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Carla Bertelli – 3° Período Neoplasias da Pele Problema 28 1 – Compreender a fisiopatologia (processo proliferativo), fatores de risco e diferença das características clínicas das lesões benignas e malignas de pele. 2 – Entender a diferença entre senilidade e senescência e seus fatores determinantes. Nevos Os nevos, ou moles, são tumores da pele benignos comuns. Congênitos ou adquiridos. Quase todos os adultos têm nevos, alguns em maior quantidade do que outros. Podem ser pigmentados ou não pigmentados, planos ou elevados, e com ou sem pelos. Nevos nevocelulares Lesões pigmentadas da pele resultantes da proliferação de melanócitos na epiderme ou derme, pequenas pápulas de cor acastanhada a marrom-escura, uniformemente pigmentadas, com bordas arredondadas bem definidas São inicialmente formados por melanócitos com longas extensões dendríticas, normalmente intercaladas entre os queratinócitos basais Nevos juncionais Os melanócitos são transformados em células contendo melanina redondas ou ovais, que crescem em ninhos ou agregadas ao longo da junção dermoepidérmica. A maior parte dos nevos juncionais cresce na derme circundante como ninhos ou cordões de células. Nevos compostos Contêm componentes epidérmicos e dérmicos. Em lesões mais antigas, os ninhos epidérmicos podem desaparecer completamente, deixando um nevo dérmico. Os nevos compostos e dérmicos geralmente são mais elevados do que os juncionais Nevo displásico é importante por causa de sua capacidade de se transformar em um melanoma maligno. Os nevos displásicos geralmente são maiores que os outros nevos (frequentemente > 5 a 15 mm de diâmetro). Seu aspecto é de uma placa plana, ligeiramente elevada, com uma superfície cascalhosa, ou uma lesão semelhante a um alvo com um centro mais escuro e elevado e uma borda irregular. Variam em tons de castanho e vermelho a tons de pele. Uma pessoa pode ter centenas destas lesões. Ao contrário de outros moles ou nevos, acometem tanto áreas expostas quanto cobertas do corpo. As síndromes de nevos displásicos têm sido documentadas em múltiplos membros de famílias com tendência para o desenvolvimento de melanoma maligno, e o estado é chamado de melanoma maligno familiar atípico (MMFA). Assim, uma pessoa com essa síndrome sem história familiar é classificada como tendo um melanoma maligno esporádico atípico (MMEA). As pessoas com essa síndrome tendem a ter nevos maiores, com bordas irregulares, e a Carla Bertelli – 3° Período cor dos nevos é uma mistura aleatória de castanho, preto, rosa e marrom. CÂNCER DE PELE Aumento alarmante na incidência de câncer de pele ao longo das últimas décadas. Em 2011, havia cerca de 70.230 novos casos de melanoma nos EUA, sendo 40.010 em homens e 30.200 em mulheres. Havia também cerca de 2,2 milhões de casos anuais de cânceres não melanoma altamente curável (basocelulares e espinocelulares). A crescente incidência de câncer de pele tem sido atribuída ao aumento da exposição solar associado às mudanças sociais e de estilo de vida. Acredita-se que o adelgaçamento da camada de ozônio na estratosfera seja outro fator que contribua para este aumento na incidência. A ênfase da sociedade no bronzeamento também está implicada. As pessoas tendem a investir mais tempo em lazer e permanecer períodos mais longos expostas ao sol com a pele descoberta. Embora os fatores que ligam a exposição ao sol ao câncer de pele não estejam completamente esclarecidos, tanto a exposição cumulativa total quanto os padrões alterados de exposição estão fortemente implicados. O CBC e o CE estão frequentemente associados à exposição cumulativa total à RUV. Assim, o CBC e o CE ocorrem mais comumente em partes do corpo superexpostas ao sol, como a face e o dorso das mãos e antebraços. Os melanomas ocorrem mais frequentemente em áreas do corpo expostas ao sol de modo intermitente, como as costas em homens e as pernas em mulheres. MELANOMA MALIGNO É o tumor maligno dos melanócitos. Forma metastática de câncer, de progressão rápida. A elevação drástica na incidência de melanoma maligno ao longo das últimas décadas tem sido creditada ao aumento na exposição aos raios UV, incluindo a intensa procura por câmaras de bronzeamento. As medidas de saúde pública de rastreamento, diagnóstico precoce, aumento do conhecimento em relação às lesões precursoras e maior conhecimento público da doença podem contribuir para a intervenção precoce. Fatores de risco • Pessoas de pele clara (cabelos loiros ou ruivos, que apresentam queimaduras solares e sardas facilmente). • Histórico familiar de melanoma maligno. • Sardas acentuadas na parte superior das costas • História de três ou mais queimaduras solares com bolhas antes dos 20 anos de idade e queratoses actínicas. • Moles atípicos/síndrome do nevo displásico, imunossupressão e fototerapia prévia. As queimaduras de sol graves e com bolhas no início da infância e as exposições solares intermitentes intensas contribuem para o aumento na suscetibilidade ao melanoma em adultos jovens e de meia-idade. Cerca de 90% dos melanomas malignos em caucasianos ocorrem na pele exposta ao sol. Pessoas de pele mais escura, frequentemente acometem áreas não expostas ao sol, como Carla Bertelli – 3° Período as mucosas e superfícies subungueais, palmares e plantares. Manifestações Clínicas Os melanomas malignos diferem em tamanho e forma. Ligeiramente elevados e pretos ou marrons, bordas são irregulares e as superfícies são desiguais. A maior parte parece surgir a partir de nevos preexistentes ou novos crescimentos semelhantes a moles. Pode haver eritema circundante, inflamação e dor à palpação, periodicamente, ulceram e sangram. Os melanomas escuros muitas vezes são manchados com tons de vermelho, azul e branco. Essas três cores representam três processos simultâneos: melanoma em crescimento (azul), inflamação e tentativa do corpo de localizar e destruir o tumor (vermelho) e formação de tecido cicatricial (branco). Tipos Melanoma expansivo superficial Nevo de bordas elevadas com crescimento lateral, aspecto desordenado na cor e no contorno. Tende a apresentar crescimento bifásico, horizontalmente e verticalmente. Tipicamente ulcera e sangra com o crescimento. 2/3 de todos os melanomas e são mais prevalentes em pessoas que se queimam facilmente ao sol e têm exposição solar intermitente Os melanomas nodulares 15% dos melanomas. São lesões em forma de cúpula que podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas que aparecem mais frequentemente no tórax, na cabeça e no pescoço. Coloração azul-preta, uniforme, e tendem a parecer com bolhas de sangue. Os melanomas nodulares invadem a derme rapidamente desde o início, sem fase de crescimento horizontal aparente. O lentigo maligno 5% de todos os melanomas. Nevos planos de crescimento lento que ocorrem principalmente em áreas expostas ao sol em idosos. Se não tratado, tende a apresentar crescimento horizontal e radial por muitos anos antes que invada a derme tornando-se o melanoma lentigo maligno. O melanoma acrolentiginoso 10% dos melanomas. Ocorre principalmente nas palmas das mãos, plantas dos pés, unhas e mucosas. Tem o pior prognóstico de todos os melanomas, mas não é encontrado com frequência. Seu aspecto é semelhante ao do lentigo maligno. Carla Bertelli – 3° Período CARCINOMA BASOCELULAR O carcinoma basocelular (CBC), neoplasia das células não queratinizadas da camada basal da epiderme, é o câncer de pele mais comum em pessoas de pele clara As pessoas de pele clara com história de exposição ao sol significativa por um período prolongado são mais suscetíveis.Os indivíduos de pele morena e negra são ocasionalmente afetados. O CBC geralmente ocorre em pessoas expostas a grandes quantidades de luz solar. Dos 2,2 milhões de cânceres de pele diagnosticados anualmente, a maioria são CBC. O CBC geralmente é um tumor que não produz metástases, que cresce em largura e profundidade se deixado sem tratamento. Comumente vistos na cabeça e no pescoço, ocorrendo mais frequentemente na pele não glabra. Também ocorrem na superfície da pele não exposta ao sol, embora em menor frequência. Existem vários tipos histológicos de CBC, com muitos tipos de crescimento lento e muitos com crescimento rápido. Alguns dos CBC mais agressivos são chamados de CBC esclerosantes, morfeaformes, micronodulares e infiltrativos. Os ulcerativos e nodulares superficiais são os dois tipos mais frequentes. CBC nodular ulcerativo Mais comum e tem uma estrutura nódulo- cística que se manifesta como pápula translúcida rosada, que cresce ao longo do tempo. Vasos telangiectásicos estão frequentemente associados ao CBC nodular. Ao longo dos anos, forma-se uma depressão central, que evolui para uma úlcera cercada pela borda brilhante e cerosa original. O CBC em pessoas de pele mais escura geralmente é mais pigmentado e frequentemente diagnosticado como outras doenças de pele, incluindo o melanoma. CBC superficial Mais comum e menos agressivo Observado na maior parte das vezes no tórax ou nas costas. Começa como uma placa eritematosa plana não palpável. Lentamente, as áreas vermelhas escamosas se ampliam, com fronteiras nodulares e bases telangiectásicas. Em geral, há uma borda fina, elevada e branca circundando o CBC. Carla Bertelli – 3° Período Este tipo de câncer de pele é difícil de diagnosticar, porque mimetiza outros problemas de pele. O CBC se desenvolve a partir dos queratinócitos basais da epiderme. Os danos ao DNA decorrentes do UVB podem desencadear uma resposta imunológica que provoca alterações nas células cancerosas. Embora o CBC não costume produzir metástase via vasos sanguíneos ou sistema linfático, pode aumentar lenta ou rapidamente, exclusivamente por extensão. Carcinoma Espinocelular Os carcinomas espinocelulares (CE) são o segundo tipo mais comum de tumores malignos da epiderme externa, e são responsáveis por 10 a 20% de todos os cânceres de pele. O aumento na incidência de CCE é consistente com o aumento na exposição à RUV. Há também uma forte ligação com o risco ocupacional de desenvolvimento de CE. As pessoas expostas a arsênico (i. e., doença de Bowen, também chamada de CE in situ), alcatrões industriais, carvão e parafina têm maior probabilidade de desenvolver CE. Os homens são duas vezes mais propensos do que as mulheres. As pessoas de pele escuram raramente são afetadas. Existem dois tipos de CE: intraepidermal e invasivo. O intraepidermal permanece restrito à epiderme durante um longo período de tempo. No entanto, em algum momento imprevisível, penetra na membrana basal até a derme e produz metástases para os linfonodos regionais. O CE tem um risco significativo de produzir metástases, em contraste com o CBC. Em seguida, ele se converte em um CE invasivo. O CE invasivo pode se desenvolver a partir do carcinoma intraepidermal ou de uma lesão prémaligna (p. ex., queratoses actínicas). Pode ser de crescimento lento ou rápido, com metástase. O CE é uma lesão queratótica de escamas vermelhas, ligeiramente elevada, com borda irregular, geralmente com úlcera crônica superficial. As lesões não costumam ter borda perolada arredondada e as telangiectasias superficiais encontradas no CBC. Posteriormente, crescem para fora, mostrando grandes ulcerações, e têm crostas persistentes e bordas eritematosas e elevadas. As lesões do CE ocorrem em áreas de pele expostas ao sol, particularmente o nariz, a testa, a hélice da orelha, o lábio inferior e o dorso da mão. Entender o processo de senescência (envelhecimento) fisiológico, bem como seus fatores associados Carla Bertelli – 3° Período