida na fase de execução, mesmo não havendo participado do processo de conhecimento e nem constado do título executivo judicial. Agravo de instrumento não provido." (AIRR 42540-65.2002.5.03.0008, Rel. Min. Milton de Moura França, j. 29.06.2011, 4ª Turma, publicada em 05.08.2011).
No que toca às relações de emprego envolvendo empregador único - fora, portanto, dos casos do grupo econômico -, a CLT não possui dispositivo específico a respeito do doesto da efígie jurídica. Não obstante, há o entendimento de que o instituto decorre do próprio art. 2º, caput, da Consolidação - na parte em que vincula o empregado à atividade empresarial, e não à pessoa do empregador, consagrando o princípio da impessoalidade ou despersonalização deste último.
Além disso, a aplicação do instituto encontra respaldo nos princípios que informam o direito do trabalho, em especial o da proteção e o da primazia da realidade, a par do disposto no art. 9º da CLT (8).
Ademais, é possível a incidência subsidiária do direito comum, no direito do trabalho, para fins de aplicação da disregard doctrine, como autoriza o art. 8º da CLT (9). Nesse sentido, tem relevância os artigos 50 do Código Civil e 28 do Código de Defesa do Consumidor. Comecemos com o primeiro. 
É interessante lembrar que o Código Civil anterior, de 1916, consagrava o princípio da separação entre empresa e respectivos sócios em seu art. 20, que assim dispunha: "As pessoas jurídicas têm existência jurídica distinta da dos seus membros".
O novo Código Civil não reproduziu o dispositivo acima e ainda positivou, como regra geral de direito civil, não só a responsabilidade especial dos administradores com a extensão de determinadas obrigações da sociedade ao seu patrimônio, mas também a teoria do contempto da efígie jurídica, com a extensão da responsabilidade social aos sócios, conforme capitulado em seu art. 50:
"Art. 50 - Em caso de abuso da pessoalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da efígie jurídica."
O desvio de finalidade, nesse caso, configura-se pela utilização da sociedade para finalidades diversas daquelas estabelecidas em seu objeto social, ou seja, a utilização da sociedade para atender propósitos distintos daqueles em função dos quais foram formalmente constituídas.
Por confusão patrimonial deve-se entender a ausência de distinção entre o patrimônio social e o patrimônio de um, alguns ou todos os sócios, refletindo a falta de uma nítida separação entre a massa patrimonial da sociedade e aquela do(s) sócio(s).
O abuso da pessoalidade jurídica e, principalmente, a confusão patrimonial ocorre, na maioria dos casos, em pequenas empresas constituídas sob a forma de sociedades de pessoas. Com menos frequência, ocorrem em sociedades de capital, notadamente as companhias abertas, das quais é exigido um elevado grau de transparência nos seus atos.
A opção legislativa parece ter sido influenciada pela busca de uma responsabilização mais efetiva dos atos ilegais dos sócios e administradores, sempre que a efígie jurídica for utilizada com abuso, posição que os Tribunais já haviam consagrado. Note-se, entretanto, que apesar de conter conceitos bastante amplos e genéricos, o dispositivo é direto ao dispor que a extensão das obrigações aos sócios e administradores somente ocorrerá no caso de abuso da efígie jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
Por outro lado, o art. 28 do CDC está assim redigido:
“Art. 28 - O juiz poderá desconsiderar a pessoalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social”. 
O vitupério também será efetivado quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocada por má administração.
§ 1º - (Vetado).
§ 2º - As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3º - Os grupos econômicos são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 4º - As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5º - Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores."
O Código de Defesa do Consumidor prevê ampla gama de hipóteses que acarretam o doesto da pessoalidade jurídica, até mesmo repetindo dispositivos legais que tratam da responsabilidade direta de sócios e administradores. O seu § 5º também prevê que poderá ser desconsideradaa pessoa jurídica sempre que sua efígie for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
Esse preceito do Código de Defesa do Consumidor (art. 28, § 5º) é plenamente aplicável ao direito do trabalho, autorizando, portanto, o doesto da efígie jurídica do empregador na fase de execução trabalhista. 
Vale lembrar que o direito do consumidor, preocupado com a proteção da parte mais vulnerável em termos materiais e processuais, guarda especial semelhança com o direito do trabalho, igualmente atento à parte da relação jurídica que apresenta maior vulnerabilidade material e processual. 
Essa similitude de princípios e finalidades chancela a incidência daquele dispositivo nas relações laborais, como forma de assegurar a efetividade e o cumprimento da própria legislação trabalhista.
Assim, havendo insuficiência de bens por parte da empresa empregadora para sanar as dívidas trabalhistas, com fundamento no art. 28, § 5º, do CDC, a jurisprudência dos Tribunais admite alcançar os bens dos sócios, por aplicação da teoria do vitupério da pessoalidade jurídica.
Esse vem sendo o entendimento predominante na jurisprudência trabalhista, em especial no Tribunal Superior do Trabalho:
"EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO MUNICÍPIO ACIONISTA DA EMPRESA EXECUTADA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DO DEVEDOR. 
Justifica-se a incidência da teoria da desconsideração da personalidade jurídica do devedor quando caracterizado o descumprimento das obrigações decorrentes do contrato de trabalho e a falta de bens suficientes da empresa executada para satisfação das obrigações trabalhistas. Afigura-se correto, nessas circunstâncias, o reconhecimento da responsabilidade subsidiária do Município de Recife, considerando sua condição de sócio majoritário da executada, ante a inexistência de patrimônio da empresa executada capaz de garantir a execução, conforme bem salientado na decisão proferida pelo Tribunal Regional. Agravo de instrumento não provido." (AIRR 2947-88.2010.5.06.0000, Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, j. 11.10.2011, 1ª Turma, publ. 21.10.2011)
Questão importante diz respeito às hipóteses em que há responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas, como nos casos de terceirização de serviços (Súmula nº 331 do TST- Jus Brasil). Ora, pergunta-se: constatada a insuficiência de bens livres e desembaraçados do devedor principal, é possível direcionar a execução, de imediato, ao devedor subsidiário, ou, antes, é necessário alcançar o patrimônio dos sócios do devedor principal, aplicando-se a disregard doctrine?
A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, atenta à necessidade de conferir efetividade aos direitos trabalhistas e às próprias decisões judiciais, vem reconhecendo a possibilidade de se direcionar a execução ao devedor subsidiário, tão logo evidenciada a inexistência de patrimônio por parte do devedor principal. Nesse sentido:
5 RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
É o devedor principal o obrigado a responder pelo débito a que deu causa. Contra ele é dirigido o conjunto de atos necessários a reparar o inadimplemento da obrigação. 
O patrimônio do devedor responderá como a garantir o pagamento ao credor. 
Ao ser constatada a inexistência de bens que garantam a execução, em havendo coobrigado, subsidiariamente, tendo ele participado da relação jurídico-processual, contra ele irá prosseguir. 
A ausência de bens desembaraçados do devedor principal demanda que se proceda à execução contra o devedor subsidiário. 
Não incumbe na execução, se busque excutir, em segundo lugar, os bens dos sócios, para apenas após se executar o responsável subsidiariamente, eis que demandaria incidentes processuais na execução a alongar o adimplemento do título executivo judicial, inclusive no agravo da efígie jurídica. 
Não cabe, na fase de cumprimento da sentença, admitir-se cognição incidental para verificar a existência de abuso ou fraude na pessoa jurídica, notadamente quando há, na relação processual, devedor subsidiário que responde, dessa forma, pelo cumprimento da obrigação. 
Basta, portanto, o exaurimento da busca de bens do devedor principal para que se adote o legítimo redirecionamento contra o responsável subsidiário. Incumbirá ao devedor subsidiário adotar as providências para buscar, em ação regressa, a responsabilidade do sócio. Recurso de revista conhecido e desprovido." (RR 112-43.2010.5.03.0152, Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, j. 15.06.2011, 6ª Turma, publ. 24.06.2011)
No que diz respeito aos sócios da empresa cuja pessoalidade jurídica será afastada, têm eles o direito de invocar o benefício de ordem, de modo que os bens da sociedade sejam excutidos em primeiro lugar. Essa é a exegese que se extrai dos arts. 592, II, e 596 do CPC 12- 13. Um questionamento adicional pode, então, ser feito: em que momento a responsabilidade pelos créditos trabalhistas deve recair sobre os bens dos sócios da empresa?
A jurisprudência trabalhista, especialmente a do eg. TST, é pacífica no sentido da possibilidade de aplicação da teoria do doesto da pessoalidade jurídica na fase de execução, quando, então, os atos expropriatórios serão direcionados aos bens dos sócios. É o que vimos há pouco nos precedentes citados e quando nos referimos ao cancelamento da Súmula nº 205 do Tribunal.
Mas fica a pergunta: é possível que a responsabilidade dos sócios e a incidência do instituto da disregard doctrine ocorram já na fase de conhecimento?
Há divergências. Para alguns, o reconhecimento da responsabilidade (subsidiária, vale lembrar) dos sócios deve ser precedida do agravo da pessoalidade jurídica da empresa, sendo a execução o momento oportuno para tanto. É o entendimento ilustrado pelo seguinte julgado:
"RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DOS SÓCIOS. PROCESSO DE CONHECIMENTO. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. O sócio da empresa, pessoa física, não pode figurar como responsável subsidiário na fase de conhecimento do processo, sem que antes seja declarada a desconsideração da personalidade jurídica daquela sociedade. O momento oportuno para a declaração da desconsideração da personalidade jurídica, caso necessário, é na fase de execução do processo, e não na fase de conhecimento, porquanto tal matéria diz respeito à responsabilidade patrimonial, prevista nos arts. 591 e seguintes do Código de Processo Civil. Recurso de revista conhecido e provido." (RR 46100-84.2004.5.03.0027, Rel. Min. Renato de Lacerda Paiva, j. 04.03.09, 2ª Turma, publ. 22.05.09)
Em sentido oposto, a tese de que, se o sócio pode ser incluído na lide durante a fase executória, mediante a aplicação da disregard doctrine, nada impede que o seja, por força do mesmo instituto, desde a etapa processual de conhecimento, o que, além do mais, poderia lhe permitir a fruição de um contraditório mais amplo. Esse raciocínio seria recomendável, inclusive, nos casos em que, desde o começo da relação processual, o juiz do trabalho se depara com indícios de fraude ou abuso na utilização da pessoa jurídica. O precedente a seguir é ilustrativo:
"RECURSO DE REVISTA. FALÊNCIA. INCLUSÃO DO SÓCIO NO POLO PASSIVO DA DEMANDA. POSSIBILIDADE DIANTE DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. Na esfera trabalhista, entende-se que os bens particulares dos sócios das empresas executadas devem responder pela satisfação dos débitos trabalhistas. Trata-se da aplicação do disposto no art. 592, II, do CPC, e da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, esta derivada diretamente do caput do art. 2º da CLT (empregador como ente empresarial em vez de pessoa) e do princípio jus- trabalhista especial da despersonalização da figura jurídica do empregador. Na hipótese de falência, incide também o art. 28 da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), que dispõe: 'O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutosou contrato social. 
O doesto também será efetivado quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração'.
 Está claro, portanto, que não obstante a pessoa jurídica se distinga de seus membros, admite a ordem jurídica, em certos casos - de que a falência é um exemplo - a responsabilização do sócio pelas dívidas societárias. 
Assim, se é permitido que, na fase de execução, possa o sócio ser incluído na lide para fins de responsabilização pela dívida apurada, com muito mais razão deve-se aceitar sua presença na lide desde a fase de conhecimento, em que poderá se valer mais amplamente do direito ao contraditório.
 Contudo o sócio não responde solidariamente pelas dívidas sociais trabalhistas, mas em caráter subsidiário, dependendo sua execução da frustração do procedimento executório perfilado contra a sociedade, na forma do caput do art. 596 do CPC. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido quanto ao tema." (RR 2400-18.2003.5.01.0005, Rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, j. 16.06.2010, 6ª Turma, publicado em 28.06.2010). 
Esses contornos bem delimitam a aplicação do agravo da efígie jurídica no direito do trabalho. 
A legislação hoje existente, como vimos, revela-se bastante produtiva para o objetivo de conferir adequada efetividade aos direitos sociais e trabalhistas, concretizando, ainda, os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, do valor social do trabalho e da livre-iniciativa (art. 1º, III e IV) e da função social da propriedade (art. 5º, XXII).
É chegada a hora, então, de voltarmos nossa atenção às principais propostas que tramitam no Poder Legislativo sobre o tema da disregard doctrine e sua aplicação no direito do trabalho.
5.1 Projetos de lei sobre a Desconsideração da Personalidade jurídica no Direito do Trabalho
O exame dos projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional acerca do tema do agravo da efígie jurídica revela a pretensão de se conferir maior rigidez ao procedimento de "levantamento do véu" da pessoa jurídica, admitindo-o apenas de forma excepcional.
É o caso, por exemplo, do Projeto de Lei nº 3.401/08 (autoria do deputado Bruno Araújo), que "disciplina o procedimento de declaração judicial de desconsideração da pessoalidade jurídica e dá outras providências".
 A proposta exige que a parte postulante do doesto da efígie jurídica ou da responsabilidade pessoal dos sócios especifique os atos por eles praticados que ensejariam tal responsabilização, pena de indeferimento liminar do pedido. 
Estabelece, assim, um contraditório prévio ao vitupério da efígie jurídica; o magistrado não pode decretar de ofício a despersonalização; o mero inadimplemento das obrigações trabalhistas não a autoriza.
Essa exigência foi mantida no Substitutivo apresentado na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio em 28.09.2011. Apresentação de Parecer, pela aprovação, na Comissão de Constituição e Justiça. Aguarda inclusão em pauta. Na linha desse projeto, foi a ele apensado o PL nº 4.298/08, de autoria do deputado federal Homero Pereira. 
Tal como a proposta anteriormente mencionada, também objetiva estabelecer prévio contraditório para o contempto judicial da efígie jurídica, referindo-se expressamente aos processos de execução cível, trabalhista e fiscal (enquanto o PL nº 3.401/08 dispunha de forma geral sobre o agravo). E também na linha daquele, o PL nº 4.298/08 restringe as hipóteses de incidência da disregard doctrine:
"Art. 2º - O agravo da pessoalidade jurídica será declarada pelo juiz nos processos de execução cível, trabalhista e fiscal, nos casos de confusão patrimonial, gestão temerária ou fraudulenta e dilapidação do patrimônio das pessoas jurídicas, e alcançará os dirigentes e sócios que o sejam à época dos fatos ou tenham, de qualquer forma, se beneficiado com tais práticas." Esses projetos de lei parecem conflitar com as recentes alterações processuais do ordenamento jurídico, nas quais se percebe a inclinação no sentido de favorecer a garantia das execuções, como forma de prestigiar as próprias decisões do Poder Judiciário. 
A execução deve ser efetiva e, ao mesmo tempo, célere. Todos os esforços do juiz devem se dirigir à satisfação dos créditos. Essas exigências se impõem com maior força no direito processual do trabalho.
Entre as propostas que tramitam no Congresso Nacional e que são específicas sobre direito do trabalho, está o Projeto de Lei nº 5.140/05, de autoria do finado deputado federal Marcelo Barbieri, visando, dentre outros objetivos, acrescentar alínea d ao art. 883 da Consolidação das Leis do Trabalho, com o seguinte teor:
"Art. 883-D - A aplicação do princípio do doesto da efígie jurídica, à execução da sentença trabalhista, exige prévia comprovação de ter ocorrido abuso de direito, desvio de finalidade, confusão patrimonial, excesso de poder, ocorrência de fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.
Parágrafo único – O agravo da pessoa jurídica poderá ser levado a efeito em caso de falência fraudulenta, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica, provocados por má administração, e desde que fique demonstrada a responsabilidade do sócio ou ex-sócio executado."
Apensado ao PL nº 5.140/05, que dispõe sobre a penhora online nas execuções trabalhistas, prevê que a conta corrente ou aplicação do empregador somente poderá ser bloqueada na fase de execução definitiva, está o Projeto de Lei nº 5.328/05, de autoria do deputado federal Geraldo Resende, e que propõe alteração no art. 883 da CLT para que passe a contar com os seguintes parágrafos:
"Art. 883 - (...)
§ 1º - Quando não encontrados bens da sociedade ou insuficientes os localizados para responder pelo título executivo, o sócio também poderá ser sujeito passivo da execução trabalhista, em solidariedade com a pessoa jurídica, desde que comprovada a prática de atos seus, ilícitos e fraudulentos, em violação à lei, ao contrato ou ao estatuto. § 2º - Poderá eximir-se da responsabilidade solidária o sócio que, regularmente citado, pagar, depositar ou indicar bens societários livres e desembaraçados que possam responder pelo débito trabalhista, no prazo de quarenta e oito horas.
§ 3º - Não cumprindo o disposto no parágrafo anterior, o sócio será citado para responder pelo prosseguimento da execução, podendo opor embargos, no prazo de cinco dias, após garantir o juízo.
§ 4º - Não será objeto de constrição o bem do sócio que tiver sido incorporado ao seu patrimônio pessoal anteriormente ao seu ingresso na sociedade executada."
Também ao PL nº 5.140 está apensado o PL nº 870, de autoria do ex-Deputado Federal Marcelo Guimarães Filho, que acrescenta dispositivos à CLT restringindo a responsabilidade dos sócios à exata proporção do capital social da pessoa jurídica executada por débitos trabalhistas.
Há relação de prejudicialidade entre os projetos - por isso tramitam conjuntamente. De toda forma, percebe-se que têm por objetivo regulamentar a aplicação do vitupério da efígie jurídica no âmbito do Processo do Trabalho - invocando, ainda, supostos abusos praticados por juízes do trabalho.
Anota-se que os referidos projetos de lei teriam o condão de impedir a aplicação, no direito e no processo do trabalho, do disposto no § 5º do art. 28 do CDC.
Por último, é importante registrar que o Projeto de Lei nº 6.025/05, em tramitação na Câmara dos Deputados, o novo Código de Processo Civil, propõem disciplina especial para o chamado "incidente de agravo da pessoalidade jurídica". O projeto prevê o "incidente de doesto", cabível em qualquer fase processual (conhecimento, cumprimento de sentença e execução fundada em título executivo extrajudicial), que suspende a tramitação do processo principal até a solução, pela acolhida ou não do pedido de contempto. Estabelece que os pressupostos do agravo da pessoalidade jurídica "serão previstos em lei". O PL, no particular, restringe-se a indicar quando o incidente é cabível, regulando o respectivo procedimento do contraditório.CONCLUSÃO
Com a previsão do instituto justrabalhista da Sucessão de empregadores (ou Sucessão Trabalhista), nota-se que o intuito do legislador foi conferir uma garantia aos empregados, pois estes não terão seus direitos atingidos pela mudança na estrutura jurídica ou pela transferência da propriedade da empresa (art. 448 da CLT). 
O vínculo trabalhista é formado entre o trabalhador e a empresa, enquanto atividade econômica organizada (art. 2º da CLT) sendo, portanto, dever de quem a comanda adimplir as obrigações trabalhistas. Como foi visto, na sucessão é repassado ao sucessor todos os direitos do antigo empregador, como também é transferido todos os deveres, restando inalterado os direitos a que faz jus os empregados (art. 10 da CLT), devendo estes cobrarem do sucessor a efetivação dos seus direitos. 
No entanto, essa transferência da responsabilidade das obrigações trabalhistas do sucedido para o sucessor é a regra geral, existindo inúmeras exceções. As exceções para os casos de fraude e de comprometimento das garantias do contrato de trabalho, onde também há responsabilidade do sucedido de maneira solidária e subsidiária, respectivamente, além do fundamento legal (arts. 8ª, parágrafo único e 9ª da CLT, e arts. 186 e 942 do Código Civil), é bastante razoável, pois do contrário restaria ineficaz os objetivos da sucessão trabalhista, podendo o antigo empregador, de má-fé, transferir a empresa para terceiro que não tivesse condições de adimplir os créditos trabalhistas, desamparando os empregados. 
Desta forma, para evitar que o empregador, intencionalmente, desvirtue o instituto trabalhista e prejudique os trabalhadores, e em consonância com o entendimento pacificado nos tribunais trabalhistas, acaba sendo atribuída responsabilidade àquele, solidária ou subsidiariamente, conforme o caso. 
Com relação à hipótese de substituição de concessionário de serviço público, conforme estipulado na OJ nº 225 da SDI-1 do TST, existe a responsabilidade subsidiária do antigo concessionário, pelos créditos dos contratos de trabalho extintos após a entrada em vigor da nova concessão, se o novo concessionário utilizar parte ou o total de bens daquele. 
Já no caso de contratos extintos antes da entrada em vigor da nova concessão, ou no caso do novo concessionário não utilizar bens da propriedade do antigo concessionário, não haverá a sucessão, ficando o sucedido responsável pelos créditos trabalhistas. 
Isso ocorre, pois o concessionário presta o serviço público delegado por sua conta e risco, sendo de sua inteira responsabilidade as contratações que efetua durante o período em que presta o serviço. Se o Poder Concedente não responde pelos créditos trabalhistas devidos, com muito mais razão se exime o novo Concessionário, que nada mais é do que uma nova pessoa responsável pelo serviço público delegado pelo Estado, sendo que este é que tem uma relação direta com antigo Concessionário. 
Vê-se, portanto, que para essa regra prevista na OJ, o TST levou em consideração mais as normas de direito administrativo sobre concessão de serviço público e o interesse público do Estado, do que a proteção a ser conferida aos trabalhadores, havendo necessidade dos concessionários terem mais responsabilidade e cautela nas suas contratações, e o Estado o dever de fiscalizar se os direitos trabalhistas estão sendo cumpridos por aqueles. Já no caso da Lei de Falência e Recuperação Judicial (lei nº 11.101/05), onde está prevista que não haverá a sucessão na compra da empresa em hasta pública, tal exceção resta plenamente justificada, pois além do fato desta lei representar um caso específico e excepcional em relação à regra geral prevista na CLT, os efeitos da sucessão trabalhista não são compatíveis com os objetivos da lei de falências. 
Nesta o objetivo é apurar a maior quantidade de valores possíveis para se fazer o pagamento dos credores, que estão reunidos na execução universal ou fazendo parte do plano de recuperação da empresa. 
Para isso, como forma de atrair uma maior quantidade de compradores, bem como para que estes possam ofertar uma quantidade elevada pela compra da empresa ou de suas unidades produtivas, estipula-se que ela é adquirida sem qualquer ônus. 
Além disso, os trabalhadores não serão tão prejudicados, pois as quantias apuradas com a venda da empresa serão utilizadas para pagamento dos credores, sendo que os empregados têm preferência no recebimento, conforme art. 83, inciso I da lei nº 11.101/2005. 
Por último, no caso da exceção prevista para o caso de desmembramento de Municípios, consoante a OJ nº 92 da SDI-1 do TST, justifica-se a não incidência dos efeitos da Sucessão Trabalhista com base no princípio constitucional da autonomia política e financeira dos Entes Federativos. 
Portanto, levando-se em consideração questões de interesse público, não é razoável que um Município inicie sua existência com ônus e deveres contraídos por outrem. 
Em suma, pode-se concluir que a Sucessão Trabalhista é um instituto protetivo dos direitos trabalhistas, mantendo inalterados os direitos dos empregados diante das mudanças na estrutura ou na propriedade da empresa, responsabilizando o sucessor pelas obrigações trabalhistas, mas que existem exceções, todas justificadas, seja com base na necessidade ampliação das garantias dos trabalhadores (Como no caso da fraude), seja pelo fato da exceção está prevista em lei (a exemplo da lei de falência), ou mesmo porque há outros interesses preponderantes (caso da concessão de serviço público e do desmembramento de Município).
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