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Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV EPIDEMIOLOGIA Os 3 países com mais casos de Diabetes são os mais populosos, entretanto o Brasil ocupa o 4° lugar em prevalência, mesmo tendo uma população menor que países que estão atrás dele no ranking. A região nordeste possui a maior taxa de mortalidade por DM. Apesar das regiões Sudeste e Sul serem mais populosas e com maior número de idosos, a assistência é melhor, com um melhor acesso ao sistema de saúde. O aumento da prevalência do diabetes está associado a diversos fatores, como rápida urbanização, transição epidemiológica, transição nutricional, maior frequência de estilo de vida sedentário, maior frequência de excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional e, também, à maior sobrevida dos indivíduos com diabetes. Diabetes e suas complicações constituem as principais causas de mortalidade precoce na maioria dos países; aproximadamente 4 milhões de pessoas com idade entre 20 e 79 anos morreram por diabetes em 2015, o equivalente a um óbito a cada 8 segundos. Doença cardiovascular é a principal causa de óbito entre as pessoas com diabetes, sendo responsável por aproximadamente metade dos óbitos por diabetes na maioria dos países. O diabetes é responsável por 10,7% da mortalidade mundial por todas as causas, e isso é maior do que a soma dos óbitos causados por doenças infecciosas (1,1 milhão por HIV/ AIDS, 1,8 milhão por tuberculose e 0,4 milhão por malária). DM TIPO 1 Tipo 1A – deficiência de insulina por destruição autoimune das células beta pancreáticas, comprovada por exames laboratoriais. • Tipo 1B – deficiência de insulina de natureza idiopática. • Corresponde a 5 a 10% de todos os casos. • Doença autoimune, poligênica. • Destruição das células b pancreáticas. • Deficiência completa na produção de insulina. • Mais frequentemente diagnosticado em crianças, adolescentes e, em alguns casos, em adultos jovens. • Afeta igualmente homens e mulheres. DM TIPO 2 Perda progressiva de secreção insulínica combinada com resistência à insulina. • corresponde a 90 a 95% dos casos de DM. • Etiologia complexa e multifatorial: forte herança • familiar, hábitos dietéticos e inatividade física >> excesso de peso (80 a 90% dos casos). • A partir da quarta década de vida. • Assintomática por muitos anos. • Raramente cursa com cetoacidose diabética. DIABETES GESTACIONAL Hiperglicemia de graus variados diagnosticados durante a gestação, na ausência de critérios de DM prévios. SINAIS E SINTOMAS DA DIABETES • Os 4 P’s: Poliúria, polidipsia, perda de peso, polifagia. • Sintomas menos específicos: Fadiga, fraqueza e letargia; Visão turva (ou melhora temporária da visão para perto); Prurido vulvar ou cutâneo, balanopostite; • Complicações crônicas: Proteinúria, Neuropatia diabética (câimbras, parestesias e/ou dor nos membros inferiores • Doenças intercorrentes. FATORES DE RISCO • Idade materna avançada. • Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual. • Disposição central excessiva de gordura corporal. • História familiar de Diabetes em parentes de primeiro grau. • Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual. • Antecedentes diabéticos de abortamento de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG. • Síndrome do ovário policístico. • Baixa estatura (inferior a 1,5 m). CRITÉRIOS PARA RASTREAMENTO DE DIABETES Indivíduos com idade < 45 anos, sugere-se rastreamento e DM2 em indivíduos com sobrepeso ou obesidade e que apresentem mais um fator de risco para DM dentre os seguintes: • Pré-diabetes; Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV • História familiar de DM (parente de primeiro grau); • Raça/etnia de alto risco para DM (negros, hispânicos ou índios Pima); • Mulheres com diagnóstico prévio de DMG; • História de doença cardiovascular; • Hipertensão arterial; • HDL-6 < 35 mg/dL e/ou triglicérides > 250 mg/dL; • Síndrome de ovários policísticos; • Sedentarismo; • Acantose nigricans. DIAGNÓSTICO NORMOGLICEMIA: • Em jejum (mg/dL): < 100 • Glicose 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose (mg/dL): Glicose em jejum (mg/dL): < 140 • HbA1c (%): < 5,7 Pré-diabetes ou risco aumentado para DM: • Em jejum (mg/dL): ≥ 100 E <126* • Glicose 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose (mg/dL): ≥ 140 e < 200 • HbA1c (%): ≥ 5,7 e < 6,5 A pré diabetes não caracteriza uma patologia em si, mas uma condição de alto risco para o desenvolvimento de DM2. DIABETES ESTABELECIDO: • Glicose 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose (mg/dL): ≥ 200. • Glicose ao acaso (mg/dL): ≥ a 200 com sintomas inequívocos de hiperglicemia. • HbA1c (5): > ou igual a 6,5. Na ausência de sintomas de hiperglicemia é necessário confirmar o diagnóstico pela repetição de teste. FATORES QUE AFETAM A RESISTÊNCIA A INSULINA Puberdade, gestação e envelhecimento; Etnia; medicamentos corticoides, inibidores de protease etc.; Obesidade, dislipidemia, hipertensão e diabetes tipo 2; Doenças autoimunes, infecções e estresse fisiológico. SÍNDROME METABÓLICA Fatores associados: • Apneia do sono, esteatose hepática • Obesidade central • Dislipidemia aterogênica • Resistência insulínica • Hipertensão arterial QUAIS OS CRITÉRIOS PARA DIANÓSTICO DE SÍNDROME METABÓLICA ABORDAGEM DA PESSOA PORTADORA DE DIABETES ASPECTOS RELEVANTES DA HISTÓRIA CLÍNICA DA PESSOA COM DM • Identificação: sexo, idade, raça e condição socioeconômica. • História atual: duração conhecida do DM e controle glicêmico; sintomas (polidipsia, poliúria, polifagia, Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV emagrecimento, astenia, prurido vulvar ou balanopostite, diminuição brusca da acuidade visual, infecções frequentes), apresentação inicial e evolução dos sintomas, estado atual. • Investigação sobre diversos aparelhos e fatores de risco: dislipidemia, tabagismo, sobrepeso e obesidade, sedentarismo, perda de peso, características do sono, função sexual, dificuldades respiratórias. Queixas sobre infecções dentárias, da pele, de pés e do aparelho genito-urinário; úlcera de extremidades, parestesias, distúrbios visuais. • História pregressa: infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular cerebral (AVO) prévios; intercorrências metabólicas anteriores (cetoacidose, hiper ou hipoglicemia etc.); passado cirúrgico e história gestacional. • História familiar: de diabetes mellitus (pais, filhos e irmãos), doença cardiovascular e outras endocrinopatias. • Perfil psicossocial: hábitos de vida (incluindo uso de álcool e outras drogas), condições de moradia, trabalho, identificação de vulnerabilidades, como analfabetismo e déficit cognitivo, potencial para autocuidado, rede de apoio familiar, entre outros. • Avaliação de consumo alimentar: incluindo o consumo de doces e açúcar, sal, gordura saturada e cafeína. • Medicações em uso: uso de medicações que alteram a glicemia (tiazídicos, betabloqueadores, corticosteroides, contraceptivos hormonais orais, por exemplo); tratamentos prévios e resultados. • Prática de atividade física ASPECTOS RELEVANTES DO EXAME FÍSICO DA PESSOA COM DM Medidas antropométricas: obtenção de peso e altura para cálculo do índice de massa corporal (IMC) e aferição da cintura abdominal (CA). • Exame da cavidade oral: atenção para a presença de gengivite, problemas odontológicos e candidíase. • Medida da PA e frequência cardíaca: duas medidas de PA, separadas por, pelo menos, um minuto, com paciente em posição sentada. (EM DUAS POSIÇÕES) • Pescoço: palpação de tireoide (quando DM tipo 1). • Ausculta cardíaca e pulmonar. • Exame dos pés: lesões cutâneas(infecções bacterianas ou fúngicas), estado das unhas, calos e deformidades. Avaliação dos pulsos arteriais periféricos e edema de membros inferiores; exame neurológico sumário. • Exame de fundo do olho ROTINA COMPLEMENTAR MÍNIMA PARA PESSOA COM DM • Glicemia de jejum e HbA1C. • Colesterol total, HDL e triglicerídeos. ➢ A fração LDL pode ser calculada utilizando-se a fórmula de Friedewald: LDL = CT – HDL – TG/5 (para triglicerídeos abaixo de 400 mg/dL). • Creatinina sérica. • Exame de urina tipo 1 e, se necessário, • microalbuminúria ou relação albumina/creatinina. • Fundoscopia. OBS. Diabetes é uma condição sensível à Atenção Primária à Saúde. QUAIS AS METAS NO CONTROLE DO DIABETES? TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS: MEDIDAS DE ESTILO DE VIDA MUDANÇA DO ESTILO DE VIDA A mudança do estilo de vida reduziu a incidência de DM2 em 58% em 3 anos e em 34% ao longo de 10 anos • Ponto chave: envolvimento do paciente e dos familiares • Educação voltada para a autogestão contínua • Serviços multidisciplinares • Individualização do tratamento • Fatores psicossociais que afetam o autogerenciamento PRINCÍPIOS GERAIS DA ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL NO DIABETES MELLITUS A DIETA LOW CARB OU BAIXA EM CARBOIDRATOS PROMOVE MAIOR REDUÇÃO DA HBA1c QUE A DIETA NORMAL NESSE NUTRIENTE? NÃO. Embora existam inúmeros estudos com diferentes proporções de carboidratos, ainda não é possível afirmar uma proporção específica desse nutriente para Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV pessoas com diabetes e se essa proporção é diferente da população em geral. Como o carboidrato é o nutriente que exerce maior influência na variabilidade glicêmica pós-prandial, as evidências atuais sugerem que tipo de carboidrato independente da proporção tem grande relevância. Isso porque carboidratos, quando consumidos na forma de açúcares ou amido, apresentam respostas diferentes daqueles consumidos prioritariamente com fibras, compostos bioativos, vitaminas, minerais e baixo teor de gorduras. Além disso, a resposta pode ser mais lenta e menos exacerbada conforme a forma de consumo. Diretrizes internacionais sobre diabetes lançadas nos últimos anos reforçam com alto grau de evidência (A) importância da inclusão de cereais integrais como parte da alimentação diária. A diminuição da sacarose pela indústria alimentícia não deve ser sinônimo de um aumento expressivo de edulcorantes e outros aditivos em produtos industrializados. A preferência por alimentos in natura, e minimamente processados, e a moderação no consumo de alimentos processados e ultra processados devem ser prioridades para toda a população, com ou sem diabetes. Quanto aos princípios da alimentação saudável deliberados pelas sociedades científicas, é consenso a importância de incentivar o consumo de carboidratos a partir de vegetais, frutas, grãos integrais, legumes e produtos lácteos, evitando- -se fontes de carboidratos que contenham altas concentrações de gorduras, açúcares e sódio. Vale destacar que a OMS não recomenda concentrações inferiores a 130 g/dia para adultos, por ser uma importante fonte de substrato energético cerebral e para outros processos metabólicos INGESTÃO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS As mesmas precauções direcionadas à população em geral sobre o consumo de álcool aplicam-se aos indivíduos com diabetes. Bebidas alcoólicas consumidas durante uma refeição, incluindo carboidratos, podem levar, inicialmente, a maiores níveis glicêmicos e insulinêmicos em pacientes com DM2. Dependendo da natureza dos carboidratos na refeição, ou em período de jejum, poderá ocorrer hipoglicemia reativa. O álcool afeta a alimentação e a glicemia, prejudicando o controle do DM2. Como interfere na ação da insulina, dos secretagogos de insulina e do glucagon, aumenta o risco de hipoglicemia em indivíduos que fazem uso dessas substâncias. Pode, também, reduzir os níveis glicêmicos e a consciência de hipoglicemia (o álcool e a hipoglicemia têm efeitos adversos independentes, mas aditivos, sobre a função cognitiva). A redução da ingestão energética, que pode incluir consumo diminuído de álcool (1 g de álcool = 7 kcal), é importante para o controle do peso em indivíduos com sobrepeso ou obesidade, como parte da gestão do diabetes. Para adultos com diabetes, a ingestão diária de álcool deve ser limitada a uma dose ou menos para mulheres e a duas doses ou menos para homens. Entendem-se por uma dose 150 mL de vinho (uma taça), 360 mL de cerveja (uma lata pequena) ou 45 mL de destilados (uma dose com dosador-padrão), medida equivalente a 15 g, em média, de etanol. Nesses casos, deve ser ingerido com carboidrato durante o consumo da bebida ou antes, sendo necessário, por vezes, ajuste da dose de insulina ou dos secretagogos de insulina. Se o exercício físico acompanhar o consumo de bebida alcoólica, em período noturno, a glicemia deverá ser monitorada durante a noite e no dia seguinte • Bebida alcóolica + carboidratos: risco de hipoglicemia • Álcool + hipoglicemia: rebaixamento cognitivo • Álcool = ingestão energética • 1 dose para as mulheres, 2 doses para os homens Obs. O profissional de saúde deve discutir o consumo de álcool com seus pacientes, para informá-los do possível ganho de peso e dos riscos de hipoglicemia. RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES • Existem cinco estágios de mudança que os indivíduos percorrem ao alterar o próprio comportamento: pré-contemplação, contemplação, preparação, ação e manutenção. • É necessário que se incorporem nos serviços de saúde novas abordagens capazes de motivar os pacientes com diabetes Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV • Intervenções educativas levam à melhora dos índices de massa corpórea das pessoas com diabetes. • Atividades em grupo, conduzidas pela equipe multidisciplinar, estimulam a socialização e a consequente troca de experiências, aumentando o conhecimento do indivíduo acerca da própria doença. • O educador deve levar em consideração a autonomia da pessoa: mais do que transferir conhecimentos, precisa abrir espaço para que o paciente construa os próprios objetivos. • Em uma abordagem centrada no paciente, a comunicação eficaz é considerada a rota para o engajamento do paciente, • Questões abertas, para entender os aspectos emocionais, as percepções e conhecimentos do paciente, proporcionam uma avaliação centrada na pessoa com diabetes que podem ser usadas no diagnóstico e/ou em outros encontros para auxiliar no processo educativo contínuo. • Comparando-se a educação individual (por intermédio de consultas com nutricionistas, enfermeiras ou outros educadores) à educação em grupos de pacientes, utilizando-se a mesma metodologia, o resultado sobre o controle metabólico foi equivalente. O aprendizado em grupo apresentou melhor relação custo-benefício. • As habilidades a serem desenvolvidas na educação em diabetes incluem: inspecionar os pés regularmente, monitorar a pressão arterial, automonitoramento da glicose no sangue e manutenção de registros de cuidados pessoais. • O desenho e a implementação de novas tecnologias devem ser criteriosamente estudados, para que sejam cada vez mais utilizadas, porém com a qualidade e efetividade necessárias. • O educador e o educando tornam-se sujeitos que aprenderão com as experiências de ambos, tornando o processo natural e capaz de promover mudanças. • É essencial a adoção de estratégias promotoras de mudanças comportamentais, incluindo informação, educação e comunicação interpessoal (profissional/individuo), adaptadas aos objetivos, ao contexto sociocultural e ao estilo de vida da pessoa com diabetes. • Sugere-se o uso de um questionário para identificar o nível de informaçãoe qualidade de vida. • Mudanças no estilo de vida são difíceis de serem implementadas, mas muitos hábitos podem ser modificados com estimulação constante ao longo do acompanhamento interdisciplinar. • A educação em diabetes é um dos mais importantes investimentos em longo prazo, já que os custos da saúde dos indivíduos com diabetes e os gastos sociais decorrentes das complicações da doença são altos. • O saber escutar e uma análise em conjunto (profissional e paciente) sobre as falas e percepções são determinantes para aprofundar o diálogo em torno das necessidades e demandas em um processo de interação que visa à melhora do autocuidado e ao consequente sucesso no controle do diabetes. COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ESTÁGIOS DE MUDANÇA No início do acompanhamento nutricional, é comum que os pacientes apresentem dificuldade em aceitar e implementar as mudanças necessárias no comportamento alimentar. Muitos indivíduos apresentam resistência à mudança, e outros podem ser rigorosos demais, pela ansiedade em mudar em virtude do medo das complicações da doença. Nesse sentido, é importante identificar o estágio de prontidão para mudança de comportamento, a fim de ajustar a abordagem nutricional e potencializar a adesão ao tratamento. No aconselhamento nutricional, deve-se investigar se o paciente buscou mudar e como foi essa experiência. É importante esclarecer que o autocuidado deve ser implementado antes de surgirem complicações clínicas, reforçando a responsabilidade do paciente no processo de mudança. Além disso, desconstruir mitos e crenças sobre a alimentação auxilia na flexibilização da dieta e favorece a adesão ao tratamento nutricional. Portanto, o planejamento alimentar deve considerar não apenas as necessidades nutricionais, mas também preferências alimentares, cultura, acesso aos alimentos, motivação e habilidades do paciente para a mudança de comportamento alimentar. Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: ESCOLHA DO AGENTE ANTIDIABÉTICO A escolha do medicamento deve levar em consideração: • Estado geral e idade do paciente; • Obesidade; • Comorbidades presentes (complicações do diabetes ou outras), principalmente doença renal crônica diabética e doença cardiovascular; • Valores das glicemias de jejum e pós-prandial, bem como HbAIC; • Eficácia do medicamento; • Risco de hipoglicemia; • Possíveis interações com outros medicamentos, reações adversas e contraindicações; • Custo do medicamento; • Preferência do paciente. PRINCIPAIS ANTIDIABÉTICOS ORAIS CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DOS ANTIDIABÉTICOS RECOMENDAÇÕES GERAIS COM BASE NOS OBJETIVOS DE CONTROLE GLICÊMICO • Em pacientes com diagnóstico recente, a principal indicação consiste em modificação do estilo de vida associada ao uso da metformina • Quando a glicemia for inferior a 200 mg/dL, estarão indicados os medicamentos que não promovem aumento da secreção de insulina (principalmente obeso). • Quando a glicemia for superior a 200 mg/dL, mas inferior a 300 mg/dL, o tratamento oral vai depender do predomínio da insulinorresistência ou de insulinodeficiência/falência das células beta. • No paciente obeso, em associação à metformina, preferir medicações que levem a perda de peso, como análogos do GLP-1 e inibidores do SGLT2. • Nos pacientes com doença cardiovascular estabelecida, em associação à metformina ou em monoterapia, preferir os análogos do GLP-1 ou os inibidores do SGLT2. • Nos pacientes com DM2 e insuficiência renal leve e moderada, estão indicados os análogos do GLP- 1 e/ou os inibidores do SGLT2 • Nos pacientes com doença cardiovascular estabelecida, mas com predomínio de insuficiência cardíaca, preferir os inibidores do SGLT2 em associação a metformina. • Com os anos de evolução do DM2, ocorre redução da secreção de insulina com falha na monoterapia e/ou combinação de agentes orais com mecanismos de ação diferentes. • Quando houver necessidade de combinação terapêutica, a insulina basal noturna é uma opção eficaz associada a um ou mais agentes orais. COMPLICAÇÕES CRÔNICAS Redução do risco cardiovascular e tratamento da dislipidemia Fatores de estratificação para pacientes com DM Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV • Idade > 49 anos para homens e > 56 anos para mulheres; • Diabetes mellitus com duração superior a 10 anos; • História familiar prematura de doença cardiovascular, • Presença de síndrome metabólica (critérios da IDF); • Hipertensão arterial sistêmica tratada ou não tratada; • Tabagismo atual; • Taxa de filtração glomerular estimada < 60 mL/min; • Albuminúria > 30 mg/g de creatinina; • Neuropatia autonômica cardiovascular; • Retinopatia diabética. Doença aterosclerótica clínica. • Síndrome coronariana aguda; • Angina estável ou infarto agudo do miocárdio prévio; • AVC isquêmico ou ataque isquêmico transitório; • Insuficiência vascular periférica (úlcera isquêmica); • Revascularização de qualquer artéria por aterosclerose: carótidas, coronárias, renais e de membros inferiores; • Amputação não traumática de membros inferiores; • Doença aterosclerótica grave com obstrução > 50% em qualquer artéria. DEFINIÇÃO DAS CATEGORIAS DE RISCO EM PACIENTES COM DM AVALIAÇÃO, PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO Áreas com pressão plantar anormal, favorecendo a úlcera de pé diabético. (A) Deformidades neuropáticas (dedos em garra), pele seca em calcâneo e hiperqueratose. Hipotrofia grave de músculos interósseos, hiperextensão de tendões e dedos em garra; (B) polineuropatia diabética motora com hipotrofia de pequenos músculos. FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA E DA PRESSÃO Estesiômetro ou monofilamento de náilon O estesiômetro de Semmes-Weinstein apresenta-se em um kit com o monofilamento de náilon de 10 g, da cor laranja, que detecta alterações de fibras grossas (A alfa [α] e beta [β]), relacionadas com a sensibilidade protetora plantar, que, em estudos prospectivos, está relacionada à sensibilidade de 66 a 91%, especificidade de 34 a 86% e valor preditivo negativo de 94 a 95%, colocando-o como o instrumento recomendado para o Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV rastreamento de PND e de risco de ulceração neuropática. Áreas de teste Aplicação do monofilamento de 10 g. O local de teste deve ser silencioso, mostrar o instrumento e explicar o teste ao paciente. Solicitar que diga “sim” ou “não” durante o toque nas áreas de teste (para confirmar a existência ou não de sensibilidade), aplicando força apenas o suficiente para curvar o monofilamento; procede-se a uma aplicação simulada e uma aplicação concreta nas mesmas áreas, para confirmar a identificação, pelo paciente, do local testado: se duas em três respostas estiverem corretas, descarta-se perda de sensibilidade protetora (PSP). Qualquer área insensível indica sensibilidade protetora alterada. FERRAMENTAS PARA A AVALIAÇÃO DA DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA Determinação do índice tornozelo-braço: com manguito de pressão, aferem-se as pressões sistólicas bilateralmente das artérias braquiais e das artérias do tornozelo (pediosas/tibiais anteriores e posteriores). A pressão sistólica máxima obtida das artérias do tornozelo é dividida pela maior pressão sistólica das artérias braquiais. O resultado do índice de 0,9 a 1,30 é normal e afasta DAP RECOMENDAÇÕES • Instrua uma pessoa com diabetes em risco 1 a 3 para não andar com os pés descalços, não usar sapatos sem meias ou com chinelos de sola fina, seja em ambientes fechados, seja ao ar livre. • Instrua e incentive a pessoa com risco 1 a 3 a inspecionar diariamente os pés e o interior dos caçados; lavar os pés diariamente esecar bem entre os dedos; usar emolientes para lubrificar a pele seca; cortar as unhas dos dedos dos pés de lado a lado; evite usar agentes químicos ou qualquer outra técnica para remover calos ou hiperqueratose. • Forneça educação estruturada a uma pessoa com diabetes com risco 1 a 3 sobre o autocuidado adequado dos pés, para prevenir ulceração. TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS ASSOCIADO A OUTRAS COMORBIDADES Manifestações musculoesqueléticas do diabetes mellitus Inúmeras associações entre diabetes mellitus (DM) e doenças musculoesqueléticas já foram descritas. Complicações musculoesqueléticas podem ocorrer em cerca de 36 a 75% dos pacientes com DM. Algumas dessas associações são indiretas, com fatores em comum tanto com o DM quanto com a doença reumática; por exemplo, a obesidade e a dislipidemia, que também se vinculam à gota e à osteoartrite. Outras doenças reumáticas são secundárias a complicações neurológicas e vasculares do DM, como a atroparia de Charcot e as osteólises. Muitas surgem por motivos ainda pouco claros, às vezes precedendo o aparecimento do DM, como a contratura de Dupuytren, ou ocorrem com mais frequência em familiares sem diabetes, como a espôndilo-hiperostose difusa idiopática (diffuse idiopathic skeletal hyperostosis, DISH). Outras, por sua vez, podem ser consideradas complicações do diabetes. A exposição crônica à hiperglicemia leva à formação de produtos finais da glicação avançada não enzimática (advanced glycation end-products, AGE) e de receptores de AGE (RAGE) nas estruturas ricas em colágeno, tornando o sistema musculoesquelético mais suscetível a dor, rigidez, limitação articular e lesão tecidual. Síndromes fibrosantes associadas ao diabetes incluem capsulite adesiva (CA) do ombro, tenossinovite de DeQuervain, dedo em gatilho, síndrome do túnel do carpo, contratura de Dupuytren e quiroartropatia diabética. Associações mais importantes entre diabetes mellitus e patologias reumatológicas. Manifestações (sinonímias) Intrínsecas ao DM - Quiroartropatia diabética (síndrome da mão rígida ou limitação da mobilidade articular); - Infarto muscular diabético (mionecrose asséptica ou mionecrose diabética ou isquemia muscular diabética). Incidência aumentada em DM • Contratura de Dupuytren; • Tenossinovite do flexor palmar (dedo em gatilho ou tenossinovite estenosante do flexor de um dedo); • Síndrome da dor complexa regional tipo I (algoneurodistrofia, algodistrofria, distrofia neurológica simpática reflexa, atrofia de Sudeck); • CA do ombro (ombro congelado, periartrite de ombro ou bursite obliterativa); • Espôndilo-hiperostose difusa idiopática (EHDI), doença de Forestier, hiperostose anquilosante; • Piomiosite; Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV • Artrite séptica; • Amiotrofia; • Artropatia de Charcot (neuroartropatia); • Osteólise (osteodistrofias reabsortiva e diabética); • Periartrite (tendinite) calcária de ombro (tendinite insercional calcificada ou manguito rotador calcificado); • Osteoartrose; • Síndrome do túnel do carpo. TRATAMENTO CIRÚRGICO • Cirurgia metabólica para o paciente com diabetes e sobrepeso ou obesidade grau 1 • Cirurgias restritivas • Cirurgias disabsortivas • Cirurgias mistas Referências: • SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2019-2020. • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 162 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 35)
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