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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas
PRÁTICA JURÍDICA SUPERVISIONADA – MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM
(Técnicas de Mediação e a Constelação Familiar como mecanismo de efetivação das mediações)
Nome: 
Curso: Direito - RA: 
Turma: 
Campus: 
São Paulo
2022
Técnicas de Mediação e Constelação Familiar como mecanismo de efetivação nas mediações.
1.INTRODUÇÃO
As demandas da sociedade diante do judiciário tornaram-se a principal fonte para a resolução dos conflitos existentes entre os cidadãos brasileiros após o advento da Constituição Federal de 1988, que aproximou o cidadão do sistema judiciário brasileiro.
Diante disso, aconteceu o que já era esperado, o abarrotamento da máquina pública devido a alta demanda de processos, causando a morosidade na resolução dos litígios e com isso, aumentando a insatisfação com o resultado.
Tendo em vista esse grande imbróglio fora necessário buscar formas de resolução de conflitos mais eficazes e céleres, a fim de agilizar e atenuar a enorme fila de processos no judiciário.
A constelação familiar é uma prática adotada para fins de amenizar traumas familiares gerados a partir de vivências atribuladas que influenciam em comportamentos voluntários e involuntários que reproduzimos diante de diversas situações com a premissa de que todo comportamento que temos vem da nossa formação e instrução familiar.
Vale ressaltar que a constelação familiar não é uma prática terapêutica reconhecida pelo Conselho Regional de Psicologia, porém tem sido adotada com a função de curar traumas e consequentemente restaurar relações quebradas por práticas inadequadas passadas que perpetuam por gerações influenciando nas condutas tomadas.
Principalmente nos procedimentos familiares a mediação se faz mais eficiente porquê quando um terceiro faz o intermédio em uma relação por diversas vezes, turbulenta, a chegada a um consenso se torna mais fácil. A Constelação Familiar em conjunto com a mediação tem como principal objetivo, de compreender a hierarquia familiar, o pertencimento e o equilíbrio em todas as relações.
2. O QUE É CONFLITO
O conflito pode ser entendido como a percepção da existência de incompatibilidades ou pontos de oposição entre as partes envolvidas em um processo de decisão. Segundo Rubin, Pruitt e Kim (1994, p. 5), o conflito “significa divergências percebidas entre as partes, ou crença de que as aspirações correntes não podem ser atingidas simultaneamente”. Como interesses, entendem-se os sentimentos das pessoas sobre aquilo que é desejável. É importante observar que, nos processos de conflito, os interesses são expressos por aspirações, ou seja, representações comportamentais de coisas que as partes envolvidas lutam por conseguir ou devem superar.
O conflito existe quando uma das partes – seja um indivíduo ou um grupo – tenta alcançar seus próprios objetivos interligados com alguma outra parte, que interfere no alcance e atingimento de seus objetivos. A origem do conflito se manifesta a partir de diferenças em percepções, necessidades, valores, poder, desejos, objetivos e opiniões entre indivíduos e seus pares, equipes de trabalho, dirigentes, sociedade, organização e seus colaboradores.
A princípio, poderíamos imaginar que a existência do conflito é ruim e deveria, portanto, ser evitada. Mas, segundo Weeks (1992), os conflitos podem ter viés positivo e negativo, dependendo da maneira com a qual se lida com as características dos conflitos. Mais especificamente: é muito natural que existam diferenças nos vários componentes das interações humanas. Dependendo da maneira como lidamos com tais diferenças e desacordos, o conflito pode ser negativo ou positivo. O que torna um conflito bom ou ruim é a sua natureza construtiva ou destrutiva (DAFT, 2005).
O conflito deve ser interpretado como resultado da diversidade e pode ser utilizado para esclarecer pontos, propor formas diferentes de pensar, criar alternativas de ação e abrir possibilidades de melhorar o relacionamento das partes. Assim, ao lidar com o com o conflito dessa forma, seria possível estimular um comportamento construtivo e explorar resultados até então não experimentados. Por outro lado, ao enxergar o conflito como uma experiência negativa, o indivíduo estaria predisposto a evitar lidar com ele ou travar uma luta com aquele que se acredita ser seu adversário.
É lógico que, quando alternativas disponíveis são compatíveis com as aspirações das partes, nenhum conflito é experimentado ou, se houver, tende a ser solucionado rapidamente. Porém, quanto mais distante é o alinhamento percebido entre as alternativas disponíveis, mais severo tende a ser o conflito. Da mesma forma, quanto maior a rigidez das partes em relação às suas aspirações, maior é a dificuldade de resolver o conflito e, portanto, ele poder ser considerado mais profundo (MARTINELLI; ALMEIDA, 1998).
Alternativas de solução que atendam às aspirações de todas as partes envolvidas no conflito são chamadas de integrativas e remetem ao modelo de negociação ganha-ganha. Dessa maneira, Weeks (1992) recomenda que ao lidar com conflitos, a preocupação principal não deve ser excluir as diferenças entre as partes, mas sim compreender o conflito como uma oportunidade de aprimoramento das relações; deixar de perceber o conflito como uma disputa de interesses; analisar os aspectos que podem ser melhorados para o aprimoramento geral do relacionamento; aumentar a compreensão sobre a outra parte sobre a relação de ambos; considerar que ideias e possibilidades desconsideradas podem ser válidas; não definir todo o relacionamento a partir de todo o conflito que se instaurou. Muitas vezes, o conflito se torna tão forte que se esquece de todo o histórico de relacionamento que existiu antes do surgimento do conflito; em geral, um conflito envolve um empenho entre valores absolutos, como certo ou errado e bem ou mal. Uma recomendação é deixar de estabelecer esses rótulos e explorar as possibilidades de que uma solução requer estar acima de preferências subjetivas e valores individuais.
3. O QUE É E COMO SE DÁ A MEDIAÇÃO
O processo de mediação pode ser conceituado como a intervenção pacífica de uma terceira parte/pessoa para a solução de um determinado conflito, produzindo um acordo satisfatório, em que a solução é sugerida e não impostas às partes interessadas. Essa terceira parte que vem participar da negociação deve ser alguém que não esteja diretamente envolvido na situação, mas que possa ser útil para resolvê-la.
O mediador deve ser alguém imparcial, podendo ser um amigo comum, nos casos de negociações mais simples, ou uma pessoa absolutamente neutra, que ambas as partes conheçam, que venha a auxiliar no processo, ou pode ser ainda um profissional, habilitado para exercer esse tipo de função, habituado a lidar com essas situações e que tenha como sua atividade profissional (MARTINELLI, 2002).
Além dos fatores anteriormente citados, deve-se levar em conta os seguintes aspectos em uma mediação para que ela seja bem-sucedida (LEWICKI, HIAM, OLANDER, 1996): o mediador deve ser um especialista no assunto que está sendo negociado; os envolvidos devem saber que o tempo é fundamental para uma mediação; disposição das partes envolvidas em fazer concessões; o mediador deve encontrar soluções e exigir o compromisso de ambas partes no fechamento do acordo. 
A mediação é baseada em regras e procedimentos preestabelecidos. O objetivo do mediador é ajudar as partes a negociar de maneira mais efetiva. O mediador não resolve o problema, deve conduzir as partes a chegar até a solução. A sua função é a de ajudá-las a buscar o melhor caminho e fazer que estejam de acordo, depois de encontrada a solução. Assim o mediador tem controle do processo, porém não dos resultados (MARTINELLI, 2002).
4. A CONSTELAÇÃO FAMILIAR
A constelação familiar é uma terapia alternativa desenvolvida pelo psicoterapeuta Bert Hellinger, que tem como objetivo facilitar a compreensão de transtornos psicológicos, principalmente aqueles que podem estar sendo estimulados por relações familiaresou de relacionamentos, através da identificação de fatores geradores de estresse.
Esse tipo de abordagem é considerado uma pseudociência, pois não existem comprovações científicas da sua eficácia e assim, não é aprovada pelo Conselho Federal de Psicologia e nem pelo Conselho Federal de Medicina. No entanto, é reconhecida e oferecida pelo SUS, como parte do Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). 
Vale lembrar que a constelação familiar não proporciona a cura e não substitui a psicoterapia feita com psicólogos e nem os tratamentos médicos para doenças psiquiátricas.
Conforme a teoria que serve de base para a constelação familiar, as sessões podem ajudar a resolver problemas de origem familiar, dificuldades de relacionamento entre pais e filhos, assim como desafios nas relações íntimas.
Assim, as pessoas que geralmente recorrem à constelação familiar são aquelas que: buscam resolver problemas familiares; precisam tratar padrões de relacionamento negativos; querem ultrapassar um bloqueio interno; que vivenciaram um trauma ou perda significativa.
No geral, neste tipo de abordagem, a terapia é feita de forma em que é utilizado um grupo de pessoas que não se conhecem para simular o papel de algum membro da família da pessoa que buscou a terapia.
Depois, o terapeuta incentiva a interação com esse "membro da família" e pede que tente identificar quais as emoções que estão por trás das frases e comportamentos da pessoa que está buscando a solução. É importante, assim, que nenhum representante conheça a pessoa que está fazendo a terapia, nem o conflito a ser sanado, já que esses fatores não devem influenciar a forma como as emoções são interpretadas.
Durante esse tempo, o terapeuta fica do lado de fora da interação e tenta avaliar todas as perspectivas para, depois, junto com as emoções reportadas por cada pessoa, mostre à pessoa todos os fatos sobre a sua interação com a "família", identificando pontos de maior estresse, que precisam ser trabalhados.
Uma vez que é uma terapia relativamente complexa, a constelação familiar nem sempre traz resultado imediatos, podendo ser necessárias várias sessões até que a pessoa comece a identificar o que precisa mudar na sua interação com alguns membros da família. De uma sessão para a outra, é comum que o terapeuta troque os papéis dos diferentes "membros da família" até achar a organização/constelação que melhor ajuda a pessoa a identificar seus obstáculos. 
5. A CONSTELAÇÃO FAMILIAR NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
Sami Storch é juiz no interior da Bahia e empenha-se ao estudo da filosofia de Bert Hellinger e das constelações familiares desde 2004, conheceu a terapia hellingeriana ao utilizar da técnica para lidar com problemas pessoais. Sami começou a ter contato com a técnica das Constelações Familiares antes de se tornar magistrado e quando se tornou viu a oportunidade de utilizar a técnica no Judiciário, objetivando humanizar e dar maior efetividade às decisões.
No começo, o magistrado inseriu a visão sistêmica de forma mais discreta, em audiências judiciais na área da família, utilizando frases. Em entrevista para a Revista Época (2014), Sami diz:
Quando me tornei juiz, já estava fazendo a formação em constelações e logo percebi como na prática o conhecimento das leis sistêmicas auxilia na condução dos processos, a se posicionar de maneira a produzir mais conciliações. Por isso, passei a aplicar alguns princípios nas audiências. Dizendo algumas frases, pedindo que as pessoas fechassem os olhos e se imaginassem olhando para a outra pessoa e dizendo frases de reconhecimento.
 
Desde 2006, Sami Storch, passou a realizar os estudos, todavia apenas em outubro de 2012, atuando na Comarca de Castro Alves, no estado da Bahia, encontrou o ambiente perfeito para realizar a primeira Palestra Vivencial com o tema “Separação de casais, filhos e o vínculo que nunca se desfaz”, com a participação de pessoas envolvidas em ações judiciais na área de família.
Desta forma, Samir Storch (2015) aponta que:
 
Uma das bases do direito sistêmico é a consideração pela pessoa e pela bagagem que ela traz (família). Um indivíduo não pode ser tratado isolado, ele tem que ser encarado como um sistema, formado por ele próprio, pelo pai e pela mãe. Se queremos conhecer alguém ou a nós mesmos nós precisamos assimilar a origem desse ser. Todos gostam de ser reconhecidos. Muitas pessoas ingressam com processos na Justiça por conta de um motivo, mas quando é feita a análise mais profunda, é possível verificar que o problema maior é que elas foram desconsideradas pelo outro ou sofreram um gesto de não reconhecimento.
 
Para Storch, (2016) “Constelação Familiar é um instrumento que pode melhorar ainda mais os resultados das sessões de conciliação, abrindo espaço para uma Justiça mais humana e eficiente na pacificação dos conflitos”, desta forma o Juiz defende que o uso da teoria das Constelações Familiares possibilita novas formas de entender o contexto dos conflitos, ajudando a encontrar soluções que harmonizem as partes.
Como deixa evidente Regina Bandeira (2014), Sami Storch tem conseguido evitar que conflitos familiares se transformem em processos judiciais, alcançando o índice de 100% de acordos nos processos em que as partes optam pelo método das Constelações familiares. Pode-se perceber que o magistrado optou por utilizar de um viés terapêutico na aplicação da ciência jurídica, tendo como proposta utilizar as leis sistêmicas como mecanismos de tratamento das questões geradoras de conflitos.
É explícito que a utilização da técnica das constelações familiares antes das audiências de conciliação e mediação, possibilita que os jurisdicionados cheguem às audiências mais abertos para uma possível solução pacífica, beneficiando assim, a justiça que não terá o prosseguimento do processo, bem como os próprios jurisdicionados, já que a conciliação evita o desgaste emocional e financeiro que um litígio judicial gera.
6. CONCLUSÃO
Na tentativa de diminuir o abarrotamento do judiciário novas técnicas foram aplicadas para que o conflito fosse sanado a partir de práticas mais célere e menos desgastante física e psicologicamente aos que buscam socorro no judiciário.
A partir da insatisfação das partes com a morosidade do judiciário, tem-se buscado cada vez mais a resolução pacífica de conflitos, a técnica da constelação familiar se mostra bastante eficiente quando aplicada ao Direito, por vezes os conflitos familiares permeiam emoções com causas muitas vezes implícitas, a dinâmica das Constelações Familiares possibilita que o constelado mostre os conflitos que ficam escondidos, ajudando a restaurar as relações familiares ou pelo menos amenizar o embate que inicialmente existiu, resolvendo o conflito de forma pacífica, rápida e eficiente.
Introduzir a terapia da Constelação Familiar no Judiciário Brasileiro possibilita a transformação na cultura jurídica do Brasil onde a forma de resolução de conflitos é litigiosa, convertendo a um judiciário que soluciona seus conflitos de forma consensual e pacífica. 
Diante disso, é urgente a regulamentação das Constelações Familiares, para que assim todos possam conhecer a prática e se livrarem de crenças limitantes, de forma que um dos resultados das Constelações Familiares são a reestruturação dos laços afetivos familiares e humanização dos jurisdicionados, celeridade processual e efetividade das decisões tomadas de forma em que todos ganhem. 
REFERÊNCIAS
Rubin, JZ, Pruitt, DG, & Kim, SH (1994). Conflito Social: Escalação, Impasse e Liquidação (2ª ed.). Nova York: McGraw-Hill.
MARTINELLI, Dante P.; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha – ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 1998.1
DAFT, R.; WEICK, K. Por um modelo de organização concebido como sistema interpretativo. Revista de Administração de Empresas, v. 45, n. 4, 2005.
LEWICKI, R.J.; HIAM, A.; OLANDER, K.W. Think before you speak: a complete guide to strategic negotiation. Canada: John Wiley & Sons, 1996
LIEBERMEISTER, SVAGITO. Family Constellationand Trauma Therapy. 2016. Disponível em: <https://www.family-constellation.net/wp-content/uploads/2016/01/Family_Constellation_and_Trauma_Therapy1.pdf>. Acesso em 28 set 2021
PRITZKER, S. E.; DUNCAN, W. L. Technologies of the Social: Family Constellation Therapy and the Remodeling of Relational Selfhood in China and Mexico. Cult Med Psychiatry. 43. 3; 468-495, 2019
STORCH, S. Como o juiz Sami Storch conseguiu transformar seu interesse pessoal no método da constelação familiar para conseguir mais acordos na Vara da Família em Castro Alves, na Bahia. Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2018.

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