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TUMORES ÓSSEOS MALIGNOS Os principais tumores ósseos malignos são o osteossarcoma, condrossarcoma, sarcoma de ewing, mieloma múltiplo e fibrohistiocitoma ósseo maligno. OSTEOSSARCOMA É o tumor do menino da culpa é das estrelas. Caracterizado pela produção de osteoide pelas células malignas, sendo a 2ª neoplasia óssea primária mais presente, atingindo de 1 a 3 milhões de pessoas por ano. Sua faixa etária varia conforme o tipo de osteossarcoma, sendo o alto grau (convencional, mais comum) presente na faixa dos 10 a 20 anos, o parosteal é presente na faixa de 30 a 40 anos e os secundários acometem mais idosos. São mais comuns em homens, não tem influência étnica e tem preferência por locais de crescimento rápido (ex: fêmur distal ou tíbia próximal, ao redor do joelho). Os osteossarcomas podem ser primários ou secundários. Os primários podem ser convencionais, intramedulares de baixo grau, parosteal, periosteal, alto grau de superfície, teleangiectásico e de pequenas células, cada um com um tipo de comportamento. Os secundários são representados pela doença de Paget. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: A dor progressiva está presente na maioria dos alto-grau. Nos de baixo-grau há a presença de massa indolor (principal sinal). A dor é causada pelos microinfartos resultantes do crescimento rápido do tumor, não acompanhado de uma vascularização proporcional. A dor noturna é apresentada por 25% dos pacientes e tem alta especificidade para neoplasia maligna. Normalmente apresenta a fosfatase alcalina elevada. EXAMES DE IMAGEM: no RX é comum encontrar lesão agressiva na metáfise de osso longo. É mais comum a presença de um aspecto misto, mesclando áreas de produção de osso com áreas de destruição. Geralmente nota-se uma lesão permeativa, com bordas mal definidas e há as reações periosteais (triângulo de Codman e raios de sol). A RNM é importante para avaliar a extensão do tumor dentro do osso e para partes moles, avaliando a reação com estruturas anatômicas adjacentes. A TC de tórax é importante para o estadiamento. A cintilografia é importante para avaliação de metástases ósseas. TIPOS DE OSTEOSSARCOMA: O osteossarcoma convencional é o mais comum, chamado de clássico, sendo de alto grau e demonstrando os aspectos radiológicos clássicos citados acima. A lesão inicial é geralmente intramedular e a histologia pode ser primariamente osteoblástica, fibroblástica ou condroblástica, sendo caracterizada por hipercelularidade e pleomorfismo nuclear. O osteossarcoma intramedular de baixo grau é raro, com curso indolente, aspecto radiográfico e histológico relativamente benigno, caracterizado por atipias leves produzindo trabéculas ósseas irregulares. Lesão inicial é intramedular. O periosteal é também chamado de osteossarcoma condroblástico (confundido com o condrossarcoma). É um tumor de superfície, tendo malignidade intermediária, localizado normalmente nas diáfises de fêmur e tíbia. Afeta uma faixa etária mais avançada e a histologia é caracterizada por cordões de células fusiformes produtoras de osteóide irradiando entre lóbulos de cartilagem. O parosteal é também chamado de osteossarcoma justacortical, sendo ele de baixo grau. A lesão inicial é na superfície e sua apresentação típica é uma massa ossificada e lobulada no aspecto posterior de fêmur distal. Os diagnósticos diferenciais são a miosite ossificante, osteocondroma e sua histologia é semelhante ao intramedular de baixo grau. O osteossarcoma de alto-grau de superfície é o tipo menos comum de osteossarcoma, sendo um tumor altamente agressivo emergindo da superfície. No RX nota-se uma lesão invasiva, sem bordas definidas e a histologia é semelhante ao convencional (hipercelularidade, pleiomorfismo nuclear). Ocorre invasão celular precoce. O teleangiectásico é uma lesão puramente lítica. No RX pode ter aparência invasiva ou insuflativa. O aspecto macroscópico é de cisto cheio de sangue com pequena porção sólida. Na histologia em baixo aumento lembra muito o cisto ósseo aneurismático e em grande aumento nota-se a aparência francamente maligna. O osteossarcoma de pequenas células é raro, se comporta como ewing, tendo esta e o linfoma como seus diagnósticos diferenciais. Há presença de pequenas células azuis e geralmente necessita de imuno-histoquímica pra diferenciar com ewing. Os secundários são raros em jovens, sendo 50% em maiores de 50 anos e, geralmente, são secundários a Paget. TRATAMENTO: de um modo geral envolve quimioterapia neoadjuvante (pré), cirurgia com margem oncológica ou radical e quimioterapia adjuvante (pós). Nos de baixo grau faz-se ressecção com margem oncológica sem quimioterapia. Com a terapia correta, consegue-se uma sobrevida em 5 anos de 65 a 70%. CONDROSSARCOMA Representa 9% das neoplasias ósseas primárias malignas, atingindo faixa etária ampla, com pico no intervalo de 40 a 60 anos. Localiza-se geralmente na pelve, fêmur e úmero proximal. Atinge mais homens e não tem relação com etnia. O condrossarcoma raramente ocorre nas mãos, mas é o tumor maligno mais comum na mão. Tem crescimento lento, é oligossintomático e possui potencial para metástase à distância (pulmões). APRESENTAÇÃO CLÍNICA: os principais sintomas são dor progressiva e massa palpável. Os condrossarcomas secundários ocorrem em local de lesão cartilaginosa benigna preexistente, como na síndrome de Oillier, que se associa a 25% de casos de malignização. Outros exemplos são a síndrome de Mafucci e o osteocondroma. EXAMES DE IMAGEM: no RX nota-se calcificações (pipoca, salpicadas, formato de vírgula). Vê-se também áreas de destruição óssea, erosão cortical, reação periosteal, lesão emergindo do canal medular com matriz calcificada irregular. A invasão de partes moles é rara. HISTOLOGIA: Células malignas com matriz cartilaginosa abundante. No caso de presença de osteoide, deve-se pensar mais em osteossarcoma condroblástico. Os diagnósticos diferenciais são condrossarcoma de baixo grau e encondroma, devendo-se observar hipercelularidade, núcleos grandes, muitas células binucleadas, padrão permeativo e aprisionamento de trabéculas. TRATAMENTO: o condrossarcoma de baixo grau tem um tratamento controverso, sendo feito uma curetagem ampla e tratamentos adjuvantes intraoperatórios, tendo 90% de sobrevida em 10 anos. O de alto grau envolve ressecção com margem oncológica (altas taxas de recorrência por contaminação intraoperatória), tendo sobrevida de 20 a 40% em 10 anos. Quimioterapia e radioterapia SEM resposta. SARCOMA DE EWING É a malignidade primária mais comum do osso nos menores de 10 anos. É a segunda malignidade primária mais comum do osso nos menores de 30 anos. É a quarta malignidade primária mais comum do osso em geral e representa 9% das malignidades primárias, atingindo, principalmente, a faixa etária de 5 a 25 anos. Os locais mais comuns são as metáfises de ossos longos (com extensão para diáfise), ossos chatos da cintura escapular ou pélvica e é raro em coluna, pés e mãos. Mais comum em homens e é raro em negros e orientais. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: a dor é a queixa mais comum, tendo início insidioso. Essa dor pode responder a tratamento inicial, dando falsa sensação de melhora. Em geral, do início dos sintomas até o diagnóstico passam 34 semanas, por isso é importante sempre pedir RX em queixas ósseas em crianças. Há também como sintoma febre (baixa, associada a astenia), eritema e edema (pode simular osteomielite aguda) e o aspirado de agulha é uma secreção semelhante ao pus, por isso tem sempre que mandar pra cultura e citológico. EXAMES LABORATORIAIS: o hemograma evidencia uma anemia normocrômica/normocítica e uma leucocitose. O LDH é aumentado, fosfatase alcalina aumentada devido à atividade óssea e o PCR e VHS também elevados. EXAMESDE IMAGEM: Na radiografia nota-se nos ossos longos uma lesão salpicada/padrão de roído de traça, com características permeativas no osso (não sabe determinar onde começa e termina a lesão). A arquitetura do osso é mantida (o tumor é muito agressivo, age antes mesmo de mudar o formato do osso), há áreas líticas ao lado de áreas blásticas e lesão destrutiva na diáfise com reação periosteal. Nos ossos chatos vê-se uma lesão destrutiva inespecífica. Deve- se SEMPRE solicitar RNM, ela permite avaliar a extensão tanto em ossos quanto em partes moles. Faz- se RX de tórax e TC de tórax em todos os pacientes, já que o pulmão é o local mais comum de metástases. A cintilografia também é feita, já que os ossos são o segundo local mais comum de metástase e, normalmente, quando se faz o diagnóstico, 30% dos pacientes já tem alguma metástase. HISTOLOGIA: nota-se pequenas células azuis com muita pouca matriz intercelular. A Imunohistoquimica pode ser necessária para diagnóstico diferencial de tumor de pequenas células azuis. *O antígeno CD 99 é especifico para Ewing. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: o principal é a osteomielite (clínica e laboratório são semelhantes). Outros são os linfomas, rabdomiossarcoma embrionário, hemangiopericitomas e carcinoma metastático de pequenas células. PROGNÓSTICO: os fatores mais importantes para se avaliar é a presença de metástases à distancia (pior fator de prognostico), tamanho da lesão primária e localização (proximais são maiores e piores no diagnóstico). Há outros como febre, anemia, alterações laboratorias, os quais indicam uma doença extensa. O diagnostico precoce gera uma chance de cura de 75 a 80% e o diagnostico em fase de metástase resulta em chance de 20% de sobrevida ao longo prazo. CLASSIFICAÇÃO DE HUVOS: é importante para avaliar a viabilidade do tumor após a quimioterapia neoadjuvante. grau 1 é mínimo ou nenhum efeito da terapia neoadjuvante nas células tumorais (50% células viáveis), grau 2 é resposta parcial com 50%-90% de necrose, grau 3 é mais do que 90% de necrose (focos de tumor viável são vistos em algumas lâminas) e grau 4 é nenhuma área de tumor viável. TRATAMENTO: faz-se quimioterapia neoadjuvante, adjuvante ou ambas, tratamento de metástases à distância. Isso acarreta uma sobrevida de 60 a 75%, quando descoberto de forma precoce. O tratamento da lesão local é controverso, já que apesar de ser radiossensível, os melhores resultados se dão com ressecção ampla. Em lesões periféricas ressecáveis, faz-se cirurgia com margens amplas. Em lesões centrais não ressecáveis faz-se radioterapia, a qual também pode ser usada como adjuvante pós ressecção. COMPLICAÇÕES: a recorrência é um mau prognóstico (principalmente no primeiro ano), tendo sobrevida de 20% em 5 anos, 10% em 5 anos se metástases a distância. FIM!!!
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