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Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Créditos Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância Diretor Regional Luiz Francisco de Assis Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Reitor Sidney Zaganin Latorre Diretor de Graduação Eduardo Mazzaferro Ehlers Gerentes de Desenvolvimento Claudio Luiz de Souza Silva Roland Anton Zottele Coordenadora de Desenvolvimento Tecnologias Aplicadas à Educação Regina Helena Ribeiro Coordenador de Operação Educação a Distância Alcir Vilela Junior Professor Autor Antonio Palmeira de Araujo Neto Revisor Técnico Marcelo Jose Szewczyk Técnico de Desenvolvimento Ozeas Vieira Santana Filho Rodrigo Moura Galhardo Coordenadoras Pedagógicas Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Nivia Pereira Maseri de Moraes Equipe de Design Educacional Adriana Mitiko do Nascimento Takeuti Alexsandra Cristiane Santos da Silva Angélica Lúcia Kanô Cristina Yurie Takahashi Diogo Maxwell Santos Felizardo Elisangela Almeida de Souza Flaviana Neri Francisco Shoiti Tanaka João Francisco Correia de Souza Juliana Quitério Lopez Salvaia Jussara Cristina Cubbo Kamila Harumi Sakurai Simões Karen Helena Bueno Lanfranchi Katya Martinez Almeida Lilian Brito Santos Luciana Marcheze Miguel Mariana Valeria Gulin Melcon Mayra Bezerra de Sousa Volpato Mônica Maria Penalber de Menezes Mônica Rodrigues dos Santos Nathalia Barros de Souza Santos Paula Cristina Bataglia Buratini Renata Jessica Galdino Sueli Brianezi Carvalho Thiago Martins Navarro Walace Roberto Bernardo Equipe de Qualidade Aparecida Daniele Carvalho do Nascimento Gabriela Souza da Silva Vivian Martins Gonçalves Coordenador Multimídia e Audiovisual Adriano Tanganeli Equipe de Design Visual Adriana Matsuda Caio Souza Santos Camila Lazaresko Madrid Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo Christian Ratajczyk Puig Danilo Dos Santos Netto Hugo Naoto Inácio de Assis Bento Nehme Karina de Morais Vaz Bonna Lucas Monachesi Rodrigues Marcela Corrente Marcio Rodrigo dos Reis Renan Ferreira Alves Renata Mendes Ribeiro Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti Thamires Lopes de Castro Vandré Luiz dos Santos Victor Giriotas Marçon William Mordoch Equipe de Design Multimídia Alexandre Lemes da Silva Cláudia Antônia Guimarães Rett Cristiane Marinho de Souza Eliane Katsumi Gushiken Elina Naomi Sakurabu Emília Abreu Fernando Eduardo Castro da Silva Mayra Aniya Michel Iuiti Navarro Moreno Renan Carlos Nunes De Souza Rodrigo Benites Gonçalves da Silva Wagner Ferri Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 01 Revisão de conceitos básicos de matemática e introdução à matemática financeira. Objetivos Específicos • Compreender os conceitos básicos da matemática aplicada à gestão e introduzir os conceitos de matemática financeira Temas Introdução 1 Matemática básica aplicada à gestão 2 Matemática financeira Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 Introdução O uso competitivo da Tecnologia da Informação (TI) tem sido um desafio em praticamente todos os ramos de negócio, provocando um maior aperfeiçoamento da gestão e dos processos gerenciais relacionados ao ambiente tecnológico. Espera-se que mais que “antenado” com a tecnologia, o gestor reúna vários outros requisitos que o deixem focado no negócio da corporação, esforçando-se para agregar o valor por ela requisitado. Este é o personagem principal na Administração da TI, o gestor, que precisa ser multidisciplinar em diversas situações, inclusive no que tange aos conhecimentos de gestão financeira. A construção dos conhecimentos em gestão financeira que o gestor de TI dos dias de hoje necessita passa por uma boa base de conceitos de matemática, que fornece o ferramental adequado e o entendimentos de metodologias que ajudam a controlar melhor custos e investimentos relacionados a TI. Esta primeira aula abordará conceitos de matemática básica, envolvendo teoria dos conjuntos, plano cartesiano, funções, noções de álgebra e aritmética, sempre com uma visão relacinada a exemplos da área de TI, um pouco incipientes, mas decisivos para o bom entendimento da matemática aplicada à gestão financeira. O conceito de função é um pouco mais explorado que os outros, por se tratar de algo muito utilizado no dia a dia de qualquer gestor, seja de TI ou de outra área, na leitura de seus relatórios, no entendimento de realidades que o cercam e, principalmente, no suporte para tomada de decisão. A aula é finalizada com uma introdução à matemática financeira, ressaltando a sua importância na gestão da TI e apresentando, ainda, o conceito de fluxo de caixa, bem como sua representação. O objetivo é fazer com que o aluno explore as bibliografias sugeridas, não se limitando apenas a esta revisão geral de matemática básica, de modo a conseguir estudar a matemática e a gestão financeira de forma mais proveitosa e aprender os pré-requisitos necessários. 1 Matemática básica aplicada à gestão 1.1 Conceitos básicos de conjuntos A necessidade de multidisciplinaridade no dia a dia do gestor e do administrador da Tecnologia da Informação (TI) vem resgatando cada vez mais a busca pelo conhecimento dos mais variados ramos e disciplinas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 Embora pareça estar distante da lista de disciplinas que favorecem este tipo de conhecimento multidisciplinar, a matemática é uma destas que só aumentam a capacidade do profissional para gerenciar a TI com o máximo de eficiência e eficácia desejada pelas áreas de negócios. Conhecer a matemática no nível aceitável é dominar alguns conceitos básicos, bem como a sua aplicabilidade, transformando a teoria em prática e criando novos subterfúgios para uma boa gestão. Entre esses, o primeiro, até um pouco óbvio, mas não menos importante na matemática, é o conceito de conjunto. Um conjunto é uma coleção de objetos ou entidades bem definidos. Os objetos ou entidades que pertecem a um conjunto são chamados os elementos do conjunto. Um conjunto está determinado por uma lista de elementos ou pela especificação de uma regra que determine se um dado objeto ou entidade pertence ou não a ele. Tal regra é denominada sua propriedade característica (WEBER, 2001, p. 2). Um bom exemplo seria o conjunto de recursos de uma infraestrutura de TI. Este conjunto é composto, segundo Laudon & Laudon (2004), pelo hardware, software, banco de dados e telecomunicações. Silva & Abrão (2008) menciona que os elementos e conjuntos, bem como conjuntos e conjuntos se inter-relacionam. As principais relações são: Pertinência ( ) – quando deseja-se afirmar que um elemento pertence a um conjunto. Inclusão ( está contido) ou ( contém) – estabelece relação de inclusão de um conjunto em outro. União ( ) – estabelece uma união entre conjuntos, gerando um novo conjunto composto por todos os elementos. Intersecção ( ) – estabelece uma relação de intersecção entre conjunto, gerando um novo conjunto formado pelos elementos comuns a todos os conjuntos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 Voltando ao exemplo do conjunto de recursos de uma infraestrutura de TI, é possível afirmar que: Hardware Conjunto de recursos da infraestrutura de TI Conjunto de elementos de um computador Conjunto de recursos da infraestrutura de TI Conjunto de aplicativos Conjunto de sistemas operacionais = conjunto de softwares Conjunto de softwares ∩ Conjunto de recursos de redes de computadores = Conjunto de softwares de rede Os conjuntos podem ser representados em intervalos, nos quais sua notaçãomatemática pode ser melhor descrita no exemplo a seguir: {x R│1 ≤ x <5} Ele afirma que é um conjunto de números reais maiores ou iguais a 1 e menores que 5. É possível representar este intervalo em um segmento de reta, conforme a figura 1. Figura 1 – Representação de um conjunto por meio de um segmento de reta Fonte: Do autor (2013). Perceba que no segmento de reta os intervalos são dispostos com um círculo preenchido quando o sinal utilizado for ≤ (menor ou igual) e um círculo não preenchido quando o sinal utilizado for < (menor). No exemplo da figura 1, o número 5 não integra o circuito. Recomendo o livro “Matemática básica para decisões administrativas”, dos autores Fernando César Marra Silva e Mariângela Abrão, que faz um retomada completa sobre os conceitos de conjuntos e de toda matemática básica necessária na vida dos gestores. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 1.2 Conceitos básicos de álgebra e aritmética Não se deseja aprofundar muito os outros conceitos fundamentais, agora voltados para álgebra e aritmética, necessários para conjunto de conhecimentos de um gestor. No entanto, para a boa lembrança e retomada, recomenda-se como importantes os conceitos de: fração, porcentagem, potenciação e equações. A fração é a parte de um todo, constituída pelo numerador e pelo denominador. O denominador nunca poderá ser zero. Ou seja , onde y ≠ 0. Expressar um número em porcentagem é nada mais do que representar uma fração de uma “outra maneira”. Por exemplo, se 20% dos computadores de uma rede estão “fora do ar”, está afirmando-se que de cada 100 computadores de um rede, 20 estão desconectados, ou seja . A operação de potenciação é a multiplicação de um número por ele mesmo na quantidade de vezes indicadas em um índice chamado expoente. Por exemplo, seja x2, então afirma-se que: x2 = x . x Equação é nada mais que uma comparação entre duas expressões, com vistas a descobrir o valor de variáveis ou incógnitas. Para melhor exemplificar observe o enunciado: “Se um equipamento de rede pode ser utilizado para conectar 24 computadores, então quantos equipamentos de rede necessitaremos, no mínimo, para interligar 48 computadores?” 24 x = 48 x = x = 2 equipamentos de rede. Estes e outros conceitos, tais como o uso de expressões algébricas e aritméticas, integram conceitos básicos para entendimento da matemática financeira e, consequentemente, da gestão financeira. Você poderá encontrar mais conceitos de álgebra e aritmética aplicada à gestão no livro “Matemática básica para decisões administrativas”, dos autores Fernando César Marra Silva e Mariângela Abrão. 1.3 Plano cartesiano Ler um determinado dado ou informação é uma tarefa corriqueiramente encontrada no dia a dia do Gestor de TI. A capacidade de interpretar dados é fator crítico de sucesso em seu trabalho. Em diversas situações, os relatórios e os subsídios utilizados na tomada de decisão por um gestor vem em forma de gráficos em planos cartesianos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 Segundo Silva & Abrão (2008), o plano cartesiano é o esboço de duas retas coordenadas e perpendiculares denominadas abscissas (eixo X – horizontal) e ordenadas (eixo Y – vertical), que referenciam valores a ser relacionados. A partir do plano cartesiano surge o conceito de quadrante, uma parte do plano cartesiano, conforme verificado na figura 2: • 1º Quadrante: X e Y assume valores maiores ou iguais que zero. • 2º Quadrante: X assume valores menores ou iguais a zero e Y assume valores maiores ou iguais a zero. • 3º Quadrante: X e Y assume valores menores ou iguais que zero. • 4º Quadrante: X assume valores maiores ou iguais a zero e Y assume valores menores ou iguais a zero. Figura 2 – Representação de um plano cartesiano Fonte: Do autor (2013). No gráfico 1 encontra-se um exemplo utilizando plano cartesiano. Atribuiu-se ao eixo das ordenadas valores em percentuais, que relatam o número de computadores que todos os meses apresentam falhas dentro de uma empresa. Ao eixo das abcissas atribuiu-se os meses do ano em que este indicador foi acompanhado pelo gestor desta operação de TI. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 Gráfico 1 – Exemplo de plano cartesiano Fonte: Do autor (2013). Um indicador é um métrica calculada a partir de alguns parâmetros, fornecendo indicações ou contribuindo para o entendimento de fenômenos. 1.4 Função Silva & Abrão (2008) sustentam que função é uma relação entre variáveis, sendo uma delas independente, (frequentemente chamada de variável X) e outra dependente, (frequentemente chamada de variável Y). O número de chamados técnicos atendidos com sucesso (y) depende da quantidade de técnicos de suporte de TI disponíveis (x). Cada técnico atende obrigatoriamente três chamados por dia. Então, pode-se afirmar que a representação por meio de uma função é: y=3x Uma função é composta por um domínio (prováveis componentes de partida da função) e uma imagem (conjunto de elementos de chegada relacionados ao conjunto de partida). Nem todas as relações são funções. Numa função, cada elemento do domínio relaciona-se apenas a um elemento da imagem. Nunca um elemento do domínio se relaciona a mais de um elemento na imagem. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 A primeira função que precisa ser aprendida pelos gestores é a função linear. Ela se apresenta sempre em uma variável (dependente e independente) do primeiro grau, ou seja, com expoente igual a 1, segundo a forma a seguir: y = a . x + b Em que: a e b são números reais; x é a variável independente; y é a variável dependente; a é o coeficiente angular; b é o coeficiente linear. Considere que o João, técnico de implantação de equipamentos de TI, representa um custo/despesa de R$ 2.500,00 para uma corporação e que a cada equipamento instalado por ele (independente de qual seja o modelo) este custo/despesa aumenta em R$ 50,00. A melhor função linear para descrever esse valor: y = 50 . x + 2500, Em que: y é o custo/despesa total e x é a quantidade equipamentos instalados. Os resultados encontrados para os custos/despesas totais dependentes da quantidade de equipamentos instalados para o técnico João estão descritos na Tabela 1. Tabela 1 – Tabela de resultados da função linear dos custos/despesas com o técnico João Quantidade equipamentos instalados Custos/despesas totais 0 R$ 2.500,00 5 R$ 2.750,00 10 R$ 3.000,00 15 R$ 3.250,00 20 R$ 3.500,00 Fonte: Do autor (2013). O coeficiente angular desta função exemplificada na Tabela 1 é 50 e expressa quanto será o crescimento da função. O coeficiente linear desta função determina o seu valor quando x é zero, mas, neste caso, o coeficiente linear é R$ 2.500. O gráfico 2 apresenta a função no plano cartesiano. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 Gráfico 2 – Função linear dos custos/despesas com o técnico João. Fonte: Do autor (2013). Integra o cotidiano de um gestor a análise de equilíbrio de determinadas funções: o ponto de encontro de mais de uma função num plano cartesiano. Voltando ao exemplo anterior do técnico João, consideremos agora os dados referentes a um novo técnico, chamado Pedro. Este técnico representa um custo/despesa de R$ 1.750,00 para uma corporação, e a cada equipamento instalado por ele (independe de qual seja o modelo) este custo/despesa aumenta em R$ 100,00. A melhor função linear para descrever esse valor é: y = 100 . x + 1750, Em que: y é o custo/despesa total e x é a quantidade equipamentos instalados. Os resultados encontrados para os custos/despesastotais dependentes da quantidade de equipamentos instalados estão descritos na Tabela 2. Tabela 2 – Tabela de resultados da função linear dos custos/despesas com o técnico Pedro Quantidade equipamentos instalados Custos/despesas totais 0 R$ 1.750,00 5 R$ 2.250,00 10 R$ 2.750,00 15 R$ 3.250,00 20 R$ 3.750,00 Fonte: Do autor (2013). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 11 O coeficiente angular desta função exemplificada na Tabela 2 é 100 e o coeficiente linear é R$ 1.750. O gráfico 3 apresenta a função dos técnicos João e Pedro no plano cartesiano. Gráfico 3 – Função linear dos custos/despesas com o técnico Pedro Fonte: Do autor (2013). O ponto de equilíbrio desta função entre os técnicos João e Pedro está no ponto 15 do gráfico, ou seja, quando temos 15 equipamentos instalados por ambos, havendo uma semelhança em seus custos/despesas. No entanto, antes do ponto de equilíbrio, o técnico Pedro representa um custo menor do que o técnico João, havendo logo após este ponto uma inversão. 2 Matemática financeira 2.1 Introdução Segundo Puccini (2008), a matemática financeira tem o objetivo de aplicar os conceitos matemáticos nas entradas e saídas de dinheiro (caixa) ao longo do tempo, bem como na aplicação de juros e sua análise de taxa interna. Acreditando que a área de TI deve ser administrada como um investimento, tende-se a depositar fundamental importância à matemática financeira na vida de um gestor de TI. Não são poucas as situações, também, em que a sua aplicação se estende no cotidiano das famílias. Um bom negócio no que tange a investimentos, financiamentos ou determinação de valor só pode ser obtido com procedimentos que utilizam ferramentas da matemática financeira. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 12 Os conceitos de matemática financeira abrangem os seguintes assuntos: • Teoria dos juros simples e compostos; • Taxas de juros; • Estudos de séries; • Fluxo de caixa; • Métodos de análise de investimentos. 2.2 Fluxo de caixa O primeiro conceito fundamental em matemática financeira é o de fluxo de caixa. Denomina-se fluxo de caixa o conjunto de entradas e saídas de dinheiro (caixa) ao longo do tempo. Podemos ter fluxos de caixa de empresas, de investimentos, de projetos, de operações financeiras etc. A elaboração do fluxo de caixa é indispensável na análise de rentabilidades e custos de operações financeiras, e no estudo de viabilidade econômica de projetos e investimentos (PUCCINI, 2008, p. 1). Um fluxo de caixa foi representado de modo simplificado no gráfico 4. Gráfico 4 – Representação básica de um fluxo de caixa Fonte: Adaptado de Puccini (2008). A escala horizontal relaciona-se ao tempo, dividido em períodos, expressos em dias, semanas, meses e trimestres, semestres ou anos. Os pontos 0, 1, 2,..., n substitutem as datas e são plotados conforme a necessidade de indicarem datas importantes. O ponto 1 indica o final do 1º período e todos os outros intervalos de períodos são iguais. Os valores monetários só podem ser colocados no final de cada período, no qual as saídas de caixa são consideradas pagamentos, tendo o seu sinal negativo. As entradas de caixa são consideradas recebimentos e expressas por sinais positivos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 13 Considerações finais Esta primeira aula iniciou-se com o conceito de conjunto: uma coleção de objetos ou entidades bem definidos. Foram exploradas as relações entre elementos e conjuntos: de pertinência, de inclusão, união e intersecção entre conjuntos, com alguns exemplos práticos. As representações de um conjunto por meio de notações matemáticas, bem como segmentos de reta, completam este primeiro assunto. Retomou-se outros conceitos de matemática básica, que envolvem álgebra e aritmética: fração, porcentagem, operação de potenciação, expressões algébricas e aritméticas, além dos conceitos de equação. O plano cartesiano foi um dos assuntos também explorados, bem como os conceitos de função, como uma relação entre variáveis, sendo uma delas independente, (frequentemente chamada de variável X) e outra dependente, (frequentemente chamada de variável Y). A função linear foi a escolhida para exemplificar melhor a sua construção, e um exemplo prático foi estudado. Ainda sobre esta funções, abordou-se o conceito de coeficiente angular, que expressa quanto será o crescimento da função, e de coeficiente linear, que determina o valor da função, quando x é zero. Concluiu-se função com o estudo do ponto de equilíbrio de uma função linear. A aula foi finalizada com uma introdução à matemática financeira que objetiva aplicar os conceitos matemáticos nas entradas e saídas de dinheiro (caixa) ao longo do tempo, bem como na aplicação de juros e sua análise de taxa interna. Abordou-se um conceito geral sobre fluxo de caixa, como o primeiro conceito de matemática financeira e sua representação. Todos estes conceitos de matemática básica abordados não são suficientes para o dia a dia de um gestor, na verdade, são motivadores para uma revisão dos conceitos de matemática já vistos e que são importantes para um gestor. Referências CASSAROTO FILHO, N. Análise de investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2010. LAUDON, C. K.; LAUDON, J. D. Sistemas de informação gerenciais. 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. SILVA, F. C. M.; ABRÃO, M. Matemática básica para decisões administrativas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. TAIETTI, M. S. Z. Matemática financeira para gestão de negócios. São Paulo: Meritos, 2012. WEBER, J. E. Matemática para economia e administração. 3 ed. São Paulo: Harbra, 2001. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 02 Matemática financeira I Objetivos Específicos • Entender os conceitos que envolvem juros, taxas de juros e série uniforme. Temas Introdução 1 Juros 2 Séries uniformes Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Embora pareça um pouco complicado, a matemática financeira, com os seus princípios bem construídos, deixa de ser uma ferramenta complicada para ser um mecanismo muito útil na vida do gestor de TI. Esta aula foi reservada para a construção de conhecimentos sobre a teoria dos juros, que inicia com uma abordagem bem incipiente e geral sobre sua definição e em quais regimes podem ser encontrados no mercado. Abordaremos a teoria de juros simples, pouco utilizados no mercado, mas de conceitos mais claros e até fáceis, com pouca matemática e por se tratar, também, de uma operação apenas incidente sobre o capital inicial. Serão tratados também os conceitos sobre juros compostos, aqueles, de fato, utilizados pelo mercado, mencionando alguns exemplos práticos sobre cálculos de pequenos investimentos e o retorno produzido. Faz-se uma comparação entre os juros compostos e simples, apontando também as principais diferenças entre as taxas nominais e efetivas, além de advertir o aluno para que não aconteçam eventuais enganos na conversão entre estas taxas, que são bem práticas no mercado financeiro, seja nos empréstimos, investimentos ou financiamentos para aquisições de bens. A aula é concluída com uma abordagem sobre as séries uniformes, cujo uso é bem comum na rotina da gestão de financeira. Espera-se que após estes esboços sobre teorias de juros o aluno consiga entender um pouco mais sobre o cálculo de juros. Incentiva-se a prática de exercícios utilizando juroscompostos, inclusive em exemplos do próprio dia a dia do aluno. 1 Juros 1.1 Conceitos Os fatores de produção considerados em economia – trabalho, terra, capacidade administrativa, técnica e capital – são remunerados cada um de uma forma. Ao trabalho o salário, à terra o aluguel, à capacidade administrativa o lucro, à técnica royalty e, finalmente, ao capital cabem os juros. Os juros também podem ser considerados como sendo o preço da moeda ou da liquidez. Os juros são, portanto, o custo do capital ou o custo do dinheiro, sendo estas expressões frequentemente utilizadas como sinônimo de juros. Mais especificamente, os juros são o pagamento pela oportunidade de poder dispor de um capital durante determinado tempo. Na sociedade atual, quase todas as pessoas estão envolvidas em transações de juros. As compras a crédito, os cheques especiais, as compras de casas próprias são alguns Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 exemplos deste envolvimento. Na administração de empresas, a ocorrência dos juros é ainda mais intensa. Alguns exemplos são: desconto de duplicatas, compras a prazo, vendas a prazo e obtenção de empréstimos. Podemos afirmar, sem medo de errar, que todas as transações que envolvem dinheiro, ou mais genericamente capital, devem ser analisadas considerando-se os juros envolvidos explicitamente ou implicitamente. Uma compra à vista também é analisada considerando-se juros (CASSAROTO FILHO & KOPITTKE, 2010, p. 4). Define-se juros como a remuneração do capital, a qualquer título, seja de atividades produtivas, de terceiros ou pagas por instituições financeiras, sempre fixados por meio de uma taxa prática referente a uma unidade de tempo (PUCCINI, 2008; TAIETTI, 2012). As unidades de tempo podem ser: a.a. = ao ano a.s. = ao semestre a.m. = ao mês Um determinado capital aplicado no valor de R$ 10.000,00 a uma taxa de juros de 5% a.m. renderá ao final de um mês o valor de: 5% × R$ 10.000,00 = ( ) × R$ 10.000,00 = R$ 500,00 Existem dois tipos de regimes de juros na matemática financeira. São eles: Juros simples – apenas o capital inicial, denominado de principal, rende juros; Juros compostos – soma-se ao capital inicial os juros de seu período para o novo cálculo dos juros nos períodos seguintes. 1.2 Juros simples Este regime é o mais fácil de ser entendido, porque só é contabilizado em seu cálculo o capital inicialmente aplicado, ou seja, os juros do período não se somam ao capital para o cálculo de novos juros. Desta forma, eles não são capitalizados e não rendem juros. Para melhor entender, consideremos que um investidor aplicou R$ 2.000,00 pelo prazo Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 de 10 anos a uma taxa de juros de 10% a.a., no regime de juros simples. Ao final de 10 anos o investidor receberá a remuneração descrita na tabela 1. Tabela 1 – Juros simples com capital inicial de R$ 10.000,00 e taxa de juros de 10% a.a. Ano Saldo no início do ano Juros do ano Saldo no final do ano 1 R$ 2.000,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 2.200,00 2 R$ 2.200,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 2.400,00 3 R$ 2.400,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 2.600,00 4 R$ 2.600,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 2.800,00 5 R$ 2.800,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 3.000,00 6 R$ 3.000,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 3.200,00 7 R$ 3.200,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 3.400,00 8 R$ 3.400,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 3.600,00 9 R$ 3.600,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 3.800,00 10 R$ 3.800,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 4.000,00 Fonte: Do autor (2013). O regime de juros simples pode ser representado por meio de uma função linear, porque os valores dos saldos finais representam um crescimento linear. O gráfico 1 refere-se à função dos juros simples encontrados na tabela 1. Gráfico 1 – Função linear dos juros simples Fonte: Do autor (2013). A capitalização em juros simples ou capitalização simples do exemplo anterior é descrita na série que representa o fluxo de caixa da figura 1. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 Figura 1 – Fluxo de caixa em juros simples Fonte: Do autor (2013). O Valor Presente (PV) e o Valor Futuro (FV) estabelecem uma relação por meio do parâmetro Taxa de Juros (i) e do Período de Capitalização (n). Deste modo tem-se: FV = PV × (1 + i × n) No exemplo anterior, em que o valor presente é igual a R$ 2.000,00, a taxa de juros é igual a 10% e o período igual a 10 anos, tem-se: FV = 2000 × (1 + 0,10 × 10) = 2000 × (1+1) = 2000 × 2 = 4000 Um valor em percentual pode ser expresso em um número racional resultante da divisão do percentual por 100. Em nosso exemplo, 10% é o mesmo que 0,10. A representação do fluxo de caixa é uma alternativa para a melhor visualização da aplicação de taxas de juros, no entanto, os gráficos também podem e devem ajudar nesta analise. Para calcular uma taxa de juros simples tendo o conhecimento do valor presente e do valor futuro, pode-se utilizar a relação a seguir: i = ( -1)×( ) João emprestou a Pedro R$ 10.000,00 e recebeu de volta, após 1 ano, o valor de R$ 15.000,00. Considerando que neste empréstimo foi utilizado o regime de juros simples, calcule esta taxa. i=( -1)×( )=( -1)×( )=50% a.a. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 1.3 Juros compostos Neste regime, o capital é somado aos juros de cada período para o cálculo de novos juros nos períodos seguintes, havendo uma capitalização, diferentemente dos juros simples, que apenas contabilizam o capital inicial em seu cálculo. Tomemos o exemplo anteriormente utilizado para juros simples, mas agora considerados como compostos. Um investidor aplicou R$ 2.000,00 pelo prazo de 10 anos a uma taxa de 10% a.a. no regime de juros compostos. Ao final de 10 anos o investidor receberá a remuneração descrita na tabela 2. Tabela 2 – Juros compostos com capital inicial de R$ 10.000,00 e taxa de juros de 10% a.a. Ano Saldo no início do ano Juros do ano Saldo no final do ano 1 R$ 2.000,00 10% x R$ 2.000,00 = 200,00 R$ 2.200,00 2 R$ 2.200,00 10% x R$ 2.200,00 = 220,00 R$ 2.420,00 3 R$ 2.420,00 10% x R$ 2.420,00 = 242,00 R$ 2.662,00 4 R$ 2.662,00 10% x R$ 2.662,00 = 266,20 R$ 2.928,20 5 R$ 2.928,20 10% x R$ 2.928,20 = 292,82 R$ 3.221,02 6 R$ 3.221,02 10% x R$ 3.221,02 = 322,10 R$ 3.543,12 7 R$ 3.543,12 10% x R$ 3.543,12 = 354,31 R$ 3.897,43 8 R$ 3.897,43 10% x R$ 3.897,43 = 389,74 R$ 4.287,17 9 R$ 4.287,17 10% x R$ 4.287,17 = 428,71 R$ 4.715,89 10 R$ 4.715,89 10% x R$ 4.715,89 = 471,59 R$ 5.187,48 Fonte: Do autor (2013). O regime de juros compostos pode ser representado por uma função exponencial. O gráfico 2 é referente à função dos juros compostos encontrados na tabela 2. Gráfico 2 – Função exponencial dos juros compostos Fonte: Do autor (2013). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 Uma função exponencial não apresenta uma linearidade em seu crescimento. Isto se deve ao fato de que o seu coeficiente de crescimento está integrado a uma operação de potenciação. A função exponencial em sua forma mais simples é sempre descrita por: y = ax A capitalização em juros compostos ou capitalização composta do exemplo anterior é descrita na série que representa o fluxo de caixa da figura 2. Perceba que não há diferenças entre esta série e a série de juros simples. Figura 2 – Fluxo de caixa em juros compostos Fonte: Do autor (2013). Em juros compostos a relação entre PV, FV, i e n é dada por: FV = PV × (1 + i)n No exemplo anterior, em que o valor presente é igual a R$ 2.000,00, a taxa de juros é igual a 10% e o período igual a 10 anos, tem-se: FV = 2000 × (1 + 0,10)10 = 2000 × 1,1010 = 5187,48 Nográfico 3 encontra-se uma comparação entre os juros simples e compostos do exemplo anterior. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 Gráfico 3 – Comparação entre os juros simples e os juros compostos Percebe-se que, no mesmo espaço de tempo, os juros compostos têm um crescimento superior aos juros simples, devido ao seu crescimento exponencial, em detrimento ao crescimento linear dos juros simples. Na prática, todas as operações de mercado funcionam com o cálculo de juros compostos. Bons exemplos seriam as aplicações financeiras, investimentos e quaisquer operações de créditos e empréstimos. Fonte: Do autor (2013). Para uma leitura mais aprofundada sobre a teoria dos juros simples e compostos, recomenda-se o livro “Matemática financeira (objetiva e aplicada)”, de Abelardo de Lima Puccini. 1.4 Taxas de juros Frequentemente, nas transações financeiras a taxa de juros informada é apenas aparentemente correta. São utilizados artifícios para que a taxa pareça mais elevada ou mais baixa. Se um título rende 36% a.a., é dito que o mesmo rende 3% a.m., o que é incorreto; 36% a.a. corresponde a 2,6% a.m. Uma taxa mensal de 4% a.m. para um empréstimo, é muitas vezes dita 48% a.a. com capitalização mensal. Mas 4% a.m. equivalem a, aproximadamente, 60% a.a. (CASSAROTO FILHO & KOPITTKE, 2010, p. 34). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 Para entender bem a teoria dos juros, é necessário conhecer um pouco das diferenças entre as taxas efetiva e nominal. A taxa efetiva é aquela em que a referência de unidade de tempo é a mesma do período de capitalização. Por exemplo: • 5% a.m., capitalizados mensalmente; • 12% a.a., capitalizados anualmente; • 6% a.s., capitalizados semestralmente. Na taxa nominal, a unidade referencial de tempo não coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Por exemplo: • 3% a.m., capitalizados anualmente; • 10% a.a., capitalizados mensamente; • 4% a.s., capitalizados trimestralmente. Embora bastante utilizada pelo mercado, a taxa nominal não é igual a taxa efetiva, no entanto, carrega implícita uma taxa efetiva. É necessário uma conversão, a fim de evitar problemas de entendimento dos juros devidos ou cobrados. A conversão de uma taxa nominal (r) numa capitalização em “n” períodos numa taxa efetiva (i) é efetuada da seguinte forma: i = (1 + r/n)n - 1 Por exemplo: Para uma taxa nominal de 20% a.a. com capitalização semestral, qual será a taxa efetiva? i = (1 + 0,20/2)2 - 1 = (1,10)2 - 1 = 21% a.a. Para a conversão de taxas efetivas, referentes a períodos distintos, utiliza-se a expressão para conversão de um período menor em um período maior: i = (1 + i’)n - 1, Para a conversão de um período maior em um período menor: i’ = (1 + i)1/n - 1, em que i é a taxa de período maior, i’ é a taxa de período menor, n é o número de vezes que o período menor ocorre no período maior. Por exemplo, qual é a taxa efetiva anual equivalente a 10% ao mês? i = (1 + i’)n - 1 = (1 + 0,10)12- 1 = (1,10)12- 1 = 213,84 % ao ano. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 Outros tipos de conceitos de taxas de juros muito encontradas no mercado são as seguintes: • Taxa bruta: taxa de juros obtida considerando a diferença entre o valor do resgate bruto e o valor da aplicação, sem os descontos de imposto de renda; • Taxa líquida: taxa de juros obtida considerando a diferença entre o valor do resgate bruto e o valor da aplicação, com os descontos de imposto de renda; • Taxa real: taxa de juros encontrada após o desconto da inflação; • Taxa nominal sem inflação: taxa de juros que inclui inflação. 2 Séries uniformes Série é uma sequência de pagamentos ou valores recebidos no futuro, devido ao recebimento ou aplicação de um valor presente. As séries dividem-se em dois tipos distintos: • Séries uniformes: quando os valores nominais são iguais. • Séries não uniformes: quando os valores nominais são diferentes. As séries também podem ser classificadas como: • Séries antecipadas: com valor de entrada. • Séries postecipadas: sem valor de entrada. Nas séries uniformes, o retorno do capital empregado ocorre por meio de pagamentos iguais em constantes intervalos de tempo. Na figura 3 observa-se uma série uniforme que mostra um fluxo de caixa de um valor financiado no presente (PV) e pago em prestações iguais e tempos constantes (PMT). Figura 3 – Série uniforme de um empréstimo Para encontrar-se o valor do PMT, utiliza-se a seguinte expressão: PMT = PV × Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 11 Por exemplo, qual é o valor da prestação cobrado a partir de um empréstimo de R$ 10.000,00 a uma taxa de juros de 4% ao mês, sabendo que o período de pagamento é de 12 meses? PMT = 10000 × = 10000 × =10000 × = R$ 1.065,58 Aconselha-se a prática de exercícios do livro “Matemática Financeira (objetiva e aplicada)”, de Abelardo de Lima Puccini, além da leitura de “Análise de investimentos”, dos autores Nelson Casarotto Filho e Bruno Hartmut Kopittke. Considerações finais Nesta segunda aula foi abordada a importância dos juros simples, compostos, das taxas de juros, além de tratar brevemente as séries uniformes de pagamentos. Conceituou-se juros simples, como aqueles incidentes apenas sobre o capital principal, a partir de exemplos práticos, construindo tabelas para um melhor entendimento, além de demonstrar, por meio de um fluxo de caixa e de um gráfico, a linearidade da função dos juros simples. A abordagem sobre os juros compostos vieram na sequência, demonstrando que a sua obtenção é feita a partir de uma incidência sobre o capital inicial somado aos juros dos outros períodos. Ressaltou-se a exponencialidade da função de juros compostos, em detrimento à linearidade da função do juros simples. Os tipos de taxas de juros também foram objeto de estudos, no qual foi colocado a diferença entre as taxas efetivas – aquelas em que a referência de unidade de tempo é a mesma da unidade de tempo do período de capitalização – e as taxas nominais – nas quais a unidade referencial de tempo não coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Outros tipos de conceitos de taxas de juros muitos encontradas no mercado foram mencionadas: taxa bruta, obtida considerando a diferença entre o valor do resgate bruto e o valor da aplicação, sem os descontos de imposto de renda; taxa líquida, obtida considerando a diferença entre o valor do resgate bruto e o valor da aplicação, com os descontos de imposto Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 12 de renda; taxa real: encontrada após o desconto da inflação; taxa nominal sem inflação – taxa de juros que inclui inflação. A aula foi finalizada com uma abordagem sobre as séries: sequências de pagamentos ou de recebimentos no futuro, devido ao recebimento ou aplicação de um valor presente. Como o conceito de juros e de séries é um pouco mais extenso, recomenda-se o estudo mais aprofundado nas bibliografias recomendadas, para que você consiga deixar os seus conhecimentos sobre esta parte da matemática financeira bem estruturada. Referências CASSAROTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2010. PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. SILVA, F. C. M.; ABRÃO, M. Matemática básica para decisões administrativas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. TAIETTI, M. S. Z. Matemática financeira para gestão de negócios.São Paulo: Meritos, 2012. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 03 Matemática Financeira II Objetivos Específicos • Entender os conceitos acerca de valor presente líquido, taxa interna de retorno e fluxo de caixa. Temas Introdução 1 Fluxo de Caixa, Valor Presente e Valor Futuro 2 Engenharia Econômica e a Análise de Investimentos Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Uma das principais tarefas com que o gestor de TI se depara em seu dia a dia é a tomada de decisão. Esta se torna ainda mais difícil quando se relaciona às questões econômico- financeiras, envolvendo principalmente investimentos em projetos ou recursos de TI. A matemática financeira e a engenharia econômica podem fornecer instrumentos poderosos para análise de um retorno sobre um investimento, de modo a fornecer subsídios para a tomada de decisão eminentemente financeira. Esta aula explora um pouco disso. Começa-se retomando o conceito de fluxo de caixa, valor presente, valor futuro, além da leitura de séries de pagamentos. Na segunda parte da aula, abordam-se os conceitos da Engenharia Econômica e a sua relação com a matemática financeira, mencionando duas técnicas para tomada de decisão em investimentos: Método do Valor Presente Líquido e a Taxa Interna de Retorno. Espera-se, mais uma vez, que o aluno não apenas se limite aos conceitos abordados na aula, mas que possa abordar as bibliografias sugeridas em busca de exercícios, aplicações práticas, de modo a solidificar as suas bases de matemática financeira e engenharia econômica. 1 Fluxo de Caixa, Valor Presente e Valor Futuro Conforme visto em aulas anteriores, um fluxo de caixa é composto pelas entradas e saídas de dinheiro (caixa) ao longo de determinado tempo. Essas entradas podem ser as despesas e os custos contabilizados, e as saídas podem ser as receitas. A Figura 1 nos relembra um exemplo genérico de um fluxo de caixa. Figura 1 – Representação básica de um fluxo de caixa. Fonte: Adaptado de Puccini (2008). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 Para o bom entendimento do fluxo de caixa os conceitos de Valor Presente (PV), Valor Futuro (FV) e Pagamentos Periódicos de mesmo Valor (PMT) precisam estar bem fixados. Castelo Branco (2010) menciona que o Valor Presente (PV), também conhecido como Capital (C), é composto pelos recursos financeiros transacionados na data focal zero de determinada operação financeira, sendo que a data focal zero é a data de início da operação financeira. Ainda segundo Castelo Branco (2010), o Valor Futuro (FV), também conhecido por Montante (M), é a quantidade de recursos monetários acumulados, resultado de uma operação comercial ou financeira, em determinado período de tempo. O Valor Futuro é o resultado do somatório entre os Juros e o Valor Presente. O PMT é o valor referente aos pagamentos efetuados numa série uniforme. Esses pagamentos podem corresponder a uma operação de empréstimo ou a um simples pagamento efetuado em iguais parcelas referente à aquisição de um bem. As descrições do fluxo de caixa nos ajudam a entender bem os conceitos de valor presente, taxa de desconto e equivalência. O Valor Presente (PV) de um fluxo de caixa é o valor monetário da origem da escala de tempo, que é o mesmo que o somatório das parcelas futuras, descontadas para o ponto zero (origem), com determinada taxa de juros. A transposição do futuro para o presente acontece mediante o uso da taxa de desconto. Para exemplificar melhor, vamos calcular o Valor Presente (PV) do fluxo de caixa descrito na Figura 2, com uma taxa de juros de 5% ao ano, com o período contado em anos. Figura 2 – Série uniforme de um empréstimo Fonte: elaborado pelo autor (2013). Para encontrarmos o Valor Presente, utilizamos a relação entre PF e PV em juros compostos estudados na aula passada, reapresentada a seguir. FV = PV × (1 + i)n → 2000 = PV × (1 + 0,05)4 → 2000 = PV × (1,05)4 2000 = PV × (1,05)4 → 2000 = PV × 1,2155 → PV = 1645,41 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 Desse modo, concluímos que o valor de R$ 2.000,00, no futuro distante de quatro anos, a uma taxa de desconto de 5% ao ano, quando transposto para o presente, equivale a R$ 1.645,41. 2 Engenharia Econômica e a Análise de Investimentos 2.1 Introdução Engenharia econômica é o estudo dos métodos e técnicas usados para a análise econômico-financeira de investimentos. Esses métodos e técnicas devem ter base científica e encontram na matemática financeira as suas justificativas. A necessidade de analisar investimentos propõe os problemas, a engenharia econômica apresenta as técnicas de solução e a matemática financeira justifica essas técnicas. A análise de investimentos compreende não apenas as alternativas entre dois ou mais investimentos para escolha do melhor, mas também a análise de um único investimento com a finalidade de julgar se é de seu interesse ou não. Na análise de investimentos só serão levados em conta os fatores quantificáveis, isto é, que puderem ser expressos em unidades de capital. Se fatores não quantificáveis vão influir na tomada de decisão, essa análise não poderá ser feitas com um estudo matemático. Assim, na escolha entre dois equipamentos, por exemplo, não teria sentido uma análise matemática que envolvesse preços, capacidade de produção, custos operacionais, durabilidade etc., se a pretensão fosse adquirir o mais estético ou o de menor porte. Também não teria sentido analisar investimentos que não apresentassem viabilidade de escolha por falta de recursos financeiros ou de quaisquer outras condições. (VERAS, 2009, p. 233) Conforme Veras (2009), a Matemática Financeira apoia cientificamente os métodos utilizados pela Engenharia Econômica. Dentre os diversos métodos e técnicas utilizados nas análises econômicas, existem aqueles dignos de credibilidade, tais como: • Método do Valor Presente Líquido; • Método do Valor Periódico Uniforme; • Método da Taxa Interna de Retorno; • Período de Payback. Dois desses métodos serão estudados nesta aula para aplicarmos melhor os conceitos de matemática financeira já estudados: Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). Os outros métodos, bem como um aprofundamento dos que serão abordados nesta aula, serão mencionados numa futura aula de análise de investimentos. É de grande importância o conhecimento desses métodos para um Gestor de TI. Em seu dia a dia, ele irá se deparar com a tomada de decisões em investimentos de TI, em Análise de Projetos, na aquisição de recursos de infraestrutura, dentre outros (CASTELO BRANCO, 2009). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 Esses mesmos investimentos de TI só têm crescido. O site da revista Info veiculou em 21 de agosto de 2013 que a indústria de TI movimentou no Brasil em 2012 o montante de 60,2 bilhões de dólares, registrando um crescimento de 10,9% comparado ao ano de 2011. A perspectiva para 2013 é de 69 bilhões de dólares, ou seja, crescimento de 14,5% em relação a 2012 (BRUNO, 2013). Para saber mais, você pode consultar na 24ª Pesquisa Anual do Uso da TI no Brasil, publicada pela Fundação Getúlio Vargas, que menciona importantes informações sobre investimentos de TI e crescimento da indústria da TI. O link da referida página está disponível na Midiateca. Todo esse crescimento de investimentos habilitados por TI, seja na modernização da infraestrutura, seja em ações de virtualização, mobilidade, dentre outros, gera a necessidade de se gerenciar e analisar melhor o emprego de recursosfinanceiros nessas iniciativas. 2.2 Valor Presente Líquido (VPL) É uma das técnicas mais sofisticadas na análise de projetos e de investimentos. Consiste em calcular o valor presente do fluxo de caixa do investimento ou projeto, baseado em uma taxa de custo de oportunidade conhecida ou estimada, e subtraindo-se o investimento inicial. O custo de oportunidade é o valor de que se abre mão, referente à outra oportunidade não escolhida. Por exemplo: Considere que uma empresa faz a opção pela aplicação de R$ 200 mil em um projeto de TI. Se essa empresa aplica esse mesmo valor numa aplicação financeira considerando uma taxa de juros de 15% ao ano, o custo de oportunidade seria igual a R$ 30 mil em um ano. A taxa do custo de oportunidade é igual a 15% ao ano. (Observação: o custo de oportunidade é um dado do exemplo abordado.) Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 De modo geral o VPL pode ser definido como: VPL = (valor presente das entradas e saídas de caixa) – (investimento inicial) Podendo ser representado pela seguinte expressão: -PVFCn (1 + i)n VPL= ∑ n j=1 An=∑ nj=1Observação: O símbolo significa que deverá ser efetuado uma soma com “n” parcelas, iniciando de uma primeira parcela referente à expressão descrita dentro do operador somatório. Em que: PV = Valor do investimento inicial FCn = Fluxo de caixa de “n” períodos i = taxa do custo de oportunidade n = prazo do projeto ou investimento Os possíveis resultados do VPL são: • VPL é igual a Zero ▫ A taxa do custo de oportunidade é idêntica à taxa de retorno sob investimento ou do projeto. ▫ Decisão: projeto ou investimento não oferece ganho ou prejuízo. • VPL é maior que zero ▫ A taxa do custo de oportunidade é menor que a taxa de retorno sobre investimento ou do projeto. ▫ Decisão: projeto ou investimento deve ser aceito. • VPL é menor que zero ▫ A taxa do custo de oportunidade é maior que a taxa de retorno sobre investimento ou do projeto. ▫ Decisão: projeto ou investimento deve ser rejeitado. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 Para exemplificar melhor tomemos como exemplo um projeto de TI, denominado Projeto ABC com as seguintes especificações: • Tempo do Projeto = 3 meses • Entradas ▫ Recebimentos = R$ 300.000,00 em um mês após o término do projeto. • Saídas ▫ Investimento inicial com a abertura do projeto = R$ 10.000,00 no início do projeto; ▫ Pagamentos de custos e despesas = R$ 70.000,00 ao final de cada mês. O fluxo de caixa que melhor retrata esse projeto é mostrado na Figura 3. Figura 3 – Fluxo de caixa do projeto. Fonte: elaborado pelo autor (2013). Se paralelamente a esse projeto se apresenta uma oportunidade de a empresa investir em outro projeto, denominado XYZ, com um custo de oportunidade de 3% ao mês, quais seriam o VPL e a decisão a ser tomada? Precisamos passar todos os pagamentos para Valor Presente (VP), caso não estejam, utilizando a fórmula aprendida na aula 2, a seguir: FV = PV × (1 + i)n O 1º pagamento de R$ 70.000,00, trazido para VP, será: 1 70.000 70.000 = PV × (1 + 0,03) → PV = → PV = R$ 67.961,16 1,03 O 2º pagamento de R$ 70.000,00, trazido para VP, será: 70.000 = PV × (1 + 0,03)2 70.000 → PV = → PV = R$ 65.981,71 1,0609 O 3º pagamento de R$ 70.000,00, trazido para VP, será: 70.000 70.000 = PV × (1 + 0,03)3→ PV = → PV = R$ 64.061,50 1,0927 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 A soma dos pagamentos em VP é dada por: PV = 67.961,16 + 65.981,71 + 64.061,50 + 10.000 = R$ 208.004,37 O valor de VPL será igual a: -PV FCn (1 + i)n VPL= ∑ n j=1 = 300.000 (1+0,03)4 - 208.004,37 = 266.546,11 - 208.004,37 = R$ 58.541,74 Como o valor de VPL é maior do que zero, então a taxa do custo de oportunidade do projeto XYZ é menor que a taxa de retorno sobre o projeto ABC. Desse modo, teremos o valor de R$ 58.541,74 a ser retornado a mais em relação ao projeto XYZ. A decisão é pela aceitação do projeto ABC. 2.3 Taxa Interna de Retorno (TIR) É o método que procura descobrir a taxa necessária para igualar os fluxos de caixa a Valor Presente (VP), ou seja, é o custo ou rentabilidade efetiva de um projeto ou simplesmente a taxa de desconto igual aos fluxos de caixa ao investimento inicial, seja pelo regime de juros simples ou compostos. A Taxa Interna de Retorno é aquela que leva o Valor Presente Líquido para zero, ou seja: -PV FCn (1 + i)n =0∑ n j=1 Em que: PV = Valor do investimento inicial; FCn = Fluxo de caixa de “n” períodos; i = taxa do custo de oportunidade n = prazo do projeto ou investimento. A ideia é encontrarmos o valor de “i”, taxa que leva o VPL a zero para tomarmos uma das decisões a seguir: • se a TIR é maior que a taxa do custo de oportunidade, então o projeto ou investimento deve ser aceito; • se a TIR é menor que a taxa do custo de oportunidade, então o projeto ou investimento deve ser recusado; • se a TIR é igual à taxa do custo de oportunidade, então o projeto ou investimento não oferece perda ou ganho em relação a outra oportunidade. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 A resolução da equação para a descoberta de “i”, que faz o VPL igual a zero, pode ser uma equação de grau a ser definido pelo número de períodos do fluxo de caixa, ou seja, o valor “n”. Sendo essa uma equação de difícil solução, tendo que ser efetuada através de métodos matemáticas que fogem ao escopo desta disciplina, procuraremos a resolução através de uma simples ajuda de um planilha do Excel. Tomemos um exemplo: Determinado projeto de TI, denominado ABC, requer um investimento inicial de R$ 15.000,00. Acontecerão três entradas de caixa nos valores de R$ 7.000,00 ao final do primeiro mês, R$ 6.000,00 ao final do segundo mês e R$ 4.000,00 ao final do terceiro mês. Existe outro projeto de TI, denominado XYZ, com uma taxa de custo de oportunidade de 10% ao mês. Qual a decisão a ser tomada? Com a ajuda de uma planilha de Excel, registra-se o fluxo de caixa do projeto e utiliza-se a função TIR, conforme demonstrado na Figura 4. Figura 4 – Solução através de uma planilha de Excel. Fonte: elaborado pelo autor (2013). O projeto ABC tem uma TIR de 7,192% ao mês, que é inferior à taxa de custo de oportunidade de 10% ao mês, então o projeto ABC deve ser recusado. Considerações finais Nesta última aula específica sobre matemática financeira, estudamos os últimos conceitos necessários da matemática financeira. Iniciamos retomando o conceito de fluxo de caixa que é composto pelas entradas e saídas de dinheiro (caixa) ao longo de determinado tempo. Representou-se novamente de modo básico o fluxo de caixa através de séries. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 A interação entre engenharia econômica e matemática financeira foi abordada na segunda parte da aula. A engenharia econômica é o estudo dos métodos e das técnicas usados para a análise econômico-financeira de investimentos. Esses métodos e técnicas devem ter base científica e encontram na matemática financeira as suas justificativas. Dois métodos foram foco de nosso estudo: Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). O Valor Presente Líquido é uma das técnicas mais sofisticadas na análise de projetos e de investimentos. Consiste em calcular o valor presente do fluxo de caixa do investimento ou projeto, baseado em uma taxa de custo de oportunidade conhecida ou estimada, e subtraindo-se o investimento inicial. Os possíveis resultados do VPL são: igual a zero (quando a taxa do custo de oportunidade é idêntica à taxa de retorno sob investimento ou do projeto); maior que zero (quando a taxa do custo deoportunidade é menor que a taxa de retorno sob investimento ou do projeto); e menor que zero (quando a taxa do custo de oportunidade é maior que a taxa de retorno sob investimento ou do projeto). A aula foi concluída com os conceitos de Taxa Interna de Retorno (TIR), que nada mais é que o método que procura descobrir a taxa necessária para igualar os fluxos de caixa a Valor Presente (VP), ou seja, é o custo ou rentabilidade efetiva de um projeto ou simplesmente a taxa de desconto igual aos fluxos de caixa ao investimento inicial, seja pelo regime de juros simples ou compostos. Se a TIR é maior que a taxa do custo de oportunidade, então o projeto ou investimento deve ser aceito. Se a TIR é menor que a taxa do custo de oportunidade, então o projeto ou investimento deve ser recusado. Se a TIR é igual à taxa do custo de oportunidade, então o projeto ou investimento não oferece perda ou ganho em relação a outra oportunidade. Referências CASTELO BRANCO, A. C. Matemática Financeira Aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2010. CASSAROTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de Investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2010. PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. SILVA, F. C. M.; ABRÃO, M. Matemática básica para decisões administrativas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. TAIETTI, M. S. Z. Matemática Financeira para Gestão de Negócios. São Paulo: Meritos, 2012. VERAS, L. L. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas, 2009. BRUNO, L. Brasil deve liderar expansão de investimentos em TI em 2013. Info., São Paulo, Agosto2013. Disponível em: <http://info.abril.com.br/noticias/mercado/2013/08/brasil-deve- liderar-expansao-de-investimento-em-ti-em-2013.shtml>. Acesso em: 17 set. 2013. http://info.abril.com.br/noticias/mercado/2013/08/brasil-deve- Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 04 Introdução à Economia e a sua evolução. Objetivos Específicos • Introduzir os conhecimentos básicos de economia e contextualizar a sua evolução. Temas Introdução 1 Introdução à Economia 2 Evolução do Pensamento Econômico Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Tendo terminado os conceitos fundamentais da Matemática Financeira na aula passada, agora entraremos em um novo conteúdo, também fundamental para o entendimento da Gestão Financeira. Trata-se do conceito de Economia. Deparamo-nos em nosso dia a dia com diversas questões ligadas à economia, tais como: aumento de preços, diferenças salariais, dívida externa e interna, impostos, taxas de juros, Produto Interno Bruto, dentre outros. É bem verdade que as questões econômicas dividem opiniões. Muitos alvoram-se a emitir os seus pareceres e juízos de valor com altas doses de empirismo carecendo de uma base conceitual adequada. Não obstante, não deve ser assim com um profissional da área de gestão, mesmo que ele seja de Tecnologia da Informação. O gestor de TI precisa conhecer os problemas econômicos fundamentais e diversas questões que o cercam por diversos motivos, dentre eles podem ser citados: impactos econômicos nos investimentos em infraestrutura de TI; influência de fatores econômicos no planejamento estratégico de TI; relacionamento entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento tecnológico; dentre outros. Nesta aula, a primeira sobre economia, deseja-se introduzir os conceitos básicos, os tipos de economia, estabelecer as diferenças entre microeconomia e macroeconomia, os problemas de escassez, as questões fundamentais e comentar um pouco sobre sua evolução do pensamento econômico. Incentiva-se o aluno a, neste momento, procurar as bibliografias indicadas em busca de um maior enriquecimento do conteúdo e também um olhar um pouco mais detalhista sobre os problemas econômicos do dia a dia, sob a ótica dos conteúdos ministrados nesta disciplina. 1 Introdução à Economia 1.1 Economia e Escassez (...) por que estudar Economia? Enumeremos as razões. Muitos estudam Economia para que isso os ajude a obter um bom emprego. Há quem pense que deve compreender mais profundamente o que existe por trás dos relatórios sobre inflação e desemprego. Ou há pessoas que querem compreender quais políticas poderiam amenizar o aquecimento global ou o que significa dizer que um iPod é “made in China”. Todas essas razões, e muitas outras, fazem sentindo. Contudo, como teremos de reconhecer, existe uma razão fundamental para aprender as lições básicas de Economia: durante toda a sua vida – desde o berço até a sepultura – você enfrentará as verdades cruéis da Economia. Como eleitor, tomará decisões sobre questões que Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 não poderão ser compreendidas até que tenha dominado os rudimentos desta matéria. Sem o estudo da Economia, não estará completamente informado sobre o comércio internacional, a política fiscal, ou as causas das recessões e do desemprego. Escolher a profissão da sua vida é a decisão econômica mais importante que tomará. O seu futuro dependerá não só de suas capacidades, mas também da forma como as forças econômicas nacionais e regionais afetam os seus salários. O seu conhecimento de Economia poderá ajuda-lo também a tomar decisões acertadas sobre a compra de um imóvel, o pagamento da educação de seus filhos e a poupança de uma quantidade para a aposentadoria. É claro que o estudo de Economia não fará de você um gênio. Mas, sem a Economia, os “dados da sorte” serão lançados contra você. (SAMUELSON & NORDHAUS, 2012, p. 2) Qual é a importância do estudo da Economia para as empresas e para a área de TI? O conhecimento teórico sobre economia é fundamental para que o gerente de TI não se situe entre aqueles que analisam superficialmente questões importantes da Gestão Financeira de TI. Influência do aumento de preços na aquisição de recursos de TI, desemprego, aumento de investimentos em ciência e tecnologia, impostos e tarifas, vulnerabilidades, pobreza e globalização são alguns dos fatores a serem considerados no estudo da problemática econômica. 1.1.1 Mas o que é Economia? Etimologicamente, a palavra “economia” vem do grego oikos, que significa casa, e nomos, que significa norma ou lei. Ou seja, significaria “administração de uma casa”. Como ciência social, a Economia ocupa-se com as decisões (escolhas) sobre emprego de recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, por parte das pessoas e da sociedade, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos sociais, com o propósito de atender as necessidades humanas. A questão central ou o principal problema econômico, encontrado de modo claro em sua definição, é a escassez. A escassez é o principal motivador do estudo da Economia, tendo o seu problema descrito na Figura 1.1, como contraposição entre recursos limitados e necessidades ilimitadas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 Figura 1.1 – Recursos limitados x Necessidades ilimitadas. Fonte: Adaptado de Passos e Nogami (2012). O homem precisa satisfazer as suas necessidades através do consumo de bens (vestuário, moradia, alimentação, dentre outros) e de serviços (transporte, educação, saúde, assistência médica, dentre outros), mas estes são limitados, provocando no indivíduo a necessidade de escolher. Escassez não é o mesmo que pobreza. Pobreza é ter poucos bens por falta de recursos financeiros, e escassez significa ter mais desejos que bens. A escassez resulta em outros problemas econômicos fundamentais que precisamser tratados pela ciência econômica, tais como: • O quê e quanto produzir > Esse problema remete, devido à escassez, a quais produtos as sociedades produzirão e a sua quantidade. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 • Como produzir > Esse problema remete a uma necessidade de eficiência, em que os produtores procurarão o melhor método de produção que minimiza o custo. • Para quem produzir > Esse problema recai na necessidade de decidir como será feita a distribuição dos resultados da produção. 1.2 Sistema Econômico Sistema econômico é uma forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade, onde são organizadas a produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar (VASCONCELOS e GARCIA, 2008). Um sistema econômico é composto pelos seguintes elementos: • estoque de recursos produtivos ou fatores de produção – formado pelos recursos humanos, o capital, a terra, dentre outros; • complexo de unidade de produção – formado pelas empresas; • •onjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais – base organizacional da sociedade. Esses sistemas podem ser classificados em: • Sistema Capitalista – também conhecido por economia de mercado, por ser regido pelas forças de mercado, em que a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção são preponderantes. • Sistema Socialista – também conhecido por economia centralizada ou planificada, devido à existência de um órgão central de planejamento e o predomínio da propriedade pública dos fatores de produção. 1.3 Teorias da Economia A teoria econômica tem os seus argumentos classificados em positivos e normativos. A argumentação positiva também é conhecida como explicativa e tem o propósito de entender ou explicar o fenômeno (realidade econômica) como ele é, não envolvendo quaisquer juízos de valor. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 Por exemplo: o Estado de São Paulo tem o maior PIB em comparação a outros Estados da Federação. A argumentação normativa também é conhecida como prescritiva e tem o propósito de prescrever medidas econômicas, emitindo um juízo de valor sobre alguma medida econômica. Por exemplo: o governo deveria criar um imposto único reduzido para desonerar a produção. 1.4 Divisão da Economia A maior parte dos autores divide o estudo dos problemas econômicos em duas grandes áreas: • Microeconomia – também conhecida por teoria de formação de preços, que estuda a interação entre consumidores e empresas em um mercado no que tange a questões de preços e produção que atendem as necessidades de ambos. • Macroeconomia – tem relação com o desempenho da economia como um todo, estudando o comportamento dos grandes agregados nacionais, como Produto Interno Bruto (PIB), investimentos agregados, nível geral de preços, inflação, dentre outros. 1.5 Conceitos básicos No estudo da economia, há uma série de conceitos básicos que precisam ser conhecidos para entender melhor a disciplina. Dentre eles, os mais importantes são: • Necessidades humanas: ▫ percepção da falta de algum bem ou serviço unido ao desejo de tê-lo; ▫ ilimitadas e nem todas podem ser satisfeitas; ▫ exemplos: água, alimentos, moradia, veículos, dentre outros. • Bens e serviços ▫ é aquilo que satisfaz uma necessidade humana; ▫ podem ser livres (existem em quantidades ilimitadas) ou econômicos (relativamente escassos); ▫ os bens econômicos podem ser materiais (tangíveis ou bens propriamente dito) ou imateriais (intangíveis ou serviços); ▫ os bens materiais podem ser de consumo (satisfação imediata de necessidade humana) ou de capital (produção de outros bens); ▫ os bens ainda podem ser divididos em privados e públicos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 • Recursos produtivos ▫ também chamados de fatores de produção; ▫ utilizados no processo de fabricação de mercadorias; ▫ classificados em quatro grupos: Terra; Trabalho; Capital e Capacidade Empresarial. • Agentes econômicos ▫ pessoas de natureza física ou jurídica que contribuem para o funcionamento do sistema econômico; ▫ divididos em: Famílias (unidades familiares); Firmas (unidades produtivas); Governo. • Mercado ▫ local ou contexto em que se realizam contatos, transações e relações entre compradores e vendedores; ▫ é uma boa forma de organizar a atividade econômica. • Estruturas de mercado ▫ concorrência perfeita – grande número de compradores e vendedores, em que a ação de um não afeta o preço da mercadoria; ▫ monopólio – uma única firma vende um produto sem que haja qualquer outro substituto; ▫ oligopólio – pequeno número de firmas que domina todo mercado; ▫ monopsônio – único comprador que influencia o preço, porque concentra a totalidade da compra dos fatores de produção; ▫ Oligopsônio – poucos compradores que concentram a totalidade da compra de fatores de produção. • Renda e riqueza ▫ renda é aquilo que se aufere em determinado período; ▫ riqueza é o somatório de tudo que se possui subtraído de tudo que se deve. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 Para conhecer um pouco mais sobre os conceitos de economia, aconselha- se a leitura do livro Princípios de Economia dos autores Carlos Roberto Martins Passos e Otto Nogami. 2 Evolução do Pensamento Econômico 2.1 Precursores e Clássicos da Teoria Econômica Um dos primeiros a citar o termo economia foi Aristóteles (384-322 a.C.) em seus estudos sobre aspectos de administração privada e sobre finanças públicas. No entanto, foi no século XVI que nasceu a primeira escola econômica: o mercantilismo. As principais características dessa escola foram: • preocupação com o acúmulo de riquezas de uma nação; • princípios para fomento do comércio exterior; • importância do acúmulo de metais como fator gerador de riqueza; • exacerbação do nacionalismo com grande presença do Estado em assuntos econômicos. Surgida no século XVIII, a Escola Fisiocrata gerou importantes colaborações ao pensamento econômico. As suas principais características eram: • ter a terra como única fonte de riqueza; • universo regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, que ajudam a produzir as riquezas, tais como lavoura, pesca e mineração; • sustentava que a regulamentação governamental era desnecessária; • foi a primeira escola a dividir a economia em setores, mostrando as relações entre eles. Apontado como precursor da teoria econômica moderna, Adam Smith (1723-1790) publicou a sua obra A riqueza das nações em 1776, que trata de modo abrangente as questões econômicas. Smith é o defensor da “mão invisível” que guia a sociedade em direção a livre concorrência e ao desenvolvimento econômico sem qualquer interferência. As ideias de Smith formam as bases do liberalismo e tem as seguintes características: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 • busca do lucro leva ao bem-estar da sociedade; • o Estado não deve interferir na economia, deixando a cargo da “mão invisível”, ou seja, o próprio mercado; • a riqueza das nações está no trabalho humano; • a divisão do trabalho é o fator decisivo para o aumento da produção, gerando a especialização em algumas tarefas; • o padrão de um país está relacionado à sua produtividade; • o Estado deve apenas se limitar à proteção da sociedade, sem intervenção nas leis de mercado. Adam Smith é considerado o fundador da microeconomia, o ramo da economia que trata do comportamento de entidades individuais como os mercados, asempresas e as famílias. Na obra A Riqueza das Nações (1776), Smith analisou como o preço de cada bem era estabelecido, estudou a determinação dos preços da terra, da mão de obra e do capital e investigou os pontos fortes e fracos do funcionamento do mercado. Mais importante ainda, identificou as propriedades notáveis de eficiência dos mercados e explicou como o interesse próprio dos indivíduos atuando em mercados competitivos pode gerar um benefício econômico geral. (SAMUELSON e NORDHAUS, 2012, p. 3) A produtividade é a quantidade de bens e serviços produzidos na unidade de tempo. Vivendo praticamente na mesma época em que Smith e partindo de suas ideias, David Ricardo (1772-1823) desenvolveu modelos econômicos, defendendo que os custos se resumem apenas a custos de trabalho, demonstrando como a acumulação de capital, acompanhada do aumento da população, desemboca na elevação da renda da terra. Ricardo também criou um estudo sobre o comércio internacional, chamado teoria das vantagens comparativas. A partir dos estudos de Ricardo, originaram-se a corrente neoclássica e a marxista. O economista francês Jean-Baptiste Say (1768-1832) partiu também da obra de Smith para afirmar aquilo que se popularizou como “Lei de Say”: “A oferta cria sua própria procura”. Say menciona que o aumento da produção pode se transformar em renda para os trabalhadores, que por sua vez é gasta na compra de bens. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 Ainda nessa época, Thomas Malthus (1766-1834) foi o primeiro a criar uma teoria geral da população que apontava o excesso populacional como um mal para a sociedade. A principal ideia de Malthus era minimizar o impacto do crescimento populacional na oferta de alimentos, através do adiamento de casamentos, limitação voluntária de nascimentos nas famílias pobres, aceitação de guerras, dentre outros. 2.2 Teoria Neoclássica e Teoria Keynesiana Em 1870, iniciou-se o período neoclássico, que se estendeu até as primeiras décadas do século XX, quando se deu maior importância às questões microeconômicas. O maior destaque entre os neoclássicos é o Alfred Marshall (1842-1924) com seu livro Princípio de economia publicado em 1890, que abordava diversos ponto, dentre eles: • raciocínio marginalista – o custo ou benefício das últimas unidades vão influenciar na decisão de produzir ou não produzir; • ênfase na demanda – a demanda determina o preço; • teoria da utilidade – a demanda por um bem é influência da utilidade que ele tem; • laissez-faire – significa liberdade do mercado. O período keynesiano iniciou-se em 1936 com a publicação de Jonh Maynard Keynes (1843-1946) intitulada Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda. Keynes defendia que: • o nível de produção de uma economia é o principal fator responsável pelo volume de emprego; • o nível de produção determina a demanda agregada ou efetiva; • não há forças de autoajustamento numa economia em recessão, por isso é necessário, nesses casos, a intervenção do Estado. Para conhecer um pouco mais sobre a evolução do pensamento econômico, aconselha-se a leitura do livro Fundamentos de Economia dos autores Marco Antônio S. Vasconcelos e Manuel Enriquez Garcia. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 11 Considerações finais Nesta primeira aula de economia foram abordados os conceitos relacionados aos problemas econômicos e sua questão central: a escassez. Etimologicamente, a palavra “economia” vem do grego oikos, que significa casa, e nomos, que significa norma ou lei. Ou seja, significaria “administração de uma casa”. No entanto, como ciência social, a Economia ocupa-se com as decisões (escolhas) sobre emprego de recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, por parte das pessoas e da sociedade, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos sociais, com o propósito de atender as necessidades humanas. Mencionou-se que da escassez resultam os problemas econômicos fundamentais: o que e quanto produzir; como produzir; para quem produzir. A aula prosseguiu com o conceito de sistema econômico e a sua composição e principal divisão entre os sistemas capitalista e socialista. A teoria econômica e os seus argumentos classificados em positivos e normativos também foram objeto de estudo, bem como a classificação em microeconomia e macroeconomia. A primeira parte da aula foi concluída com a conceituação de itens importantes no estudo da economia. Primeiro, falou-se sobre as necessidades humanas, como a percepção da falta de algum bem ou serviço unido ao desejo de tê-lo. Mencionou-se, ainda, os conceitos de recursos produtivos, agentes econômicos, mercado, estruturas de mercado, renda e riqueza. A aula foi concluída com uma abordagem sobre a evolução do pensamento econômico desde Aristóteles até a escola keynesiana, passando pela “mão invisível” de Adam Smith, as escolas fisiocratas e mercantilista, a teoria geral da população, dentre outras. Referências PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. 6 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. VASCONCELOS, M. A; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva,2008 SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 05 Microeconomia I Objetivos Específicos • Conhecer a teoria microeconômica no que tange aos aspectos de demanda e oferta. Temas Introdução 1 Funcionamento do Sistema Econômico 2 Microeconomia Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução O problema fundamental da economia que se resume na escassez leva as sociedades a se interrogarem sobre o que produzir, quanto produzir, como produzir e, enfim, para quem produzir. A resposta a esses questionamentos se dá através dos sistemas econômicos. Responder a esses itens é, inicialmente, pensar em duas teorias que têm uma relação bem interessante: oferta e demanda. Seja nos bens e serviços, ou nos fatores de produção, o entendimento da oferta e demanda é fundamental para a determinação do preço. Essas teorias precisam ser do conhecimento do gestor de TI, seja para entender bem como utilizar de modo eficaz os seus insumos ou até para compreender e gerenciar melhor a oferta e demanda de serviços de TI dentro de uma empresa. A ideia desta quinta aula é fazer com que você entenda de modo básico o funcionamento de um sistema econômico, passando um pouco pelas curvas de possibilidades de produção, finalizando com o início do estudo da teoria microeconômica. Sobre microeconomia, o foco está no entendimento da oferta e da demanda. Motivamos você a fazer uma leitura desta aula e a, automaticamente, perceber, através de exemplos, que algumas aplicações podem ser feitas dessas teorias na gestão da TI. 1 Funcionamento do Sistema Econômico 1.1 Introdução Como os fatores produtivos são escassos e as necessidades humanas ilimitadas, os agentes econômicos precisam decidir onde aplicar preferencialmente os recursos disponíveis. Por exemplo, a sociedade pode escolher entre produzir mais canhões e menos alimentos, ou mais escolar e menos estradas. No dia-a-dia, os consumidores fazem escolhas desse tipo no supermercado. O Poder executivo, ao enviar anualmente o Orçamento da União ao Congresso, efetua escolhas similares. Ao formular a política econômica, o Governo pode induzir a economia a produzir mais bens para o mercado interno. Essas escolhas referem-se às possibilidades técnicas de produção da economia. (SOUZA, 2013, p. 9) Conforme visto na aula 4, o principal problema econômico a ser estudado é a difícil conciliação entre recursos ou fatores de produção limitadose necessidades humanas que a toda hora se apresentam como ilimitadas. Enfim, é o problema da escassez, que nos interroga sobre: • o quê e quanto produzir; • como produzir; • para quem produzir. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 Esses questionamentos são feitos e respondidos em cada tipo de sistema econômico, seja: • capitalista – com as decisões provenientes do próprio mercado; • socialista – com as decisões provenientes de um órgão central de planificação, normalmente o governo; • sistema misto – com as decisões cabendo ao mercado com a supervisão e certa interferência do governo. 1.2 Fronteira de Possibilidade de Produção A questão fundamental “o quê e quanto produzir” pode ser um pouco mais bem entendida através de uma técnica chamada Curva de Possibilidades de Produção (CPP), também conhecida por Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP). A FPP demonstra a capacidade máxima de produção numa sociedade entre dois bens, supondo o máximo emprego dos fatores de produção (capital, terra, trabalho e capacidade empresarial) em determinado momento. A FPP deve ser feita a partir da relação de apenas dois produtos. Para esboçar melhor essa ideia, consideremos a produção de dois produtos X e Y com as alternativas de produção descritas na Tabela 1. Tabela 1 – Possibilidades de Produção. Alternativas de Produção Quantidade de Produtos X Quantidade de Produtos Y A 3 7 B 7 3 E 0 7,5 F 8 0 Fonte: elaborado pelo autor (2013). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 Observe na alternativa E que os fatores de produção teriam que ser inteiramente alocados para a fabricação do produto Y e, na alternativa F, os fatores de produção seriam alocados inteiramente na fabricação do produto X. As outras duas alternativas (A e B), consideradas intermediárias, complementam as possibilidades de produção, que podem ser descritas na Fronteira de Possibilidades de Produção através da Figura 1. Figura 1 – Fronteira de Possibilidades de Produção. Fonte: elaborado pelo autor (2013). Observe ainda que existem outros dois pontos (C e D) fora da curva. O ponto C, externo à curva, representa uma combinação impossível de produção, em que se tem uma fabricação dos produtos X e Y, respectivamente iguais a 5 e 9. O ponto D, interno à curva, expressa um possibilidade de ociosidade da economia, em que os fatores de produção não são utilizados em sua capacidade máxima. Outras leituras podem ser feitas através da FPP. Um bom exemplo é sobre o custo de oportunidade, que pode ser entendido, em nosso caso, como o sacrifício de deixar de produzir o produto X para produzir o produto Y e vice-versa. Outro entendimento é sobre o deslocamento da FPP. Caso ele se dê para a esquerda, há um claro sinal de retração econômica. Por outro lado, se o deslocamento for para a direita teremos um claro crescimento econômico. A Figura 2 mostra um deslocamento da FPP de “cor azul” para um FPP de “cor preta” como sinal de um desenvolvimento econômico. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 Figura 2 – Crescimento Econômico demonstrado por meio da FPP. Fonte: elaborado pelo autor (2013). 1.3 Modelo Simplificado de Funcionamento do Sistema Econômico Qualquer que seja a forma de organização da atividade econômica de uma comunidade – economia de mercado, economia planificada centralmente ou sistema misto –, os seus objetivos são muito semelhantes: busca-se otimizar a satisfação do indivíduo, de um lado e, de outro, maximizar a eficiência produtiva. Essa operacionalidade do sistema econômico deve ser analisada com base em todos os fatores e forças que intervêm nos fluxos de mobilização de recursos e de produção dos bens e serviços oferecidos e demandado. Trata-se de uma análise que exige grande simplificação da atividade econômica, o que, no entanto, não deprecia, em momento algum, a sua semelhança com a realidade dos fatos. (MOREIRA e JORGE, 2009, p. 16) Ao longo da história e mais ainda nos dias de hoje, não se tem percebido a operação plena e pura de um sistema ou somente de mercado (totalmente capitalista) ou somente socialista. Na verdade os sistemas mistos são os mais frequentes, nos quais o setor privado e o setor público se autoinfluenciam ou influenciam um ao outro. No entanto, admitindo apenas as relações privadas sem interferência do Governo, é possível, através da Figura 3, enxergar o fluxo fundamental de renda numa economia. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 Figura 3 – Fluxo Fundamental de Renda. Fonte: elaboração pelo autor (2013). Entender o funcionamento do sistema econômico traduz-se de modo básico no conhecimento do fluxo da Figura 3. Esse fluxo é subdividido em duas partes: • fluxo real da economia (representado pelas setas de cor azul) – compreende o fluxo de oferta e demanda de fatores de produção e a oferta e demanda de bens e serviços; • fluxo monetário da economia (representado pelas setas de cor laranja) – representa o fluxo de despesas, custos e receitas das famílias e das empresas. No fluxo real da economia, as famílias fornecem (ofertam) os fatores de produção no mercado para aquisição (demanda) por parte das empresas, para transformá-los em insumos nos seus processos produtivos. As mesmas empresas também fornecem (ofertam) bens e serviços no mercado para aquisição (demanda) por parte das famílias. No fluxo monetário da economia, as famílias recebem uma remuneração pelos fatores de produção ofertados no mercado, e as empresas pagam por essa oferta de fatores. Por outro lado, as famílias pagam as suas despesas pelos bens e serviços auferidos, fazendo com que as empresas adquiram um receita como fruto dessa demanda. 2 Microeconomia 2.1 Introdução A microeconomia é uma das grandes áreas da economia que se ocupa com o comportamento dos consumidores e o seu relacionamento com as empresas, abrangendo Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 aspectos relacionados a custos e produção de bens e serviços, assim como a receita e fatores produtivos. Teoria dos preços também é uma forma rápida de definir o papel da microeconomia, que, na verdade, tenta compreender as influências da oferta e da demanda na determinação de preços de mercado. O preço de um bem ou serviço é a razão de troca entre esse bem ou serviço e qualquer outro. Em outras palavras, significa que todos os bens são uteis e são escassos e apresentam, portanto um valor. O conceito de utilidade reporta-se àquele que fará uso do produto e que assim sendo, o procura. A noção de escassez relaciona- se àquele que irá produzir o bem para oferecê-lo ao mercado. Dadas essas forças, o preço se forma pela interação de duas ordens de influência, a da procura e a da oferta. Durante muito tempo, o conceito de valor econômico foi alvo das mais acirradas discussões entre os teóricos da análise econômica. Para uns, o valor de um bem seria determinado pelo trabalho aplicado na sua obtenção. Esse é o enfoque da oferta. Para outros, o valor econômico seria determinado pela escassez relativa dos bens, na sua utilidade nas escalas de preferência dos indivíduos. Esse é o enfoque da procura. (MOREIRA e JORGE, 2009, p. 24) A abordagem da teoria microeconômica não é a mesma da teoria contábil (que será vista mais adiante). A teoria contábil estuda os custos efetivamente acontecidos nas operações da empresa. Sob o ponto de vista microeconômico, o custo abrange o contábil e o custo de oportunidade (custo do sacrifício de uma eventual boa oportunidade). 2.2 Divisãoda microeconomia No estudo da microeconomia é comum a divisão em quatro áreas: • Demanda – também conhecida como procura de um bem ou serviço, divide-se em demanda individual e demanda de mercado. • Oferta – engloba a oferta individual e de mercado, além de alguns detalhes sobre a teoria da produção e seus custos. • Estruturas de mercado – estudo sobre o impacto da oferta e da demanda no mercado de fatores de produção e no mercado de bens e serviços. • Equilíbrio geral – estuda as inter-relações entre todos os mercados, onde é verificado se o comportamento independente de cada agente leva a uma posição de equilíbrio global. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 2.3 Estudo da demanda A evolução do estudo da teoria microeconômica teve início basicamente com a análise da demanda de bens e serviços, cujos fundamentos estão alicerçados no conceito subjetivo de utilidade. A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços que podem adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Como está baseada em aspectos psicológicos ou preferências, a utilidade difere de consumidor para consumidor. A teoria do valor-utilidade contrapõe-se a chamada teoria do valor-trabalho, desenvolvida pelos economistas clássicos. A teoria do valor utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma pela sua demanda, isto é, pela satisfação que o bem representa para o consumidor. Ela é, portanto, subjetiva e considera que o valor nasce da relação do homem com os objetos. Representa a chamada visão utilitarista, em que prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo. (VASCONCELOS e GARCIA, 2008, p. 45) Toda teoria da demanda nasce do entendimento da teoria do valor-utilidade, ou seja pelo valor de uso para o consumidor. A demanda, também conhecida como procura, é a quantidade de um bem ou serviço que um consumidor está disposto a adquirir. O livro Economia Básica do autor Nali de Jesus de Souza apresenta um bom resumo sobre a evolução do pensamento econômico, além de um contextualização sobre a teoria do valor. Aconselha-se a sua leitura. A demanda pode ser influenciada pelos seguintes fatores: • preço do bem ou serviço; • preço de outros bens ou serviços; • renda do consumidor; • preferências do consumidor. É possível estudar a influência de todos esses fatores ou de cada um isoladamente, considerando os outros sem variação (constante). No entanto, a relação mais importante e considerada no estudo da demanda é, de fato, a proporcionalidade inversa entre a quantidade demandada e o preço do bem, chamada de lei geral da demanda. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 Muitas empresas prestadoras de serviços de TI com o faturamento baseado em quantidades de atendimentos técnicos (por exemplo: atendimento de chamados de suporte em primeiro nível) têm, normalmente, o seu preço influenciado pela demanda de chamados. A Tabela 2 mostra uma representação da quantidade demandada e do preço de atendimentos de chamados técnicos de primeiro nível que dure pelo menos uma hora. Tabela 2 – Representação da Quantidade demandada e preço. Preço (R$ por chamado técnico) Quantidade de chamados técnicos demandados 200,00 100 175,00 150 150,00 200 125,00 250 100,00 300 Fonte: elaborado pelo autor (2013). Os dados da Tabela 2.1 podem ser plotados em um gráfico, no qual o eixo das abscissas será a quantidade demandada e o eixo das ordenadas será o preço do serviço. A Figura 4 mostra esse gráfico, que é conhecido como Curva da Demanda. Figura 4 – Curva da Demanda. Fonte: elaborado pelo autor (2013). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 Conforme já comentado, a demanda pode ser influenciada. Caso a mudança seja no preço, a curva de demanda permanece inalterada, alterando apenas o valor do número, considerando todas as outras condições estáveis. Não obstante, se o preço permanece estável e outros fatores são modificados, o resultado encontrado pode ser um deslocamento da curva de demanda para direita ou para a esquerda. Os dois casos mais comuns seriam os seguintes: • Renda do consumidor ▫ Para bens normais – aumento da renda gera um aumento na demanda ▫ Para bens inferiores – aumento da renda reduz a demanda • Preço de outros bens ou serviços ▫ Para bens complementares – aumento no preço de um provoca diminuição na demanda do outro ▫ Para bens substitutos – aumento no preço de um provoca aumento na demanda do outro 2.4 Estudo da oferta Em caminho oposto ao da demanda, que tem o foco no consumidor, a oferta relaciona- se à análise dos vendedores, aqueles que ofertam seus produtos e serviços no mercado, entendendo o relacionamento entre quantidade ofertada e preços de mercado. A oferta pode ser influenciada pelos seguintes fatores: • próprio preço; • preço dos fatores de produção (insumos); • metas e objetivos empresariais. Como exemplo, a Tabela 3 mostra uma representação de quantidade ofertada e preço, seguindo o raciocínio anterior de atendimentos de chamados técnicos de primeiro nível que durem pelo menos uma hora. Tabela 3 – Representação da quantidade ofertada e preço. Preço (R$ por chamado técnico) Quantidade de chamados técnicos ofertados 100,00 100 125,00 150 150,00 200 175,00 250 200,00 300 Fonte: elaborado pelo autor (2013). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 11 Os dados da Tabela 3 podem ser plotados em um gráfico, no qual o eixo das abscissas será a quantidade ofertada e o eixo das ordenadas será o preço do serviço. A Figura 5 mostra esse gráfico, que é conhecido como Curva da Oferta. Figura 5 – Curva da Oferta. Fonte: elaborado pelo autor (2013). Considerações finais Esta aula começou com uma retomada sobre o principal problema econômico – a escassez – e também sobre os problemas fundamentais que surgem a partir da percepção dessa escassez – o quê e quanto produzir, como produzir e para quem produzir. Mencionou-se que as respostas a esses questionamentos são dadas pelos sistemas econômicos, que buscam otimizar a satisfação do indivíduo, de um lado e, de outro, maximizar a eficiência produtiva. Ainda na primeira parte da aula apresentamos a Fronteira de Possibilidade de Produção como uma ferramenta que gera um entendimento sobre eficiência, custo de oportunidade e crescimento econômico. Concluímos esta primeira parte explicando o funcionamento do sistema econômico, que é subdividido em duas partes: o fluxo real da economia, que compreende o fluxo de oferta e demanda de fatores de produção e a oferta e demanda de bens e serviços; e o fluxo monetário da economia, que representa o fluxo de despesas, custos e receitas das famílias e das empresas. A segunda parte da aula foi dedicada ao estudo da microeconomia como uma das grandes áreas da economia que se ocupa com o comportamento dos consumidores, o seu Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 12 relacionamento com as empresas, abrangendo aspectos relacionados a custos e produção de bens e serviços, assim como a receita e os fatores produtivos. No estudo microeconômico foi apresentada a sua divisão mais comum em quatro áreas: demanda; oferta; estruturas de mercado e equilíbrio geral. A aula foi concluída com um estudo um pouco mais detalhado sobre a teoria da oferta e da demanda bem como seus influenciadores. Referências MOREIRA, J. O. C.; JORGE, F. T. Economia: notas introdutórias. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PASSOS, C. R. M.; Nogami, O. Princípiosde Economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. VASCONCELOS, M. A; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2008. SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19 ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. SOUZA, N. J. Economia Básica. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2013. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 06 Microeconomia II Objetivos Específicos • Conhecer a teoria do equilíbrio de mercado, elasticidade e a teoria da produção. Temas Introdução 1 Equilíbrio de Mercado e Elasticidade 2 Teoria da Produção Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução No estudo da microeconomia procura-se entender o comportamento do consumidor e das empresas, de modo a estabelecer de maneira correta a oferta e a demanda. No entanto essa oferta e demanda podem e devem ter uma relação interativa, gerando conceito como equilíbrio de mercado e elasticidade. Nesta sexta aula, iremos estudar o equilíbrio de mercado, entendendo como se deve identificar o excesso ou escassez de demanda e de oferta de produtos e serviços no mercado, bem como a determinação dos seus preços e suas quantidades. Serão vistos também nesta aula os conceitos de elasticidade, assim como suas divisões entre preço-demanda, renda-demanda, preço cruzado da demanda e preço oferta, enfatizando também os tipos de demanda e oferta. Para completar esta aula, serão abordados alguns conceitos fundamentais sobre a teoria da produção, segundo a visão microeconômica, mas sem o foco em custos de produção, que será objeto de estudo em outra aula. Incentivamos você, aluno, a buscar em nossas bibliografias sugeridas um pouco mais de informação para aumentar o conhecimento que tem sido construído sobre a gestão econômica nas empresas. 1 Equilíbrio de Mercado e Elasticidade 1.1 Equilíbrio de Mercado O equilíbrio do mercado resulta do comportamento conjunto dos consumidores e dos produtos em relação aos preços, a fim de estabelecerem as quantidades demandadas e ofertadas de um determinado bem “X”, considerando tudo o mais constante. Quando o preço for muito baixo, as quantidades demandadas serão superiores às quantidades ofertadas, determinando um excesso de demanda (escassez de oferta); inversamente, com preços muito altos, as quantidades demandadas ficarão abaixo das quantidades ofertadas, gerando excesso de oferta (insuficiência de demanda). Existirá, porém, um preço de equilíbrio do mercado que determinará a igualdade entre a quantidade demandada e a quantidade ofertada. (SOUZA, 2013, p. 59) A partir do entendimento da lei da oferta em conjunto com a lei da procura (demanda), encontra-se o significado do equilíbrio de mercado. Na verdade, o que acontece é uma coincidência entre a quantidade que os consumidores desejam comprar com a quantidade que os vendedores desejam vender, em determinado nível de preço. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 Retomemos o exemplo da aula anterior sobre a demanda e a oferta de serviços de atendimento de chamados técnicos de primeiro nível que dure pelo menos uma hora. A Tabela 1 mostra as quantidades ofertadas e demandadas relacionadas ao preço do serviço. Tabela 1 – Oferta e Demanda do Serviço. Preço (R$ por chamado técnico) Quantidade de chamados técnicos demandados Quantidade de chamados técnicos ofertados Situação do mercado 100,00 300 100 Excesso de demanda (escassez de oferta) 125,00 250 150 Excesso de demanda (escassez de oferta) 150,00 200 200 Equilíbrio entre oferta e demanda 175,00 150 250 Excesso de oferta (escassez de demanda) 200,00 100 300 Excesso de oferta (escassez de demanda) Fonte: elaborado pelo autor (2013). Observe que quando o preço do chamado técnico é R$ 100,00 ou R$ 125,00 o mercado está com excesso de demanda e escassez de oferta. Por outro lado, quando o valor do chamado é R$ 175,00 ou R$ 200,00 há um claro sinal de excesso de oferta e escassez de demanda. O ponto de equilíbrio está no valor de R$ 150,00 e pode ser representado através dos gráficos da Figura 1. Figura 1 – Equilíbrio de mercado. Fonte: elaborado pelo autor (2013). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 1.2 Elasticidade A demanda ou oferta de grande parte dos bens e serviços oferecidos numa sociedade é sensível a mudanças de preço e renda, conforme visto na aula anterior. A medida que demonstra esse grau de influência é chamada de elasticidade. As empresas precisam conhecer a importância que os consumidores atribuem aos seus produtos e, assim, poder avaliar os impactos de mudanças das curvas de oferta e de demanda sobre as suas receitas e, portanto, sobre os seus lucros. Um dos instrumentos mais importantes a esse respeito são os conceitos de elasticidade- preço da demanda e o de elasticidade-renda da demanda. O conceito de elasticidade indica a sensibilidade de uma variável, como preço ou renda, sobre uma outra, como quantidades demandadas ou ofertadas. (SOUZA, 2013, p. 61) Os tipos de elasticidade conhecidas são: elasticidade-preço da demanda; elasticidade- renda da demanda; elasticidade-preço cruzada da demanda; elasticidade-preço da oferta. A elasticidade-preço da demanda é a medida de relação existente entre o percentual de modificação na demanda e o percentual de mudança de preço, expressado como: Variação percentual da demanda Variação percentual do preço EpD= Tomemos novamente o exemplo anterior descrito na Tabela 1.1 e consideremos a seguinte variação: Preço inicial = R$ 150,00 Preço final = R$ 100,00 Quantidade demandada ao preço inicial = 200 Quantidade demandada ao preço final = 300 Calculemos a variação percentual do preço: Preço final - Preço inicial Preço inicial =- =- =-50 150 0,3 30% Calculemos a variação percentual da demanda: Demanda final - Demanda inicial Demanda inicial = = =100 200 0,5 50% Calculemos a elasticidade-preço da demanda: Variação percentual da demanda Variação percentual do preço = =+0,5 -0,3 -1,66EpD= Como a elasticidade tem que ser sempre positiva, achamos o valor em módulo. Para isso basta apenas tirarmos o sinal negativo, para encontrarmos, assim, a EpD=1,66. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 Esse resultado demonstra para nós que uma queda de 30% do preço do serviço aumenta a quantidade demandada em 1,66 vezes os 30%, ou seja 50%. Esse valor de elasticidade nos leva aos conceitos referentes ao tipo de demanda. São eles: • Demanda elástica ▫ Variação da quantidade demandada é maior que a variação do preço ▫ | EpD |>1 • Demanda inelástica ▫ Variação da quantidade demandada é relativamente menor que a variação do preço ▫ | EpD |<1 • Demanda unitária ▫ Variação da quantidade demandada é igual à variação do preço ▫ | EpD |=1 • Demanda perfeitamente elástica ▫ Variação da quantidade demandada é extremamente alta quando acontecem pequenas variações no preço ▫ | EpD |=∞ • Demanda perfeitamente inelástica ▫ Não há variações da quantidade demandada quando há variação do preço ▫ | EpD |=0 A elasticidade-renda da demanda é a medida de relação existente entre o percentual de modificação na demanda e o percentual de mudança na renda do consumidor, expressado como: Variação percentual da demanda Variação percentual da renda do consumidor ER= A partir da elasticidade-renda da demanda, os bens econômicos são classificados como: • bens inferiores (ER < 0) – aumento na renda acarreta uma diminuição do consumo desse bem; • bens normais ou essenciais (0< ER < 1) – aumento na renda acarreta aumento proporcionalmente menor do consumo desse bem; Senac São Paulo - Todos os DireitosReservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 • bens superiores (ER > 1) – aumento na renda acarreta aumento proporcionalmente maior do consumo desse bem. A elasticidade-preço cruzada da demanda é a medida de relação existente entre o percentual de modificação na demanda de um bem e o percentual de modificação da demanda de outro bem, expressado como: Variação percentual da demanda de um bem Variação percentual da demanda de outro bem EXY= A partir da elasticidade-preço cruzada da demanda, pode-se determinar se os bens são substitutos (quando EXY > 0) ou complementares (quando EXY < 0). A elasticidade-preço da oferta é a medida de relação existente entre o percentual de modificação na oferta e o percentual de mudança de preço, expressado como: Variação percentual da oferta Variação percentual do preço EpO= 2 Teoria da Produção 2.1 Introdução A teoria da produção e a teoria dos custos de produção constituem a chamada teoria da oferta da firma individual. Os princípios da teoria da produção e da teoria dos custos de produção são peças fundamentais para análise dos preços e dos emprego dos fatores, assim como de sua alocação entre os diversos usos alternativos da economia. Assim sendo, a teoria da produção e a teoria dos custos de produção servem de base para a análise das relações existentes entre produção e custos de produção: numa economia moderna, cuja tecnologia e processos produtivos evoluem diariamente, o relacionamento entre a produção e os custos de produção é muito importante na análise da teoria da formação dos preços. (VASCONCELOS e GARCIA, 2008, p. 69) À luz da teoria microeconômica, a produção é a combinação dos fatores de produção que são adquiridos pela empresa e transformados em produtos para a comercialização no mercado. Essa ideia está descrita na Figura 2. Figura 2 – Processo de Produção. Fonte: elaborado pelo autor (2013). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 Os fatores de produção são: terra, trabalho, capital, capacidade empresarial e até a própria tecnologia. Na verdade, essa combinação de fatores produtivos que desembocam na geração do produto podem ser descritos através da função de produção, que é nada mais que uma relação matemática expressa como: q = f ( x_1,x_2,x_3,…,x_n ),em que x_1,x_2,x_3,…,x_n são os fatores de produção utilizados no tempo q é quantidade de bens ou serviços produzidas no tempo Os fatores de produção podem ser considerados variáveis quando as suas quantidades se alteram de acordo com o volume de produção. Em contrapartida, os fatores são fixos quando essas quantidades não variam com o volume de produção. 2.2 Análise de Curto Prazo e Análise de Longo Prazo Na análise de curto prazo, o volume de produção é dependente somente da variação de um fator de produção, como a variação do fator trabalho. Na análise de longo prazo os fatores de produção são variáveis, inclusive o tamanho da empresa. A partir da análise de curto prazo, surgem os conceitos: • Produto total – volume de produção obtido da utilização do fator variável, mantendo- se fixos os demais fatores de produção. • Produtividade média do fator – é a relação (razão) entre o volume produzido pela quantidade utilizada do fator variável. ▫ Produtividade média de mão de obra: quantidade produto número de trabalhadores PMen= ▫ Produtividade média do capital: quantidade produto número de máquinas PMek = Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 • Produtividade marginal do fator – é a relação entre a variação do produto total e as variações da quantidade utilizada do fator de produção. ▫ Produtividade marginal de mão de obra: variação do produto acréscimo de 1 unidade de mão de obra PMgn= ▫ Produtividade marginal do capital: variação do produto acréscimo de 1 unidade de capital PMgk= Para conhecer um pouco mais sobre produtividades média e marginal, aconselha-se a leitura do capítulo 6 do livro Fundamentos de Economia, dos autores Vasconcelos e Garcia. Considerações finais Nesta sexta aula estudamos um pouco sobre o equilíbrio de mercado, elasticidade e a função produção. O equilíbrio de mercado, como primeiro assunto, resulta do comportamento conjunto dos consumidores e dos produtos em relação aos preços, a fim de estabelecer as quantidades demandadas e ofertadas de determinado bem, considerando tudo mais constante. Revisamos um pouco a lei da oferta e da procura, a fim de entender o significado do excesso e da escassez, compreendendo as suas influências no preço de um produto ou de um serviço. Abordou-se também o conceito de elasticidade, que demonstra os impactos das variações de preço e renda na oferta e demanda de grande parte dos bens e serviços oferecidos numa sociedade. Mencionou-se os tipos de elasticidade (elasticidade-preço da demanda; elasticidade- renda da demanda; elasticidade-preço cruzada da demanda; elasticidade-preço da oferta), mencionando os modos de calculá-las. A partir da elasticidade-preço demanda encontraram-se os tipos mais comuns de demanda (elástica, inelástica, unitária, perfeitamente elástica e perfeitamente inelástica). A partir da elasticidade-renda da demanda, mencionou-se os tipos de bens econômicos (bens inferiores, bens normais ou essenciais, bens superiores). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 A aula foi concluída com uma abordagem da teoria da produção à luz da teoria microeconômica, em que a produção é a combinação dos fatores de produção adquiridos pela empresa e transformados em produtos para a comercialização no mercado. Um comentário sobre a análise de curto prazo e longo prazo também foi feito. Referências MOREIRA, J. O. C.; JORGE, F. T. Economia: notas introdutórias. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PASSOS, C. R. M.; Nogami, O. Princípios de Economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. VASCONCELOS, M. A; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva,2008 SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. SOUZA, N. J. Economia Básica. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2013. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 07 Microeconomia III Objetivos Específicos • Conhecer a teoria dos custos e as estruturas de mercado. Temas Introdução 1 Custos de produção e o lucro da firma 2 Estruturas de Mercado Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Embora extremamente utilizados no dia a dia, os termos custos, receitas, cartel, monopólio, oligopólio, parecem em muitas situações não serem claros para nós e de certo modo até causar confusão em nossas ideias. Somente para citar um exemplo, poderíamos dizer que até alguns anos atrás se falava que as telecomunicações eram um monopólio. Mas por quê? Uma vez por outra, também se escuta que foi descoberto um novo cartel de postos de combustíveis. Mas o que é este tal cartel? Um pouco ainda mais complicado é quando o assunto relacionado à economia relaciona- se a custos, e então, alguém afirma que o custo é direto ou indireto, ou que a receita é marginal. Responder a estas e outras perguntas é o propósito desta aula. Na primeira parte, vamos abordar a temática de custos e lucros voltados para a produção de bens e serviços, diferenciando o que são custos diretos e indiretos, sem deixar de olhar para o lucro. A segunda parte da aula abordará a teoria das estruturas de mercado, explicando o que é monopólio, oligopólio, oligopsônio, monopsônio, entre outros. Desejamos a todos uma boa leitura e bons estudos! 1 Custos de produção e o lucro da firma 1.1 Introdução Qualquerempresário que se preze fixará, para si e para os seus empregados, um objetivo básico a ser perseguido: a maximização dos resultados da empresa. Para tanto, procurará, de um lado, a obtenção de receita ao nível o mais elevado possível e, de outro, perseguirá custos mínimos de produção, já que os lucros totais serão obtidos pela diferença entre as receitas totais e os custos totais. (MOREIRA & JORGE, 2009, p. 55). Sabemos que uma firma sempre objetiva a maximização de seus resultados mediante uma atividade produtiva eficiente. Para que isso aconteça, as metas sempre se voltam para as reduções de custos de um determinado nível de produção, bem como para o aumento de produção para um determinado custo total. No entanto, segundo a teoria microeconômica, qualquer análise de custos sempre avaliará o equilíbrio da firma e também os custos de oportunidades, considerados como implícitos nas análises. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 No aumento da produção, todos os custos aumentam? Alguns diminuem e outros aumentam? 1.2 Custos totais de produção Os custos totais de produção (CT) são obtidos pelo somatório das despesas por meio da combinação de fatores, para se obter uma determinada quantidade de produto. Este custo é composto por duas parcelas: • Custos variáveis (CV) – dependente da produção e varia conforme o seu volume, sendo diretamente ligado aos fatores de produção. Estes custos são conhecidos na teoria contábil como custos diretos. Por exemplo: gastos com matéria-prima e folha de pagamento. • Custos fixos (CF) – independem da produção e decorrem dos gastos com os fatores fixos de produção. Estes custos são conhecidos por custos indiretos. Por exemplo: aluguéis e iluminação. A expressão utilizada para cálculo dos custos totais de produção é: CT = CV + CF Na teoria microeconômica não existe uma distinção rigorosa entre os termos custos e despesas, assim como é feita na teoria contábil. No conceito contábil, os custos são sempre associados ao processo de fabricação e as despesas ao exercício social. Segundo a teoria da produção, os custos também podem ser classificados como: custos totais de curto prazo (compostos por custos fixos e variáveis), e custos totais de longo prazo (compostos apenas por custos variáveis). No curto prazo, como o custo fixo se mantém praticamente fixo, a parcela preponderante nesta análise é a do custo variável. Na análise de curto prazo, é comum o cálculo dos seguintes custos: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 • Custo total médio (CTM) – representa a razão entre o custo total e a quantidade produzida. (Custo total) Total produzido CTM= • Custo variável médio (CVM) – representa a razão entre o custo variável total e a quantidade produzida. (Custo variável) Total produzido CVM= • Custo fixo médio (CFM) – representa a razão entre o custo fixo total e a quantidade produzida. (Custo fixo) Total produzido CFM= • Custo marginal (CMg) – representa a razão da variação do custo total em resposta a uma variação da quantidade produzida. (Variação do custo total) Acréscimo de 1 unidade de produção CMg= Voltando à análise de curto prazo, podemos afirmar que o custo marginal é praticamente determinado pela variação do custo variável total. A Tabela 1.1 nos mostra um exemplo para melhor entendermos todos estes custos. Tabela 1 – Custos de Produção Produção Total Custo Fixo (CT) Custo Variável (CV) Custo Total (CT) Custo Fixo Médio (CFM) Custo Variável Médio (CVM) Custo Total Médio (CTM) Custo Marginal (CMg) 0 R$ 10,00 R$ - R$ 10,00 R$ - R$ - R$ - R$ - 1 R$ 10,00 R$ 500 R$ 15,00 R$ 10,00 R$ 5,00 R$ 15,00 R$ 5,00 2 R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 18,00 R$ 5,00 R$ 4,00 R$ 9,00 R$ 3,00 3 R$ 10,00 R$ 10,00 R$ 20,00 R$ 3,33 R$ 3,33 R$ 6,67 R$ 2,00 4 R$ 10,00 R$ 11,00 R$ 21,00 R$ 2,50 R$ 2,75 R$ 5,25 R$ 1,00 5 R$ 10,00 R$ 13,00 R$ 23,00 R$ 2,00 R$ 2,60 R$ 4,60 R$ 2,00 6 R$ 10,00 R$ 16,00 R$ 26,00 R$ 1,67 R$ 2,67 R$ 4,33 R$ 3,00 7 R$ 10,00 R$ 20,00 R$ 30,00 R$ 1,43 R$ 2,86 R$ 4,29 R$ 4,00 8 R$ 10,00 R$ 25,00 R$ 35,00 R$ 1,25 R$ 3,13 R$ 4,38 R$ 5,00 9 R$ 10,00 R$ 31,00 R$ 41,00 R$ 1,11 R$ 3,44 R$ 4,56 R$ 6,00 10 R$ 10,00 R$ 38,00 R$ 48,00 R$ 1,00 R$ 3,80 R$ 4,80 R$ 7,00 11 R$ 10,00 R$ 46,00 R$ 56,00 R$ 0,91 R$ 4,18 R$ 5,09 R$ 8,00 Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 A partir dos dados da Tabela 1, construiu-se o Gráfico 1 que mostra a variação dos custos fixos, variáveis e totais em função da quantidade produzida. Gráfico 1 – Curva de custos Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008). Observando o gráfico 1, com exceção dos custos fixos, os outros custos crescem com o aumento da produção. A partir da Tabela 1, construiu-se a curva de custos médios e marginais que podem ser encontradas no Gráfico 2. Gráfico 2 – Curva de Custos Médios e Marginais Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 Observando o Gráfico 2, verificamos que os custos variáveis médios, o custo total médio e o custo médio marginal têm um comportamento parecido com um “U”, em que sofrem uma queda até certa quantidade da produção, voltando a subir. 1.3 Lucro da Firma As empresas, que encontram o seu fim na obtenção dos lucros, procuram um nível de produção que eleve os valores resultantes da subtração entre a receita total (RT) e o custo total (CT). Ou seja, tornar o lucro total (LT) o maior possível, que é sinônimo de maximização de lucros. O lucro total é encontrado por meio de: LT=RT-CT Da mesma forma que definimos o custo marginal (CMg), a receita marginal (RMg) é o acrescimento da receita total, quando adicionamos uma unidade de produção. A maximização dos lucros é obtida quando a receita marginal é igual ao custo marginal. Afirmamos isso sustentados por duas linhas de raciocínio: Se RMg > CMg, a empresa procurará aumentar a produção, pelo simples motivo de que o incremento de unidades fabricadas aumenta os seus lucros. Esta procura cessará quando RMg = CMg. Se RMg < CMg, a empresa procurará diminuir a produção, pelo simples motivo de que o incremento de unidades fabricadas diminui os seus lucros. Esta procura cessará quando RMg = CMg. 2 Estruturas de Mercado 2.1 Introdução As características do mercado para um produto específico variam de uma região para outra, assim como entre os países. Em economias pequenas e em desenvolvimento, em geral, poucas firmas bastam para atender à demanda de determinado bem. O tamanho do mercado depende tanto do número de consumidores quanto do nível de renda. Quanto maior a renda das pessoas, maior será o seu poder de compra e a dimensão do mercado. Inversamente, em economias desenvolvidas e de grande tamanho, com altos níveis de renda, a probabilidade é maior de existirem muitas Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 empresas ofertando o mesmo produto. Neste caso, a maior concorrência entre os vendedores tende a reduzir o preço de equilíbrio do mercado. Essa concorrência poderá ainda ser maior se a economia for aberta às importações. Quanto maior a oferta de bens importados, maior será a disponibilidade de bens no mercado e menores serão os preços. Em economias mais fechadas, com pouca oferta de produtos estrangeiros e poucas empresas no mercado, os preços tendem a se estabelecer em patamares mais elevados do que no caso de economias mais abertas. Independentemente da oferta de importações,o grau de concorrência no mercado de cada produto depende de suas características. Por exemplo, o número de padarias ofertando pães em uma cidade é bastante elevado em comparação ao número de montadoras de automóveis no conjunto do país. Em alguns setores, como extração de petróleo, pode haver apenas uma empresa operando. As formas extremas de concorrência são a concorrência pura, ou perfeita, e o monopólio. A concorrência imperfeita corresponde a desvios da concorrência pura. A Petrobras, no Brasil, é um exemplo de monopólio (estatal) e o das padarias, por existirem em grandes quantidades em todas as cidades aproxima-se da concorrência perfeita. (SOUZA, 2013, p.93). Quando estudamos as estruturas de mercado percebemos que existem alguns fatores que os influenciam. São eles: • Quantidade de empresas que atuam neste mercado; • O tamanho das empresas; • A dependência entre as empresas; • Características do produto fabricado; • Existência ou não de barreiras que restringem o acesso de novas empresas neste mercado. A partir das combinações entre oferta, procura e quantidade de agentes econômicos, as estruturas de mercado podem se dividir em: concorrência perfeita e concorrência imperfeita. A Figura 1 nos mostra uma matriz com nove estruturas de mercado, sendo apenas uma em concorrência perfeita e todas as outras em concorrência imperfeita. Figura 1 – Classificação das estruturas de mercado Fonte: Adaptado de Moreira & Jorge (2009). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 2.2 Concorrência perfeita Esta concorrência também é conhecida como concorrência pura e é caracterizada pela existência de um grande número de compradores e um grande número de vendedores. As empresas são consideradas tomadores de preço e não influenciam, de modo isolado, no preço de equilíbrio do mercado. As principais premissas deste tipo de mercado são: • Atomização de mercado – as empresas são consideradas como “átomos” com pouca influência no mercado; • Homogeneidade de produtos – não há diferenciação de produtos em oferta pelas empresas; • Ausência de barreiras – não há barreiras que se opõem à entrada de novas empresas; • Mercado transparente – as informações sobre lucro, preços, entre outros, são conhecidas. 2.3 Concorrência imperfeita Esta concorrência é caracterizada pelo número limitado de vendedores ou compradores, que favorece a diferenciação do produto e a informação imperfeita, de modo a influenciar na determinação do preço e nas quantidades comercializadas. Os principais tipos de concorrência imperfeita são: • Monopólio – estrutura de mercado composta por apenas um vendedor, sem substitutos próximos, com muitos compradores. • Monopólio bilateral – é um monopólio com apenas um comprador e um vendedor, que comercializa um produto sem diferenciação e homogêneo. • Monopsônio – estrutura de mercado com apenas um comprador e muitos vendedores. • Oligopólio – estrutura de mercado com poucos vendedores e muitos compradores. • Oligopsônio – estrutura de mercado com poucos compradores e muitos vendedores Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômico (CADE) e a Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) compõem o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência que procura coibir a práticas ilegais de concorrências nas estruturas de mercado. Para conhecer mais acesse a Midiateca. Considerações finais Iniciamos esta aula, que foi a última sobre microeconomia, com as importantes definições dos custos. Primeiro mencionamos os custos totais de produção (CT), que são obtidos pelo somatório das despesas utilizando a combinação de fatores, para se obter uma determinada quantidade de produto. Falamos que os custos totais de produção são compostos por duas parcelas, a de custos variáveis (CV) ou diretos e de custos fixos (CF) ou indiretos. Os custos variáveis são dependentes da produção e variam com o seu volume, sendo diretamente ligados aos fatores de produção. Sobre os custos fixos, afirmamos que independem da produção e decorrem dos gastos com fatores fixos de produção. Conceituamos custo total médio (CTM), custo variável médio (CVM), custo fixo médio (CFMe) e o custo marginal (CMg) utilizando um exemplo representado por meio de um tabela e, logo após, de um gráfico que melhor relataram a ideia dos custos. A primeira parte da aula encerrou-se com o conceito de receita e de maximização de lucros, considerando a influência da teoria marginalista que menciona a obtenção da maximização dos lucros quando a receita marginal é igual ao custo marginal. A segunda parte da aula é concluída com um estudo sobre as estruturas de mercado que são influenciadas pela quantidade de empresas que atuam neste mercado, pelo tamanho das empresas, a dependência entre as empresas, as características do produto fabricado, e a existência ou não de barreiras que restringem o acesso de novas empresas a este mercado. Concluímos a aula abordando uma classificação das estruturas de mercado gerada a partir das combinações entre oferta, procura e quantidade de agentes econômicos, que as dividem em concorrência perfeita e concorrência imperfeita. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 Referências MOREIRA, J. O. C.; JORGE, F. T. Economia: notas introdutórias. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PASSOS, C. R. M.; Nogami, O. Princípios de economia. 6 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. SOUZA, N. J. Economia Básica. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2013. VASCONCELLOS, M. A; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 08 Macroeconomia Objetivos Específicos • Conhecer a teoria macroeconômica, contextualizando assuntos como inflação, crescimento e desenvolvimento econômico. Temas Introdução 1 Macroeconomia 2 Contabilidade Social 3 Inflação e Desenvolvimento Econômico Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Inflação, crescimento econômico, Produto Interno Bruto, desenvolvimento econômico são bons exemplos de assuntos sempre presentes nos telejornais, nos blogs e também nas redes sociais. Explorar um pouco sobre o que significa cada um destes termos é o objetivo desta aula. Nela, nós falaremos um pouco sobre macroeconomia, os seus alicerces, as políticas macroeconômicas e quais são as suas influências na sociedade e na vida das pessoas e das empresas. Mencionaremos os conceitos de desenvolvimento econômico e crescimento econômico, bem como as suas diferenças, enfatizando as questões voltadas à inflação e ao Produto Interno Bruto. Desejamos uma boa leitura e bons estudos! 1 Macroeconomia 1.1 Introdução A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio. Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a macroeconomia não tem por enfoque o comportamento das unidades econômicas individuais e de mercados específicos. Essas preocupações são da microeconomia. A Macroeconomia trata o mercado de bens e serviços como um todo (agregando produtos agrícolas, industriais e serviços de transporte, por exemplo), assim como o mercado de trabalho (não se preocupando com diferenças na qualificação, sexo, idade, origem da força de trabalhoetc.). Esse enfoque mais agregativo pode omitir fatores específicos importantes. Por exemplo, quando consideramos apenas o nível geral de preços, não atentamos devidamente para o comportamento diferenciado das variações de preços de produtos relevantes, como preços agrícolas, construção civil etc. Apesar disso, a abordagem global tem a vantagem de estabelecer relações entre os grandes agregados e permitir uma compreensão maior de algumas das interações mais relevantes da economia entre os mercados de bens e serviços, o “mercado” monetário, financeiro e cambial, e o mercado de trabalho, representando assim importante instrumento para a política e a programação econômica. Entretanto, embora exista um aparente contraste, não há conflito entre a micro e a macroeconomia, uma vez que o conjunto da economia é a soma de seus mercados individuais. A diferença é primordialmente uma questão de ênfase, de enfoque. (VASCONCELLOS & GARCIA, 2008, p.107). A macroeconomia tem um foco nos fenômenos gerais que afetam toda a economia e em questões conjunturais e de curto prazo, tais como inflação e emprego, que são objeto Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 de preocupação das políticas de estabilização da economia. Fatores como crescimento econômico e distribuição de renda completam o conjunto de questões estudadas pelas teorias macroeconômicas. Os principais objetivos da política macroeconômica são: • Alto nível de emprego ▫ Preocupação surgida após 1930, quando o mundo passou por uma crise mundial sem precedentes, que elevou o desemprego na sociedade. • Estabilidade dos preços ▫ Abalada pela inflação que provoca aumentos contínuos e generalizados nos nível gerais de preço. • Distribuição de renda socialmente justa ▫ Afetada pela desigualdade social sempre acompanhada de uma disparidade acentuada de nível de renda. • Crescimento econômico ▫ Praticamente a maior preocupação dos governos, que tem uma íntima relação com os outros objetivos citados anteriormente. 1.2 Políticas Macroeconômicas As principais ferramentas utilizadas para atingir os objetivos macroeconômicos estão descritas em políticas distintas. São elas: • Política fiscal ▫ Ferramental que o poder público detém com a finalidade de arrecadar impostos (política tributária) e controlar suas despesas (política de gastos). • Política monetária ▫ Instrumentos que auxiliam o governo em sua atuação sobre a quantidade de moeda e de títulos públicos existentes na economia. • Política cambial e comercial ▫ Estas políticas relacionam-se ao setor externo da economia. A cambial refere-se às taxas de câmbio, e a comercial refere-se aos instrumentos que estimulam as exportações e importações. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 • Política de rendas ▫ São compostos pelos instrumentos que o poder público utiliza para intervir na formação de renda da sociedade, tais como aluguéis, salários, entre outros. 1.3 Estrutura do Modelo Macroeconômico Um pouco diferente do modelo microeconômico, a estrutura do modelo macroeconômico é constituído por quatro grandes agentes, também chamados de grandes setores: consumidores, empresas, governo e setor externo. Também compõem esta estrutura os mercados que estão na parte real da economia (mercado de bens e serviços, mercado de trabalho) e os que estão na parte monetária da economia (mercado monetário, mercado de títulos e mercado de divisas) O mercado de bens e serviços trata da oferta e procura agregada de bens e serviços que são determinadas pelos seguintes fatores: nível de renda e produto nacional, nível de preços, consumo agregado, poupança agregada, investimentos agregados; exportações totais e importações totais. A demanda agregada é a totalidade de bens ou serviços que todos os consumidores desejam ou estão dispostos a adquirir. A oferta agregada é aquilo que as empresas, em seu conjunto, estão dispostas a produzir e vender. A condição de equilíbrio do mercado é encontrada quando a oferta agregada é igual à demanda agregada. O mercado de trabalho é outro componente da estrutura macroeconômica que considera dois itens: oferta de mão de obra e demanda de mão de obra. Dois são os fatores básicos que mais influem neste tipo e mercado: a taxa de salários e o nível de emprego. A condição de equilíbrio deste mercado se dá quando a oferta e a demanda de mão de obra são iguais. A existência do mercado monetário justifica-se na necessidade de utilização da moeda, que tem a sua demanda gerada pelas transações entre os agentes econômicos e a oferta determinada pelo Banco Central. A taxa de juros também é determinada por esta oferta e demanda de moeda. A condição de equilíbrio é alcançada com a oferta de moeda é igual a demanda. O mercado de títulos, que se preocupa com a oferta e demanda de títulos, compõe com o mercado monetário outro mercado, chamado Financeiro. O mercado de divisas trata da oferta e demanda de divisas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 2 Contabilidade Social 2.1 Introdução A teoria macroeconômica estuda a determinação e o comportamento dos agregados econômicos nacionais. A parte relativa à medição desses agregados é denominada contabilidade social, que é o registro contábil da atividade produtiva de um país ao longo de um dado período de tempo. A análise do comportamento dos agregados econômicos constitui a teoria macroeconômica propriamente dita, cujo foco é a evolução desses agregados e como atuar sobre eles por meio dos instrumentos de política econômica. (VASCONCELLOS & GARCIA, 2008, p.121). Sob a ótica macroeconômica, um país funciona como se fosse uma empresa que produz um único produto, denominado Produto Nacional Bruto (PNB). Este PNB é o somatório de tudo o que é produzido nessa economia. A Contabilidade Social é a metodologia utilizada para o cálculo de todos os agregados macroeconômicos do país, tais como: poupança, investimentos, produto interno, salários, tributos, exportações e importações. No intuito de facilitar o entendimento da dinâmica econômica, a economia é desmembrada em três setores produtivos: • Setor primário – composto por negócios voltados para a agropecuária; • Setor secundário – composto pelas indústrias; • Setor terciário – composto pelas empresas prestadoras de serviços. 2.2 Conceitos básicos Antes de entendermos como é formado e o que é, de fato, o Produto Interno Bruto (PIB), precisamos abordar alguns conceitos básicos da Contabilidade Social. São eles: • Produto Nacional (PN) é o somatório do valor de todos os bens e serviços finais, medidos a preços de mercado, produzidos em um determinado tempo. PN= pi x qi∑ n i=1 em que: pi é o preço unitário dos bens e serviços finais qi é a quantidades produzidas dos bens e serviços finais. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 • Despesa Nacional (DN) é o somatório dos gastos dos agentes econômicos do produto nacional. DN = C + I + G + ( X - M ) em que: C = Despesas das famílias com bens e consumo I = Despesas das empresas com investimentos G = Despesas do governo X - M = despesas líquidas do setor externo (X para exportações e M para importações) • Renda Nacional (RN) é o somatório dos pagamentos aos fatores de produção em um determinado período. RN = w + j + a + l em que: w = salários j = juros a = aluguéis l = lucros Ao analisar as contas nacionais de um país, verifica-se que o Produto Nacional é igual à Despesa Nacional, que por sua vez também é igual à Renda Nacional. • Valor Adicionado – também conhecido por Valor Agregado,é aquele adicionado a um produto em cada estágio de produção. (Valor Adicionado) = (Valor bruto da produção) - (compra de bens intermediários) • Poupança Agregada (S) – é porção da Renda Nacional que não é consumida em um determinado período. S = RN - C Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 • Investimento Agregado (I) – é o gasto com bens que foram produzidos, que não foram consumidos no mesmo período, e que aumentam a capacidade produtiva da economia nos períodos seguintes. • Depreciação – é valor do desgaste de equipamentos de capital da economia em um determinado período. A partir do conceito de depreciação é possível chegar ao investimento líquido, que é o investimento bruto subtraído da depreciação. 2.3 Produto Interno Bruto O Produto Interno Bruto (PIB) é composto pelos somatórios por todos os bens e serviços finais produzidos dentro do País em um determinado período. A composição do PIB pode ser entendida por meio do seguinte resumo: PIB = PNB + REE - RRE Em que: • REE é a Renda Enviada para o Exterior • RRE é a Renda Recebida do Exterior • PNB é o Produto Nacional Bruto e é encontrado por meio de: PNB = PNpm + Depreciação Em que: O PNpm é o Produto Nacional a preços de mercado que considera o preço final pago na venda de bens e serviços e pode ser encontrado por meio de: PNpm = PNcf + (Impostos diretos) O PNcf é o Produto Nacional a custos de fatores que considera o preço dos fatores de produção. O cálculo do PIB pode ser encontrado por meio da seguinte expressão: PIB = (Consumo das famílias) + (Investimentos) + (Aquisições do Governo) + (Balança comercial) Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 3 Inflação e Desenvolvimento Econômico 3.1 Inflação A inflação é definida como um aumento contínuo e generalizado no índice de preços, ou seja, os movimentos inflacionários são aumentos contínuos de preços, e não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. O aumento de um bem ou serviço em particular não constitui inflação, que ocorre apenas quando há um aumento generalizado da maioria dos bens e serviços. (VASCONCELLOS & GARCIA, 2008, p. 223). A inflação, fenômeno presente na maior parte das sociedades de hoje, é o resultado de um processo de alta generalizada de preços e tem como fontes: tipos de estrutura de mercado, grau de abertura da economia ao comércio exterior, estrutura das organizações trabalhistas. A inflação pode ser provocada por três fatores: • Excesso de demanda agregada – provoca a chamada inflação de demanda, muito comum em economias próximas do pleno emprego de recursos. Esta inflação pode ser combatida com cortes no crédito e com a redução de oferta de moeda; • Elevação dos custos – provoca a chamada inflação de custos, gerada por aumento nos custos dos fatores de produção. Esta inflação pode ser combatida por meio de medidas por parte do governo no sentido de estabilizar os salários e os preços de um modo geral; • Mecanismos de indexação de preços – provoca a chamada inflação inercial, gerada pela memória da inflação contida em mecanismos de indexação formal. 3.2 Crescimento e desenvolvimento econômico Embora pareçam semelhantes, os conceitos de crescimento econômico e desenvolvimento econômico apresentam diferenças. O crescimento econômico é o aumento contínuo da renda per capita ao longo do tempo. O desenvolvimento econômico é a alteração da composição do produto e do uso dos recursos produtivos de modo a melhorar os indicadores de bem-estar econômico, social e ambiental. Para que um país possa se desenvolver economicamente, é necessário que ele recorra a fontes relacionadas aos insumos básicos, capital e mão de obra, que de um modo geral podem ser resumidas em: • Aumento na força de trabalho; Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 • Aumento do estoque de capital; • Melhoria na qualidade da mão de obra; • Melhoria tecnológica; • Eficiência organizacional. O desenvolvimento econômico normalmente acontece em cinco estágios bem definidos. São eles: • Sociedade tradicional – predominantemente agrária, com pouca tecnologia e baixa renda per capita; • Pré-requisitos para a arrancada – graças ao aumento na taxa de acumulação de capital em relação à taxa de crescimento demográfico, são criadas as condições prévias para as importantes mudanças econômicas; • Arrancada – o processo de crescimento contínuo se institucionaliza na sociedade; • Maturidade – leva cerca de 40 anos e acontece por meio da expansão da tecnologia aos setores líderes; • Alto consumo em massa – quando acontece a produção de bens de consumo duráveis baseada em alta tecnologia. Considerações finais Iniciamos esta aula falando sobre o conceito de macroeconomia, que foca os fenômenos gerais que afetam toda a economia e as questões conjunturais e de curto prazo, tais como inflação e emprego, que são objeto de preocupação das políticas de estabilização econômica. Mencionamos os principais objetivos da política macroeconômica, que são: o alto nível de emprego, a estabilidade dos preços, a distribuição de renda socialmente justa e o crescimento econômico, mostrando a sua eficácia por meio das políticas fiscais, monetárias, cambial, comercial e de rendas. Apresentamos o modelo macroeconômico que difere do modelo microeconômico. Isto porque a sua estrutura é constituída por quatro grandes agentes, também chamados de grandes setores: consumidores, empresas, governo e setor externo. Também compõem esta estrutura os mercados que estão na parte real da economia (mercado de bens e serviços, mercado de trabalho) e os que estão na parte monetária da economia (mercado monetário, mercado de títulos e mercado de divisas). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 Na parte da aula sobre contabilidade social abordamos os conceitos básicos de Produto Nacional (PN), Renda Nacional (RN), Valor Adicionado, Poupança Agregada (S), Investimento Agregado (I) e Depreciação (D). Para concluir esta aula, falamos um pouco dobre o Produto Interno Bruto (PIB), inflação, crescimento econômico e desenvolvimento econômico. Desejamos a todos uma boa leitura e bons estudos! Referências MOREIRA, J. O. C.; JORGE, F. T. Economia: notas introdutórias. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PASSOS, C. R. M.; Nogami, O. Princípios de Economia. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. SOUZA, N. J. Economia Básica. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2013. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2008. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 09 Introdução à Administração Financeira Objetivos Específicos • Introduzir os principais conceitos em administração financeira e o seu contexto no ambiente de negócios Temas Introdução 1 As organizações e o ambiente de negócios 2 Administração financeira Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Após termos estudado um pouco sobre os principais conceitos de matemática financeira, envolvendo os conceitos de juros, fluxo de caixa e séries, além dos conceitos de economia, incluindo a micro e a macroeconomia, podemos, então, iniciar um estudo um pouco mais aprofundado sobre gestão e administração financeira. O conhecimento sobre administração financeira é fundamental para o gestor de tecnologia da informação (TI) na atualidade, que deseja desempenhar com sucesso suas funções e estar continuamente alinhado às expectativas do negócio. Nesta primeira aula abordaremoso conceito de empresa, sua estrutura funcional, seus objetivos, seu modelo relacional e, enfim, entraremos em uma das áreas da corporação, que é a administração financeira ou diretoria financeira. Mencionaremos o papel do administrador financeiro dentro de uma corporação e especificamente dentro da estrutura organizacional da área financeira. Concluiremos esta aula apresentando as divisões da área de administração financeira dentro de uma corporação. Bons estudos! 1 As organizações e o ambiente de negócios 1.1 Introdução Sozinhas, as pessoas não conseguem atingir seus objetivos, por isso elas se associam com metas comuns e fazem surgir uma organização, denominada pessoa jurídica. As pessoas jurídicas podem ser classificadas quanto a sua formação como: • corporações: formada pela reunião de pessoas, podendo ter fim não econômico ou econômico; • fundações: constituídas em torno de um patrimônio com determinado fim. As pessoas jurídicas também podem ser classificadas quanto a sua função como: • de direito público: União, estados, munícipios, autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas; • de direito privado: empresas com fins lucrativos, associações, fundações, partidos políticos e organizações religiosas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 Outra classificação, encontrada em Costa Neto & Canuto (2010), é: • primeiro setor: setor estatal; • segundo setor: setor privado; • terceiro setor: organizações não públicas e não lucrativas. Uma empresa é uma organização e pode ser compreendida como um sistema que se relaciona com vários elementos, dentre eles: • capital — a provisão dos investimentos necessários, na expectativa que os custos e despesas sejam garantidos pelas receitas da empresa; • insumos — os elementos necessários ao processo produtivo da empresa, tais como: matéria-prima, peças, serviços de apoio, tecnologias, dentre outros; • produtos ou serviços (eventualmente subprodutos) — os elementos de valor que o negócio entrega ao cliente, que remunera a empresa mediante a aquisição de seus produtos e serviços; • efeitos sobre o meio ambiente — as influências que a empresa pode exercer no contexto em que ela opera. A figura 1 ilustra essas relações. Figura 1 – A empresa Fonte: Adaptado de Costa Neto & Canuto (2010). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 Foina (2009) menciona uma organização modelada com base nos processos e tarefas que ela executa. O modelo entende uma organização a pela n-upla mostrada na função abaixo: O = (I, P, T, L, R) Onde: O = Organização I = Insumos P = Produtos T = Tarefa L = Restrições R = Recurso Desse modo, uma organização, sua existência e sua operação são dependentes desses fatores que se integram. 1.2 Modelo relacional da empresa e seus objetivos O entendimento sobre o que representa uma empresa pode ser verificado na figura 2, que mostra as relações que ela tem com o ambiente externo. Figura 2 – Modelo relacional da empresa Fonte: Adaptado de Foina (2009). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 Os principais relacionamentos entre as empresas são: • Relacionamento 1 (empresa e mercado consumidor): é a relação entre a empresa e seu potencial mercado. • Relacionamento 2 (empresa e fornecedores): é a relação em que a empresa remunera o fornecedor para fazer a aquisição de seus produtos. • Relacionamento 3 (empresa e mercado de mão de obra): é a relação em que os trabalhadores são remunerados pela empresa, devido a seus serviços prestados. • Relacionamento 4 (empresa e mercado financeiro): é a relação de troca entre ativos financeiros entre a empresa e o mercado financeiro (bancos, agentes financeiros, dentre outros). • Relacionamento 5 (empresa e governo): é a relação em que o governo provê serviços públicos de qualidade e a empresa cumpre suas obrigações, como pagamento de impostos. • Relacionamento 6 (empresa e acionistas): é a relação em que a o acionista investe na empresa e recebe desta o retorno sob o seu investimento. • Relacionamento 7 (empresa e cliente): é a relação em que a empresa entrega seus produtos e é remunerada por eles. Há uma grande divisão entre os especialistas sobre qual é o objetivo primordial de uma empresa. Uns consideram o lucro, outros consideram que é o papel social. “Os que dizem que o principal objetivo das empresas privadas é o lucro. O argumento adotado é o de que os empresários ou acionistas que decidem os destinos da empresa, se aceitam realizar os investimentos e correr os riscos que a atividade empresarial requer, o fazem na expectativa de auferirem lucro, que deve ser em parte distribuído aos donos do negócio e em parte reinvestido para a geração de mais lucros por meio do crescimento da empresa, da conquista de novos mercados, do estabelecimento de vantagens sobre os concorrentes e assim por diante. Esses pensadores podem até admitir que, temporariamente, a empresa persiga outros objetivos, como, por exemplo, obter solidez e/ou liquidez, atingir metas de crescimento, ultrapassar incólume épocas de crise, etc., mas sempre com o pensamento em, no médio ou longo prazo, garantir condições para maximizar seu lucro. Os que não pensam somente assim. De fato, há uma corrente moderna de pensadores que não aceitam a teoria do lucro como objetivo, mas invocam também o papel social da empresa, propondo que ela se paute por um conjunto de objetivos como, por exemplo: obter um lucro razoável; cumprir o seu papel social de produzir bens ou serviços necessários à sociedade; gerar empregos, fornecendo boas condições de trabalho aos seus colaboradores; angariar boa reputação de empresa socialmente responsável e fiel cumpridora da legislação; contribuir para o progresso da nação” (COSTA NETO e CANUTO, 2010, p.31). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 Para que as empresas atinjam seus objetivos, sejam eles quais forem, é necessário sempre ter em mente pontos vitais das operações de uma empresa: o cliente e suas expectativas; forças que denotam as capacidades e habilidades da corporação; fraquezas que denotam suas fragilidades internas; as oportunidades de negócios e todas suas variáveis; as ameaças que podem influenciar nos fracassos corporativos. 1.3 Estrutura organizacional e funcional das empresas A partir da estrutura organizacional são definidas as funções, as áreas e as atividades de uma empresa, através dos organogramas, por exemplo, que fornecem uma visão da amplitude de administração e dos níveis hierárquicos. As atividades, as áreas e as estruturas de um modo geral variam de empresa para empresa, considerando todas as particularidades do negócio e suas relações com o mundo exterior à corporação, que gera uma série de fatores exógenos, que influenciam as organizações. Uma estrutura organizacional simplificada pode ser vista na figura 3 através de um organograma tradicional. Figura 3 – Estrutura organizacional Fonte: Adaptado de Bernardi (2012). O modelo mais tradicional de organização é em forma de pirâmide, em que o número de pessoas com poder de decisão e importância é inferior àquele de pessoas que se dedicam mais a execução. No entanto, esse modelo tende a ter a sua eficácia diminuída, devido ao aumento dos níveis hierárquicos e a toda a burocracia que os acompanha. As funções dentro de uma corporação denotam o desdobramento de responsabilidades de cada área. De modo geral, a maioria das corporações possui as seguintes funções: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 • Função de compras: preocupada com o relacionamento com os fornecedores dos insumos básicose aquisição através deles. • Função de operação ou produção: preocupa-se com a operação de bens e serviços entregues pela corporação ao cliente. • Função comercial: preocupada com as relações comerciais com o cliente. • Função de TI: preocupada com o suporte que a TI dá ao negócio. • Função financeira: preocupada com a gestão de recursos financeiros da corporação. 2 Administração financeira 2.1 Administração financeira e o administrador financeiro “O objetivo da administração financeira é maximizar a riqueza dos acionistas da empresa. O administrador financeiro é o principal responsável pela criação de valor e pela mitigação de riscos e, para isso, se envolve nos negócios como um todo. Para maximizar a riqueza dos acionistas, o administrador financeiro toma três decisões fundamentais: decisão de investimento, decisão de financiamento e decisão de resultados” (LEMES JUNIOR et al., 2010, p.3). A administração financeira é a área que tem a responsabilidade de gerir os recursos financeiros de uma corporação. Esses recursos financeiros representam o capital das empresas, que existem sob a forma de quantias em dinheiro disponíveis no caixa da empresa ou dos valores aplicados em investimentos no mercado financeiro. Quem tem a responsabilidade por gerenciar esses recursos é o administrador financeiro, que normalmente tem acesso às informações que permitem analisar todos os aspectos envolvidos nas finanças empresariais, para desempenhar suas funções e tomar as decisões necessárias na condução dos negócios da empresa. “A função de um administrador financeiro frequentemente está associada a um alto executivo da empresa, geralmente denominado diretor financeiro ou vice- presidente de finanças, que coordena atividades de tesouraria e controladoria” (ROSS et al., 2009, p.31). O administrador financeiro preocupa-se com os recursos que normalmente são escassos e exigem planejamento e controle em seu uso para que as decisões financeiras sejam as mais alinhadas possíveis às necessidades do negócio. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 Em micro e pequenas empresas o papel do administrador financeiro é normalmente exercido pelo dono ou por algum sócio. 2.2 Estrutura organizacional da área financeira Para exercer todas as suas responsabilidades, a administração financeira possui uma estrutura organizacional, que está descrita na figura 4. Figura 4 – Estrutura organizacional da área financeira Fonte: Adaptado de Bernardi (2012). A área de administração financeira praticamente se divide em dois setores: tesouraria e controladoria. A área de tesouraria tem a responsabilidade de administrar os créditos e o caixa da empresa, tendo seu trabalho voltado para o ambiente externo à empresa, mantendo contato direto com os clientes, com os fornecedores, com os bancos, o mercado financeiro e com os diversos órgãos do governo. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 A área de controladoria administra a contabilidade de custos, pagamentos de impostos e sistemas de informações gerenciais, tendo seu trabalho voltado para o interior da empresa, fornecendo controles e informações financeiras aos gestores para que possam acompanhar o funcionamento da companhia e tomar as decisões necessárias. Considerações finais Caminhando agora em direção aos conteúdos um pouco mais aprofundados em gestão financeira, iniciamos esta aula com uma abordagem sobre o conceito de organização e de empresa, apontando as classificações mais comuns encontradas. Definimos os relacionamentos da empresa com todos os agentes externos, tais como: governo, acionistas, cliente, mercado financeiro, fornecedor, mão de obra e mercado consumidor. Apontamos os objetivos primordiais das empresas que normalmente são: lucro e seu papel social. Mencionamos a estrutura organizacional mais comum das empresas e suas funções de compras, produção, comercial, TI e financeira, contextualizando o papel da área de administração financeira dentro de uma empresa. Conceituamos a administração financeira como aquela que tem a responsabilidade de gerir os recursos financeiros de uma corporação, bem como o papel do administrador financeiro que frequentemente está associado a um alto executivo da empresa, geralmente denominado diretor financeiro ou vice-presidente de finanças, que coordena atividades de tesouraria e controladoria. Encerramos a aula mencionando como a área de administração financeira é dividida em tesouraria e controladoria, bem como seu papel. Referências BERNARDI, L. A. Manual de empreendedorismo e gestão: fundamentos, estratégia e dinâmicas. São Paulo: Atlas, 2012. COSTA NETO, P. L. O; CANUTO, S. A. Administração com qualidade: conhecimentos necessários para a gestão moderna. São Paulo: Blucher, 2010. FOINA, P. R. Tecnologia da Informação: planejamento e gestão. São Paulo: Atlas, 2009. LEMES JUNIOR, A. B; RIGO, C. M; CHEROBIN, P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas. São Paulo: Elsevier, 2010. ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W; JORDAN, B. D. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2009. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 10 Gestão de Custos e Tomada de decisão Objetivos Específicos • Apresentar os principais conceitos que envolvem a gestão de custos. Temas Introdução 1 Decisões financeiras 2 Gestão de custos Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução A vida de um gestor em sua corporação é sempre composta por uma rotina de tomada de decisão, que não é algo tão fácil assim. Quando a decisão a ser tomada é financeira, a gravidade dos impactos em consequência de erros pode ser muito maior. Seja de financiamento, investimento, seja de resultados, as decisões financeiras precisam ser acertadas sob pena de atentar contra a perenidade dos negócios. Por isso, para que o gestor comece a enxergar melhor o caminho a seguir, é necessário o uso de ferramentas e mecanismos que permitam maior assertividade. Este é o objetivo desta aula: entender um pouco sobre tomada de decisão financeira em geral. Neste estudo sobre decisões comentaremos um pouco sobre custos, que é um fator importantíssimo a ser considerado nas decisões financeiras. Estudaremos um pouco sobre demonstrações financeiras e encerraremos a aula mencionando sobre a classificação de custos, suas diferenças em relação a despesas e uma classificação do sistema de custeio. Bons estudos! 1 Decisões financeiras 1.1 Introdução Uma das atividades do administrador financeiro é responsabilizar-se pelo processo de tomada de decisão financeira para responder a três perguntas básicas: • Quais são os investimentos a longo prazo que precisam ser feitos? • Onde iremos obter os financiamentos que viabilizem esses investimentos? • Como iremos conseguir os resultados aderentes às exigências dos acionistas? A primeira pergunta relaciona-se à decisão de investimento que pode ser a aplicação de capital em algum ativo, tangível ou não, em vista de um retorno para os negócios. Normalmente um investimento é sempre concebido como um projeto, que a depender do setor ou da área pode tomar diversas conotações. Por exemplo, na área de tecnologia da informação (TI) ou numa empresa prestadora de serviços de TI, podemos considerar como investimentos: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 • Aquisição de novos computadores. • Capacitação e treinamento de funcionários. • Mudanças na arquitetura da informação. A segunda pergunta relaciona-se a decisões de financiamento,que são também conhecidas como decisões sobre a estrutura do capital. Envolvem a consideração da composição das fontes de financiamentos, que podem ser: • Capital próprio — quando a empresa usa os próprios recursos financeiros, ou seja, dos acionistas. • Capital de terceiros — quando a empresa capta recursos do mercado financeiro com taxas compatíveis. A terceira pergunta relaciona-se a decisões de resultados tomadas pelo administrador financeiro visando garantir que os objetivos de resultados estabelecidos pela corporação sejam cumpridos. 1.2 Demonstrações financeiras “Há milhares de anos, indivíduos eram autossuficientes, na medida em que obtinham seu próprio alimento, faziam suas próprias roupas e construíam seus próprios abrigos. Foi então que começou a especialização — alguns eram bons em fazer potes de cerâmica, outros em pontas de flechas, outros em roupas e assim por diante. Conforme a especialização começou, surgiu também a troca, na forma de escambo. No início, cada artesão trabalhava sozinho, e as trocas eram estritamente locais. Até que, finalmente, os mestres artífices passaram a montar pequenas fábricas e a contratar empregados; dinheiro começa a ser usado, e o comércio se expandiu além das áreas locais. À medida que esse desenvolvimento acontecia, surgia uma forma primitiva de banco, com comerciantes ricos que emprestavam seus lucros decorrentes de negociações a donos de empreendimentos fabris que necessitavam de capital para expansão ou a jovens comerciantes que precisavam de dinheiro para comprar carroças, barcos ou mercadorias. Quando os primeiros empréstimos foram feitos, os credores podiam inspecionar fisicamente os ativos dos tomadores de fundos e julgar a probabilidade de pagamento de seus empréstimos. No entanto, com o tempo, fazer empréstimos ficou mais complexo – os tomadores de recursos estavam desenvolvendo fábricas cada vez maiores. A essa altura, os credores não podiam mais inspecionar pessoalmente os ativos que garantiam seus empréstimos e precisavam de uma maneira de representar os ativos daqueles que tomavam dinheiro emprestado. Também alguns investimentos eram feitos à base de participação nos lucros, o que significava que os lucros (ou resultados) deveriam ser determinados. Ao mesmo tempo, donos de fábricas e grandes comerciantes necessitavam de relatórios para avaliar com que eficiência estavam sendo administrados os seus negócios, e o governo necessitava de informação para calcular os impostos. Por todas estas razões, surgiu a necessidade de demonstrações financeiras, do preparo dessas demonstrações por contadores e da verificação da precisão do trabalho do contador por parte de auditores” (BRIGHAM, 2007, p.31). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 As demonstrações financeiras são os subsídios utilizados pelos administradores financeiros na tomada de decisão. Essas demonstrações e relatórios têm origem na contabilidade das empresas e servem para planejar as ações a serem executadas pelas empresas no futuro. Por questões legais as empresas que têm seu capital aberto na bolsa de valores precisam disponibilizar suas demonstrações financeiras, de modo que seus futuros e atuais acionistas possam verificar os dados financeiros relevantes das empresas nas quais são sócios. Os principais tipos de demonstrações financeiras ou contábeis são: • Balanço patrimonial. • Demonstração do resultado do exercício (DRE). • Demonstração dos fluxos de caixa (DFC). O balanço patrimonial é uma demonstração contábil que mostra a posição patrimonial e financeira de uma empresa em determinado momento no tempo. É como se fosse um retrato da empresa. Ele está dividido em três seções: ativo, passivo e patrimônio líquido. Os ativos são as contas de saldos devedores, ou seja, todos os bens e valores econômicos de propriedade da empresa que podem gerar benefícios financeiros futuros. Eles se dividem em: • Ativo circulante — são bens e direitos que podem ter seu tempo de vida no máximo de um ano. Exemplos: aplicações financeiras a curto prazo; contas a receber de clientes; estoque comprado e vendido em um ano. • Ativo não circulante — são bens e direitos com tempo de vida longo, no mínimo superior a um ano. Eles se dividem em: ▫ Ativo realizável a longo prazo (superior a 12 meses). ▫ Investimentos. ▫ Ativo imobilizado (terrenos, bens, patentes etc.). ▫ Ativo intangível (bens que não podem ser tangibilizados). Os passivos são as obrigações financeiras e dívidas que a empresa tem. Eles podem se dividir também, da mesma maneira que os ativos, em passivos circulantes (dívidas e obrigações a curto prazo) e não circulantes (dívidas e obrigações a longo prazo). Por exemplo: empréstimos, contas a pagar, salários e impostos. Patrimônio líquido é o recurso próprio da corporação, ou seja, o resultado da diferença entre o valor dos ativos e dos passivos. Por exemplo: capital social, reservas de lucros, ajustes na avaliação patrimonial, reservas de capital e prejuízos acumulados. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 A figura 1 mostra a estrutura de um balanço patrimonial, em que a partir dessa estrutura chegasse à equação do balanço patrimonial que estabelece que a diferença entre o ativo e o passivo é igual ao patrimônio líquido. Figura 1 — Estrutura do balanço patrimonial Fonte: Adaptado de Lemes Junior et al. (2010). A demonstração de resultados de exercício (DRE) é uma descrição do resultado financeiro, onde se menciona o lucro ou prejuízo da empresa no exercício (normalmente de 12 meses). Ela traz os valores das receitas brutas e líquidas geradas pelas vendas dos bens e produtos da organização, os diversos tipos de despesas e as provisões para o pagamento de imposto de renda, além de outros itens. A linha final desse demonstrativo corresponde ao resultado final da companhia naquele exercício (lucro ou prejuízo líquido). Figura 2 — Demonstração de resultado de exercícios DRE + Receita bruta • Comercialização de produtos - Deduções da receita de vendas • Custos das vendas • Deduções de vendas • Descontos • Imposto sobre as vendas = Lucro bruto Despesas - • Despesas com vendas • Despesas administrativas = Lucro antes do imposto de renda Impostos e participações = Lucros líquidos do exercício Fonte: Adaptado de Lemes Junior et al. (2010). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 A DFC é um relatório obrigatório para as empresas de capital aberto, ou seja, que possuem suas ações negociadas em bolsas de valores. Esse demonstrativo expõe de onde vieram e no que foram utilizados os recursos de caixa. 2 Gestão de custos 2.1 Introdução “O custo está inserido na vida de todo indivíduo desde seu nascimento, ou mesmo desde sua vida intrauterina, até sua morte, uma vez que todos os bens necessários a seu consumo ou a sua utilização têm um custo. Se por um aspecto isso traz algumas facilidades para seu entendimento, por se tratar de um assunto conhecido, por outro pode ocasionar algumas dificuldades em sua iniciação aos estudos de custo, tendo em vista os conceitos distorcidos que as pessoas possam ter adquirido no contato empírico com os custos no dia a dia, podendo ainda ocasionar conflitos conceituais sobre o preço, receita, gasto, desembolso, custo, despesas, perda e doação” (BRUNI, 2003, p.16). O conceito de custo é associado ao somatório dos gastos com os bens e serviços utilizados no processo produtivo de novos bens ou serviços. Nesse entendimento, e relacionado a ele, surgem outros conceitos importantes em gestão de custos, tais como: • Preço — trata-se do valor estabelecido e aceito na transferênciade um bem por parte de alguém que efetua a venda. • Receita — é quantidade de um bem ou serviço comercializado por seu valor de venda. • Gasto — é valor do sacrifício financeiro na aquisição de um bem ou serviço. • Despesa – é o gasto que ocorre sem relação direta com a produção de um bem ou serviço. • Desembolso — trata-se do pagamento da parte ou do total adquirido, ou seja, é todo gasto pago. • Perda — trata-se do gasto involuntário ou anormal que ocorre sem intenção de gerar receita. • Doação — trata-se do gasto voluntário sem intenção de gerar receita. Dos conceitos abordados, aqueles que mais causam confusão são os que diferenciam custo de despesa. Em geral, o custo é associado ao processo produtivo e as despesas não têm uma influência direta sobre o processo produtivo. Outro modo de diferenciar é afirmando que os custos estão ligados à elaboração do produto, ou seja, “vão às prateleiras” e as despesas são os gastos que acontecem após a disponibilização do produto. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 2.2 Classificação dos custos e dos sistemas de custeio Os custos recebem diversas classificações, quanto à função, quanto à contabilização, quanto à apuração, quanto à formação e quanto à ocorrência. O uso dessas classificações é extremamente proveitoso porque limita o número de contas numa lista predeterminada que está presente no elenco de contas de cada empresa. Quanto à função, considera-se a área ou função da estrutura organizacional que está consumindo o gasto. Por exemplo: custos de produção; custos administrativos e custos de comercialização. Quanto à contabilização, os custos se dividem em: • Custos realizados — integram as contas de resultado do período, considerados consumidos para efeito de resultado do período. Por exemplo: matérias-primas, mão de obra, depreciações. • Custos a realizar — integram as contas patrimoniais, mesmo já incorridas pela empresa, ou seja, já adquiridas e até já aplicadas fisicamente. Por exemplo: imobilizado permanente, estoques etc. Quanto à apuração refere-se à possibilidade de alocação de cada custo diretamente ao tipo de produto ou função. Podem ser: • Custo direto — pode ser diretamente incluído no cálculo do bem ou serviço, sendo muitas vezes associado aos materiais diretos usados na mão de obra. • Custo indireto — não é diretamente atribuído a tipo de bem ou serviço. Quanto à formação referente à variabilidade de seu volume, pode ser: • Custo fixo — é aquele que não varia com o volume de atividade da empresa. • Custo variável — tem seu valor diretamente associado à função de variação de volume de atividade. • Custo misto — possui uma parcela fixa e outra variável. Quanto à ocorrência, o custo pode ser: • Básico — é valor da matéria-prima da produção. • De transformação — é o valor utilizado sobre o custo básico para transformar a matéria-prima em outro bem. • Primário — engloba matéria-prima e mão de obra. • Geral — é a soma de todos os custos de produção. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 Um sistema de custeio refere-se à forma como o custo é registrado e transferido dentro de uma corporação. As principais classificações encontradas são: • Por mecânica de acumulação ▫ Ordem específica — quando são transferidos para determinadas solicitações de fabricação. ▫ Processo — quando a empresa é caracterizada por apresentar produção contínua, em massa ou de demanda constante. • Por grau de absorção ▫ Por absorção — quando os custos indiretos são transferidos aos produtos ou serviços. ▫ Direto — quando apenas os custos diretos são incorporados. • Por momento de apuração ▫ Pós-calculado — equivale ao custo real apurado no final do período. ▫ Pré-calculado — representa o custo alocado ao produto mediante taxas predeterminadas. ▫ Padrão — custo cientificamente predeterminado. Considerações finais Iniciamos esta aula com uma abordagem sobre as principais decisões que um administrador financeiro toma numa corporação. São as decisões sobre investimentos que nos interrogam sobre quais são os investimentos a longo prazo que precisam ser feitos. São as decisões sobre financiamentos que nos interrogam sobre onde iremos obter os financiamentos que viabilizem esses investimentos. São as decisões sobre resultados que nos indagam sobre como iremos conseguir os resultados aderentes às exigências dos acionistas. Avançamos ainda nessa primeira parte com o estudo das demonstrações financeiras: balanço patrimonial; DRE; DFC. Comentamos que o balanço patrimonial é uma demonstração contábil que mostra a posição patrimonial e financeira de uma empresa em um determinado momento. Também foi colocado que a DRE é uma descrição do resultado financeiro, onde se menciona o lucro ou o prejuízo da empresa no exercício (normalmente de 12 meses). Ela traz os valores das receitas brutas e líquidas geradas pelas vendas dos bens e produtos da organização, os diversos tipos de despesas e as provisões para o pagamento de imposto de renda, além de Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 outros itens. A linha final desse demonstrativo corresponde ao resultado final da companhia naquele exercício (lucro ou prejuízo líquido). Para concluir o estudo das demonstrações financeiras falamos da DFC, que é um relatório obrigatório para as empresas de capital aberto, ou seja, que possuem suas ações negociadas em bolsas de valores. Esse demonstrativo expõe de onde vieram e no que foram utilizados os recursos de caixa. Na segunda parte da aula falamos sobre o conceito de custo, que é associado ao somatório dos gastos com os bens e serviços utilizados no processo produtivo de novos bens ou serviços, apontamos suas principais classificações e concluímos a aula mencionando as classificações de um sistema de custeio. Referências BRIGHAM, E. F; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e prática. São Paulo: Thomson Learning, 2007. BRUNI, A. L. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP12C e Excel. São Paulo: Atlas, 2003. COSTA NETO, P. L. O; CANUTO, S. A. Administração com qualidade: conhecimentos necessários para a gestão moderna. São Paulo: Blucher, 2010. LEMES JUNIOR, A. B; RIGO, C. M; CHEROBIN, P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas. São Paulo: Elsevier, 2010. ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W; JORDAN, B. D. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2009. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 11 Decisões estratégicas sobre Investimentos Objetivos Específicos • Conhecer o processo de tomada de decisão estratégica de investimentos. Temas Introdução 1 Investimento e valor 2 Decisões de investimentos Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Em qual projeto investir? Eis uma decisão difícil de ser tomada, se não fizermos o uso do ferramental adequado que embase as escolhas feitas por um gestor sempre em suas tarefas diárias. Nesta aula trataremos das decisões que envolvem investimentos. Antes abordaremos os conceitos de investimento e de valor, mencionando-o dentro de uma perspectiva de projeto, ou seja, projetos de investimentos. Serão explicitados as técnicas de análise de investimentos e os métodos utilizados na seleção daquele que é o melhor para uma empresa, utilizando um pouco do ferramental aprendido em matemática financeira. Bons estudos! 1 Investimento e valor Por que investir? A pergunta pode parecer óbvia, investe-se para obter um retorno, ou seja, uma boa taxa de retorno. Em linguagemcorrente fala-se em lucro. Expresso desta maneira, o ato de investir parece que só tem um lado: o lado positivo do ganho monetário. Se fosse assim todos seriam investidores, ou ao menos gostariam de investir. (CASAROTO FILHO; KOPITTKE, 2010, p. 92). 1.1 Conceito de valor Investir, na sua essência, consiste em abrir mão de um consumo presente em substituição de uma promessa de retorno satisfatório, ou seja, que tem valor. Mas o que é o valor? Segundo o Framework Val IT, que é destinado à gestão de investimentos em TI, o valor é definido como o total de benefícios líquidos do ciclo de vida dos custos e investimentos relacionados, ajustados aos riscos, no tempo esperado, conforme observado na Figura 1. Figura 1 – Conceito de Valor Fonte: O autor (2013). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 Deste modo, incide sobre o valor uma parcela positiva, chamada de benefícios, que está no campo de percepção daquele que recebe o valor. As parcelas custos e riscos são negativas e podem ser determinantes na redução do valor de um produto, serviço etc. O conceito de valor também pode ser associado a duas linhas distintas, amadurecidas ao longo da história da economia e das finanças nas sociedades. São elas: • Valor de uso – relacionado à capacidade que os produtos ou serviços têm de atender as necessidades daqueles que os possuem; • Valor de troca – relacionado à quantidade de recursos que permitem as trocas de produtos ou serviços. No mundo da gestão financeira, a preocupação incide sobre o valor de troca. Segundo Lemes Junior et al. (2010), a gestão financeira das empresas tem por primeira função a maximização do valor de troca para o acionista, em vista de um aumento de suas riquezas. O aumento deste valor pode acontecer de duas maneiras: • Internamente – na venda de produtos ou serviços a partir de preços superiores aos custos, visando obter uma diferença, de nome lucro operacional; • Externamente – melhorando a imagem da empresa no mercado, com o objetivo de aumentar o valor das ações das empresas. 1.2 Conceito de investimento Entende-se por investimentos toda a aplicação de capital em algum ativo, tangível ou não, para obter determinado retorno futuro. Um investimento pode ser a criação de uma nova empresa ou implantação de um projeto em uma já existente, por exemplo. O processo de geração de propostas, determinação de alternativas viáveis, tomada de decisão, implantação e avaliação de desempenho é chamado de orçamento de capital. No setor industrial, o projeto de investimento mais clássico é a aquisição de novas linhas de produção. Mas também são importantes os projetos de reposição de equipamentos, reforma de linhas de produção antigas, projetos para automação industrial, projetos de substituição de mão de obra, projetos para adoção de novas tecnologias e projetos linha verde, objetivando reduzir os impostos ambientais nocivos dos processos produtivos. Os projetos de investimentos podem ser realizados conjuntamente com outras empresas, ou ainda, os equipamentos podem ser arrendados ou alugados. Nessa decisão estão contempladas também as fusões e aquisições. No setor agroindustrial, os projetos envolvem aplicações de recursos na aquisição de maquinário agrícola, na construção de silos e armazéns, no melhoramento genético e do solo, no aumento da produtividade, na formação de cooperativas, no processamento de produtos in natura agregando valor, na informatização do controle da produção e nos canais de comercialização. No setor de serviços, os projetos de investimento referem-se desde reforma das instalações até campanhas publicitárias. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 Os gastos com automação comercial e sistemas de informações gerenciais são projetos de investimentos, na medida em que podem aumentar ou diminuir o valor da empresa, no longo prazo. (LEMES JUNIOR et al., 2010, p. 7). Investimento como aquilo que precisará ser gasto em vista de colher um benefício esperado. Este gasto ou dispêndio pode ser em material de recursos não financeiros, como por exemplo, o ato de “gastar” tempo estudando é um investimento. Na área de TI, os principais investimentos acontecem em infraestrutura tecnológica, onde são necessárias as aquisições de novas plataformas de hardware, software e de redes de computadores. Segundo Weill & Ross (2004), os investimentos em infraestrutura consomem pelo menos 70% do total dos investimentos em TI. Os principais investimentos que guardam relação com a TI são: • Projeto de Implantação de Processos de TI; • Projeto de Infraestrutura de TI; • Projeto de Substituição ou atualização de equipamentos; • Projeto de Implantação de Ferramentas de Gestão de TI; • Projeto de implantação de um ERP; • Projeto de implantação de BI; • Projeto de Gestão do Conhecimento. 2 Decisões de investimentos 2.1 Introdução Em qualquer corporação, em matéria de decisões de investimentos, diversas questões precisam ser respondidas para que aconteça a correta aplicação de recursos em investimentos, sejam eles de curto ou de longo prazo. Entre estas questões é possível citar: • Onde estão aplicados os recursos financeiros? • Quanto está aplicado em ativos circulantes? • Quanto está aplicado em ativos permanentes? • Qual é a melhor composição dos ativos? • Qual é o risco dos investimentos? Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 • Qual é o retorno do investimento? • Quais são as novas alternativas de investimentos? • Em quais novos ativos investir? • Como maximizar a rentabilidade dos investimentos existentes? • O que deve ser descartado, reduzido ou eliminado, por não acrescentar valor? Na análise destas respostas e, enfim, na tomada de decisão de investimentos, o principal processo é o orçamento de capital, que é a seleção dos projetos aprovados e a quantificação dos recursos a serem alocados. O orçamento de capital tem o objetivo de responder a questões como: O projeto maximizará a riqueza dos acionistas? O projeto se pagará? Trará riscos adicionais ao negócio? Trará benefícios ou custos adicionais para os projetos existentes? O processo de orçamento de capital é composto por cinco etapas distintas. São elas: • Geração de propostas – ocorre normalmente dentro da empresa, onde novas ideias e tecnologias são insumos para criação de novos projetos, que necessitam de investimentos; • Determinação das alternativas viáveis – onde são definidas as alternativas que têm a sua viabilidade em alinhamento com as estratégias globais da empresa; • Tomada de decisão – implica no comprometimento com uma determinada opção de projetos que requerem investimentos; • Implantação – refere-se à implantação dos projetos de investimento após a aprovação; • Avaliação de desempenho – é a etapa que favorece a melhoria contínua, em vista de uma avaliação dos investimentos. 2.2 Projetos de investimentos A maioria dos projetos numa corporação exigem investimentos. Na verdade, um projeto deve ser visto em grande parte das situações como um projeto de investimentos. As principais classificações destes projetos são: • Projetos de manutenção, substituição ou redução de custos – normalmente são relacionados à reposição, atualização tecnológica ou redução de custos; • Projetos de expansão da capacidade – relacionam-se às novas instalações, máquinas ou equipamentos, em vista do aumento da produção, expansão de vendas e participação no mercado; Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 • Projetos de lançamento de novos produtos – relacionam-se ao aumento da linha de produtos ofertados pela empresa; • Projetos de segurança ou ambientais – atendem as questões legaisligadas à sustentabilidade ou à segurança corporativa; • Projetos de pesquisa e desenvolvimento – visam aumentar as vantagens competitivas a partir da pesquisa e do desenvolvimento. Os projetos de investimentos contribuem para a geração do fluxo de caixa das empresas, podendo ser considerados independentes, dependentes ou mutuamente excludentes. Os projetos serão independentes quando os seus fluxos de caixa não estão relacionados ou independem um do outro. Por exemplo, um projeto de TI que visa a implantação de um novo Sistema de Informação não possui dependência de outro projeto de TI que objetive o treinamento de analistas de suporte em hardware. Os projetos serão dependentes quando podem sofrer influência um do outro. Por exemplo, um projeto de TI para a implantação de um sistema operacional em computadores de uma empresa que implica em outro projeto de TI que visa um upgrade na capacidade de memória para os mesmos computadores suportarem o novo sistema operacional. Os projetos serão mutualmente excludentes quando tiverem o mesmo objetivo, em que a opção por um automaticamente elimine a possibilidade de escolha do outro. Por exemplo, um projeto de TI para modernização do Datacenter da Empresa e outro projeto de TI que objetive a virtualização dos servidores. 2.3 Análise e decisão de investimentos Ao instalar uma nova fábrica, comprar novos equipamentos ou simplesmente alugar uma máquina, isto é, ao fazer um novo investimento, uma empresa deve fazer uma análise da viabilidade do mesmo. Num primeiro momento, são considerados os aspectos econômicos do investimento. Pergunta-se se o investimento é rentável. Aplicando corretamente os critérios econômicos sabe-se quais os investimentos que rendem mais, ou seja, como aplicar o dinheiro de maneira a obter o maior retorno. Mas de nada adianta conhecer a rentabilidade dos investimentos em carteira se não há disponibilidade de recursos próprios nem há a possibilidade de se obterem financiamentos. Os investimentos mais rentáveis deverão ser analisados de acordo com critérios financeiros, os quais mostrarão os efeitos do investimento na situação financeira da empresa, por exemplo, como irá o investimento afetar o capital de giro da empresa. Além do mais, ao se elaborar a análise econômica e financeira, somente são considerados os fatores conversíveis em dinheiro. Um investimento pode ter repercussões que não sejam ponderáveis, tais como manter certo nível de emprego ou conseguir a boa vontade de um cliente ou fornecedor. (CASAROTO FILHO; KOPITTKE, 2010, p. 93). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 Todo projeto de investimento deve ser bem pensado. Se os devidos critérios não forem utilizados na análise da viabilidade do investimento, haverá, com certeza, o risco do retorno esperado não ser satisfeito. Disto é que nasce a importância da análise da viabilidade econômica e financeira dos investimentos contemplando as seguintes partes: • Análise de mercado – consiste na definição do produto que será fabricado, quantidades, preços, concorrentes, possíveis entrantes e substitutos; • Localização física – onde o projeto ocorrerá, distância de fornecedores de matérias- primas, acessos e disponibilidade de telecomunicações; • Análise de suprimentos – tem o objetivo de detalhar as informações sobre fornecedores de matérias-primas e insumos; • Análise de custos – cálculo dos custos envolvidos no projeto; • Análise da carga tributária – considera todos os custos com impostos; • Análise de preços – estudo de preços que os concorrentes utilizam referente a um mesmo produto ou similares; • Análise de financiamento – determinação das origens e aplicações de recursos, seleções de fontes de financiamento, taxas de juros e prazo; • Elaboração do fluxo de caixa livre do projeto – considera as entradas e saídas de caixa em um determinado período; • Determinação do custo de capital – refere-se ao custo de capital com o novo projeto. Os critérios nesta análise normalmente são critérios econômicos (referem-se à rentabilidade do investimento), financeiros (disponibilidade de recursos) e imponderáveis (fatores não conversíveis em dinheiro). 2.4 Métodos de análise de investimentos A primeira questão que surge ao se analisar um investimento é quanto ao próprio objetivo da análise. Qual é o objetivo da empresa que pretende investir? Respondendo a esta pergunta é possível traçar o objetivo da análise. Um objetivo que foi largamente utilizado, e que hoje pode ser considerado ultrapassado, é o objetivo imediatista de lucro no final do ano. Modernamente com o advento de técnicas de administração como o Planejamento Estratégico, as empresas passaram a adotar filosofias, políticas e objetivos de longo prazo que não raro apoiam a seguinte situação: “Pode ser conveniente que neste exercício a empresa não tenha lucro, para que possamos incrementar as vendas e chegarmos ao fim do triênio como líderes do setor”. Este Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 exemplo de política traduz um novo posicionamento. O objetivo “lucro imediato” passa a ser substituído pelo objetivo “máximos ganhos em determinado horizonte de análise”. (CASAROTO FILHO; KOPITTKE, 2010, p. 94). Na aula 3 mencionamos algumas ferramentas de matemática financeira e engenharia econômica que podem ajudar as empresas a fazer uma análise satisfatória de investimentos. As ferramentas estudadas foram o valor presente líquido e a taxa interna de retorno. As outras ferramentas que podem ser utilizadas para a seleção e análise de investimentos são: • Payback; • Payback descontado; • Índice de rentabilidade; • Taxa interna de retorno modificada. O payback é um método simples utilizado como medida de risco nas análises de investimentos de longo prazo. Ele trata do período de tempo em que o valor investido pode ser recuperado. Como exemplo, considere o fluxo de caixa com os espaços de tempo considerados em anos a seguir e calcule o payback. Figura 2 - Fluxo de caixa Fonte: O autor (2013). Para encontrarmos o payback deste investimento, precisamos considerar que ao final do 3º ano acumulamos um retorno do capital investido no valor de R$ 900,00, restando apenas R$ 100,00. Se no último ano o retorno será igual a R$ 300,00 também, basta dividirmos o valor restante (R$ 100,00) pelo retorno do último ano, encontrando um valor de 1/3 ou aproximadamente 0,33. Sendo assim, afirmamos que o tempo de recuperação do investimento é de aproximadamente 3,33 anos ou 3 anos e 4 meses. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 Um investimento é aceitável quando o retorno do capital investido se dá num intervalo de tempo igual ou menor que o padrão da empresa. As vantagens da regra do payback são: • Fácil entendimento; • Favorecimento da liquidez; • Consideração da incerteza de fluxos de caixa mais distantes. As desvantagens da regra do payback são: • Desconsideração do valor do dinheiro no tempo; • Exigência de um período limite arbitrário; • Desconsideração do fluxo de caixa pós-payback; • Penalização de projetos de longo prazo. Empresas que atuam em países diferentes podem ter paybacks diferenciados para cada país, considerando o grau de risco de investimento. O payback descontado é um pouco semelhante ao payback comum, sendo sua única diferença a consideração do valor do dinheiro no tempo. Ou seja, todos os valores futuros precisam ser trazidos para presente e o restante dos cálculos é da mesma maneira do payback anterior. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 Para conhecer maissobre métodos de avaliação de investimentos sugerimos a leitura do livro Administração Financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras, dos autores Antônio Barbosa Lemes Junior, Cláudio Miessa Rigo e Ana Paula Mussi Szabo Cherobin. Considerações finais Esta aula foi iniciada com os conceitos de investimento e valor, este que é resultante dos benefícios, dos custos e dos riscos. Investimento que, na verdade, é toda aplicação de capital em qualquer ativo com vistas ao retorno futuro, dentre as expectativas desejadas. Mencionamos os principais investimentos que são feitos em TI, destacando os investimentos em infraestrutura como aqueles que mais consomem os investimentos em tecnologia de uma corporação. Foi feita uma abordagem sobre o orçamento de capital que é a seleção dos projetos aprovados e a quantificação dos recursos a serem alocados. O orçamento de capital tem o objetivo de responder a questões como: O projeto maximizará a riqueza dos acionistas? O projeto se pagará? Trará riscos adicionais ao negócio? Trará benefícios ou custos adicionais para os projetos existentes? Esboçaram-se as etapas que compõem o processo de orçamento de capital: geração de propostas; determinação das alternativas viáveis; tomada de decisão; implantação; avaliação de desempenho. A maioria dos projetos numa corporação exige investimentos que podem ser projetos de manutenção, substituição ou redução de custos; projetos de expansão da capacidade; projetos de lançamento de novos produtos; projetos de segurança ou ambientais; projetos de pesquisa e desenvolvimento. Concluímos esta aula falando sobre o ferramental adequado para análise de viabilidade econômico-financeira de um investimento. Referências BRIGHAM, E. F.; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e prática. São Paulo: Thomson Learning, 2007. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 11 BRUNI, A. L. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP12C e Excel. São Paulo: Atlas, 2003. CASAROTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de Investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2010. COSTA NETO, P. L. O.; CANUTO, S. A. Administração com qualidade: conhecimentos necessários para a gestão moderna. São Paulo: Blucher, 2010. LEMES JUNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIN, A. P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas. São Paulo: Elsevier, 2010. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2009. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 12 Decisões estratégicas sobre Financiamento Objetivos Específicos • Conhecer o processo de tomada de decisão estratégica de financiamento. Temas Introdução 1 Custo de Capital 2 Fontes de Financiamentos Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Em se tratando de pessoa física tomar um empréstimo ou fazer um financiamento não é uma decisão fácil. Quando falamos em pessoa jurídica, ou seja, a empresa, é aí que a decisão se torna um pouco mais crítica. Onde buscar financiamentos e como financiar são os objetos de estudo nesta aula. Partiremos de um estudo sobre o que vem a ser o custo de capital, assim como o conceito de estrutura de capital. Na segunda parte da aula, mencionaremos as diferentes fontes de financiamentos de longo prazo e como elas estão situadas no sistema financeiro nacional. Bons estudos! 1 Custo de Capital 1.1 Introdução Suponha que você tenha acabado de se tornar presidente de uma grande empresa e que a primeira decisão que enfrentará diz respeito a prosseguir com um plano para renovar o sistema de armazenagem e distribuição da empresa. O plano custará R$ 50 milhões à empresa, e espera-se que economize R$ 12 milhões por ano, após impostos, durante os próximos seis anos. Esse é um problema típico de orçamento de capital. Para resolvê-lo, você precisa determinar os fluxos de caixa relevantes, descontá-los e, se o valor presente líquido for positivo, aceitar o projeto; se o VPL for negativo, você deverá rejeitá-lo. Até agora, tudo bem; mas, que taxa você deve usar como taxa de desconto? Com base em nossa discussão sobre risco e retorno, você sabe que a taxa correta depende do risco do sistema de armazenagem e distribuição. Em particular, o novo projeto tem VPL positivo apenas quando seu retorno é maior do que o retorno oferecido pelo mercado financeiro em investimentos de risco semelhante. Chamamos este retorno mínimo de custo de capital associado ao projeto. (ROSS et al., 2009, p. 320). Antes de definirmos bem o que é custo de capital, convém definirmos capital. Capital é todo bem que pode ser aplicado à produção, ou seja, toda riqueza capaz de gerar renda, sendo fundamental para operação do negócio. Todo capital tem um custo, denominado custo de capital, que é na verdade a mínima remuneração inerente à proposta de orçamento de capital. É também entendido como a remuneração que acionistas, investidores e bancos recebem. Normalmente um investidor faz uma análise do custo de capital como uma taxa de retorno de investimento de projetos, tanto para premiar um custo de oportunidade, quanto para premiar um risco percebido. Não obstante, qual custo de capital deve ser considerado? Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 O custo de capital a ser considerado precisa balancear endividamento e capital próprio. Ao resultado deste equilíbrio chamamos de custo médio ponderado de capital. Na maioria dos países desenvolvidos o custo de capital gira em torno dos 11% e em outros com um risco um pouco maior está na casa dos 14%. Ainda considerando aspectos introdutórios do custo de capital, precisa-se inicialmente abordar os conceitos de riscos e retorno: • Risco de negócio – é aquele risco das receitas não serem suficientes para arcar com os compromissos com os custos operacionais; • Risco financeiro – é aquele risco dos recursos não serem suficientes para pagar os compromissos financeiros; • Retorno – é a remuneração percebida por um proprietário ou investidor. 1.2 Tipos de custo de capital A administração financeira busca maximizar a riqueza dos acionistas. A busca de um custo médio ponderado de capital, no entanto, é um exercício complexo, tanto teórico como prático, pois o objetivo é remunerar mais o acionista e menos o emprestador, e isso nem sempre é possível. As condições de cada empresa influenciam nos prazos, taxas e possibilidades de renovação. (LEMES JUNIOR et al., 2010, p. 211). Nas suas estruturas de capital, as empresas tentam procurar a melhor combinação específica entre o uso de tipos diferentes de capitais. Pode ser, por exemplo: balanceamento entre o capital de terceiros e o capital próprio. Os custos de capitais se dividem em: • Custo de Capital Próprio: ▫ Trata-se do retorno financeiro mínimo dos investidores nas ações da empresa; ▫ Financia as necessidades de longo prazo da corporação; ▫ É fundamental para o crescimento sustentável e para a saúde econômico- financeira da empresa; Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 ▫ É importante para as aquisições de crédito no mercado financeiro; ▫ Acontece através da aquisição de ações ordinárias ou preferenciais. • Custo de Capital de Terceiros: ▫ Trata-se do retorno financeiro exigido pelos credores em novos empréstimos; ▫ Pode financiar necessidades de longo prazo; ▫ Acontece após o imposto de renda; ▫ Corresponde às taxas de juros pagas pelas empresas na obtenção dos empréstimos. • Custo Médio Ponderadode Capital: ▫ Trata-se do custo de capital calculado a partir da ponderação entre o custo de capital próprio e o custo de capital de terceiros; ▫ É conhecido também pelo retorno total que a corporação gera sobre seus ativos atuais no intuito de preservar o valor de suas ações; ▫ Enfim, é o retorno exigido sobre qualquer investimento que tenha o mesmo risco que as operações atuais da empresa. • Custo Marginal de Capital: ▫ Trata-se do custo médio ponderado de capital com a próxima unidade monetária do novo financiamento da empresa. 1.3 Estrutura de capital [...] chamamos as decisões a respeito do quociente entre dividas e capital próprio das empresas de decisões de estrutura de capital. Em geral, uma empresa pode escolher a estrutura de capital que lhe seja mais conveniente. Se os administradores assim o desejarem, a empresa poderá emitir algumas obrigações e utilizar os recursos para comprar de volta algumas ações, elevando dessa maneira o quociente entre dívidas e capital próprio. Alternativamente, poderia emitir ações e utilizar o dinheiro para liquidar parte das dívidas, reduzindo, portanto, o quociente entre dívidas e capital próprio. Atividades dessa natureza, que alteram a estrutura de capital existente, são denominadas reestruturações de capital. Em geral, tais reestruturações acontecem quando a empresa substitui uma estrutura de capital por outra, deixando a estrutura de ativos inalterada [...] Como uma empresa deveria proceder para escolher seu quociente entre dívida e capital próprio? Como sempre, supomos que a regra é escolher a alternativa que maximiza o valor da ação. No entanto, no caso da decisão de estrutura de capital, isso essencialmente equivale a maximizar o valor de toda Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 empresa e, por conveniência, tenderemos a concentrar nossa discussão no valor da empresa. (ROSS et al., 2009, p. 340). A estrutura de capital é o resultado da combinação das fontes de financiamento de longo prazo, podendo ser dívidas (capital de terceiros) e capital próprio, que são utilizadas pela empresa. A escolha da estrutura de capital, por parte das empresas, envolve: • Decisões de investimentos; • Decisões de financiamento; • Decisões de remuneração de acionistas; • Conhecimento dos riscos, retorno, custos de capital, alavancagem financeira e valor. Estrutura financeira é composta por todo o balanço patrimonial, incluindo recursos de curto e longo prazo. Estrutura de Capitais é composta apenas dos financiamentos estratégicos de longo prazo. Uma estrutura de capital é considera “ótima” quando há a combinação de todas as fontes de financiamento de longo prazo em vista da maximização do valor das ações da empresa. A estrutura de capital ótima tem também como objetivo minimizar o custo de capital no intuito da aprovação de mais projetos que contribuam com o aumento da riqueza. Os fatores considerados determinantes na escolha da estrutura de capital são os seguintes: • Condições gerais da economia: ▫ Questões de demanda e oferta da economia balizadas pelo crescimento do PIB, política fiscal, política cambial, desemprego e balança comercial; ▫ Comportamento da inflação. • Condições do mercado: ▫ Restrições contratuais e políticas empresariais. • Decisões operacionais e financeiras: ▫ Riscos de negócio e financeiro; Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 ▫ Posição tributária, envolvendo questões de imposto de renda; ▫ Informações sobre as condições dos mercados de capital e financeiro; ▫ Sincronia entre entradas e saídas de caixa; ▫ Vontade do acionista controlador. • Volume de recursos a serem financiados: ▫ Demandas de recursos financeiros exigidos. 2 Fontes de Financiamentos 2.1 Introdução Certo dia, você e um amigo tem a grande ideia de criar um novo software para computadores que facilitará a comunicação entre usuários da internet. Cheio de espírito empreendedor, você batiza o produto de “interComm” e decide lançá-lo no mercado. Trabalhando incansavelmente durante noites e fins de semana, você consegue criar um protótipo de seu produto. Ele ainda não funciona, mas você pode exibi-lo por aí, demonstrando sua ideia. No entanto, para desenvolver o produto efetivamente, você precisará contratar programadores, comprar computadores, alugar um escritório e assim por diante. Infelizmente, como vocês dois são apenas estudantes, seus bens não são suficientes nem para oferecer uma festa com pizzas, quanto mais para iniciar uma empresa. Você necessita de algo que geralmente é chamado de DOP – dinheiro de outras pessoas. Sua primeira ideia seria procurar um banco para financiá-lo. No entanto, provavelmente você descobriria que os bancos, em geral, não se interessam muito em emprestar dinheiro para empresas que estejam sendo criadas sem nenhum ativo (a não ser a ideia) e administradas por empreendedores que estejam aprendendo a voar, sem nenhuma experiência. Em vez disso, sua busca de capital muito provavelmente iria levá-lo ao mercado de capital de risco. (ROSS et al., 2009, p. 386). As fontes de financiamentos constituem os detalhes mais importantes para a subsistência e perenidade das empresas. No Brasil, com taxas de juros relativamente altas, a decisão de financiar e onde buscar financiamentos é um aspecto crítico. O Brasil, no ano de 2013, está entre os países com as maiores taxas de juros do mundo, que atingiu em outubro de 2013 o patamar de 9,5% ao ano. Se descontada a inflação deste mesmo período (1 ano), os juros básicos ficam em torno de 3,5% ao ano. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 Para conhecer o histórico da taxa de juros da economia no Brasil, conhecido como Taxa SELIC, acesse o Banco Central do Brasil, o link do referido site encontra-se disponível na Midiateca. Se o empreendimento é novo, o financiamento se origina do capital de risco, que tem normalmente uma taxa de juros extremamente alta. Isto provém do risco associado aos novos negócios, que precisam de capitalistas individuais ou de empresas com know-how e que normalmente oferecem seus financiamentos em etapas, atreladas ao crescimento da empresa. 2.2 Sistema financeiro nacional e os financiamentos de longo prazo A busca de melhores alternativas na captação de recursos tem sido crítica no país devido, principalmente, a quatro fatores: a) a globalização, que provocou uma mudança radical nos papéis desempenhados por governos e empresas, com profundas transformações nos mercados locais; b) grande reestruturação dos sistemas financeiros internacionais, com a crescente facilidade das transferências de recursos entre países, empresas e investidores; c) surgimento de novos e sofisticados instrumentos financeiros, revolução na área das telecomunicações e da informática e expansão da internet na obtenção de informações sobre preços de bens e serviços; d) escassez de crédito, advinda da crise do sistema financeiro americano (subprime) e suas derivações em praticamente todo o mundo. (LEMES JUNIOR et al., 2010, p. 245). No Sistema Financeiro Nacional as instituições que operam financiamentos de longo prazo são divididas em: • Bancos – que podem ser comerciais, de investimento e múltiplos; • Operadores do mercado de capitais – que podem ser as bolsas de valores, as corretoras, as distribuidoras e os agentes autônomos de investimentos. O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) são bancos especiais que operam no sistema normativo e no mercado financeiro, mas são ligados ao governo.Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 A grande finalidade destes agentes financeiros é promover o “encontro” entre o poupador/ investidor e o tomador de recursos, monitorando a performance das empresas, em vista do recebimento de juros e devolução do capital principal. Na Tabela 1 é possível ver as características e os tipos de financiamentos de longo prazo existentes no Brasil. Tabela 1 – Características e tipos de financiamentos INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DESCRIÇÃO MODALIDADES DE FINANCIAMENTOS Bancos Comerciais Constituem a base do sistema financeiro, sendo fiscalizados pelo Banco Central do Brasil. Raramente concedem financiamentos de longo prazo. Fazem, no entanto, concessão de crédito rotativo, que pode atender necessidades permanentes de capital de giro. Bancos de Desenvolvimento Responsáveis pelo fomento do desenvolvimento econômico e social. Financiamentos de longo prazo, a custos menores que o de mercado. Bancos de Investimentos e Bancos Múltiplos São intermediários financeiros que compram títulos de empresas e governos e revendem ao público em geral. Lideram ou participam de lançamento de debêntures e de ações. Fazem repasses do BNDES, de recursos captados no exterior, lease-back financiamentos com recursos próprios. Financeiras Operam financiamentos de alguns fatores de produção. Financiamentos para compras de equipamentos e máquinas. No Brasil, operam no financiamento de bens duráveis para pessoa física. Arrendamento Mercantil Oferecem o direito de uso para obter rendimentos com seus bens de capital. Operação de arrendamento mercantil (leasing) de bens de capital, novos, usados, nacionais ou importados. Factoring Efetuam operação de compras de contas a receber das empresas. No Brasil, operam também descontando cheques pré-datados. Fonte: Adaptado de Lemes Junior et al. (2010, p. 248). Considerações finais Iniciamos mais uma aula voltada para administração financeira abordando o conceito de custo de capital como o custo por todo bem que pode ser aplicado à produção, ou seja, toda riqueza capaz de gerar renda, sendo fundamental para operação do negócio. Mencionamos a importância de se equilibrar o custo de capital de terceiro (retorno financeiro exigido pelos credores em novos empréstimos) e capital próprio (retorno financeiro mínimo dos investidores nas ações da empresa). Ao resultado deste equilíbrio chamamos de custo médio ponderado de capital. Abordarmos a estrutura de capital como o resultado da combinação das fontes de financiamento de longo prazo, que envolve decisões de investimentos, decisões de Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 financiamento, decisões de remuneração de acionistas e conhecimento dos riscos, retorno, custos de capital, alavancagem financeira e valor. Ainda foi dito que os fatores considerados determinantes na escolha da estrutura de capital são as condições gerais da economia, condições do mercado, decisões operacionais e financeiras, e volume de recursos a serem financiados. A aula foi concluída com uma abordagem sobre as fontes de financiamentos presentes no Brasil e suas altas taxas, em sua grande maioria. Referências BRIGHAM, E. F.; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e prática. São Paulo: Thomson Learning, 2007. BRUNI, A. L. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP12C e Excel. São Paulo: Atlas, 2003. COSTA NETO, P. L. O.; CANUTO, S. A. Administração com qualidade: conhecimentos necessários para a gestão moderna. São Paulo: Blucher, 2010. LEMES JUNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIN, P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas. São Paulo: Elsevier, 2010. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2009. Objetivos Específicos Temas • Abordar os riscos envolvidos na gestão financeira. Antonio Palmeira Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 13 Professor Gerenciamento de Riscos Financeiros Introdução 1 Riscos 2 Riscos e retorno na gestão financeira Considerações finais Referências Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Estamos prosseguindo em nossa caminhada para um melhor entendimento sobre a gestão financeira de tecnologia da informação (TI). Já mencionamos sobre investimentos e financiamentos, e agora nesta aula queremos abordar os conceitos de gestão de risco dentro da área financeira. Seja na decisão de investimentos, seja na de financiamento, o risco e a incerteza estão sempre presentes, exigindo processos de tomada de decisão que considerem os mais diversos cenários possíveis. Mencionaremos os conceitos de retorno associado a riscos, utilizando algumas simples regras para análise de decisão e finalizaremos esta aula. Bons estudos! 1 Riscos 1.1 Introdução O fato de o futuro ser incerto torna a tomada de decisão complexa, pois as pessoas parecem, no mínimo, temer a incerteza. A incerteza pode causar nervosismo, medo e até pânico. E as decisões tomadas nestas circunstâncias estão longe de serem lógicas ou racionais. Pesquisas feitas, já há várias décadas, têm mostrado que temos dificuldades em estimar riscos... Tradicionalmente as situações consideradas de incerteza ou de risco. A diferença entre risco e incerteza, pode ser ilustrada pelo exemplo a seguir: imagine que você vai provar uma comida diferente em um restaurante desconhecido. A não ser que você seja glutão ou anoréxico, a situação é de incerteza, pois se não dispuser de informações sobre o prato, será difícil estimar uma probabilidade de que vá gostar. Entretanto, na medida em que receber informações sobre os ingredientes do prato ou sobre a fama do restaurante, poderá estimar a probabilidade de que vá gostar. (CASSAROTO e KOPITTKE, 2010, p. 308). Risco é algum potencial evento ou condição que pode exercer um impacto negativo ou positivo caso se concretize. Por exemplo: uso de uma tecnologia não comprovada constitui um fator de risco para determinado negócio. As dimensões-chave do risco são: probabilidade (chance de ocorrência do evento) e impacto (efeito manifestado gerado pelo evento). A figura 1 demonstra a mensuração dos riscos em função da probabilidade e do impacto gerado aos negócios. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 Gráfico 1 – Probabilidade x impacto do risco Fonte: elaborado pelo autor (2013). Os riscos precisam ser bem gerenciados sob a pena de afetarem duramente uma operação de negócio e impossibilitarem que os resultados corporativos sejam atingidos. Para facilitar a identificação dos riscos, eles costumam ser enquadrados em algumas categorias de acordo com suas fontes. São eles: • Riscos técnicos — gerados a partir do uso de tecnologias não comprovadas. • Riscos organizacionais — relacionados às estruturas organizacionais da corporação. • Riscos externos — gerados de influências externas ao ambiente de negócios. 1.2 Riscos e decisões Normalmente as decisões, financeiras ou não, são tomadas sob três condições: • Decisão com base em certeza — quando é do conhecimento do tomador da decisão sobre as consequências inerentes à opção escolhida. • Decisão sob risco — quando é do conhecimento do tomador da decisão sobre as consequências e a probabilidade inerentes à opção escolhida. • Incerteza — quando o tomador da decisão não conhece as consequências inerentes a cada opção ou a probabilidade de pelo menos uma das alternativas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 As preferências de um tomador de decisão podem ser mais bem desenhadas a partir da teoria da utilidade, baseada na propensão ou na atitude em relação ao risco. Essa teoria sebaseia na utilidade da decisão e no valor envolvido na decisão, revelando três classificações de tomadores de decisão, conforme a figura 1. Figura 1 – Utilidade x valor Fonte: elaborado pelo autor (2013) A relação utilidade x risco revela que quanto maior “utilidade” para um mesmo valor envolvido, maior poderá ser a aversão ao risco por parte do tomador de decisão. De outro modo, quanto menor a utilidade para um mesmo valor, o tomador de decisão será considerado amante do risco. Se a utilidade tem uma relação linear com o valor, então o tomador de decisão é indiferente ao risco. 2 Riscos e retorno na gestão financeira 2.1 Introdução No estudo da administração financeira são de extrema importância os conceitos de risco, incerteza e retorno. O risco é associado à possibilidade de prejuízo financeiro ou à variação do retorno associado a determinado ativo. Incerteza é uma situação em que há duvidas ou inseguranças na obtenção de um resultado. O retorno reflete o ganho ou a perda a partir de um investimento realizado. A partir dos diversos fatores que influenciam o retorno dos investimentos, é possível dividir os riscos em: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 • Risco do empreendimento ▫ Está relacionado às escolhas administrativas feitas pelos gestores da empresa. ▫ Está presente em todas as áreas da corporação (produção, marketing, recursos humanos, logística, finanças etc.). • Risco do negócio ▫ Também conhecido por risco econômico, está relacionado às atividades da empresa e afetam todas as empresas do ramo, concorrentes diretos e próximos. ▫ Exemplos comuns desse tipo de risco são: retração da demanda do produto, escassez da matéria-prima, concorrência de produtos, obsolescência tecnológica e impactos das fusões/aquisições. • Risco financeiro ▫ Está relacionado às fontes de recursos que viabilizam financeiramente o negócio. ▫ Um exemplo desse tipo de risco é o aumento das taxas de juros. • Risco do país ▫ Está relacionado ao país em que se está investindo. ▫ Bons exemplos desse tipo de risco são as instabilidades nos governos, políticas econômicas e regulamentações. “No final do governo Fernando Henrique Cardoso, em face da possibilidade de o governo do PT não honrar os compromissos assumidos com dívidas internas e externas da União e em virtude da postura política, as agências de classificação de risco elevaram o nível do risco país. Em maio de 2008, o Brasil teve seu grau de risco avaliado de maneira favorável, e o país foi considerado investimento grande pelo banco JP Morgan, o qual tem boa reputação internacional. A partir dessa classificação, investir no país ficou mais atraente para investidores externos e houve grande fluxo de capitais estrangeiros para o país, especialmente em aplicações na Bolsa de Valores e em papéis da dívida pública. Fato positivo para a economia brasileira acabou por impactar excessivamente o mercado de capitais brasileiro. A grande dependência de investidores estrangeiros se mostrou evidente quando a crise financeira internacional levou os investidores a resgatar suas aplicações no Brasil, para fazer frente às perdas nos mercados americano e europeu. A Fuga de recursos acarretou queda acentuada no valor dos ativos negociados, com consequente queda nos índices de negociação da BOVESPA e perda de riqueza dos investidores em renda variável” (LEMES JUNIOR et al., 2010, p.138). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 2.2 Análise sob condições de incerteza Quando se menciona a decisão em condições de incerteza, é possível considerar três alternativas para a solução de problemas: • Matrizes de decisão — relacionam as alternativas aos cenários futuros favorecendo uma escolha através de métodos numéricos. • Análise de sensibilidade — verifica o efeito que a variação de um dado de entrada pode gerar nos resultados. • Simulação — utiliza informações que transformam a incerteza em risco. As matrizes de decisões, também conhecidas por matrizes de receitas (ou custos), relacionam alternativas às diferentes situações futuras, ou seja, receitas (ou custos) às diversas alternativas. Consideremos por exemplo a seguinte situação: • Devemos fazer uma escolha entre três tecnologias (A, B e C) diferentes para que uma seja aplicada à produção. • Temos também três cenários futuros (bom, médio e ruim) em que a produção poderá estar. • O gerente da produção não sabe qual é a melhor tecnologia a ser adotada, porque não consegue prever ao certo os cenários futuros de produção. • Será necessário decidir em condição de incerteza. O quadro 1 mostra a matriz de decisão dessa situação, em que os valores que vêm do resultado da relação entre cenário de produção e alternativa se referem às receitas em consequência dessa produção. Quadro 1 – Matriz de decisão Cenários da produção Bom Médio Ruim Al te rn ati va s A R$ 100.000,00 R$ 70.000,00 R$ 30.000,00 B R$ 72.000,00 R$ 60.000,00 R$ 50.000,00 C R$ 90.000,00 R$ 90.000,00 R$ 25.000,00 Fonte: elaborado pelo autor (2013). Segundo Cassaroto e Kopittke (2010), há cinco tipos de regras que podem ser tomadas para a resolução desse problema: maximin, maximax, Hurwicz, Laplace e Savage. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 • Regra 1 – Maximin (problemas de receitas) Também conhecida por minimax (problemas de custos), é considerada a regra do pessimista, porque estabelecerá a máxima receita dos piores resultados (mínimas receitas). Observe que no caso do quadro 1 a pior alternativa é a B, que assegura o máximo dos mínimos. A opção será a B. • Regra 2 – Maximax (problemas de receitas) Também conhecida por minimin (problemas de custos), é considerada a regra do otimista, porque estabelecerá a máxima receita dos melhores resultados. Observe que no caso do quadro 1 a melhor alternativa é a A, que assegura o máximo dos máximos. A opção será a A. • Regra 3 – Hurwicz Considera o grau de otimismo e pessimismo a partir de ponderações em função desse grau. Vamos supor que o grau de otimismo seja de 40% (pessimismo de 60%), a ponderação será a seguinte: A = 100.000 x 0,4 + 30.000 x 0,6 = 58.000 B = 72.000 x 0,4 + 50.000 x 0,6 = 58.800 C = 90.000 x 0,4 + 25.000 x 0,6 = 51.000 A alternativa escolhida seria a B. • Regra 4 – Laplace Considera igualdade de possibilidades, procurando o valor esperado de cada alternativa: A alternativa escolhida seria a C. • Regra 5 – Savage Também conhecida por regra do mínimo arrependimento, consiste na montagem de uma matriz considerando uma perspectiva pessimista. O quadro 2 mostra-nos essa matriz. 100.000 + 70.000 + 30.000 = 66.77 3 3 3 E(A)= 72.000 + 60.000 + 50.000 = 60.670 3 3 3 E(B)= 90.000 + 90.000 + 25.000 = 68.330 3 3 3 E(C)= Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 Quadro 2 – Matriz de arrependimento Cenários da produção Bom Médio Ruim Pior Caso Al te rn ati va s A R$ 0,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 B R$ 28.000,00 R$ 30.000,00 R$ 0,00 R$ 30.000,00 C R$ 10.000,00 R$ 0,00 R$ 25.000,00 R$ 25.000,00 Fonte: elaborado pelo autor (2013). Para construção dessa matriz, deve-se considerar cada alternativa (A, B e C) e descobrir para cada cenário (bom, médio ou ruim) a melhor decisão. Observe que no cenário “bom” a melhor alternativa é a “A”, então o arrependimento na relação cenário “bom” versus alternativa A é igual a 0. Considerando ainda o cenário “bom” e a alternativa B, nós temos como arrependimento o resultado da subtração entre a melhor alternativa A (R$ 100.000,00) e a alternativa B (R$ 72.000,00), que é igual a R$ 28.000,00. Seguindo a mesma lógica de construção para a alternativa C e o cenário “bom” teremos o arrependimento igual a R$ 10.000,00. A escolha recairá sobre a alternativa de menor arrependimento, em nosso caso a alternativa A. Paraconhecer um pouco mais sobre análise sob condições de incerteza, principalmente sobre os métodos de simulação e análise de sensibilidade, recorra ao livro Análise de Investimentos dos autores Cassaroto e Kopittke da Editora Atlas. 2.3 Risco e retorno “A apresentação do risco em suas diversas formas deixa claro que ao realizar um investimento o gestor financeiro está assumindo riscos. O quanto de risco se vai assumir depende do retorno esperado. É natural esperar que quanto maior o risco assumido, maior seja o retorno” (LEMES JUNIOR et al., 2010, p.139). Conforme já estudamos, o risco representa a possibilidade de prejuízo financeiro e o retorno reflete o ganho ou a perda a partir de um investimento realizado. A relação entre risco e retorno está expressa no gráfico 2. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 Gráfico 2 – Risco x retorno Fonte: elaborado pelo autor (2013). De acordo com a relação retorno x risco, os investidores vão se comportando de modo a maximizar as suas riquezas. No entanto, alguns têm maior ou menor apetite a riscos, que de modo geral podem ser classificados em três tipos de indivíduos: aversão ao risco; indiferença ao risco; tendência ao risco. Para conhecer um pouco mais modelos de gestão de riscos financeiros, de retornos sob investimentos, recorra ao livro Administração Financeira dos autores Lemes Junior, Rigo e Cherobin da Editora Elsevier. Considerações finais Iniciamos esta aula trazendo o importante conceito de risco como algum potencial evento ou condição que pode exercer um impacto negativo ou positivo caso se concretize. Falamos sobre as dimensões-chave do risco que são probabilidade (chance de ocorrência do evento) e impacto (efeito manifestado gerado pelo evento), demonstrando através de um gráfico a relação entre essas dimensões. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 Mencionamos ainda sobre as categorias de riscos que englobam os riscos técnicos (gerados a partir do uso de tecnologias não comprovadas), riscos organizacionais (relacionados às estruturas organizacionais da corporação) e riscos externos (gerados de influências externas ao ambiente de negócios). A primeira parte foi concluída com uma abordagem sobre as decisões, sejam elas financeiras ou não, que são tomadas sob três condições: base em certeza (quando é do conhecimento do tomador da decisão sobre as consequências inerentes a opção escolhida); sob risco (quando é do conhecimento do tomador da decisão sobre as consequências e a probabilidade inerentes à opção escolhida); incerteza (quando o tomador da decisão não conhece as consequências inerentes a cada opção ou a probabilidade de pelo menos uma das alternativas). A segunda parte trouxe uma classificação de riscos quanto aos fatores que influenciam o retorno dos investimentos. A divisão feita engloba riscos do empreendimento, do negócio, financeiro e do país. Concluímos com uma análise na condição de incerteza e de riscos, abordando regras práticas para a tomada de decisão. Referências BRIGHAM, E. F; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e prática. São Paulo: Thomson Learning, 2007. CASSAROTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de Investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2010. COSTA NETO, P. L. O; CANUTO, S. A. Administração com qualidade: conhecimentos necessários para a gestão moderna. São Paulo: Blucher, 2010. LEMES JUNIOR, A. B; RIGO, C. M; CHEROBIN, P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas. São Paulo: Elsevier, 2010. ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W; JORDAN, B. D. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2009. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 14 Gestão Financeira a Curto Prazo Objetivos Específicos • Abordar os princípios da administração de recursos financeiros de curto prazo numa corporação. Temas Introdução 1 Administração financeira a curto prazo Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução A área financeira das empresas precisa ser planejada a longo prazo e também a curto prazo. O longo prazo tem seus desafios por exigir uma visão de futuro da corporação, sempre alinhada com os objetivos estratégicos. O curto prazo, de outra forma, tem seus desafios voltados para hoje, estendendo-se até um ano no máximo, ou seja, uma visão mais operacional. É justamente este o foco da aula 14. Estudar a gestão financeira a curto prazo, entendendo o que é um ciclo de caixa, um ciclo operacional e os impactos de uma boa administração num espaço de tempo de um ano. Estudaremos, além da administração do caixa, a administração do estoque, que a princípio pode parecer que nada tem de relação com a gestão financeira, mas é um engano. A administração de estoque e a administração financeira andam bem juntas. Mencionaremos a administração de crédito e concluiremos esta aula com os componentes de um planejamento econômico-financeiro a curto prazo. Bons estudos! 1 Administração financeira a curto prazo 1.1 Introdução “Não há definição universalmente aceita de finanças a curto prazo. A diferença mais importante entre finanças a curto prazo e finanças a longo prazo é a distribuição de fluxo de caixa no tempo. As decisões financeiras a curto prazo tipicamente envolvem entradas e saídas de caixa que ocorrem no prazo de um ano, ou menos. Por exemplo, decisões financeiras a curto prazo envolvem encomendas de matéria- prima, pagamentos a vista ou descontos na venda de produtos acabados. Por outro lado, a compra de determinada máquina para reduzir os custos operacionais, digamos, pelos próximos cinco anos é uma decisão financeira a longo prazo” (ROSS et al., 2009, p. 412). Guardando algumas diferenças da gestão financeira a longo prazo, a de curto prazo precisa de maior agilidade, devido ao tempo envolvido nas ações. Normalmente os questionamentos feitos a curto prazo permeiam problemas relativos ao nível de caixa para pagar contas, empréstimos a curto prazo e a quantidade de crédito a ser oferecida aos clientes. A curto prazo, sempre se pensam nos ativos e passivos circulantes, que são descritos no balanço patrimonial, na figura 1. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 Figura 1 – Balanço patrimonial Ativo Passivo Circulante Circulante Não circulante Não circulantes Realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível Patrimônio líquido Capital social Reservas de lucros Ajustes na avaliação patrimonial Reservas de capital Prejuízos acumulados Fonte: Adaptado de Lemes Junior et al. (2013). Apenas para que você se recorde, o ativo circulante é bem ou direito que pode ter seu tempo de vida no máximo de um ano. Exemplos: aplicações financeiras a curto prazo; contas a receber de clientes; estoque comprado e vendido em um ano. Os passivos são as obrigações financeiras e dívidas que a empresa tem, que podem se dividir em circulantes (dívidas e obrigações a curto prazo) e não circulantes (dívidas e obrigações a longo prazo). Por exemplo: empréstimos, contas a pagar, salários e impostos. Dentro do ativo circulante, estão os valores aplicados pela empresa para movimentar seu ciclo operacional, que se inicia quando entra uma matéria-prima no estoque da empresa, passando pela venda do produto e o respectivo recebimento. Justamente esses valores compõem o capital circulante, que alguns autores chamam de capital de giro. O ciclo operacional é um período composto pelo período médio de estoque (tempo entre compra da matéria-prima e venda do produto acabado) somado ao período médio de cobrança ou contas a receber (tempo entre a venda do produto acabado até o recebimento da venda). O pagamento da matéria-primanormalmente não é sincronizado com o ciclo operacional, por isso a necessidade de outro ciclo, denominado ciclo de caixa, que retrata o espaço de tempo entre o pagamento pela compra da matéria-prima e o recebimento pela venda de um produto. O período que se inicia na aquisição da matéria-prima até o pagamento por ela é chamado de período médio de pagamento ou contas a receber. A figura 2 representa os ciclos de caixa e operacional com os seus respectivos tempos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 Figura 2 – Ciclos Operacional e de caixa Fonte: Adaptado de Lemes Junior et al. (2013). 1.2 Administração do caixa “Caixa, também denominado disponível, em administração financeira, representa os ativos que têm a característica principal de possuir liquidez imediata, ou seja, a sua utilização independe de ações de terceiros ou de outras ações que não a do seu uso. São valores em moeda, mantidos na tesouraria da empresa ou depositados em contas correntes bancárias, de liquidez imediata e, em sua maior parte, livres para serem usados a qualquer momento. Todos os bens do Ativo em algum momento da vida da empresa serão convertidos em caixa. Junto aos valores que formam o Caixa são somados os recursos, eventual e momentaneamente ociosos, que estão aplicados no mercado financeiro, sob a denominação títulos negociáveis, considerados como quase caixa pelas suas características de grande liquidez e risco minimizado” (Lemes Junior et al., 2010, p.375). A gestão de caixa de uma empresa é sempre responsabilidade da tesouraria, que com seus analistas e gestores acompanha os impactos das políticas de investimentos, vendas, compras, estoque, produção e créditos no ciclo de caixa da empresa. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 A medida de liquidez expressa o grau de facilidade e velocidade com que um ativo pode se transformar em caixa. Por exemplo, um prédio ou qualquer imóvel que seja de propriedade da empresa tem liquidez baixa, porque não é tão fácil “transformar” o imóvel em dinheiro. Já uma aplicação na poupança tem uma liquidez muito alta, porque há uma facilidade extrema em transformar esses valores em caixa. A maior atenção da gestão de caixa se dá no controle das entradas e saídas de caixa. Daí a importância de se ter um bom orçamento de caixa, que é ferramenta fundamentalmente útil no planejamento financeiro a curto prazo. Um orçamento de caixa deve registrar as estimativas de entradas e saídas de caixa e apresentar como resultado um superávit (mais ganhos do que gastos) ou um déficit (mais gastos do que ganhos). Na gestão financeira de uma empresa diversas técnicas são utilizadas para aumentar o valor da empresa, tudo em vista de um caixa “saudável” de modo a garantir a sustentabilidade dos negócios. Entre essas técnicas podemos citar: • Redução do tempo de compensação de cobrança. • Ampliação do tempo de pagamento. • Aceleração da cobrança de valores a receber. • Uso de meios eletrônicos. • Uso de estratégias adequadas para redução do ciclo de caixa da empresa. Outro importante conceito na gestão do caixa é o de float, que expressa a diferença entre o saldo contábil e o saldo disponível. O saldo contábil é aquele que considera todas as entradas e saídas no balanço do caixa (com valores compensados e não compensados). O saldo disponível é aquele disponível na conta-corrente da empresa. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 Considere que a data de hoje seja 1º de dezembro de 2013 e o saldo em conta-corrente de determinada empresa seja de R$ 30.000,00. Essa empresa, que comercializa equipamentos de informática, fez uma aquisição junto a um fornecedor de 50 computadores a um valor de R$ 500,00 cada, totalizando uma compra de R$ 25.000,00, a qual foi paga em cheque pré-datado para o dia 20 de dezembro de 2013. O valor do saldo contábil no dia de hoje (1º de dezembro de 2013) é de R$ 25.000,00. O valor do saldo disponível em conta-corrente é de R$ 30.000,00. O float é de R$ 5.000,00. 1.3 Administração do crédito “O crédito é facilitador das vendas. Por meio da concessão de crédito, as empresas podem vender muito mais do que venderiam se não utilizassem esse tipo de facilidade. Por outro lado, crédito é fator de risco para as empresas; porquanto, pode haver perda com devedores relapsos. A concessão de crédito exige também grandes volumes de investimentos em capital de giro, o que torna sua administração complexa, exigindo de gestores e executivos atenção e uso de técnicas adequadas” (Lemes Junior et al., 2010, p.393). Mais do que somente facilitar as vendas, o crédito pode estimular e ser um fator propulsor, se bem gestionado, da economia das empresas. O conceito de crédito é nada mais do que a cessão de um patrimônio ou prestação de serviço, em vista de receber o valor cedido ou pagamento correspondente. Ao criar um crédito para terceiros, uma empresa gera para si própria uma conta a receber. Para uma eficiente administração de crédito é necessário o estabelecimento de uma política de crédito. Ela define formas de concessão de crédito, definindo padrões, prazos, riscos, garantias exigidas e diretrizes de crédito. É composta por: • Condições de venda — determinam como a empresa propõe vender produtos ou serviços, se haverá crédito, quais são as condições, prazos e períodos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 • Análise de crédito — trabalho de distinção entre bons e maus pagadores. • Política de cobrança — procedimentos adotados para a cobrança dos pagamentos. No processo de concessão de crédito é imprescindível a consideração de diretrizes tradicionais como o cinco “Cs” formados por: • Caráter — comportamento dos antecedentes do cliente. • Capacidade — capacidade de assumir as responsabilidades de pagamento baseada na saúde financeira do cliente. • Capital — comprometimento do patrimônio líquido com exigíveis da empresa. • Colateral — consideração sobre outros recursos exigíveis do cliente. • Condições — grau de exposição a possíveis efeitos externos sobre a capacidade de pagamento do cliente. 1.4 Administração do estoque “Os estoques são componentes importantes dos ativos circulantes, principalmente nas empresas comerciais e industriais, por representarem grandes volumes de dinheiro aplicado em relação aos demais ativos circulantes. São ainda os ativos circulantes de menor liquidez. Os estoques são representados por matérias-pimas, componentes, insumos, produtos em processo e os acabados e se constituem nos bens comercializáveis pelas empresas comerciais e destinados à produção e venda pelas empresas industriais. Por esse motivo, a administração dos estoques deve ser objeto de políticas que traduzam resultados eficazes em sua gestão” (Lemes Junior et al., 2010, p. 413). Mesmo sem ter uma gestão sobre o estoque, o administrador financeiro precisa, ainda que parcialmente, contribuir para a tomada de decisão na área de estoque, sob pena de gerar impactos negativos nas finanças da empresa. A importância e a relevância dos estoques e de sua gestão variam de acordo com o tipo de empresa. Por exemplo, na indústria a relevância é grande, mas no setor de serviços a relevância está entre pequena e média. No entanto, seja qual for a relevância dos estoques, sua administração deve se preocupar com três questões fundamentais: • Quanto comprar ou produzir. • Em que momento comprar ou produzir. • Quais itens do estoque merecem maior atenção. Tanto sob o aspecto econômico quanto no contábil, o estoque tem um custo. Com Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 enfoque contábil, podemos afirmar que o estoque tem um custo de carregamento (envolve armazenagem, controle, obsolescência, deterioração, segurança) e um custode oportunidade do capital aplicado em estoques. Segundo Ross et al. (2009) o somatório desses custos pode chegar a algo entre 20% e 40% do valor do estoque a cada ano, sem contar outros custos, como o decorrente da insuficiência do estoque. Esses custos, assim como a sua gestão, também podem variar com o tipo de estoque, que são caracterizados de acordo com a condição da produção, vinculados ao objetivo da empresa. São eles: • Estoque de matérias-primas — é aquele constituído por bens utilizados na construção do produto acabado, seja parcial ou totalmente. Estes fazem parte do produto final. Por exemplo: o produto farinha de trigo numa padaria. • Estoque de componentes — composto por componentes que integram o produto final. Por exemplo: Um pneu numa montadora de veículos. • Estoque de insumos — composto por bens e produtos utilizados na produção, mas que não integram o produto final. Por exemplo: material de limpeza utilizado no forno responsável pela produção dos pães da padaria. • Estoque de produtos em processo — composto por produtos que necessitam de mais tempo até que sejam comercializados, ou porque a produção não foi totalmente finalizada. Por exemplo: Uma montadora que mantém um estoque de carros que ainda não tiveram sua montagem concluída. • Estoque de produtos acabados — composto por produtos prontos para a comercialização. As influências da administração financeira motivaram a administração de estoques a utilizar diversas técnicas e ferramentas com o intuito de gerar valor para o negócio, com o intuito de gestionar melhor o transit time (tempo de disponibilização do produto para transporte) e o lead time (tempo decorrido entre o pedido do cliente e sua entrega, passando pela fabricação, separação e outras atividades produtivas). Dentre elas: método da faixa vermelha; método das duas caixas ou gavetas; sistema ABC; método do lote econômico de compra; método do ponto de reencomenda; sistemas MRP e MRPII. O livro administração financeira dos autores Antônio Barbosa Lemes Junior, Cláudio Miessa Rigo e Ana Paula Mussi Szabo Cherobin, apresenta todo um aprofundamento em gestão de estoques, com enfoque financeiro, onde os métodos e ferramentas citados anteriormente são explicados e detalhados. Aconselha-se a sua leitura. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 1.5 Planejamento econômico-financeiro a curto prazo “Planejamento é o processo de estabelecer objetivos ou metas, determinando a melhor maneira de atingi-las. O planejamento estabelece o alicerce para as subsequentes funções de organizar, liderar e controlar, e por isso é considerado função fundamental do administrador. Para que os planos sejam viabilizados é preciso que tenham o suporte de configurações relativas aos investimentos necessários e ao respectivo financiamento. Essas configurações de investimento e financiamento são interdependentes e como tal devem ser estabelecidas em conjunto. O planejamento econômico-financeiro, ao contribuir para definir objetivos e fixar padrões de avaliação de resultados, é a ferramenta adequada para os estudos de viabilidade do planejamento da empresa. Através do planejamento econômico-financeiro são avaliados os resultados relativos a objetivos, decisões e alternativas contidas no planejamento da empresa, indicando a possibilidade de sua implantação, ou não, do ponto de vista financeiro” (Lemes Junior et al., 2010, p. 445). O planejamento econômico-financeiro é fundamental para qualquer empresa. A curto prazo, seu foco, como processo, é preparar projeções de fluxo de caixa, além de projeções de demonstrações financeiras, incluindo a demonstração de resultados do exercício (DRE) e o balanço patrimonial. As demonstrações financeiras utilizadas nesse planejamento serão de auxílio na análise de resultados, apontando a situação econômico-financeira no tempo de um ano (curto prazo), no que tange a custos, receitas operacionais, projeções de vendas e lucros. Os seguintes itens compõem esse planejamento: • Orçamento de vendas — peça básica, considerada como gatilho do processo, prevendo a quantidade mensal de vendas. • Programa de produção — elaborado a partir do orçamento de vendas, considerando o estoque inicial previsto, para a determinação dos estoques necessários. • Orçamento de produção — elaborado a partir do programa de produção, contendo orçamentos de matérias-primas, insumos, mão de obra direta, despesas indiretas de fabricação e custos dos produtos vendidos. • Orçamento dos custos indiretos de fabricação — composto por mão de obra indireta, materiais indiretos, seguros, aluguéis e depreciações. • Orçamento de despesas operacionais — composto por despesas administrativas, com vendas, financeiras e tributárias. • Demonstração de resultado de exercício projetada — resumo da maior parte dos itens anteriores com apanhado mensal. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 10 • Projeção do fluxo de caixa — relaciona as entradas e saídas de caixa. Considerações finais Iniciamos esta aula lembrando os conceitos que envolvem o balanço patrimonial, ativos e passivos circulantes. O ativo circulante é bem ou direito que pode ter seu tempo de vida no máximo de um ano. O passivo circulante são as obrigações financeiras e dívidas que a empresa tem a curto prazo. Foram mencionados diversos conceitos na administração a curto prazo, dentre eles o conceito de ciclo operacional e ciclo de caixa. Ciclo operacional é um período composto por período médio de estoque somado ao período médio de cobrança ou contas a receber. O ciclo de caixa retrata o tempo entre o pagamento pela compra da matéria-prima e o recebimento pela venda de um produto. Foi falado sobre a importância da gestão do caixa e do orçamento de caixa de registrar as estimativas de entradas e saídas de caixa e apresentar como resultado um superávit ou um déficit. A administração de crédito também recebeu uma grande atenção, pelo fato de ser um facilitador de vendas, um propulsor, se bem administrado, da economia das empresas. Acrescentaram-se alguns conceitos de administração de estoque e como esta deve ser feita em conjunto com a administração financeira, sob pena de gerar impactos negativos nas finanças da empresa. Concluímos a aula falando sobre o planejamento econômico-financeiro a curto prazo com ferramenta fundamental para qualquer empresa e fator crítico de sucesso para a gestão de custos, receitas operacionais, projeções de vendas e lucros. Referências BRIGHAM, E. F; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e prática. São Paulo: Thomson Learning, 2007. BRUNI, A. L. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP12C e Excel. São Paulo: Atlas, 2003. COSTA NETO, P. L. O; CANUTO, S. A. Administração com qualidade: conhecimentos necessários para a gestão moderna. São Paulo: Blucher, 2010. LEMES JUNIOR, A. B; RIGO, C. M; CHEROBIN, P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas. São Paulo: Elsevier, 2010. ROSS, S. A; WESTERFIELD, R. W; JORDAN, B. D. Princípios de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 15 Gerenciamento Financeiro da Infraestrutura e dos Serviços de TI Objetivos Específicos • Aplicar os desdobramentos dos conceitos da gestão financeira na área de TI. Temas Introdução 1 Gerenciamento financeiro da tecnologia da informação 2 Gestão de custos em tecnologia da informação Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Nesta aula começamos a entrar mais nas realidades do gerenciamento financeiro de tecnologia da informação (TI). A ideia é que você já enxergue muitos aspectos sob a ótica da gestão financeira, ou seja, “esvaziando” um pouco aquela visão puramente técnica, em detrimentode uma mais voltada para o negócio. Nesta aula mencionaremos um pouco sobre a gestão financeira de serviços de TI baseada um pouco nas boas práticas do framework ITIL, utilizado para o gerenciamento de serviços de TI, mas sem muito aprofundamento, pois existem disciplinas voltadas para a capacitação em ITIL. Falaremos de alguns conceitos básicos de gestão financeira de TI e até alguns “jargões” utilizados e finalizaremos a primeira parte da aula falando de algumas atividades do gerenciamento financeiro. A segunda parte da aula será um pouco voltada para os custos e os sistemas de custeio, que será finalizada com uma abordagem sobre a substituição de equipamentos e suas situações. 1 Gerenciamento financeiro da tecnologia da informação 1.1 Introdução “O mundo da TI mudou, e novos desafios são vislumbrados para as áreas de TI. As áreas de TI veem-se na necessidade de dirigir toda a sua atividade com uma orientação para o negócio. Do mesmo modo, a forma de gerir os ativos de TI tem de ser levada a cabo a partir deste mesmo enfoque. Muito se tem falado a respeito de alinhar a estratégia de TI à estratégia de negócio das organizações. Mas o que isso significa de fato e como pôr em prática são questões ainda não muito bem respondidas. Essencialmente, o alinhamento das estratégias significa aderência dos investimentos e gastos em TI em face do valor que eles agregam aos negócios de uma instituição. A partir desta perspectiva, o sucesso das atividades de TI passa a ser avaliado pela contribuição que os gastos e investimentos realizados oferecem à empresa. Obter o alinhamento significa desenvolver habilidade para levar a efeito estudos de viabilidade e práticas de gerenciamento de custos, o que, a princípio, parece ser uma tarefa simples, mas, na prática, tem sido uma atividade que envolve extremo desafio” (MAGALHÃES e PINHEIRO, 2007, p. 454). Cada vez mais a TI tem-se “aproximado” da área de negócios, ocasionando um contínuo alinhamento, em que todas as ações de TI são um desdobramento ou consequência de ações da área de negócios. Incluída nessa realidade de alinhamento, a necessidade de gerenciar a TI no que tange a aspectos financeiros tem sido mandatária nas corporações. Esse gerenciamento financeiro Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 deve, na verdade, ser um processo que garanta a administração dos recursos financeiros da organização à disposição da área de TI. O gerenciamento financeiro da TI deve contribuir na redução de custos a longo prazo, identificando e alocando adequadamente, preocupando-se em agregar valor ao negócio através de uma correta gestão de investimentos habilitados pela área de TI. Essa gestão financeira tem que acontecer em todas as funções da administração, seja no planejamento, seja no controle, seja na direção e mais do que nunca no controle. No planejamento, especificamente, a preocupação se volta a dois itens: • Planejamento do capital e dos custos – traduzindo os custos de TI para o planejamento financeiro da empresa e alinhando-os às práticas de controle financeiro da corporação. • Planejamento da demanda de serviços de TI – representando todos os investimentos em TI necessários para suprir as demandas de negócio. A relação do processo de controle e gestão financeira da TI se dá com praticamente todos os outros processos de TI, devido à associação de um custo a todo serviço prestado ou suportado por sua infraestrutura. Devido a esse motivo, o gestor de TI precisa, como responsável por esse processo, identificar, negociar e aprovar valores dos serviços de TI em conjunto com as áreas de negócio, além de garantir uma aderência às boas práticas e aos princípios adotados particularmente na corporação. 1.2 Conceitos básicos Para um melhor entendimento do processo de gerenciamento financeiro da TI é preciso conhecer alguns conceitos básicos que fazem parte do dia a dia das tratativas de um gestor de TI dentro de sua corporação. São eles: • Taxa de mercado – preço que corresponde ao valor cobrado por fornecedores externos. • Preço fixo – valor estabelecido para determinado período acordado com o cliente, com base em uma previsão de utilização. • Taxa preponderante – preço que pode ser comparado com os custos de outros departamentos internos da empresa ou empresas semelhantes. • Elementos de custos – itens que compõem os custos da TI, tais como hardware, software, pessoal, acomodações, dentre outros. • Capital Expenditure (CAPEX) – é o investimento em bens de capital, por exemplo, na aquisição de qualquer hardware (computador). • Operational Expenditure (OPEX) – é o gasto (ou despesa) no intuito de manter um bem físico, por exemplo, despesas associadas à manutenção e à operação de um computador. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 • Centro de custo – é um setor ou área específico da empresa cujas as atividades executadas tem seus custos apurados e gestionados. • Total Coast Ownership (TCO) – também conhecido por custo total de propriedade é resultado da posse e do uso de um bem adquirido, como os custos de energia elétrica para se utilizar um computador. • Budget – é um documento que contém o orçamento definido de uma empresa ou de uma de suas áreas específicas. • Rolling Forecast – é uma ferramenta de previsão de andamento da gestão financeira de uma empresa, utilizada na tomada de decisão. 1.3 Atividades Diversas atividades compõem o processo de gerenciamento financeiro da TI. Segundo o framework ITIL, para gestão de serviços de TI, as principais atividades são: valoração de serviços, dinâmica de custo variável e cobrança de serviços. A valoração de serviços é um tipo de quantificação financeira dos valores dos serviços de TI prestados ao cliente. É nessa atividade que identificamos e calculamos o valor dos serviços ou de um componente de serviço, em função dos elementos de custos: hardware, software, pessoal, acomodações, custos de capital, custo de conformidade, dentre outros. A ideia da valoração de serviços é estabelecer uma relação entre o gerenciamento do serviço de TI e a lógica do sistema financeiro da corporação, permitindo um acompanhamento e previsão do consumo de serviços, considerando os seus custos, quanto a natureza, atribuição e entrega. Um serviço pode ser valorado de duas formas: • Através do valor do fornecimento do serviço – indagando-se sobre o custo monetário que se relaciona ao fornecimento do serviço de TI, tentando valorá-lo a partir dos custos. • Através do valor potencial do serviço – indagando-se sobre o valor agregado do serviço na percepção do cliente, tentando valorá-lo a partir do potencial valor do serviço. Para que o serviço crie valor é necessário que ele tenha: utilidade (funcionalidade oferecida, ou seja, é o que o produto/serviço faz) e garantia (promessa de atendimento dos requisitos acordados, ou seja, garante o que o produto/serviço faz). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 Outra importante atividade é a dinâmica de custo variável, que consiste em analisar e entender a complexidade dos elementos de custos variáveis relacionados aos serviços de TI. Os custos variáveis guardam uma proporcionalidade com demanda, utilização e tempo de execução dos serviços. A cobrança de serviços completa a lista de atividades do gerenciamento financeiro, sendo executada mediante a identificação dos valores dos serviços e o estabelecimento de preços. Essa cobrança precisa ser vista como a recuperação de custos associados aos serviços de TI, repassando para as partes interessadas e responsáveis o ônus com as melhorias geradas pelos serviços. Para conhecer um pouco mais sobre gerenciamento financeiro de serviços de TI leia o livro Fundamentos do Gerenciamento de Serviços de TI do autor Marcos André dos Santos Freitas da Editora Brasport. 2 Gestão de custos em tecnologiada informação 2.1 Introdução “A necessidade de um sistema justo e equitativo de alocação de custo de TI para o negócio requer avaliação precisa dos custos de TI e acordo com os usuários do negócio sobre uma alocação razoável. Esse processo contempla a construção e a operação de um sistema para capturar, alocar e reportar os custos de TI aos usuários dos serviços. Um sistema de alocação justo permite à empresa tomar decisões mais embasadas sobre o uso dos serviços” (ITGI, 2007, p. 123). Dentro do processo de gerenciamento financeiro, as questões de alocação, identificação e, enfim, gestão de custos tem como fator crítico de sucesso o uso de um modelo de custos com uma ferramenta de apuração e análise. O objetivo principal do modelo de custos é descobrir os custos totais dos produtos para avaliação dos serviços em vista da geração de subsídios para múltiplas e variadas decisões corporativas. Os principais modelos de custos são: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 • Custeio por absorção integral – este método consiste em imputar ao produto ou serviço todos os custos, sejam diretos aplicados a cada produto, sejam indiretos através de um rateio. • Custeio variável – este método consiste em imputar ao produto ou serviço apenas os custos variáveis, fazendo com que os custos fixos sejam lançados como despesas indo diretamente para o resultado. • Custeio de RKW – este método consiste na criação de centros de custo, considerando a divisão departamentalizada da empresa. • Método TCO – este método consiste no descobrimento de todo custo associado à posse de um bem (produto). • Custeio de ciclo de vida – este método consiste em organizar os custos em função do ciclo de vida de um produto ou serviço. • Custeio baseado em atividades – este método é também conhecido como ABC que se baseia numa análise dos custos das atividades que mais impactam o consumo de recursos de uma organização. 2.2 Atividades Na apuração dos custos com serviços de TI as seguintes etapas devem ser percorridas: • Etapa 1 – Levantamento de todos os recursos consumidos ▫ Com base nos relatórios gerenciais inicia-se a identificação dos recursos consumidos que são relevantes • Etapa 2 – Classificação dos recursos consumidos em diretos e indiretos ▫ Os custos são classificados em diretos e indiretos • Etapa 3 – Levantamento das atividades executadas ▫ São levantadas as atividades significativas inerentes à TI • Etapa 4 – Identificação dos custos indiretos com as atividades ▫ Analisa-se especificamente cada atividade relevante, procurando identificar os custos indiretos • Etapa 5 – Cálculo dos custos dos serviços prestados ▫ Calculam-se os resultados dos custos, sejam diretos, sejam indiretos Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 • Etapa 6 – Análise dos dados ▫ Etapa final que contempla toda análise de dados Para conhecer um pouco mais sobre sistemas de custeio utilizados em TI, bem como mais detalhes sobre gerenciamento financeiro de serviços de TI, leia o capítulo 12 do livro Gerenciamento de Serviços de TI na Prática dos autores Ivan Luizio Magalhães e Walfrido Brito Pinheiro da editora Novatec. 2.3 Substituição de equipamentos “Substituição de equipamentos é um conceito amplo que abrange desde a seleção de ativos similares, porém novos, para substituir os existentes, até a avaliação de ativos que atuam de modos completamente distintos no desempenho da mesma função. Exemplificando, caminhões velhos podem ser substituídos por modelos novos que operam de maneira semelhante. Poderá, entretanto, ocorrer que estes caminhões possam ser substituídos pelos serviços de uma transportadora. Poderão ainda ser alugados ou seu serviço poderá ser feito por um guindaste ou manualmente, desde que haja viabilidade econômica. As decisões de substituição são de uma importância crítica para a empresa, pois são em geral irreversíveis, isto é, não têm liquidez e comprometem grandes quantias de dinheiro. Uma decisão apressada de “livrar-se de uma sucata” ou o capricho do possuir sempre o “último modelo” podem causar problemas sérios de capital de giro” (CASSAROTO FILHO e KOPITTKE, 2010, p. 155). A infraestrutura de TI é um ativo que se encontra em constante evolução. Equipamentos modernos e extremamente úteis nos processos de negócios vão sendo fatalmente e de modo rápido superados por novas tecnologias que surgem a cada momento. Mesmo sendo uma decisão técnica, atualizar plataformas tecnológicas e adquirir novas ferramentas de TI também não deixam de ser uma decisão de cunho econômico-financeiro. Mas por quê? Primeiro, porque uma das causas da substituição é a deterioração de um ativo, que pode gerar aumento nos custos operacionais, decorrente de manutenções crescentes, perdas e eventual aumento do TCO. Outro motivo seria a obsolescência da infraestrutura que afeta a eficiência dos processos de negócio. Para entender melhor o processo de substituição de equipamentos sob a ótica financeira, é preciso a compreensão sobre a vida econômica de equipamentos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 Deve-se proceder com a substituição de um equipamento quando uma das situações seguintes for constatada: • Baixa sem reposição ▫ Ocorre quando um equipamento deixar de ser econômico antes de atingir sua vida física e não for desejável substituição. • Substituição idêntica ▫ Ocorre quando um equipamento chegar ao final de sua vida econômica, que nada mais é que o período para se alcançar o menor custo econômico anual. • Substituição não idêntica ▫ Ocorre quando há a necessidade de substituição de um equipamento que chegou ao final de sua vida econômica por outro tipo de equipamento ou solução. • Substituição com progresso tecnológico ▫ Pode ser uma substituição idêntica ou não idêntica, considerando a componente obsolescência e o progresso tecnológico. Para conhecer um pouco mais sobre aspectos financeiros da substituição de equipamentos leia o livro Análise de Investimentos dos autores Nelson Cassarotto Filho e Bruno Hartmut Kopittke da Editora Atlas. Considerações finais Iniciamos esta aula falando sobre o gerenciamento financeiro da TI, que deve contribuir na redução de custos a longo prazo, identificando-os e alocando-os adequadamente, preocupando-se em agregar valor ao negócio através de uma correta gestão de investimentos habilitados pela área de TI. Afirmamos que a relação do processo de controle e gestão financeira da TI com praticamente todos os outros processos de TI, devido à associação de um custo a todo serviço prestado ou suportado por sua infraestrutura, exigindo um gestor de TI cada vez mais responsável por esse processo, identificando, negociando e aprovando valores dos serviços Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 de TI em conjunto com as áreas de negócio, além de garantir adesão às boas práticas e aos princípios adotados particularmente na corporação. Falamos sobre os conceitos básicos da gestão financeira da TI, incluindo os conceitos de taxa de mercado, preço fixo, taxa preponderante, elementos de custos, Capital Expenditure (CAPEX), Operational Expenditure (OPEX), centro de custo, Total Coast Ownership (TCO), Budget, Rolling Forecast. As atividades que compõem o processo de gerenciamento financeiro da TI também foram objeto de estudo, incluindo: valoração de serviços, dinâmica de custo variável e cobrança de serviços. Na segunda parte da aula mencionamos a gestão de custos que com os seus modelos tem o objetivo de descobrir os custos totais dos produtos para avaliação dos serviços em vista da geração de subsídios para múltiplas e variadas decisões corporativas. Encerramos a aula mencionando que a substituição de equipamentos é um conceito amplo que abrange desde a seleção de ativossimilares, porém novos, para substituir os existentes, até a avaliação de ativos que atuam de modos completamente distintos no desempenho da mesma função. Referências CASSAROTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de Investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2010. FREITAS, M. A. S. Fundamentos do Gerenciamento de Serviços de TI. Rio de Janeiro: Brasport, 2010. ITGI – Information Technology Governance Information. COBIT 4.1. Rolling Meadows, USA, 2007. MAGALHÃES, I. L.; PINHEIRO, W. B. Gerenciamento de Serviços de TI na Prática: uma abordagem com base na ITIL. São Paulo: Novatec Editora, 2007. WEILL, P.; ROSS, J. W. Governança de TI: como as empresas com melhor desempenho administram os direitos decisórios de TI na busca por resultados superiores. São Paulo: M. Books do Brasil, 2006. Gestão Financeira de Tecnologia da Informação Aula 16 Gerenciamento de Custos em Projetos de TI Objetivos Específicos • Aplicar os desdobramentos dos conceitos da gestão financeira em projetos da área de TI. Temas Introdução 1 Projetos 2 Gerenciamento de custos em projetos Considerações finais Referências Antonio Palmeira Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 2 Introdução Depois de ter percorrido todo este trajeto, passando por conceitos de matemática básica e financeira, alguns conceitos de economia, administração financeira e gestão financeira de serviços de TI, chegamos a nosso último assunto: gestão de custos em projetos. Nesta aula, nós queremos abordar um pouco sobre os conceitos de gerenciamento de custos em projetos. Iniciaremos com os conceitos fundamentais na gestão de projeto para facilitar nosso entendimento nos custos de projetos. É bem verdade que todo o vasto conhecimento sobre projetos será abordado em outras disciplinas, por isso aqui serão abordados apenas conceitos básicos. Encerraremos esta aula mencionando os processos de gerenciamento de custos em projetos e sua importância para o sucesso destes. 1 Projetos 1.1 Conceitos básicos “Um projeto pode criar: um produto que pode ser um item final ou um item componente de outro item; uma capacidade de realizar um serviço, como funções de negócios que são suporte à produção ou à distribuição ou; um resultado, como um produto ou um documento (por exemplo, um projeto de pesquisa desenvolve um conhecimento que pode ser usado para determinar se uma tendência está presente ou se um novo processo beneficiará a sociedade)” (PMI, 2008, p. 1). Os projetos integram o cotidiano das corporações, dos poderes públicos, dos indivíduos, enfim, de toda a sociedade, envolvendo pessoas, processos, ferramentas e práticas, sem as quais não é possível atingir os objetivos ligados a ele. O papel preponderante dos projetos na estratégia corporativa são vetores de mudanças e inovações, trazendo vantagens competitivas para as empresas. Um projeto é um esforço único temporário, com início e fim determinados, utilizando recursos, conduzido por pessoas, com a finalidade de criar um produto ou um serviço único. Encontram-se pelo menos três características inerentes à definição de projeto. São elas: temporal (limitação de tempo inerente a um projeto que sempre tem “dia e hora” para iniciar e para acabar); exclusividade (o que for entregue, seja produto, seja serviço, é algo único e exclusivo); objetividade (tem sempre uma meta/um objetivo definido). Dentre exemplos de projeto, é possível citar: construção de um novo prédio, elaboração de um novo livro, desenvolvimento de um novo software, mudanças organizacionais e construção de um novo estádio de futebol. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 3 Um programa é um grupo relacionado e coordenado de projetos para a obtenção de uma meta que não seria possível de se alcançar caso os projetos ocorressem de modo individual e independentes. Pode-se citar como exemplo um programa para o desenvolvimento de um país. Esse programa deve ser composto de uma série de projetos, que juntos colaboram com o objetivo do programa. Alguns projetos que poderiam compor esse programa seriam: projeto para adequação da infraestrutura de estradas; projeto de modernização de aeroportos; projeto de melhoria no sistema educacional profissionalizante. Portfólios são conjuntos de programas e projetos que sustentam metas e objetivos das organizações. Os projetos e os programas que integram esse portfólio não estão necessariamente interligados ou relacionados, gerando uma relação de dependência. Por exemplo, uma mesma corporação pode ter em seu portfólio alguns projetos e programas voltados para a área de recursos humanos e desenvolvimentos de competências, assim como pode ter um projeto de mudança de sede do escritório central. Esses projetos e programas citados não têm necessariamente uma relação direta e de dependência. 1.2 Ciclo de Vida de um Projeto e Ciclo de Vida do Gerenciamento do Projeto “Os ciclos de vida do projeto são semelhantes aos ciclos experimentados pelos pais ao acompanhar o crescimento de seus filhos até a fase adulta. Os filhos começam como bebês e dão muita alegrias aonde quer que vão. Entretanto, a princípio não os conhecemos muito bem. Assim, nós os acompanhamos em seu crescimento e avaliamos suas necessidades. Com o passar do tempo, eles amadurecem e crescem, até o dia em que a responsabilidade dos pais em relação a eles termina. Os projetos começam exatamente do mesmo modo e percorrem uma trajetória semelhante. Alguém apresenta uma excelente ideia para um projeto e solicita apoio para tal. Depois de aprovado, o projeto passa pelas fases intermediárias até a fase final, quando é concluído e encerrado” (HELDMAN, 2009, p. 24). O ciclo de vida do projeto é composto por fases, que são determinadas por características específicas e necessidades de cada projeto. • A primeira etapa engloba a identificação de necessidades, problemas ou oportunidades que podem resultar num projeto. • A segunda etapa envolve o desenvolvimento e o planejamento da solução propostos para a necessidade e o problema outrora apresentados. • A terceira etapa é a execução do projeto, ou seja, a implementação da solução proposta. • A quarta etapa é a final, na qual o projeto é encerrado. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 4 O ciclo de vida do gerenciamento do projeto é o conjunto de processos que necessitam ser seguidos para o bom gerenciamento deste. Ele se divide em cinco grandes grupos de processos de gerenciamento: • Grupo de processos de iniciação – composto por processos de definição de um novo projeto ou nova fase do projeto, incluindo as aprovações para comprometimento dos recursos organizacionais necessários ao início de um projeto ou de uma fase específica. • Grupo de processos de planejamento – composto por processos que estabelecem o escopo total do esforço, determinando um planejamento, bem como revisitando e refinando as metas e os objetivos do projeto. • Grupo de processos de execução – composto por processos que concretizam os planos de projeto. • Grupo de processos de monitoramento e controle – composto por processos que efetuam as avaliações de desempenho e as analisa, visando regular, rever e controlar o progresso do desempenho do projeto. • Grupo de processos de encerramento – composto por processos que têm a responsabilidade de terminar formal e ordenadamente as atividades de uma fase ou de um projeto propriamente dito. “A progressão pelos grupos de processos do gerenciamento de projetos tem as mesmas características que a progressão pelas fases do projeto. Isto é, os custos são mais baixos durante os processos de iniciação e poucos membros da equipe estão envolvidos. No grupo de processo de execução, o custo e o número de pessoas participantes aumentam e voltam a diminuirconforme o projeto se aproxima do encerramento. As chances de sucesso são mínimas durante a iniciação e muito grandes durante o encerramento. As chances de risco são maiores durante os processos de iniciação, planejamento e execução, mas o impacto dos riscos é maior durante os últimos processos. As partes interessadas têm maior influência durante os processos de iniciação e planejamento e veem essa influência diminuir ao longo dos processos de execução, monitoramento e controle e encerramento” (HELDMAN, 2009, p. 30). É importante não confundir ciclo de vida do projeto e ciclo de vida do gerenciamento de projetos. O primeiro denota a “vida” de um projeto e o segundo denota a execução de grupos de processos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 5 Segundo o PMI (2008) que traz o modelo de gestão de projetos conhecido como PMBOK (Project Management Body of Knowledge), além dos grupos de processos, existem nove áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos. Essas áreas são: gerenciamento da integração do projeto; gerenciamento do escopo do projeto; gerenciamento do tempo do projeto; gerenciamento dos custos do projeto; gerenciamento da qualidade do projeto; gerenciamento dos recursos humanos do projeto; gerenciamento das comunicações do projeto; gerenciamento dos riscos do projeto; gerenciamento das aquisições do projeto. Do relacionamento entre as áreas de conhecimento e os grupos de processos, encontram- se os processos de gerenciamento de projetos. Para conhecer mais sobre o guia de conhecimentos de gestão de projeto PMBOK, consulte o livro do Project Management Institute (PMI), A Guide to the project management body of knowledge (PMBoK Guide), da Editora Campus. 2 Gerenciamento de custos em projetos 2.1 Introdução “Dentro do ciclo de vida dos projetos, todas as atividades afetam os custos do projeto. Sendo assim, o planejamento e o controle dos custos são fundamentais. O desempenho dos custos do projeto deve ser monitorado e medido regularmente para identificar as variações do plano. Esses desvios são analisados, dentro dos processos de controle, nas diversas áreas de conhecimento. À medida que são identificados desvios significativos (aqueles que colocam em riscos os objetivos do projeto), realizam-se ajustes ao plano através da repetição dos processos de planejamento que sejam adequados àquele caso. Por exemplo, ultrapassar a previsão de custo em uma determinada atividade pode requerer ajustes nos recursos humanos, na necessidade ou não de horas extras, ou no balanceamento entre o orçamento e os objetivos de prazo do projeto. Controlar também inclui tomar ações corretivas, antecipando-se aos problemas. É muito importante também, no encerramento do projeto, reunir e disseminar informações de custos previstos e custos realizados, com comparações analisadas, como lições aprendidas, listar e disseminar ações corretivas, que consistem no verdadeiro aprendizado para elaborar planejamentos mais precisos em futuros projetos ou fases” (DINSMORE e BARBOSA, 2009, p. 108). A área de conhecimento de gestão de custos em projetos é uma das mais importantes e nos remete a processos que asseguram a obediência do projeto aos custos orçados. Os Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 6 processos de gerenciamento de custos são: estimar custos; determinar o orçamento; controlar os custos. É nessa área de conhecimento que nos preocupamos, também, com a restrição tripla, que é um conjunto de três fatores limitantes para a equipe de projeto e do gerente de projetos. Os itens que compõem a restrição tripla são: prazo, custo e escopo. Esses três itens podem impactar os objetivos e o sucesso dos projetos, e também cada um deles pode influenciar nas outros. Como exemplo, temos: • Diminuindo-se o prazo do projeto, haverá um aumento de custo ou uma redução do escopo. • Diminuindo-se o custo, haverá um aumento do prazo ou redução no escopo. • Aumentando-se o escopo, haverá um aumento de prazo ou aumento de custo do projeto. 2.2 Processos do gerenciamento de custos em projetos O primeiro processo desta área de conhecimento é a estimativa dos custos. Ela envolve desenvolver uma aproximação dos custos dos recursos necessários para completar as atividades do projeto. Podem ser apresentadas de forma detalhada ou sumarizadas. Esse processo tem o papel de desenvolver uma estimativa dos recursos monetários necessários para a execução das atividades do projeto. Essas estimativas são um prognóstico com base na informação conhecida em um determinado momento. Os custos devem ser estimados para todos os recursos que serão contabilizados no projeto. Isso inclui, mas não está limitado a, mão de obra, materiais, suprimentos e categorias especiais, tais como efeitos inflacionários ou reserva de custo. As estimativas de custo são geralmente expressas em unidades monetárias com a finalidade de facilitar comparações tanto interna no projeto quanto entre projetos. “Em alguns casos, as estimativas poderão ser obtidas usando outras unidades de medida, tais como homens-hora ou homens-dia, com os seus custos estimados, para facilitar o apropriado controle gerencial. Geralmente também levam em conta aspectos do plano de respostas aos riscos, tais como planos de contingência” (DINSMORE e BARBOSA, 2009, p. 108). As principais tarefas previstas para o processo de estimativa de custos envolvem a identificação e a consideração das alternativas de custo para iniciar e terminar o projeto, além também da compensação de custos e riscos, bem como uma comparação entre comprar e fazer. A estimativa de custos deve ser executada partindo das seguintes informações: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 7 • Arquivos de projetos – as organizações envolvidas no projeto podem conter em seus arquivos resultados de projetos anteriores, os quais sendo suficientemente detalhados auxiliarão na elaboração da estimativa dos custos. • Base de dados comerciais – informações históricas usualmente estão disponíveis comercialmente. • Conhecimento da equipe de projeto – os membros individuais da equipe. O segundo processo é a determinação do orçamento. Nele agregam-se os custos que foram estimados das atividades individuais, com uma linha de base que inclui todos os orçamentos autorizados, excluindo reservas de gerenciamento. “A orçamentação de um projeto ocorre após a estimativa de custos e quando já se encontra preparada a Estrutura Analítica do Projeto, onde serão alocados os valores nos diversos níveis da estrutura começando pelos entregáveis e depois sumarizando à medida que sobe de nível na estrutura até atingir o nível 1. Neste nível, encontramos o valor planejado total do projeto com os parâmetros inicialmente definidos” (DINSMORE e BARBOSA, 2009, p. 122). As principais ferramentas utilizadas no processo de orçamento são: agregação dos custos; análise de reservas; opinião especializada; relações históricas. O terceiro processo é o controle de custos que se ocupa do controle e do monitoramento do progresso do projeto para atualização do seu orçamento e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base dos custos. “O segredo para um controle de custos eficaz é analisar o desempenho de custo de forma regular e pontual. É crucial que as ineficiências e variações de custo sejam identificadas a tempo, de modo que uma ação corretiva possa ser tomada antes que a situação piore. Uma vez que os custos do projeto estejam fora do controle, pode ser muito difícil concluir o projeto dentro do orçamento” (GIDO e CLEMENTS, 2011, p. 257). No processo de controle de custos estão incluídas algumas etapas importantes para a eficácia do gerenciamento financeiro. São elas: • Análises do desempenho de custo de modo a determinar quais pacotes de trabalho necessitam de ação corretiva. • Decisão sobre aação corretiva a ser tomada. • Revisão do plano do projeto, composto por estimativas de custos e tempo. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 8 Para conhecer mais sobre desenvolvimento de orçamento de projetos, controle e estimativa de custos de projetos, consulte o livro Gerência de Projetos do autor Kim Heldman da Editora Elsevier. Considerações finais Iniciamos esta aula falando sobre o conceito de projeto como um esforço único temporário, com início e fim determinados, utilizando recursos, conduzido por pessoas, com a finalidade de criar um produto ou serviço único. Aprofundamos um pouco as três características inerentes ao seu conceito: temporal, exclusividade e objetividade. Mencionamos ainda o conceito de programa, como um grupo relacionado e coordenado de projetos para a obtenção de uma meta que não seria possível de se alcançar caso os projetos ocorressem de modo individual e independente. E citamos o conceito de portfólio, como um conjunto de programas e projetos que sustentam metas e objetivos das organizações. Os projetos e os programas que integram esse portfólio não estão necessariamente interligados ou relacionados, gerando uma relação de dependência. Abordamos o ciclo de vida do projeto e o ciclo de vida do gerenciamento de projetos, apontando suas diferenças, além de uma relação com as nove áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos. Essas áreas são: gerenciamento da integração do projeto; gerenciamento do escopo do projeto; gerenciamento do tempo do projeto; gerenciamento dos custos do projeto; gerenciamento da qualidade do projeto; gerenciamento dos recursos humanos do projeto; gerenciamento das comunicações do projeto; gerenciamento dos riscos do projeto; gerenciamento das aquisições do projeto. Os conceitos voltados para a área de conhecimento de gerenciamento de custos foram trazidos como alguns dos mais importantes e nos remetem a processos que asseguram a obediência do projeto aos custos orçados. Encerramos esta aula mencionando os processos de gerenciamento de custos que são: estimar custos; determinar o orçamento; controlar os custos. Referências DINSMORE, P. C; BARBOSA, A. M. C. Como se tornar um profissional em Gerenciamento de Projetos: livro-base de “Preparação para certificação PMP – Project Management Professional”. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Gestão Financeira de Tecnologia da Informação 9 HELDMAN, K. Gerência de Projetos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. MAGALHÃES, I. L.; PINHEIRO, W. B. Gerenciamento de Serviços de TI na Prática: uma abordagem com base na ITIL. São Paulo: Novatec Editora, 2007. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE - PMI. A Guide to the project management body of knowledge (PMBoK Guide). 4. ed. Project Management Institute, Four Campus Boulevard, Newtown Square, 2008. WEILL, P.; ROSS, J. W. Governança de TI: como as empresas com melhor desempenho administram os direitos decisórios de TI na busca por resultados superiores. São Paulo: M. Books do Brasil, 2006. CAPA Introdução 1 Matemática básica aplicada à gestão 2 Matemática financeira Considerações finais Referências Introdução 1 Juros 2 Séries uniformes Considerações finais Referências Introdução 1 Fluxo de Caixa, Valor Presente e Valor Futuro 2 Engenharia Econômica e a Análise de Investimentos Considerações finais Referências Introdução 1 Introdução à Economia 2 Evolução do Pensamento Econômico Considerações finais Referências Introdução 1 Funcionamento do Sistema Econômico 2 Microeconomia Considerações finais Referências Introdução 1 Equilíbrio de Mercado e Elasticidade 2 Teoria da Produção Considerações finais Referências Introdução 1 Custos de produção e o lucro da firma 2 Estruturas de Mercado Considerações finais Referências Introdução 1 Macroeconomia 2 Contabilidade Social 3 Inflação e Desenvolvimento Econômico Considerações finais Referências Introdução 1 As organizações e o ambiente de negócios 2 Administração financeira Considerações finais Referências Introdução 1 Decisões financeiras 2 Gestão de custos Considerações finais Referências Introdução 1 Investimento e valor 2 Decisões de investimentos Considerações finais Referências Introdução 1 Custo de Capital 2 Fontes de Financiamentos Considerações finais Referências Introdução 1 Riscos 2 Riscos e retorno na gestão financeira Considerações finais Referências Introdução 1 Administração financeira a curto prazo Considerações finais Referências Introdução 1 Gerenciamento financeiro da tecnologia da informação 2 Gestão de custos em tecnologia da informação Considerações finais Referências Introdução 1 Projetos 2 Gerenciamento de custos em projetos Considerações finais Referências