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Autora: Profa. Thalyta Cardoso Alux Teixeira Colaboradoras: Profa. Renata Guzzo Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano Propedêutica e Processos de Cuidar da Saúde da Mulher Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Professora conteudista: Thalyta Cardoso Alux Teixeira Graduada em enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP), em 2004, mestre em enfermagem pelo Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da EERP/USP, em 2007, doutora em Ciências pelo Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da EERP/USP, em 2012. Especialista em Gestão em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), em 2016. É professora titular da Universidade Paulista (UNIP) desde 2012, ministrando aulas na graduação em Enfermagem nas disciplinas de Prática Clínica do Processo do Cuidar da Mulher, Criança e Adolescente, Propedêutica do Processo do Cuidar do Adulto e Propedêutica do Processo do Cuidar da Criança e Adolescente. Também ministra aulas na pós‑graduação de Enfermagem em Emergência e Terapia Intensiva do campus Swift, em Campinas e em Jundiaí. É coordenadora do curso de graduação em Enfermagem do campus Limeira. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) T766p Teixeira, Thalyta Cardoso Alux. Propedêutica e Processos de Cuidar da Saúde da Mulher. / Thalyta Cardoso Alux Teixeira. – São Paulo: Editora Sol, 2018. 144 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2‑038/18, ISSN 1517‑9230. 1. Saúde da mulher. 2. Enfermagem em ginecologia. 3. Organismo materno. I. Título. CDU 616‑083‑055.2 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Marcilia Brito Aline Ricciardi Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Sumário Propedêutica e Processos de Cuidar da Saúde da Mulher APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 APREDENDO A ANATOMIA E A FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ..............9 1.1 Anatomia do sistema reprodutor feminino ..................................................................................9 1.2 Fisiologia do sistema reprodutor feminino ................................................................................ 16 1.3 O ciclo menstrual ................................................................................................................................. 16 1.4 Aspectos relevantes sobre o ciclo reprodutivo: fecundação, desenvolvimento fetal e anexos gestacionais ...................................................................................................................... 18 1.5 A lactação ................................................................................................................................................ 26 2 A GESTAÇÃO E AS MUDANÇAS FISIOLÓGICAS DO ORGANISMO MATERNO .......................... 28 2.1 Alterações no sistema respiratório e cardiovascular ............................................................. 28 2.2 Alterações no sistema gastrointestinal e urinário .................................................................. 29 2.3 Alterações no sistema musculoesquelético e tegumentar .................................................. 30 2.4 Alterações hematológicas e hormonais ...................................................................................... 31 2.5 Alterações no metabolismo de carboidratos ............................................................................. 32 2.6 Alterações no sistema reprodutor e nas mamas ..................................................................... 32 Unidade II 3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ‑NATAL DE BAIXO RISCO E NO PARTO .................. 37 3.1 Diagnóstico de gravidez .................................................................................................................... 37 3.2 Fatores de risco reprodutivo ............................................................................................................ 37 3.3 A primeira consulta do pré‑natal .................................................................................................. 42 3.4 As consultas subsequentes ............................................................................................................... 50 3.5 Calendário de consultas .................................................................................................................... 51 3.6 Ações educativas e a amamentação ............................................................................................ 52 3.7 Procedimentos específicos realizados no pré‑natal ............................................................... 53 4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PARTO, CUIDADOS COM O RECÉM‑NASCIDO E PUERPÉRIO ............................................................................................................................................................ 60 4.1 Tipos de parto ........................................................................................................................................ 60 4.2 Períodos clínicos e mecânicos do trabalho de parto ............................................................. 62 4.3 Assistência de enfermagem no trabalho de parto ................................................................. 66 4.4 Cuidados de enfermagem ao recém‑nascido imediatamente após o parto................ 69 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 4.5 Assistência de enfermagem no período puerperal ................................................................. 73 4.6 Intervenções na manutenção da lactação e intercorrências mamárias ........................ 78 4.7 Planejamento familiar ........................................................................................................................ 81 4.8 Principais intercorrências clínicas durante o ciclo gravídico‑puerperal ........................ 84 Unidade III 5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM GINECOLOGIA.......................................................................... 93 5.1 Abordagem sindrômica e principais doenças sexualmente transmissíveis .................. 93 5.2 Anamnese, semiologia ginecológica e coleta da colpocitologia oncótica .................102 5.3 Ações educativas ................................................................................................................................1126 PRINCIPAIS DOENÇAS CRÔNICAS: CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E MAMAS ........................113 6.1 Câncer de colo de útero ..................................................................................................................113 6.2 Câncer de mama .................................................................................................................................117 Unidade IV 7 ASSISTÊNCIA À MULHER NA TERCEIRA IDADE .................................................................................126 7.1 Modificações fisiológicas do envelhecimento: climatério e menopausa ....................126 7.2 Tratamento e ações educativas ....................................................................................................129 8 ATENDIMENTO À MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA: SEXUAL, DOMÉSTICA OU INTRAFAMILIAR ..................................................................................................................................................130 7 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 APRESENTAÇÃO A saúde da mulher é um tema ímpar abordado no contexto da saúde atualmente. Por isso, este livro‑texto foi elaborado com o intuito de compartilhar o conhecimento a respeito da saúde da mulher e do papel do enfermeiro nesse cenário. O enfermeiro deve conhecer a anatomia e a fisiologia do sistema reprodutor feminino, a lactação e a amamentação, compreender como ocorre a fecundação, a gestação e as mudanças fisiológicas no organismo materno no período da gravidez para que possa implementar ações desde o pré‑natal de baixo risco até o puerpério. Durante o trabalho de parto, o enfermeiro deve garantir a assistência de enfermagem adequada e segura ao binômio mãe e filho, devendo compreender os períodos clínicos e os mecanismos do trabalho de parto, além de fornecer cuidados imediatos ao recém‑nascido, logo após o parto. No puerpério, deve compreender os principais aspectos da assistência fornecida à puérpera, por meio da consulta de enfermagem, e orientar sobre o planejamento familiar. Cabe ao enfermeiro atuar de forma preventiva, a fim de detectar precocemente a ocorrência de doenças crônicas, como o câncer de colo de útero e de mamas. Além disso, deve ter conhecimento em ginecologia a fim de identificar doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), de tratá‑las e de orientar a paciente sobre a sua prevenção. Também deverá atuar diante de mulheres que estão vivenciando o climatério e a menopausa, pois nesses períodos ocorrem mudanças hormonais que podem comprometer o bem‑estar e a saúde delas. Contudo, este livro‑texto busca apresentar os principais aspectos que atualmente são discutidos em relação à saúde da mulher, no Brasil, a fim de proporcionar ao aluno uma visão ampla sobre a atuação do enfermeiro, utilizando diretrizes recomendadas pelo Ministério da Saúde. INTRODUÇÃO A atenção à saúde da mulher, prestada pelos enfermeiros e alunos da graduação em Enfermagem, deve ter como características essenciais a humanização e a qualidade. A atenção humanizada e com qualidade depende de que os profissionais e alunos utilizem a empatia, saibam ouvir e, além disso, de que as rotinas sejam organizadas de forma que se utilizem apenas procedimentos comprovadamente benéficos para a saúde da mulher, evitando‑se intervenções desnecessárias. Para tanto, é fundamental o estabelecimento de relações baseadas nos princípios éticos, garantindo privacidade e autonomia. Além disso, a mulher e sua família devem participar ativamente dos processos de decisões sobre as condutas que serão tomadas. 8 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Os enfermeiros e os alunos de graduação em Enfermagem são responsáveis pelo desenvolvimento de ações preventivas e curativas, baseando‑se em protocolos e diretrizes sobre as melhores práticas de recuperação à saúde, desenvolvendo ações dirigidas ao pré‑natal de baixo risco, ao parto, ao puerpério, ao planejamento familiar, ao climatério e à menopausa. Além da prevenção e dos cuidados com o câncer de útero, o câncer de mamas e as DSTs. Esperamos que vocês possam utilizar o conhecimento compartilhado neste livro‑texto para colocar em prática, desde a graduação, os conceitos e métodos necessários para a atenção humanizada e com qualidade à saúde da mulher. Boa leitura! 9 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER Unidade I 1 APREDENDO A ANATOMIA E A FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO 1.1 Anatomia do sistema reprodutor feminino O sistema reprodutor feminino compreende os órgãos responsáveis pela função de reprodução humana e é constituído externamente de vulva, monte pubiano, lábios maiores ou grandes lábios, lábios menores ou pequenos lábios, clitóris, vestíbulo vaginal, introito vaginal, hímen, meato urinário, glândulas parauretrais, glândulas vestibulares maiores, períneo e assoalho pélvico. A vulva é a denominação genérica da genitália externa feminina, também conhecida como pudendo. O monte pubiano tem a forma de um triângulo invertido e é composto de tecido adiposo. Na puberdade surgem nessa região os pelos pubianos. Os grandes lábios são pregas de tecido adiposo que circunscrevem a vulva protegendo‑a. Os pequenos lábios são duas pregas situadas no interior dos grandes lábios, separadas pelo sulco interlabial. O clitóris é pequeno e tão sensível quanto o pênis, composto de tecido erétil, nervos e vasos sanguíneos, é responsável pela excitação sexual feminina. 10 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I Monte do púbis Prepúcio do clitóris Clitóris Óstio externo da ureta Óstio da vagina (dilatado) Lábios maiores do pudendo (afastados) Hímen Ânus Lábios menores do pudendo (afastados) expondo o vestíbulo Figura 1 – Vulva ou pudendo O vestíbulo vaginal ou fúrcula fica entre os pequenos lábios e contém o óstio vaginal, o óstio externo da uretra, as glândulas parauretrais e as glândulas vestibulares maiores. O introito vaginal é o orifício externo da vagina e o hímen é uma membrana situada no óstio da vagina. De cada lado da vagina, há glândulas vestibulares maiores, ou glândulas de Bartholin, que secretam um muco amarelado que lubrifica a vagina, principalmente durante a excitação sexual. O períneo é a região entre a vulva e o ânus e o assoalho pélvico, ou diafragma pélvico, é composto dos músculos elevadores do ânus e dos músculos coccígeos que sustentam os órgãos abdominais e pélvicos. 11 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER Sínfise púbica Bulbo do vestíbulo Clitóris Óstio externo da uretra Óstio da vagina (dilatado) Músculo bulboesponjoso Túber isquiático Ânus Músculo glúteo máximo Região urogenital Músculo isquiocavernoso Glândula vestibular maior (de Bartholin) Músculo transverso superficial do períneo Músculo esflíncter externo do ânus Região anal Cóccix Figura 2 – Períneo feminino Já, internamente, o sistema reprodutor feminino é constituído pelos ovários, pelas tubas uterinas, pelo útero e pela vagina. Os ovários são órgãos pares, com formato semelhante a amêndoas, medindo em média 3 a 4 cm de comprimento, 2 a 2,5 cm de altura e 1,5 a 2 cm de espessura, localizados na parte posterior do ligamento largo, próximo à ampola tubária. Têm a superfície lisa em crianças e torna‑se rugosa nas mulheres adultas. Os ovários são sustentados pelo ligamento uterovariano, pelo mesovário e pelo infundíbulo pélvico, e apresentam três camadas estruturais: • Epitélio germinativo: é a camada mais externa, constituída por células cuboides. • Camada cortical: apresenta a túnica albugínea, composta de tecido conjuntivo denso, que é responsável pela cor esbranquiçada do ovário e é onde se localizamos folículos. • Camada medular: é a parte mais interna do ovário, constituída por tecido conjuntivo frouxo e é vascularizada. 12 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I Plano frontal Vasos sanguíneos no hilo do ovário Folículo primordial Folículo primário Folículo secundário Epitélio germinativo Corpo lúteo Córtex do ovário Líquido folicular Folículo maduro (de De Graaf) Medula do ovário Corpo hemorrágico (folículo rompido) Coágulo sanguíneo Corpo lúteo em degeneração Ovulação libera um oócito secundário Coroa radiada Corpo albicante Figura 3 – Ovários As tubas uterinas ou ovidutos são órgãos duplos, ocos e alongados, localizados na borda superior do ligamento largo. As tubas possuem duas aberturas, sendo uma na cavidade uterina, por meio do óstio uterino da tuba, denominada infundíbulo, que possui prolongamentos em forma de franjas denominados fímbrias, e outra na cavidade abdominal, por meio do óstio abdominal da tuba, denominada intramural. São constituídas por quatro porções denominadas infundíbulo, istmo, ampola e intramural. A mucosa tubária ou endossalpinge é composta de células ciliadas, células sem cilícios ou secretórias e células intersticiais que intercalam as outras células. Vista Rugas Fórnice lateral Canal do colo do útero Óstio anatômico interno Perimétrio Miométrio Endométrio Cavidade do útero Infundíbulo da tuba uterina Ampola da tuba uterina Istmo da tuba uterina Fundo do útero Fímbrias da tuba uterina Infundíbulo da tuba uterina Ligamento suspensor do ovário Tuba uterina (trompa de Falópio) Ligamento útero‑ovário Ligamento largo do útero Corpo do útero Óstio do útero Vagina Ligamento retouterino (uterossacral) Ureter Istmo Ovário Colo do últero Figura 4 – Vista posterior do útero, relação entre tubas uterinas e ovários 13 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER O útero apresenta a forma de uma pera, tem aproximadamente 7,5 cm e pesa em torno de 60 g. Na gestação, o seu tamanho aumenta para até 30 a 35 cm e o seu peso altera para aproximadamente 1000 g. O corpo do útero é a porção dilatada cuja parte superior, denominada de fundo do útero, tem a forma de cúpula. Já a parte estreita que se abre na vagina denomina‑se colo uterino ou cérvix. Há também o istmo do útero, porção mais estreita e de forma cilíndrica. Observação O colo uterino estende do óstio interno ao externo, sendo que seu interior é composto do canal do colo do útero. Na parede desse canal, há pregas transversais e ramificações, denominadas de canais laterais. O revestimento do canal cervical é a endocérvice, que secreta muco espesso, hialino e que pode ser expelido pela vagina, denominado de muco cervical. O epitélio nessa região é simples colunar. A superfície externa do colo é denominada de ectocérvice e é revestida por epitélio estratificado escamoso não queratinizado. A junção desses epitélios denomina‑se junção escamo‑colunar. Pelo óstio uterino, o colo abre‑se na vagina, sendo que nas nulíparas apresenta‑se no formato puntiforme e nas multíparas pode ter forma circular, ser ovulado ou transverso, conforme a ruptura decorrente do trabalho de parto. Além disso, o útero é constituído por três camadas: perimétrio, miométrio e endométrio. O perimétrio é a camada mais externa revestida por uma túnica serosa, constituída de mesotélio e tecido conjuntivo. Abaixo do perimétrio, encontra‑se o miométrio, a camada mais espessa do útero, constituída de fibras lisas musculares separadas por tecido conjuntivo. O endométrio é o revestimento interno do útero e é constituído por um epitélio colunar simples formado por células ciliadas e secretoras. Ele se divide em duas camadas: a basal, que fica em contato com o miométrio, onde se encontram glândulas secretoras, vasos sanguíneos e nervos, e a camada funcional, constituída por tecido conjuntivo, que se refaz periódica e progressivamente durante os ciclos menstruais, enquanto a basal não se altera. 14 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I Artéria arqueada Perimétrio Miométrio Endométrio Cavidade do útero Artéria radial Glândula endometrial Endométrio: Estrato funcional Estrato basal Arteríola reta Arteríola espiral Artéria uterina Detalhes da parede do útero Artéria radial Artéria uterina Colo do útero Vagina Figura 5 – Útero: suas camadas e o suprimento sanguíneo A vagina é um órgão ímpar, medindo em média de 9 a 10 cm, constituído por um epitélio plano celular estratificado e sem glândulas. Quanto maior a idade da mulher, menor a rugosidade da parede da vagina, ou seja, em mulheres jovens, a parede é rugosa e, em mulheres idosas, tende a ser lisa. A vagina apresenta as paredes anterior e posterior, que em repouso estão justapostas. Esse órgão tem relações de continuidade com a bexiga, a uretra, os ureteres e o reto. É responsável pela cópula ou coito. Sob o estímulo de estrógenos, o epitélio vaginal sintetiza e acumula uma grande quantidade de glicogênio, que é depositado no lúmen da vagina quando as células do epitélio vaginal descamam. Bactérias (bacilos de Doderlein) presentes na vagina metabolizam o glicogênio e produzem ácido lático, mantendo o pH da vagina entre 3,8 a 4,2, funcionando como um órgão de defesa do organismo. As mamas estão inseridas nesse cenário da reprodução. São órgãos pares, situados na face anterior do tórax, são responsáveis por secretar o alimento necessário para a criança nos primeiros meses de vida e influenciam a estética da mulher. 15 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER Costela Fáscia muscular Músculo peitoral maior Lóbulo contendo alvéolos Túbulo secundário Ducto lactífero Seio lactífero Ducto lactífero Papila mamária Papila mamária Aréola da mama Aréola da mama Tecido adiposo na tela subcutânea Ligamento suspensor da mama (de Cooper) Plano sagital Músculos intercostais Figura 6 – Mamas Elas possuem componentes externos e internos. Os componentes externos são o corpo mamário, que é o revestimento cutâneo das mamas; a aréola, que se localiza na zona central e é hiperpigmentada; a papila ou mamilo, que é uma saliência mediana desse órgão; e as glândulas areolares ou tubérculos de Montgomery, que são glândulas de secreção externa. Os componentes internos localizam‑se no estroma conjuntivo contendo de 15 a 20 lobos mamários. Cada lóbulo é constituído de alvéolos, ductos menores e maiores e ductos excretórios que se abrem no mamilo. Os alvéolos são dilatações saciformes, os ductos menores saem dos alvéolos e os ductos maiores são formados pelos ductos menores e pelos seios lactíferos, que se localizam no parênquima mamário. O tecido adiposo recobre a parte interna da mama. Saiba mais Para mais informações sobre a anatomia do sistema reprodutor feminino, consulte: BARROS, S. M. O. Enfermagem obstétrica e ginecológica: guia para a prática assistencial. 2. ed. São Paulo: Roca, 2009. 16 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I 1.2 Fisiologia do sistema reprodutor feminino Para entendermos a fisiologia do sistema reprodutor feminino, é necessário compreender a fisiologia da reprodução, o ciclo menstrual, os hormônios do parto e a lactação. A reprodução humana está relacionada ao desenvolvimento dos gametas e dos caracteres sexuais femininos que se inicia na puberdade, geralmente entre 10 e 14 anos. As modificações no corpo das meninas ocorrem por meio da influência hormonal dos estrogênios e da progesterona. Esses dois hormônios ovarianos são responsáveis pela maturação sexual da menina e pelo seu ciclo menstrual. Três hormônios: o estradiol, o estriol e o estroma são denominados deestrogênios, pois possuem características semelhantes e são constituídos de lipídeos, ou seja, colesterol. Devido à ação estrogênica, durante a puberdade, o útero, a vagina e os grandes lábios aumentam de tamanho por meio da proliferação celular, também ocorre o desenvolvimento dos pelos pubianos (pubarca), o desenvolvimento do tronco, a deposição de gorduras no tórax e no quadril e o alargamento da bacia óssea. Por influência desse hormônio, ocorre a primeira menstruação ou menarca, e inicia‑se o desenvolvimento das mamas, formando o broto mamário, ou seja, a telarca. A ação estrogênica também estimula o crescimento da mulher, por meio do estímulo do crescimento de ossos longos, que dura poucos anos e depois cessa. Já a ação da progesterona está relacionada à preparação do útero para receber o embrião e à preparação das mamas para a lactação, aumentando a atividade de secreção das mamas. Esse hormônio também provoca o espessamento do endométrio, possibilitando o aumento de vasos sanguíneos nesse local, inibindo as contrações e impedindo a expulsão do embrião e do feto. 1.3 O ciclo menstrual Por estímulo da hipófise anterior, ou adeno‑hipófise, pelos hormônios ovarianos, o endométrio passa por modificações cíclicas durante o ciclo menstrual. O ciclo menstrual dura em média 28 dias nas mulheres, sendo que a menarca ocorre entre 12 e 15 anos e a menstruação dura até 45 a 50 anos. Recentemente, meninas vêm apresentando a menarca antes dos 12 anos, esse fato está relacionado à puberdade precoce. O início do ciclo menstrual coincide com o primeiro dia de sangramento da mulher. Esse sangramento envolve perda de partes do endométrio e de sangue dos vasos sanguíneos que se rompem. Essa fase é denominada de menstrual e dura de 3 a 4 dias. Nessa fase, o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), que é produzido pelo hipotálamo e causa a liberação do hormônio folículo‑estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) pela adeno‑hipófise, faz com que a adeno‑hipófise produza quantidades maiores do FSH com pequena quantidade do LH, o que leva ao crescimento de folículos nos ovários e à secreção do estrogênio. Na fase proliferativa, folicular ou estrogênica, a ação do estrogênio provoca uma diminuição da produção do FSH e do LH por volta do décimo dia do ciclo. Depois, a adeno‑hipófise volta a secretar em 17 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER grande quantidade esses hormônios, principalmente o LH, que leva ao desenvolvimento final de um dos folículos ovarianos e a sua ruptura. A ovulação ocorre no décimo quarto dia de um ciclo de 28 dias, e esta fase denomina‑se secretiva, na qual se desenvolve o corpo lúteo ou o corpo amarelo que produz grande quantidade de progesterona e uma quantidade considerável de estrogênio. Nesta fase o endométrio alcança sua máxima espessura. Se ocorrer a fertilização, o embrião será transportado ao útero e aderirá a esse epitélio, durante a fase secretória, as quantidades aumentadas de progesterona permitem a fixação do embrião e do feto na parede uterina. Se não ocorrer a fertilização, o estrogênio e a progesterona secretados pelo corpo lúteo inibem a adeno‑hipófise, diminuindo a taxa de secreção do FSH e do LH. Sem esses hormônios para estimular o corpo lúteo, ele involui, de modo que também caem a secreção do estrogênio e da progesterona, e inicia‑se a menstruação. Hipotálamo Adeno‑hipófiseGnRH estimula a liberação de FSH e LH Desenvolvimento inicial dos folículos ováricos Desenvolvimento posterior dos folículos ováricos e sua secreção de estrogênios e inibina Secreção de progesterona, estrogênios, relaxina e inibina pelo corpo lúteo Folículos em crescimento FSH estimula LH estimula Corpo lúteoOvários Ovulação Estrogênios • Promovem o desenvolvimento e a manutenção dos órgãos genitais femininos, características sexuais secundárias femininas e mamas • Níveis moderados inibem a liberação dos hormônios GnRH, FSH e LH Progesterona • Trabalha com os estrogênios para preparar o endométrio para implantação • Prepara as glândulas mamárias para secretarem leite • Inibe a liberação dos hormônios GnRH e LH Relaxina • Inibe as contrações do músculo liso da tuba uterina • Durante o trabalho de parto, aumenta a flexibilidade da sínfise púbica e dilata o colo do útero Inibina • Inibe a liberação do FSH e, em menor grau, do LH Figura 7 – Secreção e efeitos do estrogênio e da progesterona no ciclo reprodutor 18 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I Observação Cabe ao enfermeiro observar as características do ciclo menstrual de cada mulher em relação ao tempo de duração de cada menstruação e de cada ciclo, é importante observar também o fluxo, ou quantidade, e o intervalo entre uma menstruação e outra. Alterações podem ocorrer no ciclo menstrual em relação à duração, como a hipermenorreia, quando a menstruação dura mais do que cinco dias, e a hipomenorreia, quando dura menos de dois dias. Em relação à quantidade, podem ocorrer a menorragia, ou grande quantidade de perda menstrual com a presença de coágulos, e a oligomenorreia ou escassa quantidade de menstruação. Quanto ao intervalo, podem ocorrer a proiomenorreia, quando a menstruação ocorre a cada 20 ou 25 dias; a polimenorreia, quando ocorre a cada 15 dias ou duas vezes por mês; a opsomenorreia, quando ocorre com o intervalo de 35 a 40 dias; e a espaniomenorreia, quando ocorre com o intervalo maior do que dois ou três meses. Podem ocorrer também a amenorreia, que é a ausência da menstruação e, muitas vezes, está relacionada à gravidez, e a menástase, ou seja, a suspensão brusca da menstruação antes do tempo normal. A metrorragia é quando ocorre a perda sanguínea atípica, no intervalo entre uma menstruação e outra ou quando a menstruação é prolongada e pode ocorrer o sangramento intermenstrual com discreta perda sanguínea na época da ovulação. 1.4 Aspectos relevantes sobre o ciclo reprodutivo: fecundação, desenvolvimento fetal e anexos gestacionais Para compreender o ciclo reprodutivo, o aluno necessita conhecer os aspectos principais da fecundação, do desenvolvimento embrionário e fetal, e dos anexos gestacionais, que serão apresentados a seguir. A fecundação A fecundação envolve o encontro do espermatozoide com o oócito II. Dos milhares de espermatozoides liberados pelo homem durante a ejaculação, poucos atingem a tuba uterina e, geralmente, apenas um consegue fecundar o oócito II, liberado pelo ovário. Depois da fecundação, ocorre a fusão dos núcleos dos gametas masculino e feminino ou cariogamia e forma‑se o zigoto, esse processo dura em torno de 12 a 24 horas após a entrada do espermatozoide no oócito II. 19 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER Saiba mais Para mais informações sobre a fecundação, consulte: TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Espermatozoide Citoplasma do oócito secundárioPrimeiro corpo polar Trajeto do espermatozoide: Coroa radiada Zona pelúcida Membrana plasmática do oócito secundário Figura 8 – O encontro do espermatozoide com o oócito II O zigoto é primeira célula do novo ser humano, essa célula começa um processo de várias divisões celulares ou clivagens que marcam o início do desenvolvimento embrionário. 20 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I Corpos polares a) Clivagem de um zigoto, estágio de duas células (1º dia) b) Clivagem, estágio de quatro células (2º dia) c) Mórula (4º dia) d) Blastocisto, vista externa (5° dia) e) Blastocisto, vista interna (5° dia) Blastômeros Zona pelúcida Núcleo Citoplasma Embrioblasto (massa celular interna)Cavidade do blastocisto Trofoblasto Figura 9 – Clivagem e formação da mórula e do blastocisto Nesse processo, o zigoto, após várias clivagens, chega ao estágio denominado de mórula, um maciço celular que possui em torno 12 a 16 blastômeros. A mórula é invadida por um líquido que promove o deslocamento dos blastômeros para a periferia e forma‑se o blastocisto. Isso ocorre entre o 3º e 4º dia, após a fecundação. Se ocorrer a nidação ou implantação do blastocisto (embrião) no endométrio uterino, após seis dias da fecundação, inicia‑se o período embrionário. 21 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER Plano frontal 1. Fertilização (ocorre dentro da tuba uterina, 12‑24 horas após a ovulação) 2. Clivagem (primeira clivagem completada aproximadamente 30 horas após a fertilização) 3. Mórula (3‑4 dias após a fertilização) 4. Blastocisto (4½ ‑5 dias após a fertilização) 5. Implantação (ocorre aproximadamente 6 dias após a fertilização) Cavidade do útero Miométrio Ovário Ovulação Endométrio Útero Figura 10 – Eventos associados à primeira semana de desenvolvimento O hormônio gonadotrofina coriônica (HCG), que é liberado pelo embrião, impede a degeneração do corpo lúteo, que causa efeito semelhante ao do LH, e continua a produção de estrogênio e progesterona, garantindo a manutenção do endométrio e da nidação. Observação A detecção da presença do hormônio HCG, também denominado de betaHCG, compõe o principal método de detectar uma gravidez nas primeiras semanas de gestação, por meio do exame de urina. Entre a 9ª e 10ª semana de gestação, os níveis de HCG diminuem, degenerando o corpo amarelo, no entanto, a produção de estrogênio e progesterona é garantida pela placenta durante a gravidez. Desenvolvimento embrionário Durante o desenvolvimento do embrião ocorrem três processos fundamentais do desenvolvimento fetal: • Crescimento: multiplicação das células por mitoses e aumento de volume. • Morfogênese: movimentos dos territórios celulares que darão origem às camadas de células embrionárias. • Diferenciação celular: especialização estrutural e bioquímica que levará as três camadas celulares embrionárias a se transformarem nos diversos órgãos e sistemas. 22 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I O embrião desenvolve‑se formando três camadas celulares embrionárias que darão origem aos anexos gestacionais, órgãos e sistemas do organismo humano: • Endoderme: camada mais interna e que dará origem ao sistema respiratório, fígado e pâncreas. • Mesoderme: camada intermediária que dará origem ao sistema circulatório, excretor, reprodutor, aos músculos e ossos. • Ectoderme: camada mais externa que dará origem ao sistema nervoso, aos órgãos do sentido e à epiderme. Membrana orofaríngea Linha primitiva Saco vitelino Disco embrionário trilaminado: Ectoderma Mesoderma Endoderma Figura 11 – Disco embrionário trilaminado, 16 dias após a fertilização A partir da terceira semana de gestação, algumas alterações ocorrem, como a formação do coração, o início do desenvolvimento do cérebro, da medula espinhal e do trato gastrointestinal. Na 4ª e 5ª semanas, surgem as vértebras, o maxilar inferior, a cartilagem da laringe, começa a formação de estruturas auditivas e oculares, o coração se desenvolve mais e inicia‑se o passar do sangue embrionário pelos vasos sanguíneos. O cérebro apresenta cinco áreas e alguns nervos cranianos já aparecem, os brotos de braços e pernas já são visíveis. Na 6ª semana, forma‑se o nariz, o embrião tem uma postura mais ereta, os maxilares são visíveis, a traqueia desenvolve‑se com os dois brotos dos pulmões, o lábio superior é formado e inicia‑se a formação do palato. Os braços e pernas alongam‑se e os dedos dos pés e mãos já aparecem, a circulação fetal está mais desenvolvida e o desenvolvimento cerebral aumenta. Na 7ª semana, a cabeça está mais arredonda, os olhos movimentam‑se e começa a formação das pálpebras. O palato forma‑se e a língua começa a estruturar‑se. O trato gastrointestinal separa‑se do trato geniturinário. Na 8ª semana de gestação, o desenvolvimento continua com o aumento da complexidade e a maturação dos órgãos já formados. Nesse momento inicia‑se o desenvolvimento fetal que irá até a 40ª semana de gestação e o embrião agora apresenta aspecto humano. 23 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER 4 8 12 16 20 24 28 32 36 (semanas) Figura 12 – Desenvolvimento embrionário e fetal Desenvolvimento fetal Na 8ª semana de gestação, as pálpebras começam a unir‑se, o ouvido começa adquirir o formato final, mas está localizado ainda na parte inferior da cabeça. A parte externa dos genitais começa a formar‑se, a passagem anal abre‑se. Os ossos longos começam a formar‑se, a musculatura já consegue se contrair e a circulação, por meio do cordão umbilical, já está bem desenvolvida. Da 9ª a 12ª semana, o feto atinge em torno de 8,0 cm. A cabeça compreende quase a metade do corpo do feto, o pescoço e a face já estão formados, os ouvidos parecem estar formados, as pálpebras fecham‑se e abrem só após a 28ª semana. Os dedos estão bem formados e as mãos podem fechar, o trato urogenital termina seu desenvolvimento, os genitais se diferenciam. O fígado começa a produzir os glóbulos vermelhos e já é possível auscultar os batimentos cardíacos fetais (BCF) por meio de dispositivos eletrônicos. Já com 13 a 16 semanas, o feto mede em torno de 15 cm de comprimento e uma penugem ou lanugo surge na cabeça. Os ossos tornam‑se mais duros, o feto movimenta‑se ativamente e faz movimentos de sucção com a boca podendo engolir o líquido amniótico. O mecônio forma‑se no trato intestinal, os pulmões continuam a desenvolver‑se, as glândulas sudoríparas também se desenvolvem, o fígado e o pâncreas começam a produzir suas secreções. Na 17ª a 20ª semanas, o feto atinge em torno de 20 cm, o lanugo cobre todo o corpo, a pele torna‑se menos transparente, mamilos, sobrancelhas, cílios e unhas aparecem, o feto fica mais ativo e a mãe já começa a sentir seus movimentos. Da 20ª a 24ª semanas, o feto atinge o comprimento de 28 cm aproximadamente e pesa em média 500 g. O cabelo está mais comprido, todos os componentes oculares estão desenvolvidos, a pele das mãos e dos pés está mais grossa e as impressões digitais formam‑se. O corpo está coberto por vérnix caseosa, uma substância protetora secretada pelo feto. 24 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I Com 25 a 28 semanas, o feto atinge 38 cm de comprimento e pesa aproximadamente 970 g, as pálpebras abrem e fecham. Nos meninos, os testículos começam a descer para o saco escrotal. O sistema respiratório já se desenvolveu possibilitando a troca gasosa e o bebê, se for prematuro, pode sobreviver se nascer nesse período, mas a possibilidade de complicações é enorme. Da 29ª a 32ª semanas, o feto atinge 44 cm e pesa aproximadamente 2 kg, aumenta o controle do sistema nervoso central (SNC) sobre as funções corporais. Os movimentos respiratórios são rítmicos, os pulmões estão quase amadurecidos, a temperatura corporal fetal é parcialmente autocontrolada, os ossos ainda são macios e flexíveis, os testículos permanecem no canal inguinal. O bebê nascido com 36 semanas consegue sobreviver com intervenções. Geralmente pesa de 2,3 a 2,8 kg e mede de 40 a 48 cm, o lanugo quase desaparece, aumenta a gordura corporal e aumenta o controle do SNC sobre as funções corporais. A partir de 38 a 40 semanas, o bebê é considerado atermo. Os meninos pesam e medem mais que as meninas, o lanugo está somente nos ombros e braços, pequenos brotos mamários se apresentam, o cabelo está mais volumoso e o feto preenche todo o útero. O bebê nasce e sobrevive sem intervenções,na maioria das vezes. Anexos gestacionais A formação dos anexos gestacionais garante o desenvolvimento normal do feto e são derivados do zigoto. Lembrete Os anexos gestacionais derivam da endoderme, mesoderme e ectoderme. Os anexos são: o âmnio, o saco vitelínico, o alantoide e a placenta ou córion. O âmnio surge na segunda semana de gestação. Externamente é recoberto pela mesoderme extraembrionária que forma um pedúnculo que une a bolsa amniótica ao córion. Futuramente será o cordão umbilical. Depois o âmnio irá recobrir todo o embrião e fundir‑se ao córion. No interior da cavidade amniótica, haverá o líquido amniótico que é responsável pela lubrificação do embrião, capaz de amortecer choques e armazenar as excretas fetais. O saco vitelínico origina‑se da endoderme e forma o revestimento epitelial do tubo digestivo primitivo. O alantoide surge da evaginação do teto do saco vitelínico e contribui para a formação do úraco e da bexiga, filamento fibroso que serve de ligação entre a bexiga e a região umbilical. 25 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER Saco vitelino Cavidade amniótica Placa neural Membrana orofaríngea Processo notocordal Mesoderma Membrana cloacal Pedículo de conexão Alantoide Extremidade caudal Figura 13 – Anexos gestacionais A placenta, ou córion, é formada por tecido materno e fetal (córion) e é responsável pelo transporte de nutrientes e de oxigênio da mãe para o feto e pela eliminação de excretas do feto. Surge no segundo mês de gestação. Vilosidades coriônicas Saco vitelino Líquido amniótico na cavidade amniótica Âmnio Alantoide Cordão umbilical Córion Decídua basal do útero: (parte materna da placenta) Vilosidades coriônicas do córion: (parte fetal da placenta) Vilosidades coriônicas Vênula endometrial materna Artérias umbilicais Veia umbilical Tecido conjuntivo mucoso Âmnio Espaço interviloso contendo sangue materno Arteríola endometrial materna Vasos sanguíneos fetais Cordão umbilical: Figura 14 – Placenta 26 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I 1.5 A lactação O desenvolvimento da glândula mamária e a lactação são controlados pelo SNC. Na puberdade, as glândulas mamárias começam a desenvolver‑se, ocorrendo a mamogênese, devido à ação do LH e do FSH, produzidos pela adeno‑hipófise ou hipófise anterior. Entretanto, as glândulas mamárias sofrem intenso desenvolvimento durante a gravidez. A produção do leite ocorre por estímulo neuroendócrino, para tanto, três órgãos são importantes: a placenta, a hipófise e a mama. Hipotálamo Hipófise posterior Ocitocina no sangue Ejeção láctea Hipófise anterior Prolactina no sangue Estímulo da sucção Produção de leite Ocitocina Via nervosa aferente Figura 15 – Estímulo neuroendócrino da produção do leite A placenta é responsável pela produção do estrógeno placentário que, durante a gravidez, prepara a mama para a lactação, estimulando a deposição de gorduras e o crescimento dos ductos e dos alvéolos. Com a saída da placenta após o parto, os níveis de estrógenos caem, conduzindo a hipófise anterior a liberar prolactina, hormônio que estimulará os alvéolos mamários a produzirem leite. O contato com a mama e principalmente a sucção do mamilo desencadeiam um estímulo aos receptores nervosos, nervos periféricos e medula. No nível do hipotálamo, essa mensagem estimula a hipófise para liberar a prolactina, que é responsável pela produção do leite, e a ocitocina, responsável pela ejeção do leite, e que fica armazenada na hipófise posterior. Este processo denomina‑se galactopoiese, ou seja, a manutenção da produção do leite. 27 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER Sensações táteis Receptores: neurônios sensoriais sensíveis ao toque na papila mamária Centro de controle: Hipotálamo e neuro‑hipófise Contração das células mioepiteliais nas glândulas mamárias Ejeção do leite Aumenta Impulsos nervososInfluxo Interrupção do ciclo: o bebê para de sugar, rompendo, assim, o ciclo de retroalimentação positiva Retroalimentação positiva: a disponibilidade de leite encoraja a sucção contínua, portanto, as sensações táteis na papila mamária e a liberação de ocitocina continuam A sucção do bebê na papila mamária provoca Figura 16 – O reflexo de ejeção de leite O volume de leite produzido tende a aumentar gradativamente. No 1º dia atinge de 10 a 50 ml/dia. No 4º dia, aumenta para cerca de 500 a 600 ml/dia e, aos 3 meses, alcança cerca de 850 ml/dia. O período em que se inicia a produção do leite é denominado de apojadura e ocorre de 48 a 72 horas após o parto. A mama aumenta de tamanho e temperatura, torna‑se dolorosa e esse fenômeno, dura, em média, de três a quatro dias. O colostro é produzido nos primeiros 7 dias após o parto. Apresenta‑se como um líquido espesso, de coloração amarelada e alta densidade. No colostro há imunoglobulina A, linfócitos e macrófagos que conferem uma ação de proteção ao recém‑nascido. O leite de transição é produzido entre o 8º e o 14º dia após o parto, permanecendo com volume médio de 500 ml/dia. 28 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I O leite maduro é produzido a partir do 15º dia. É um líquido branco e opaco, com pouco odor e ligeiramente adocicado. Seu volume médio é de 700 a 900 ml/dia, durante os primeiros seis meses, após o parto. Lembrete A placenta é responsável pela produção do estrógeno placentário que, durante a gravidez, prepara a mama para a lactação. 2 A GESTAÇÃO E AS MUDANÇAS FISIOLÓGICAS DO ORGANISMO MATERNO Várias mudanças no organismo da mulher ocorrem quando ela engravida e desaparecem após o parto. Todas essas alterações são consideradas normais para a gestante, por exemplo, o aumento da temperatura corpórea, aumento da volemia e do peso. Em cada sistema, diversas alterações ocorrem, elas serão apresentadas a seguir. 2.1 Alterações no sistema respiratório e cardiovascular Segundo Rezende e Montenegro (2011), no sistema respiratório, ocorrem as seguintes alterações: • O diâmetro transverso e circunferência do tórax aumentam. • O diafragma eleva 4 cm devido ao aumento do tamanho do útero. • Devido à vasodilatação, as vias aéreas apresentam edema de mucosa, entupimento nasal, epistaxe e aumento de secreção. • O volume corrente aumenta até 40% devido à ação da progesterona. • O volume‑minuto aumenta pelo aumento do volume corrente, o que leva a gestante a apresentar um estado de hiperventilação, mas a frequência respiratória não se altera. • A ventilação alveolar aumenta. • A complacência pulmonar não se altera. • A complacência de caixa torácica torna‑se reduzida. • O volume de oxigênio aumenta pelas necessidades metabólicas do feto, da placenta e dos órgãos maternos. • A PCO2 diminui (30 a 32 mmHG) e a alcalose respiratória é compensada pelo rim que excreta mais bicarbonato. Os valores do pH considerados normais para a gestante são de 7,40 a 7,46; do bicarbonato, de 18 a 22 mEq/l. 29 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER • O útero aumenta de tamanho dificultando a expansão pulmonar, o que leva à dispneia, sendo uma reclamação comum das gestantes. • É comum encontrar atelectasias de bases em gestantes. No sistema cardiovascular pode haver as seguintes alterações (REZENDE; MONTENEGRO, 2011): • Cardiomegalia fisiológica ao raio X de tórax. • Aumento do volume plasmático de 45 a 50%, aumentando a volemia. • Aumento da frequência cardíaca em até 20%. • Aumento do débito cardíaco de 30 a 50%. • Ocorrência da síndrome da hipotensão supina, pois é comprimida a veia cava inferior pelo úterogravídico, reduzindo o retorno venoso. A gestante pode apresentar sinais de choque, como tontura, pulso acelerado, pele fria e pegajosa, náuseas, vômitos e queda da pressão arterial sistêmica. O enfermeiro deve orientar o decúbito lateral esquerdo para evitar a compressão da veia cava. • Aumento da pressão venosa dos membros inferiores devido à compressão da veia cava. Também deve ser orientado o decúbito lateral esquerdo para evitar isso. • Ocorrência da hipotensão ortostática, quando a gestante muda da posição horizontal para a vertical. • Redução leve da resistência vascular periférica. • Redução leve da pressão arterial. • Diminuição da pressão coloidosmótica na 36ª semana de gestação devido à redução de albumina sérica. • Possível surgimento de edema, principalmente, em membros inferiores. 2.2 Alterações no sistema gastrointestinal e urinário No sistema gastrointestinal podem ocorrer as seguintes alterações (ZIEGEL; CRANLEY, 1985): • Distensão gradativa do abdômen e alteração do contorno. • Redução da tonicidade do esfíncter esofágico devido ao hormônio progesterona. • Lentidão do esvaziamento gástrico e alteração do ângulo gástrico, pois o útero gravídico empurra o estômago. 30 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I • Gengivite, pois as gengivas ficam esponjosas, edemaciadas e sangram facilmente. • Constipação intestinal devido ao relaxamento do tônus intestinal e à diminuição do tônus dos músculos abdominais. • Surgimento de botões hemorroidários. • Broncoaspiração e pneumonia aspirativa, pois o trabalho de parto prolonga o esvaziamento gástrico. • Aumento de 8 a 12 kg de peso durante a gestação e deposição de gordura no organismo que servirá como suprimento energético potencial para o final da gestação e da lactação. No sistema urinário, devido à vasodilatação sistêmica e ao aumento do fluxo sanguíneo renal, várias alterações ocorrem como (ZIEGEL; CRANLEY, 1985): • Aumento do fluxo sanguíneo nos rins de aproximadamente 50%. • Aumento da taxa de filtração glomerular de 45 a 50%. • Polaciúria em razão de o útero comprimir a bexiga. • Dilatação dos ureteres para a direita. • Alongamento do ureter esquerdo e redução de sua motilidade e peristalse. • Redução do tônus da bexiga e aumento de sua capacidade. • Aumento no risco de infecção do trato urinário (ITU) como cistites e pielonefrites. • Aumento da excreção de proteínas. Em mulheres não grávidas, a quantidade de proteína aceita na urina é de até 150 mg/dia e em mulheres grávidas de até 250 mg/dia. 2.3 Alterações no sistema musculoesquelético e tegumentar No sistema musculoesquelético ocorrem alterações, como (REZENDE; MONTENEGRO, 2011): • Amolecimento da cartilagem pélvica. • Aumento da mobilidade das articulações pélvicas. • Relaxamento dos ligamentos. • Aumento da lordose. 31 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER No sistema tegumentar ocorrem as seguintes alterações (REZENDE; MONTENEGRO, 2011): • Aumento do fluxo sanguíneo. • Hemangiomas, ou seja, uma massa benigna decorrente da ação do estrogênio na gravidez. • Coloração aumentada de áreas pigmentadas. • Atividade aumentada de glândulas sebáceas e sudoríparas. • Cloasma ou manchas escuras na face. • Linha nigra ou linha escura no abdômen e que vai até a pelve verticalmente, surge a partir da 14ª semana de gestação. • Podem surgir estrias nas mamas, no abdômen e nas nádegas. 2.4 Alterações hematológicas e hormonais As principais alterações hematológicas são (REZENDE; MONTENEGRO, 2011): • Aumento leve dos leucócitos (leucocitose), variando de 6.000 a 12.000/mm3. • Aumento do volume sanguíneo de 1 a 1,5 l e do volume plasmático. • Aumento da produção de hemácias em 20% e ocorrência de anemia, considerada fisiológica para a gestante devido ao feto. Com relação à produção de hormônios pelas glândulas endócrinas, as principais alterações são (REZENDE; MONTENEGRO, 2011): • Produção da gonadotrofina coriônica humana que promove a produção de progesterona e estrogênios pelo corpo lúteo e mantém a gestação até o desenvolvimento da placenta. • Produção de lactogênio placentário humano aumentando a oferta de proteína para a mãe e o feto. • Aumento da produção do hormônio melanócito estimulante que promove a pigmentação da pele. • Aumento da produção da aldosterona promovendo maior absorção de sódio e água pelos rins. • Aumento da produção de estrogênios. • Aumento da produção de progesterona. • Aumento da prolactina. 32 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I 2.5 Alterações no metabolismo de carboidratos O metabolismo de carboidratos aumenta e com o surgimento de hormônios placentários, altera a ação da insulina. Diversas alterações ocorrem, sendo as principais (REZENDE; MONTENEGRO, 2011): • Hipoglicemia quando em jejum, pois os níveis glicêmicos e de insulina baixam rapidamente. • Tendência à hiperglicemia, o que pode levar à ocorrência do diabetes gestacional. • O feto retira precursores da glicose da mãe. • Os ácidos graxos podem ser utilizados e acumulam‑se então corpos cetônicos (cetose), o que causa riscos para o feto. 2.6 Alterações no sistema reprodutor e nas mamas No sistema reprodutor diversas alterações ocorrem, sendo as principais (ZIEGEL; CRANLEY, 1985): • No útero, ocorre o aumento acentuado no tamanho. • Na cérvix, ocorrem o aumento da vascularização e o edema, tornando‑a macia, fina e mais elástica, e o canal torna‑se tamponado com muco. • Na vagina, aumenta a vascularização, o tecido conjuntivo torna‑se mais frouxo e a secreção vaginal fica mais abundante. • Na vulva e no períneo, ocorrem edema e vascularização aumentada, podendo surgir varizes vulvares. Nas mamas ocorrem as seguintes alterações (ZIEGEL; CRANLEY 1985): • Aumento do volume, da firmeza e da vascularização no início da gestação. • Os mamilos e as aréolas tornam‑se maiores, mais escuros e sensíveis. • O colostro enche os alvéolos e os canais ductais no terceiro trimestre de gestação. 33 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER Pulmão direito Mama direita Vesícula biliar Fígado Omento maior Intestino delgado Parede do útero Colo ascendente Umbigo materno Cordão umbilical Ligamento inguinal Bexiga urinária Sínfise púbica Ligamento redondo do útero Tuba uterina (de Falópio) direita Ovário direito Pulmão esquerdo Coração Mama esquerda Intestino delgado Colo descendente Ovário esquerdo Tuba uterina (de Falópio) esquerda Cabeça do feto Estômago Figura 17 – O organismo materno na gestação Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, leia: REZENDE, J. de; MONTENEGRO, C. A. B. Obstetrícia fundamental. 12. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2011. ZIEGEL, E. E.; CRANLEY, S. M. Enfermagem obstétrica. 8. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1985. Resumo Nessa unidade, apresentamos a anatomia e a fisiologia do sistema reprodutor feminino, o ciclo menstrual, a fecundação e o desenvolvimento embrionário, fetal e dos anexos gestacionais; bem como, a lactação e as alterações nos diversos sistemas da gestante. O sistema reprodutor feminino compreende os órgãos responsáveis pela função de reprodução humana e é constituído externamente pela 34 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I vulva, monte pubiano, lábios maiores ou grandes lábios, lábios menores ou pequenos lábios, clitóris, vestíbulo vaginal, introito vaginal, hímen, meato urinário, glândulas parauretrais, glândulas vestibulares maiores, períneo e assoalho pélvico. As mamas também são estudadas como parte desse sistema. Para entendermos a fisiologia do sistema reprodutor feminino, é necessário compreender a fisiologia da reprodução, o ciclomenstrual, os hormônios do parto e a lactação. Por estímulo da hipófise anterior ou adeno‑hipófise pelos hormônios ovarianos, o endométrio passa por modificações cíclicas durante o ciclo menstrual que dura em média 28 dias. Os estrogênios promovem o desenvolvimento e a manutenção dos órgãos genitais femininos, características sexuais secundárias femininas e mamas. Os níveis moderados dos estrogênios inibem a liberação dos hormônios GnRH, FSH e LH. A progesterona trabalha com os estrogênios para preparar o endométrio para implantação, prepara as glândulas mamárias para secretarem leite e inibe a liberação dos hormônios GnRH e LH. As glândulas mamárias sofrem intenso desenvolvimento durante a gravidez. A produção do leite ocorre por estímulo neuroendócrino. Nesse processo três órgãos são importantes: a placenta, a hipófise e a mama. O contato com a mama e principalmente a sucção do mamilo estimulam a hipófise para liberar a prolactina, que é responsável pela produção do leite, e ocitocina, responsável pela ejeção do leite. Várias mudanças no organismo da mulher ocorrem quando ela engravida e desaparecem após o parto. Todas essas alterações são consideradas normais para a gestante como, por exemplo, aumento da temperatura corpórea, da volemia, do peso, da frequência cardíaca, ocorrência de constipação intestinal, de polaciúria, aumento do risco de infecção urinária, amolecimento da cartilagem pélvica, aumento da coloração de áreas pigmentadas, surgimento de cloasma ou de manchas escuras na face, da linha nigra entre outras. 35 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA MULHER Exercícios Questão 1. Após a ruptura do folículo e a liberação do oócito secundário, é formada uma estrutura endócrina que produz progesterona. Na figura a seguir, observe o desenvolvimento dos folículos durante o ciclo menstrual: Dia 1 Dia 14 Dia 28 Folículo em crescimento Ovulação Figura 18 Essa estrutura, indicada pelo número 1, na figura a anterior, recebe o nome de: A) Óvulo. B) Folículo ovariano. C) Endométrio. D) Corpo‑amarelo. E) Corpo albicans. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o óvulo, após maduro, irá para as fímbrias na tuba uterina. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o folículo ovariano fica em estado quiescente e mensalmente entra em crescimento (estágio inicial da figura apresentada). C) Alternativa incorreta. 36 Re vi sã o: M ar ci lia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 9/ 20 17 Unidade I Justificativa: endométrio é a parede do útero que entra em descamação no período menstrual (se a mulher não teve seu óvulo fertilizado). D) Alternativa correta. Justificativa: o corpo‑amarelo, ou corpo‑lúteo, é um tecido temporário de função endócrina que produz progesterona. E) Alternativa incorreta. Justificativa: corpo albicans é o tecido cicatricial do antigo corpo‑lúteo. Questão 2. (IBGP 2017, adaptada) A gravidez causa alterações anatômicas e fisiológicas em diversos sistemas do organismo da gestante. Essas mudanças alteram o padrão de possíveis lesões e podem repercutir na avaliação da gestante vítima de trauma. Sobre as alterações na gestante e a repercussão na avaliação do socorrista, analise as afirmativas a seguir: I – A frequência cardíaca da gestante diminui cerca de 15 a 20 batimentos por minuto abaixo do normal no terceiro trimestre. II – Se houver indicação de imobilização de coluna, deve ser elevado o lado direito da prancha de 10 a 15 cm, mantendo‑a inclinada. III – O peristaltismo fica diminuído, de modo que a comida pode ficar no estômago por muitas horas após a alimentação, aumentando o risco de vômito seguido de aspiração. IV – A reanimação adequada da mãe é a chave para a sobrevivência da mãe e do feto. Assinale a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) correta(s): A) I e II, apenas. B) II e III, apenas. C) II, III e IV, apenas. D) I, II, III e IV. E) II, apenas. Resolução desta questão na plataforma.
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