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Victoria Maria Sampaio Carneiro 
 
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Quando falamos em micoses estamos falando de infecções fúngicas, as superficiais são as mais prevalentes, mas 
também temos as profundas e sistêmicas. 
Elas ficam na camada superficial de cabelo, unha e pele dependendo d afinidade do patógeno com essas estruturas. 
Ainda subdividimos as superficiais em propriamente dita- que realmente ficam restritas a camada córnea, a cutícula 
do cabelo e por isso ela tem uma resposta mínima ausente, ou seja, se ela não entra na camada da pele ela não suscita 
resposta inflamatória e consequentemente a resposta imune não há contato com células apresentadoras de antígeno. 
Por conta disso elas tendem a cronificar ao permanecer muito tempo com o paciente, visto que passam despercebidas. 
Os fungos que fazem infecções superficiais não possuem a intenção e matar o hospedeiro, eles são comensais, e dessa 
forma eles acabam sendo bem difíceis de tratar, pois acabam sendo bem resistentes a terapia. Dentre essas infecções 
nós temos a Ptiriase Vesicolor (pano branco), a Piedra branca e a Piedra negra, e a Tinea Negra. Quando ultrapassamos 
essa camada superficial propriamente dita, chegamos as micoses cutâneas e cutaneomucosas. 
PITIRÍASE VERSICOLOR/”PANO BRANCO” 
Versicolor é porque pode ser de várias cores, apesar de chamarmos de pano branco, ela pode ser hipo crômica, pode 
ser rósea ou alaranjada. A levedura da Malassezia que faz a doença e ela é antropofílica, ou seja, ela tem afinidade 
pelo ser humano e é lipo dependente, por isso os locais de acometimento são onde houver glândulas sebáceas, assim 
ela acaba tendo a mesma topografia da dermatite seborreica (colo, dorso, tronco, flexuras, centro facial etc), então 
não será comum observar a presença da Pitiríase versicolor em tronco inferior, MMII etc, dessa forma sempre que 
houver lesões extensas e acometendo esses membros precisamos pensar se o paciente não possui uma resposta 
imune alterada que possa estar favorecendo a proliferação desordenada. É um fungo que está na nossa flora, então 
não é um fungo que pegamos de outras pessoas ou transmitimos, ela mora na nossa pele. 
Eles fazem infecção crônica da camada córnea, em geral é assintomática, é muito raro encontrar alguém que diga que 
possui prurido e a distribuição é universal, ou seja, todos os sexos, etnias, em todas as idades e em qualquer lugar do 
mundo o fungo está presente. Apesar disso o maior acometimento acaba sendo em adultos jovens e pós púberes por 
conta da maior produção de sebo/gordura. 
Quais são os fatores que levam a esses desequilíbrios? Idade (adultos jovens), predisposição genética (poligênica), 
hiper oleosidade e hiper hidratação (o que mais ocorre/maior prevalência nos consultórios), má nutrição, 
avitaminoses, gravidez, uso de corticoide, uso de ACP e imunodeficiências. 
Como é a clínica? Lesões maculares/manchas que tendem a ser múltiplas e podem começar apenas ao redor do 
folículo. Tem uma descamação fina e quando estiramos a pele do paciente e a mancha sai uma descamação furfurácea 
(parece farinha) que é o sinal de Zileri positivo que é o sinal patognomônico de pitiríase versicolor. A cor é variável, 
pode ser hipo crômica, eritematosa- a qual pode possui um pouco de inflamação e por isso ocorre um prurido leve. 
Essas lesões costumam ser hipo crômicas porque esse fungo consegue inibir a reação de conversão da melanina 
através da dopa-tirosinase (enzima) e a cor da pele acaba só normalizando com o tempo, por isso a coloração não é 
critério de cura. Acomete tronco, ombros, parte superior de braços, pescoço, face e dobras flexuarais. Tende a ocorrer 
em surtos e recidivas, principalmente nos pacientes que possuem predisposição genética. É uma lesão que fica restrita 
a camada córnea. 
Victoria Maria Sampaio Carneiro 
 
 
Diagnóstico? O diagnóstico é clínico, mas é possível fazer um exame micológico e cultura, mas não é necessário fazer. 
Como é feito o tratamento? O tratamento consiste em orientação sobre higiene e fatores predisponentes; usamos 
muito o shampoo de cetoconazol no tratamento durante 30 dias e depois reduzimos para 3x/semana, pode ser 
necessário usar o cetoconazol tópico de 12/12h por 30 dias ou mais. É uma infecção crônica difícil de tratar, 
classificamos as infecções como redicivantes quando o paciente tem 4 episódios por ano, se ele ultrapassar os 4 
episódios é porque ele possui uma infecção crônica e para esses casos fazemos o tratamento sistêmico com 
cetoconazol/itraconazol V.O e matamos o tópico por longos períodos. 
Diagnósticos diferenciais? Precisamos pensar pitiríase alba (pele ressecada) e hanseníase (principalmente se não 
houver descamação) e às vezes hipocromia residual. 
PIEDRA BRANCA 
O que é? É uma infecção crônica superficial e assintomática da cutícula do pelo por uma levedura do gênero 
Trichosporon e também é parte da nossa microbiota, porém em regiões tropicais e temperadas pode ser encontrado 
no solo, água e vegetais, então não há relação com a higiene do indivíduo, tem relação com indivíduos contaminados 
que passam para os outros e entram em contato com o solo e transmitem. 
Como é a clínica? São nódulos brancos (parecem lêndeas) firmes e irregulares que ficam aderidos ao coro cabeludo e 
a área genital e de barba são as mais acometidas segundo a literatura, mas de acordo com a professora são menos 
frequentes que no couro cabeludo. Em épocas de verão podem ocorrer surtos. 
 
Tratamento? É bem difícil, em geral solicitamos que cortem os fios o mais curto possível e junto o uso de cetoconazol 
shampoo por longos períodos. 
Piedra preta. 
O que é? É uma infecção crônica superficial e assintomática da cutícula do pelo que não apresenta coceira, nem nada 
apenas as nodulações pretas. É mais comum na região amazônica e margens de rios. O diagnóstico e tratamento é 
igual ao da Piedra branca. 
 
Victoria Maria Sampaio Carneiro 
 
 
TINHA NEGRA 
O que é? É uma infecção pelo Hortaea werneckii, que é um fungo que faz infecções assintomáticas e superficiais na 
camada córnea. É geofílico, ou seja, está relacionado ao contato com o solo/jardinagem, ou seja, pacientes que 
entram em contato com solo contaminado podem acabar evoluindo com a infecção. O acometimento é universal, mas 
acaba sendo mais comum em adultos jovens e mulheres, a hiper hidrose é um fator de risco. 
Como é a clínica? Aparece como uma mácula acastanhada assintomática que vai crescendo centrifugamente nas 
margens e é bem delimitada com escurecimento progressivo (o paciente costuma vir ao consultório com medo que 
seja algum melanoma, que acaba também sendo um diagnóstico diferencial). Em geral acomete a palma das mãos, 
planta dos pés, pescoço e tórax. O diagnóstico é clínico! 
 
Tratamento? Usamos agentes queratolíticos como ureia, ácido salicílico e também prescrevemos antifúngicos tópicos 
de 12/12h até a melhora. 
Até agora falamos de fungos que acometem a camada superficial propriamente dita, mas quando eles começam a 
aprofundar mais entramos nos grupos das Dermatofitoses. Eles conseguem entrar nas camadas mais profundas 
porque conseguem metabolizar queratina. Subdividimos esses fungos em geofilicos (solo), zoofilicos (animais)e 
antropofilicos (transmitido entre humanos). Em geral tem crescimento de modo centrifugo para a periferia e formam 
um aspecto circular. 
Grupos de fungos queratinofílicos (invadem tecidos queratinizados de seres humanos e animas). São mais comuns nos 
homens (antropofúilico) aparecendo no pé e virilha, enquanto que nas crianças acomete mais o couro cabeludo (Tinea 
capitis). Imunodeprimidos podem ter dermatofitoses de repetição, hábitos de higiene são muito importantes e 
populações que vivem em locais fechados (asilos, presídios) são de risco; e são mais comuns no verão e outono. Então 
como você pega uma dermatofitose? Através de contato com animais ou outras pessoas, ou através do fômites 
quando a espécie é antropofílica. 
Tinea=Tinha-dermatofitose= dermatose causada por dermatófitos 
Quando é geofílico e zoofílico, costuma ocorrer uma reação inflamatória, então as lesões na pele apresentam 
eritema, secreção e descamação, isso acontece porque essas espécies tem pouca adaptação ao ser humano aí fazem 
essa reação inflamatória. Quando é o contrário (uma espécie bem adaptada) as lesões tendem a ter menos inflamação 
e a cronificar mais. A integridade da barreira natural geralmente está prejudicada assim como nas infecções 
bacterianas, e a umidade local é um pré requisito pra que ocorra a infecção (ex: “pé de atleta”). O diagnóstico é 
SEMPRE clínico! A progressão depende de fatores do fngo e do hospedeiro e as manifestações clínicas vão depender 
da topografia dos acometimentos. 
Relacionadas com 3 gêneros: Microsporum, Trichosphyton, Epidermophyton 
 
 
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TINEA CAPITIS/ TINHA DO COURO CABELUDO 
Mais comum em crianças, mais prevalente em áreas de pobreza e hábitos precários de higiene porque a transmissão 
é feita por fômites (escovas, travesseiros, brinquedos) também. Os adultos em geral são subclínicos, assintomáticos. 
Quando é a microspórica a gente chama de lesão única, porque em geral eles são essas espécies zoofílicas ( M.canis, 
T. tonsurans) faz muita lesão inflamatória aguda e pode fazer uma “Kerion celsi” e se não tratada há destruição do 
folículo e o paciente fica com uma região de alopecia para o resto da vida (alopecia cicatricial). Quando é tricofítica 
apresenta múltiplas lesões porque o fungo possui uma afinidade pelo ser humano e consegue “se espalhar quietinho” 
sem muita resposta inflamatória. 
 
 Tinha do cc: Kerion celsi 
Eles podem afetar só por fora do fio de cabelo fazendo uma lesão que chamamos de “ectotrics”, não penetrando 
dentro da haste; pode haver penetração dentro da haste e há um que faz uma infecção chamada favozea. 
Vemos nesses pacientes placas de alopecia (principalmente os endotrics) e fios de diferentes tamanhos, às vezes com 
a resposta inflamatória intensa encontramos os “Kerion celsi”- lesão descamativa, purulenta. 
TINEA DA BARBA 
Clássica placa eritematosa descamativa. Na forma sicosiforme é semelhante a uma foliculite bacteriana. 
Inflamatória- correspondente a do couro cabeludo na barba. Lembra kerion celsi 
 
Victoria Maria Sampaio Carneiro 
 
TINEA DA FACE- localizações variam. Bordas podem ser elevadas crescendo centrifugamente. 
 
Tinea corpitis- podem ocorrer em qualquer região do corpo, pode crescer em vesícula, forma anular clássica (impinge) 
ou em forma de placas. Nos adultos é comum na região inguino crural (dobra da virilha) e tem muito haver com 
higiene. 
 
TINHA DA UNHA- pode ter acometimento subungueal distal e/ou lateral, subungueal proximal, superficial branca, 
distrofia parcial ou total que são nas infecções já crônicas. O fungo vai metabolizando a queratina e causando essas 
alterações. Quando estiver acometendo perto da matriz devemos investigar a presença de imunossupressão. Fazem 
lesão superficial branca. 
 
Atenção! Ornicomicose é um termo genérico = dermatófitos + leveduras + não dermatófitos. Ou seja, estamos 
incluindo as tinhas das unhas, mas também estamos incluindo leveduras como a cândida e outras espécies de fungos. 
Assim, ao falar em dermatomicoses nós estamos definindo o agente. 
TINHA DA MÃO- é mais rara, em geral acomete mais pacientes que mexem com flor/terra, é um diagnóstico diferencial 
importante para dermatite de contato, pois o eritema e a descamação difusa estão presentes. Pode acometer apenas 
uma mão ou as duas (se fosse dermatite de contato afetaria as duas). 
 
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TINHA DO PÉ- é a mais comum, há formação de placas com bordas ativas, eritematosas com muita descamação e 
pode fazer vesícula, crosta. Progride de acordo com a imunidade do paciente, pacientes diabéticos ou com 
insuficiência venosa em geral tende a ter casos mais graves. Atenção para as “frieiras” / “pé de atleta” que são difíceis 
de tratar e funcionam como porta de entrada para outros microorganismos mais perigosos. Enfatizar as questões de 
higiene como troca de meias, secar bem os pés, etc. 
 
TINHA IMBRICADA- comum na África. Agente T.concentricum 
 
TINHA INCÓGNITA- ocorre quando o paciente usa pomadas tópicas com corticoides como a Trok, as quais causam 
uma modificação da dermatofitose, acaba ocorrendo o mascaramento das características típicas. Por conta disso 
ocorre uma progressão e agravamento da infecção fúngica original e em geral para chegar a um diagnóstico é preciso 
fazer biópsia da lesão. 
 
Tratamento das dermatofitoses é feito utilizando os antimicolícos de amplo espectro. Fazemos terapia tópica nas 
lesões isoladas através de derivados imidazólicos, terbinafina, ciclopirox olamina. Já nas lesões de couro cabeludo e 
imunodeprimidos utilizamos terapia sistêmica com griseovulvina, itraconazol, terbinafina. É possível que em muitas 
situações seja recomendada a terapia combinada. Em geral o tratamento para unha do pé é de 9 a 12 meses, na unha 
da mão de 6 a 9 meses, o couro cabeludo 2 meses, corpo 1 mês, se for recidivante fazemos esquema de manutenção. 
CANDIDÍASES 
O que são? São infecções fúngicas cutânea, mucosa ou sitêmica extremamente comuns causada pela levedura da 
cândida. É um fungo com distribuição ampla que coloniza a microbiota da pele (boca, dobras da pele, orofaringe, 
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intestino, vagina e escarro) e também está presente no ambiente, mas a maioria das infecções tem origem endógena 
e são devido a uma desregulação da flora/imunidade/quebra de barreira do próprio paciente. 
Pode ter apresentação cutânea, mucosa ou sistêmica, está última mais associada aos pacientes imunodeprimidos e é 
considerada bem grave podendo ser fatal. O aumento da colonização acontece principalmente nos pacientes que 
utilizam ATB por tempo prolongado, pela quebra de barreira da pele (ex: queimados), diminuição da imunidade (Ex: 
SIDA/HIV, Câncer). É um fungo que possui espécies com alta virulência devido à aderência, formação de 
pseudomicélios, produção de enzimas e toxinas. 
Como é a clínica? A manifestação clínica depende da localização e o diagnóstico é clínico! Porém a cândida também 
possui testes micológicos e provas morfológicas que ajudam a diferenciar a espécie e são indicados para investigação 
de infecções resistentes. 
Como é o tratamento? O tratamento é feito nas lesões superficiais com derivados imidazólicos e nas lesões extensas 
é feito tratamento sistêmico com itraconazol ou fluconazol 150-300mg/semana. 
CANDIDÍASE CUTÂNEO-MUCOSA- Acontece muito frequentemente e acomete bastante em imunocompetentes (não 
há relatos em imunossuprimidos). Faz na boca, virilha, região genital. 
 
CANDIDÍASE ORAL/”SAPINHO”também conhecida como estomatite cremosa, é muito comum em bebês que usam 
mamadeira (aleitamento materno é fator protetor). Adultos diabéticos, idosos e imunodeprimidos (investigar AIDS). 
O uso de próteses dentárias e chupetas podem levar a formação da queilite angular. Em geral a clínica é composta por 
placas cremosas, esbranquiçadas e com eritema difuso sobre a língua/mucosa orofaríngea, pode fazer esofagite e 
inclusive esofagite por cândida é um critério definitivo de AIDS. 
 
CANDIDÍASE INTERTRIGINOSA- ocorre em áreas de dobras de pele. Relacionada a umidade, má higiene, obesidade, 
gestação e diabetes. A clínica é composta por placas eritematosas com exulceração, em geral úmidas. Pode haver 
fissuras e lesões satélites (pequenas pápulas muito comum nos pacientes diabéticos). 
 
Victoria Maria Sampaio Carneiro 
 
PARONÍQUIA E ORNICOMICOSE 
PARONÍQUIA- inflamação dos tecidos ao redor da unha por irritantes primários e colonização secundária de bactérias 
e leveduras. Por conta do contato constante com os agentes irritantes, essas lesões tendem a cronificar ocorrendo 
hipertrofia das dobras ungueais. O tratamento é feito comcombinação tópica de antifúngico+ ATB + corticoterapia 
(única indicação da pomada Trok N). 
 
ESCABIOSE 
O que é? Conhecida como Sarna, é causada pelo Sarcoptes scabiei que é um parasita obrigatório de mamíferos e aves. 
O ser humano transmite para outros seres humanos principalmente através do contato pessoal (fômites é 
excepcional). Fora do hospedeiro em condições ambientais normais sobrevive por 34-36h. Patologia: após o 
acasalamento o macho morre e a fêmea começa a pôr ovos e depositar fezes no sulco cutâneo causado por ela através 
do estrato córneo e granuloso da epiderme. 
Qual a clínica? A clínica da escabiose são os pacientes que chegam com relatos de prurido pior á noite que coincide 
com a presença de pápulas eritematosas que surgem 3 a 4 semanas após a infecção. Se for um caso de reinfestação 
as lesões e os sintomas são imediatos. As lesões são papulo vesiculares nos locais dos sulcos e generalizado por 
resposta imunológica. Sulco com pequena saliência linear que medem cerca de 1cm e em das extremidades há uma 
vesícula-pápula perlácea onde se encontra a fêmea do ácaro é a lesão patognomônica da escabiose. A distribuição 
clássica das lesões é nas axilas, mamas, pênis, nádegas, espaços interdigitais de mãos, pés e cintura. 
 
 
Em RN e jovens acomete mais a face e cc. As lesões podem ser eczematosas e urticadas e formar lesões nodulares. A 
Sarna Crostosa/Norueguesa está relacionada com imunossupressão; são lesões difusas hiperqueratóricas crostosas 
com fissuras na pele, as unhas ficam espessadas e distróficas e há prurido intenso. É uma condição bem precária. 
Como é o tratamento? O tratamento da escabiose é feito com “isolamento” do paciente por 24h e após esse período 
ele pode voltar às atividades. É imprescindível tratar todos os habitantes da casa. De uso tópico há a Permetrina 5% 
que é aplicado no corpo todo por 2 noites consecutivas e troca da roupa de cama no 3º dia; é também possível 
manipular enxofre 5% com vaselina uso por 4 noites seguidas; e há o benzoato de benzila 25% que também é usado 
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por 4 noites seguidas, mas infelizmente é um agente irritante e faz muita dermatite de contato. O mais comum é o 
uso da Ivermectina V.O, porém só pode ser usado em pacientes acima de 5 anos, é feita no D0 e repetida 7 dias depois. 
Se a sarna for crostosa é usada junto a Ivermectina a vaselina salicilada a 5% tópica e nas manifestações nodulares é 
usado corticóide tópico 12/12h com oclusão. 
PEDICULOSE 
O que é? São os piolhos, causada pelo Pediculus humanos, são hospedeiros altamente específicos dos seres humanos 
e vivem toda a sua existência no hospedeiro. Há formas que acaometem couro cabeludo 9P.capitis), o corpo 
(P.humanus) e os pelos pubianos (Pthirus pubis ta,bém conhecido como “chato”). 
Como é a clínica? A clínica da pediculose do couro cabeludo é: prurido secundário a reação de hipersensibilidade à 
saliva do ácaro, há lêndeas presas firmemente aos fios e crostículas hemáticas devido a pessoa coçar. No corpor há: 
prurido de intensidade variável, presença de máculas eritematosas, crostas e escoriações em região de tronco, axilas 
e nádegas, pode haver infecção secundária e liquenificação. Já a pediculose do púbis é caracterizada por: prurido, o 
parasita fica no folículo piloso e lêndeas, há escoriações e manchas cinza-azuladas em coxas e tronco. 
 
Como é o tratamento? O tratamento da escabiose no couro cabeludo é feito com Permetrina 1% shampoo (deixar por 
10min), Permetrina 55 loção (deixar durante a noite e remover 8h depois), é um tratamento que precisa ser repetido 
7 a 10 dias depois, a Ivermectina V.O também pode ser usada e mais uma vez deve ser tomada em D) e repetida 7 dias 
depois. Pode ser necessário remover as lêndeas com um pente fino e sempre tratar os contactentes. O tratamento 
pra escabiose do corpo consiste em lavar as roupas e manter hábitos de higiene. Já para a escabiose pubiana é 
necessário passar vaselina 2x/dia por 8 dias e remover manualmente o parasita. 
TUNGÍASE/ “BICHO DE PÉ” 
O que é? É uma infecção causada pela penetração da pulga Tunga penetrans, a qual vive em lugares secos e arenosos 
nas zonas ruais, currais e chiqueiros O hospedeiro são os seres humanos e porcos. É um animal hematófago, a fêmea 
fecundada penetra na pele introduzindo a cabeça e o tórax e deixa estigma respiratório e orifício ovopositor para fora, 
a pessoa é infectada ao andar descalça nessas regiões. 
Como é a clínica? A clínica é composta por nódulo amarelado com um ponto enegrecido no meio. Acomete mãos e 
pés. Há prurido e eventualmente dor. Quando há muitas lesões elas são em aspecto de favo. 
 
Victoria Maria Sampaio Carneiro 
 
Como é o tratamento? O tratamento é feito retirando a pulga com agulha após antissepsia local e posteriormente 
administração de tiabendazol 25mg/kg por 10 dias. A profilaxia é o uso de calçados. 
MIÍASE 
O que é? É uma infestação devido a invasão de tecidos e órgãos de humanos e animais por larvas de moscas. Pode 
transmitir várias doenças. Na infestação primária a larva invade obrigatoriamente o tecido sadio para se desenvolver, 
é um parasita obrigatório. 
Como é a clínica? Pode ser furunculoide, intracavitária e intestinal ocasional. Já na infestação secundária os ovos são 
colocados por moscas em ferimentos de pele e mucosas, são parasitas ocasionais. 
 
Como é o tratamento? O tratamento para a miíase consiste em retirar após obstruir com vaselina e esparadrapo, 
retirar as larvas após matar com uso de éter e uso de Ivermectina V.O nas formas cavitarias. 
LARVA MIGRANS/ “Bicho geográfico” 
O que é? É uma dermatite linear serpiginosa causada pela penetração de Ancylostoma brasiliensis. A transmissão 
ocorre quando o ser humano entra em contato com areia ou solo contaminado com fezes de cão e gato (isso é pior na 
época que ocorre chuvas). 
Qual a clínica? A clínica é composta por lesões lineares, salientes, eritematosas, serpiginosas. São muito pruriginosas, 
há eczematização e risco de infecção secundária. Podem estar presentes vesículas e bolhas devido a 
hipersensibilidade. Acomete pés, pernas e nádegas. No hemograma pode haver eosinofilia de 30% e a infestação 
intensa gera Síndrome de Loffler. 
 
Como é feito o tratamento? O tratamento é feito com Albendazol 40mg/dia por 3 dias, ou Ivermectina D0/D7, ou 
Tiabendazol tópico 5%. 
REFERÊNCIAS 
• BologniaJL,JorizzoJL,SchafferJV.Dermatologia.4ªed.Philadelphia,PA:ElsevierSaunders;2019. 
• BeldaJúniorW,DiChiacchioN,CriadoPR.TratadodeDermatologia.3ª.edição.SãoPaulo:Ed.Atheneu;2018.

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