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1 FPM V Ginecologia e obstetrícia Mecanismo de parto O QUE SÃO MECANISMOS DE PARTO São movimentos exercidos pelo feto, a partir das contrações uterinas, ao transitar pelo canal de parto, permitindo sua adaptação às dificuldades do trajeto. Assim, a progressão do trabalho de parto é mais ou menos facilitada, de acordo com a relação entre as características de forma e tamanho da pelve materna e as do produto conceptual. Feto é o móvel/objeto que percorre o trajeto (BACIA) impulsionado pelo motor (CONTRAÇÃO). RELAÇÕES ÚTERO-FETAL ATITUDE FETAL É a relação das diversas partes fetais entre si. Depende da posição dos membros e da coluna vertebral. A atitude mais comum é a de flexão generalizada, na qual o feto se apresenta com a coluna vertebral ligeiramente curva, com concavidade para face anterior, membros flexionados e anteriorizados. Ausência de flexão fetal (deflexão) pode ser indicativo de sofrimento fetal. SITUAÇÃO FETAL É a relação entre o maior eixo da cavidade uterina e o maior eixo fetal. Pode ser dividido em: 1. Longitudinal; 2. Transverso; 3. Oblíquo. APRESENTAÇÃO FETAL É a região fetal que ocupa o estreito superior da bacia materna ou que está mais próximo a ele. OBS.: o estreito superior corresponde à tampa da pelve, sendo delimitado pelo promontório, sínfise púbica e as linhas inominadas. Dividido de acordo com a situação fetal. Cefálica, pélvica, córmica. 1. Em situação longitudinal: a. Apresentação cefálica: quando o polo cefálico ocupa a região inferior do útero. b. Apresentação pélvica: Nádegas fetais ocupam a região inferior do útero. APRESENTAÇÃO CEFÁLICA Cefálica fletida: quando o mento está encostado no esterno. Observa pela vagina o occipital. Cefálica defletida: quando a cabeça está em extensão, com mento longe do esterno (bebê olha para a luz da vagina). Mais dificuldade para nascer. Se divide em: a. Defletida de I grau: fontanela bregmática/anterior no estrito superior (fontanela para a luz da vagina). b. Defletida de II grau: quando a fronte se encontra no estreito superior. 2 FPM V Ginecologia e obstetrícia c. Defletida de III grau: quando a face se encontra no estreito superior. APRESENTAÇÃO PÉLVICA Bebê sentado. Pélvica completa: quando as coxas estão fletidas e aconchegadas no abdome. Pelve incompleta: qualquer atitude assumida pelos membros inferiores do feto. Divide-se em: a. Modo nádegas: membros inferiores estirados e rebatidos de encontro a parede abdominal fetal. b. Modo joelhos e pés: quando os joelhos ou pés se encontram na parte inferior do útero. 2. Em situação transversa: a. Córmica/ombro: quando o ombro ocupa a região inferior do útero, e se divide em: córmica com dorso anterior e córmica com dorso posterior. Em situação transversa: o Procidência: ocorre quando uma parte fetal menor se antepõe a apresentação durante o trabalho de parto, ocupando a vagina e até mesmo a vulva, tendo bolsa rota (ou seja, rompida). o Procúbito: quando uma parte menor se antepõe a apresentação durante o trabalho de parto, ocupando a vagina e vulva, porém com bolsa integra. POSIÇÃO FETAL Relação do dorso fetal com o lado materno. É definida pelo lado materno ao que se projeta o dorso fetal, podendo o feto estar à direita ou à esquerda da mãe, ou anterior à mãe. 3 FPM V Ginecologia e obstetrícia VARIEDADE DE POSIÇÃO Variação da apresentação cefálica. É a relação entre o ponto de referência ósseo da apresentação fetal, com um ponto de referência ósseo da bacia materna, levando em consideração as faces anterior, posterior e lateral da gestante. Para classificar a posição do feto, é importante entender a anatomia da cabeça fetal e quais são os pontos de referência. PONTOS DE REFERÊNCIA FETAL É importante saber a localização de alguns pontos: o occipício, a fontanela posterior (lambda), a sutura sagital e a fontanela anterior (bregma). Fontanelas: o Bregmática: ou anterior ou grande fontanela ou bregma. Apresenta 3 cm de diâmetro, sendo um ponto de referência na posição fetal. Apresenta forma de losango e não desaparece pós-parto. o Lambdóide: posterior ou pequena fontanela: tem formato triangular e deforma-se no parto. Pensando em estática fetal, deve-se ter em mente que, de acordo com a situação e apresentação fetal, tem-se linhas de orientação e pontos de referência distintos. 4 FPM V Ginecologia e obstetrícia VARIEDADE DA POSIÇÃO MATERNA Existem ponto de referência materno, localizado na pelve da mulher. Pontos de referência: 1. Pube; 2. Eminência íleopectínea; 3. Extremidade do diâmetro transverso; 4. Sinostose sacroilíaca; 5. Sacro. INTERPRETAÇÃO DE VARIEDADE DE POSIÇÃO A variedade de posição corresponde a relação que existe entre os pontos de referência do polo fetal com os pontos de referência da bacia materna. Para demonstrar tais variedades, são utilizadas letras: 1. Primeira letra: representa o ponto de referência fetal. Pode ser: O (occipício, lambda), B (bregma), N (naso/glabela quando vê a face), M (mento), S (sacro), A (acrômio). 2. Segunda letra: apresenta o lado materno, o qual está voltado para o ponto de referência fetal, ou seja direita (D) ou esquerda (E). 3. Terceira letra: representa o ponto de referência ósseo da bacia materna. Pode ser: A (anterior eminência ileopectínea), T (transverso diâmetro transverso), P (posterior ou pube sinosteose sacro-ilíaca) e S (sacro). OBS.: a letra P pode ser usada tanto para se referir ao púbis, que é uma estrutura ventral, ou seja, anterior, quando para se referir à região mais posterior. Um exemplo disso é: se há uma variedade de posição OP, isso significa que o Occipício do feto está no Púbis materno; se eu tenho uma variedade de posição OEP, isso significa que o Occipício do feto está próximo a parte Posterior (sacro) porém lateralizado à esquerda. OP OBS.: Feto nasce de forma mais fácil em occipito púbico ou occipito sacro em apresentação cefálica. 5 FPM V Ginecologia e obstetrícia OP: occipito-púbica; OEA: occipito-esquerda-anterior; OET: occipito-esquerda-transversa; OEP: occipito-esquerda-posterior; OS: occipito-sacra; ODP: occipito-direita-posterior; ODT: occipito-direita-transversa; ODA: occipito-direita-anterior. Na figura anterior: Naso, direita, posterior NDP. TEMPOS DO MECANISMO DE PARTO O feto realiza uma série de movimentos que, estimulados pelas contrações uterinas, auxiliam na hora do parto, para que ele saia do útero e atravesse o canal do parto, chegando ao meio externo. A divisão em tempos é feita para fins didáticos, todavia todos os mecanismos de parto ocorrem juntos, sem divisão de ordem. Tempos: o Insinuação (flexão, acavalgamento, acicletismo); o Descida; o Rotação interna; o Deflexão e desprendimento cefálico; o Rotação externa; o Desprendimento da cintura escapular e resto do corpo. 6 FPM V Ginecologia e obstetrícia INSINUAÇÃO Cabeça no estreito superior da pelve menor. À nível da espinha isquiática (plano 0 de De Lee). A insinuação é a passagem do maior diâmetro da apresentação fetal através do estreito superior. Nessas condições, está o ponto mais baixo da apresentação à altura das espinhas isquiáticas (plano “0” de De Lee). Nas apresentações cefálicas, este maior diâmetro é biparietal. Nas apresentações pélvicas, o maior diâmetro é bitrocantérico. Para que o bebê fique insinuado, é necessário que ocorra FLEXÃO DA CABEÇA , ou seja, aproximação do mento ao esterno, ACAVALGAMENTO DAS SUTURAS E ASSINCLITISMO. 1. Flexão: Flexão cefálica antero posterior resultante da pressão axial da contração uterina sobre o feto. 2. Acavalgamento: Fenômeno que reduz as dimensões do polo cefálico. Frontal e occipital se locam por baixo dos parietais. Borda interna dos parietais se sobrepõe a outra. Mecanismo que torna possível bipartir as metades parietais, para imprimi-las em direção ao canal de parto. Ocorre para que haja redução das dimensões da cabeça óssea fetal. 3. Assincletismo: Movimentos de flexão lateral da cabeça. Um osso parietal atravessa o estreito superior antes do outro. Ocorre devido ao volume grande da cabeça fetal e à dificuldade de passagem, fazendo com que a cabeça se movimente, oferecendo uma das metades de cada vez. DESCIDA É a passagem do polo cefálico do estreito superior para o estreito inferior da pelve materna. Tempo que se inicia com o trabalho de parto e termina com a expulsão fetal. Sincrônico com o 1º e 3º tempo. Movimento de espira descendente da cabeça fetal. Orientação do diâmetro antero-posterior da cabeça com o ântero-posterior da bacia. Gráfico da descida: planos de De Lee. 7 FPM V Ginecologia e obstetrícia o Plano 0 de DeLee: a nível das espinhas esquiáticas da pelve. Diâmetro mais difícil de passar, onde faz o assincletismo. o Plano + 5: período expulsivo. ROTAÇÃO INTERNA A rotação interna trás o ponto de referência fetal para junto do púbis materno. A cabeça roda, ficando o ponto de referência fetal (lambda) voltado para o pube ou sacro, qualquer que seja a variedade de posição. A cabeça descreve um arco de círculo e o grau de rotação varia de acordo com a variedade de posição. o Nas variedades anteriores: 45° (OEA e ODA); o Nas variedades transversais: 90° (OET ou ODT); o Nas variedades posteriores: 135° (OEP ou ODP). Em variedade direita: sentido horário. Em variedade esquerda: sentido anti-horário. Roda para colocar occipicio no pube e fazer hipomólio. Quando excepcionalmente a cabeça roda para trás, diz-se rotação sacra ou posterior. INSINUAÇÃO DA CINTURA ESCAPULAR Paralelamente com a rotação interna da cabeça e com a progressão pelo canal, ocorre a penetração das escápulas no estreito superior da bacia. O diâmetro entre os dois acrômios é incompatível com o diâmetro do estreito superior, porém durante o período expulsivo, os ombros se aconchegam devido à constrição do canal, orientando-se no sentido oblíquo ou transverso do estreito. Redução do diâmetro da cintura escapular por meio do aconchego dos ombros. Progride em espiral juntamente com o polo cefálico. O dorso fetal mantém-se a 45° da linha de orientação. DESPRENDIMENTO CEFÁLICO Locação do suboccipicio no subpubis materno. A cabeça desce e o suboccipício, situado abaixo do lambda, coloca-se sob a borda inferior da sínfise púbica (mecanismo denominado hipomóclio uma espécie de alavanca). Ocorre, então, um movimento de deflexão da cabeça fetal para sua expulsão e uma retropulsão coccígea (a fronte do bebê rechaça o cóccix, causando um aumento do diâmetro anteroposterior). ROTAÇÃO EXTERNA Fora da genitália, a cabeça faz um movimento retornando o occipital para onde ele se encontrava na insinuação (geralmente lambda). Simultaneamente, ocorre rotação interna das espáduas (ombro). Esse processo é chamado de restituição ou rotação externa da cabeça. Movimento de restituição da cabeça (espontâneo). Retorno do occipício fetal ao lado que se encontrava antes da rotação interna. Rotação interna das espáduas. A cintura escapular ocupa o diâmetro antero- posterior da bacia. 8 FPM V Ginecologia e obstetrícia A finalidade do movimento de restituição é de posicionar o diâmetro biacromial (fetal) coincidindo com o diâmetro do EI (materno). OBS.: Rotação externa: depois que a cabeça sai, rotação lateral, roda para mesmo lado que insinua. DESPRENDIMENTO DA CINTURA ESCAPULAR Apoio do ombro anterior no subpubis. Movimento de flexão lateral do tronco. Desprendimento do ombro anterior. Movimento de flexão desprende ombro posterior. Restante do feto sem resistência. As espáduas se desprendem quando o ombro anterior transpõe a arcada pélvica, e o posterior acompanha o tronco quando este faz flexão lateral, progredindo até a saída.
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