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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Prenhez Ectópica Introdução Representa a patologia hemorrágica típica do 1º trimestre de gestação, sendo a primeira causa de morte materna no 1º trimestre. Geralmente se manifesta como quadro agudo e morbimortalidade importantes. Possui incidência crescente com a idade avançada, técnica de fertilização in vitro e infecções. Definição Representa uma gestação cuja implantação e desenvolvido ovular ocorrem fora da cavidade uterina. Classificação Segundo a Concepção natural: - Tubária: 95% dos casos, sendo: 80% ampolar; 12,3% ístimica; 1,9% intersticial; 6,2% fimbrial. - Abdominal: 1,4% dos casos; - Ovariana e cervical: 0,15 % dos casos cada. Segundo a reprodução assistida: - Tubária: 82,2% dos casos, sendo: 92,7% ampolar; Intersticial: 7,3%. - Heterotópica: 11,7% dos casos: Nesse caso, a reprodução assistida possui uma pressão um pouco elevada, tornando a possibilidade de gravidez heteroectopica mais frequente 2 embriões que vão para locais diferentes. - Ovariana/abdominal: 4,6% dos casos; - Cervical: 1,5% dos casos. Etiologia As principais etiologias são: - Obstrução ou alterações no transporte ovular maior causa; - Anormalidade intrínseca do ovo fertilizado; - Concepção tardia no ciclo; - Transmigração de ovo fertilizado para a tromba contralateral. Pode ser: Interna: um ovo fecundado que ao invés de ir para cavidade para na tuba contralateral; Externa: o ovo cai da tuba na cavidade abdominal e é captado pela tuba contralateral. Fatores de risco Os principais fatores de risco são: - DIP: pois promove aderências e inflamações; - Passado de IST: seja por Clamídia ou Gonorreia; - Múltiplos parceiros sexuais; - Início precoce de atividade sexual; - Endometriose: pois há um favorecimento de aderências e tortuosidades; - Antecedente de gravidez ectópica; - Cirurgia tubária prévia: pois gera fibrose e aderências; - Tabagismo: pois altera o movimento ciliar; - Alterações anatômicas: Divertículos; Óstios acessórios; Hipoplasias: trompas longas e angustiadas; Pólipos teciduais. - Tumores justatubários: miomas, ovarianos, etc. - Métodos contraceptivos: DIU; Progestínicos: pois lentificam o movimento ciliar e espessam o muco. - Abortamento prévio; 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Idade avançada: >40 anos; - Infertilidade; - Reprodução assistida; - Transmigrações. Interrupção da gravidez tubária Mecanismos: - Rotura da parede tubária: geralmente ocorre de maneira súbita e espontânea, mas também pode ser após trauma, como atividade sexual ou por corrosão ou distensão; - Rotura do saco ovular: ocorre por distensão do saco; - Descolamento ovular: promove morte ovular, reabsorção e expulsão para cavidade abdominal. Diagnóstico Clínico: - Anamnese: Sinais e sintomas da gravidez tópica: Atraso menstrual; Aumento do volume e sensibilidade mamária; Náuseas e vômitos; Alterações intestinais. Tríade clássica: Dor abdominal: súbita e intensa; Sangramento vaginal; Atraso menstrual. Sinais e sintomas de complicações: surge nas 6-12ª semana de gestação se for ampolar ou ístimica, já se for intersticial surge 14-16ª semana. Dor; Sangramento vaginal; Sinal de Laffont: sangramento com irritação do nervo fre^nico, no qual gera dor em escapula direita. Síncope; Choque hemorrágico. - Exame físico: Ectópica íntegra: útero menor do que o esperado para IG; Ectópica rota: Palidez progressiva; Variação ortostática de pulso e PA; Taquicardia e hipotensão; Dor abdominal generalizada; Distensão abdominal; Sinal de Blumberg; Sinal de Cullen: é raro. Exame físico genital: Sangramento vaginal escuro com restos de decídua; Sinal de Proust (Grito de Douglas): a paciente sente muita dor ao mobilizar o fundo de saco; Abaulamento do fundo de saco; Amolecimento e discreto aumento do volume uterino; Massa anexial palpável em 50% dos casos. - Exames complementares: Beta-HCG: Quantidades menores do que o esperado para IG: O pico do beta é entre 8-12 semanas. Ou seja, um beta inicial que cai, é indicativo que a gravidez não irá progredir. OBS: 49% se <1500 mUI/mL, 40% se entre 1500-300 e 33% se > 300 mUI/mL. (A porcentagem representa o mínimo que o beta tem que crescer em 24 horas para aquela faixa de mUI/mL). Crescimento lento na curva: na gestação tópica há um aumento de 66-100% a cada 48 horas. Ultrassonografia: de preferencia transvaginal. Nela iremos visualizar o saco gestacional fora da cavidade uterina, com anel denso ao redor. Importante lembrar que o saco gestacional é visível a partir de 4 semanas de IG. Imagem para gravidez ectópica ovariana: presença de anel tubário, fluxo de baixa resistência local e embrião com batimento cardiaco ao lado do ovário. Associação de métodos: Beta + curva + USG. O valor de Beta-HCG onde a gravidez deve ser visualizada na USG = 3500 mUI/mL. Curetagem ou aspiração uterina: feita quando: Beta < 3500 + USG negativo; Gravidez de origem indeterminada. 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Laparoscopia: permite certeza de diagnóstico, além de avaliar a tromba contralateral e avaliar o fator causal. Diagnósticos diferenciais De modo geral, toda situação que provoque dor abdominal aguda no período da menacme é um diagnóstico diferencial com gravidez ectópica. - Roturas de cisto folicular e de corpo lúteo; - Abortamento tópico; - Doença Trofoblástica gestacional; - Processo anexial inflamatório; - Apendicite aguda; - Endometriose ovárica; - Mioma torcido subseroso; - Úlcera gástrica perfurada; - Pancreatite aguda. Tratamento Para decidir entre tratamento cirúrgico ou clínico, há 2 pontos importantes: - Integridade da gravidez; - Estado hemodinâmico da paciente. Caso a paciente esteja instável, com hemorragia profusa e tenha uma gravidez ectópica rota, o tratamento indicado é cirúrgico. Além desses pontos, em casos que não induzam a cirurgia, outros fatores devem ser avaliados: - Desejo reprodutivo; - Local de implantação; - Tamanho da gravidez; - Grau de orientação; - Experiência do médico com o método. Conduta expectante: - Indicado para: Beta < 1000 e em declínio; Estabilidade hemodinâmica; Pequeno tamanho: < 3,5 cm; Ausência de batimentos cardiofetais; Confiabilidade na gestante para seguimento. Medicamentoso: Possui como vantagens: - Tratamento ambulatorial; - Redução de custos, seja pela ausência de necessidade de internação e pelo próprio ato cirúrgico. - Fármacos: Metotrexato: é um quimioterápico antimetabolico, antagonista do ácido fólico. Possui risco de toxicidade de lesar DNA de outras regiões, gerando depressão da medula óssea, estomatites, náuseas, vômitos, enterroragia, hepatotoxicidade, neuro e nefrotoxicidade, alopecia, serosite e pneumonite intersticial. Importante checar hemograma, TGO, TGP e função renal. Indicações: tuba íntegra, estabilidade hemodinâmica, desejo de procriação, massa < 3,5 cm, Beta HCG entre 1000-5000, ausência de BCF e líquido livre em cavidade. Contraindicações: Uso: dose única (1º dia- IM 50 mg 4º dia- dosar beta 7º dia- dosar beta, devendo este estar menor do que no 4º dia) ou 2 doses em casos refratários a 1ª dose (1º dia- IM 50 mg 4º dia IM 50 8º dia- dosar beta 11º dia- dosar beta, que deve ter uma redução maior que 15%) ou múltiplas doses. 4 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Uso local: procedimento guiado por USG com dose de 1 mg/kg, não possuindo efeitos colaterais. Efeitos colaterais: dor abdominal transitória (devido reação inflamatória local ou abortamento tubário). Seguir com cirurgiacaso: hipotensão ortostática, queda de hemoglobina e hematócrito e USG com moderada a grande quantidade de líquido livre; Após uso desse fármaco é importante evitar esforços físicos e atividade sexual, pelo risco de rotura tubária. Importante também evitar álcool e drogas por 15 dias, pois há interferência na medicação, evitar exposição excessiva ao sol e fornecer imunoglobulina anti-D se a mãe for Rh negativa. Outras drogas: Prostaglandinas; Glicose hipertônica; Cloreto de potássio. OBS: Na conduta expectante ou medicamentosa é importante seguir dosando semanalmente o beta até negativar, fazer um acompanhamento rigoroso e sugerir evitar esforço físico que aumente a pressão intra-abdominal. Cirúrgico: É indicado em caso de: - Beta > 5000 mUI/mL; - Massa anexial > 4 cm; - Presença de BCF; - Seguimento difícil; - Contraindicação ao tratamento farmacológica; - Se há sinais de rotura tubária. Pode ser: - Conservador (salpingostomia linear laparoscópica): indicado em casos de: Gravidez tubária integra; Estabilidade hemodinâmica; Desejo de procriação. Cuidados pós-operatório: Beta seriado até negativar; Se estabilidade do beta, iniciar metrotexato. - Radical: é feito com salpigectomia, ou seja, exérese da tuba com a gravidez em seu interior. Pode ser realizada por via laparoscópica ou laparotomia. É indicado em casos de: Gravidez tubária rota ou lesão tubaria acentuada; Ausência de desejo reprodutivo; Recidiva na mesma tuba.
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