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Carlos Eduardo Cayres Redes Sociais e as TIC'S R ed es S oc ia is e a s TI C 'S Carlos Eduardo Cayres Redes Sociais e as TIC'S R ed es S oc ia is e a s TI C 'S C385r Cayres, Carlos Eduardo. Redes Sociais e as Tecnologia da Informação e Comunicação. / Carlos Eduardo Cayres. – João Pessoa: FUNEPI, 2016. 125f. ISBN: 1. Redes Sociais. 2. Tecnologia. 2. Informação. 3. Comunicação. I. Título. FUNEPI CDD: 371.3 Diretor Geral: Daniel Porto Campello NEAD - Núcleo de Educação a Distância Pró-Diretoria de Educação à Distância: Thiago Silveira Coelho Coordenação de Curso: Marcelle Chaves Sodré Capa e Editoração: Andresa Guilhen Zam; André Morais; Diego R. Pinaffo; Renata Sguissardi; Welder Henrique O. Carvalho Revisão Textual e Normas: Rosângela Maria de Carvalho Ficha catalográfica realizada pela bibliotecária Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da FACULDADE TRÊS MARIAS FICHA CATALOGRÁFICA - SERVIÇO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO – FACULDADE TRÊS MARIAS SOBRE A FACULDADE A Faculdade FUNEPI, atualmente, Três Marias é uma instituição de ensino superior pluricurricular, credenciada pela Portaria do Ministério da Educação nº 663 de 1º julho de 2015, que tem como objetivo ministrar cursos presenciais e a distância nas diversas áreas de conhecimentos; atender a demanda do setor produtivo, industrial, comercial e de prestação de serviços; desenvolver pesquisa nas áreas de saúde, educação, ciência e tecnologia, bem como atuar na extensão universitária. Para atendimento aos estudantes, contará com as organizações empresariais como parcerias que terão papel de auxílio na integração da faculdade com a comunidade, além dos programas institucionais de apoio aos discentes. MISSÃO Formar profissionais diferenciados, que atuem de forma autônoma, capazes de atender a demanda do mercado, com ética e espírito empreendedor. VISÃO Ser reconhecida como instituição de ensino superior por meio da oferta qualificada de cursos de graduação e de pós-graduação de alto nível. VALORES Gestão consciente, ética, respeito mútuo, qualidade de ensino, e compromisso social. AP RE SE N TA ÇÃ O Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação Carlos Eduardo Cayres Olá caro(a) aluno(a), Sou Carlos Eduardo Cayres, graduado em Ciência da Computação pela UNIDERP – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da região do Pantanal, Especialista em Desenvolvimento de Aplicações para Internet pela mesma IES. Atuo como professor universitário desde 1998 na área de teoria da computação, desenvolvimento web e programação de computadores. Atualmente sou coordenador do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Universidade Anhanguera-Uniderp e trabalho na área de desenvolvimento de Sistemas para Internet. AP RE SE N TA ÇÃ O A disciplina de Redes Sociais e Tecnologia da Informação e Comunicação terá seu conteúdo dividido em 3 unidades. Na unidade I serão abordadas as mudanças na sociedade e no trabalho, provocadas pelas novas tecnologias. Na unidade II trabalharemos com a aplicação das novas tecnologias na EaD e suas formas de mediação. Já na unidade III, vamos debater a organização e construção da ação educativa em ambientes virtuais. Bons estudos! SU M ÁR IO SU M ÁR IO AS MUDANÇAS NA SOCIEDADE E NO TRABALHO, PROVOCADAS PELAS NOVAS TECNOLOGIAS 11 UNIDADE 1 11 INTRODUÇÃO .................................................................................. 13 NOVAS TECNOLOGIAS NA CULTURA E NO TRABALHO .............. 13 CONCEITO DE TECNOLOGIA .......................................................... 17 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E O TRABALHO ......................... 18 A INSERÇÃO DAS TIC NO TRABALHO ............................................ 21 A INTERNET ..................................................................................... 24 A ESTRUTURA ESTRATÉGICA DAS TIC ............................................ 26 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL ........................................................ 30 AS CONDIÇÕES DE TRABALHO ...................................................... 32 NOVAS TECNOLOGIAS NA EAD E SUAS FORMAS DE MEDIAÇÃO 59 UNIDADE 2 59 INTRODUÇÃO ................................................................................. 60 NOVAS POSTURAS FRENTE À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.............. 60 A INTERATIVIDADE NA EAD .......................................................... 63 POSSÍVEIS CAMINHOS DA INTERATIVIDADE ................................ 70 SU M ÁR IO SU M ÁR IO REDES SOCIAIS COMO ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM NA WEB .. 73 ORGANIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA EM AMBIENTES VIRTUAIS 105 UNIDADE 3 105 INTRODUÇÃO ................................................................................. 106 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA .............................................................. 106 NOVOS MODELOS PEDAGÓGICOS MEDIADOS PELAS NOVAS TECNOLOGIAS ................................................................................. 111 TECNOLOGIAS, MÍDIAS E RECURSOS DE UM AMBIENTE VIRTUAL 122 CONCLUSÃO ................................................................................... 164 As mudanças na sociedade e no trabalho, provocadas pelas novas tecnologias UNIDADE 1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Apresentar as novas formas de relações pessoais e de trabalho medianas pela Tecnologia da Informação e da Comunicação, seus recursos e ferramentas.. PLANO DE ESTUDO Serão abordados os seguintes tópicos: • Novas tecnologias na cultura e no trabalho • Conceito de tecnologia • A sociedade da informação e o trabalho • A inserção das TIC no trabalho • A internet • A estrutura estratégica das TIC • A formação profissional • As condições de trabalho Carlos Eduardo Cayres 13 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação INTRODUÇÃO O trabalho colaborativo tem sido potencializado pelo uso das tecnologias, possibilitando também que se es- tenda a questões teóricas e práticas. A ênfase em torno do trabalho agora é criar possibilidades de cooperações e produções coletivas. É preciso tomar cuidado ao examinar tudo isso. Serão apresentadas especulações em torno do trabalho e sua organização a partir das novas técnicas em rede, sem a pretensão de fechar este ponto ainda em pleno desen- volvimento, introduzindo um diálogo sobre a cultura tec- nológica e suas implicações nas mudanças no trabalho. NOVAS TECNOLOGIAS NA CULTURA E NO TRABALHO Grande parte dos trabalhos relacionados à Cibercultura tem deixado de lado um aspecto importante que é seu 14 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação lado sociológico, definindo-se três aspectos em uma for- ma nova de trabalho social: • Uma mudança cultural, estabelecendo uma nova relação mais horizontal e interativa que as mídias anteriores. • Tendo aspecto de trabalho, ainda de forma não muito clara, pode ser classificado como imaterial. • Como principal aspecto é que este produto é socializado e existe a tendência de ser produto livre de código aberto. Como se deu o surgimento do primeiro instrumento de trabalho, um pedaço de pau para atingir um animal ou pegar uma fruta em uma árvore, isso não importa. Foi com o uso do fogo com elemento transformador do alimento que o homem introduziu a subjetividade no trabalho e na sobrevivência, para transformar o ali- mento produzido em um novo alimento ou para seu aquecimento. 15 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação Provavelmente, a escrita surgiu nesta fase, ainda que expressa na forma de desenho de animais, também é provável que os chifres de animais abatidos fossem um dos primeiros instrumentos de trabalho deste homem. Este foi certamente, um dos elementos acelerador da formação da comunidade e de transformação da sim- ples coleta doalimento na natureza, para a formação de comunidades sedentárias com o início de cultivo. Os rios tiveram grande influência na formação das primei- ras grandes civilizações do ocidente. Surgem neste período os primeiros códigos e as primei- ras escritas, os escribas passam a ocupar papel de des- taque nas cortes, dando um impulso no desenvolvimen- to da subjetividade humana. A forma de expressão deste período é tradicionalmente oral, ou seja, fundamentada nos ensinamentos passa- dos às pessoas de forma “falada”, pois os escritos em 16 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação papirus tinham alto custo e muitas vezes estes eram la- vados destruindo as informações ali contidas, para es- crita de novas informações. A indústria moderna organizou os aspectos objetivos do trabalho, como conjunto de atividades, recursos, instru- mentos e técnicas de que o homem se serve para pro- duzir, em uma velocidade não conhecida antes. O desenvolvimento das técnicas químicas e mecânicas inicialmente, e as elétricas e eletrônicas em uma segun- da fase, apresentaram um progresso material jamais experimentado pela humanidade em tão curto espaço de tempo, porém os aspectos subjetivos necessários ao desenvolvimento humano foram deixados em segundo plano, quando não ignorados. A subjetividade agora não implica apenas na distribui- ção dos bens materiais e culturais, mas na aceitação destes bens entre diversas formas de bens da cultura, 17 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação incluindo a espiritualidade e a religião. É sensível que os povos desejam esta autonomia e ao mesmo tempo desejam a coparticipação no desenvolvi- mento global, porém a gestão de bens e de sua distribui- ção sofre ainda os antagonismos que precipitaram duas grandes guerras mundiais. CONCEITO DE TECNOLOGIA Tecnologia é um termo que abrange o conhecimento técnico e científico e a aplicação destes conhecimentos por meio de sua transformação no uso de ferramentas, processos e materiais elaborados ou empregados a par- tir de tal conhecimento. A tecnologia tem ganhado cada vez mais espaço na vida social dos indivíduos. As atuais inovações tecnológicas têm como principal ferramenta os computadores, que são utilizados em atividades práticas no dia a dia das 18 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação pessoas. Nas últimas décadas o crescimento do uso dos computadores tem sido apontado como uma das princi- pais causas do desenvolvimento tecnológico, como pode ser observado na Figura 1. Figura 1 - Recursos tecnológicos. A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E O TRABALHO Segundo Bonilla (2005), o termo “sociedade da infor- mação” vem sendo utilizado para caracterizar a épo- ca atual em que vivemos referenciando as mudanças 19 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação relacionadas às TICs, à economia, estilo de vida e outros aspectos. A autora destaca algumas definições de socie- dade da informação: • Definição tecnológica: a ênfase reside no espetacular avanço das tecnologias e das notáveis transformações nos processos de armazenamento e transmissão da informação. • Definição econômica: relacionada à mensuração do tamanho e crescimento da indústria da informação. • Definição ocupacional: baseada nas transformações que vêm ocorrendo no setor do trabalho. • Definição espacial: sustentada pelas ideias de velocidade e compreensão do espaço-tempo global. • Definição cultural: referente ao crescente volume de infor- mações que circulam diariamente pelos meios de comuni- cação e formam um novo ambiente informacional. As definições citadas ainda não tornam o conceito 20 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação de sociedade da informação preciso. Tais conceitos atribuem destaque as TICs no cotidiano da socieda- de moderna, mas são insuficientes para defini-las por completo. Muitas são as interpretações sobre as inovações tecnoló- gicas, criando-se diversos conceitos a respeito. Segundo Schaff (1993), as mudanças sociais que estão ocorrendo são definidas como “revolução técnico-científica”, tendo como um de seus desdobramentos a “segunda revolu- ção técnico-industrial”, trazendo a microeletrônica com eixo principal. Para o autor o desemprego foi uma das maiores consequências de tal “revolução”, as pessoas perderam seus empregos para a automatização indus- trial. Isso provocou um incremento da produtividade e da riqueza social e ao mesmo tempo a redução da de- manda de trabalho humano. Realmente, ao se incorporar novas tecnológicas ao pro- cesso produtivo, tende-se a gerar uma maior valorização 21 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação do capital, reduzindo o uso de material humano. Não quer dizer que a mão de obra humana seja substituída pelas máquinas, mesmo porque, as máquinas são consideradas instrumentos de trabalho. Desprezar o trabalho humano faz com que o entendimento das mudanças históricas da época se tornem sem sentido. É fato que as novas tecnologias estão cada vez mais pre- sentes na sociedade atual, mas isto não quer dizer que ela seja o centro das relações sociais, mesmo que exer- çam um forte impacto nestas relações. A INSERÇÃO DAS TIC NO TRABALHO As Tecnologias da Informação e da Comunicação são a definição de ferramentas criadas para satisfazer neces- sidades do homem, tendo como principal criador a so- ciedade capitalista. Algumas formas de regulação social foram criadas para se manter as bases da sociedade capitalista. Segundo Gerra (2000), destaca-se a “racionalidade instrumental”, 22 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação que encontra-se dependente do alcance de fins particu- lares e resultados imediatos. Isso a torna útil às estrutu- ras da sociedade capitalista, reduzindo a reflexão crítica humana a meras técnicas. A tecnologia tem grande expansão com o surgimento da computação eletrônica e da informática. Na cultura moderna faz parte do cotidiano dos indivíduos em to- das as áreas de conhecimento e atuação, até mesmo no convívio humano através das redes sociais. 23 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação Figura 2 - Tecnológicos no trabalho. A utilização desta tecnologia não passa apenas pelo sa- ber as técnicas e ferramentas, mas deve passar pelo ver- dadeiro por que da sua utilização pelo indivíduo agente. As novas tecnologias da informação e da comunicação trazem muitas consequências e pode-se observar seu poder multiplicador em praticamente todos os meios de convivência dos indivíduos. Em várias áreas as TIC têm trazido novas formas de expressão, conhecimentos, possibilidades, pensamentos e por consequência, novos desafios e perspectivas. Diante da importância de se reconhecer o verdadeiro pa- pel da tecnologia na sociedade atual, não sendo apenas caracterizado como conhecimento dos meios e ferramen- tas disponíveis, mas sim como algo que modifica, produz e reproduz métodos inovadores e diferenciados de viver e de se inserir nas relações sociais (VELOSO, 2012). 24 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação A INTERNET A internet em seus vários desdobramentos quanto a disponibilização de recursos de interação entre indiví- duos, tem apresentado um potencial significativo. Seus recursos facilitam a interação e comunicação entre gru- pos heterogêneos, possibilitando em tese, a manuten- ção das identidades culturais e dos valores éticos. Atualmente a Internet se configura não apenas como uma questão tecnológica, ela pode ser entendida como um importante fator cultural que influencia nas mudan- ças das formas de se relacionar e viver em sociedade. Os meios de comunicação instantâneos, por exemplo, as redes sociais, blogs, Skype,e-mails e outros (Figura 3), a Internet tem modificado significativamente os meios de comunicação entre os indivíduos. Da mesma forma, a Internet tem sido utilizada como meio de produção e disseminação de grandes quantidades de informação, por exemplo, bibliotecas digitais, livros disponíveis em 25 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação rede, e a própria Wikipédia uma grande enciclopédia virtual. Utilizada de forma correta, a Internet pode-se configurar como uma importante ferramenta para o de- senvolvimento pessoal e coletivo, proporcionando inú- meras contribuições para o trabalho, o ensino, o laser e a cultura (VELOSO, 2012). Figura 3 - Ferramentas de comunicação. 26 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação A ESTRUTURA ESTRATÉGICA DAS TIC A possibilidade de produzir mudanças na qualidade re- ferentes ao contexto social aponta para a importância da tecnologia. É um potencial que pode servir tanto ao interesse das classes dominantes da sociedade, e tam- bém contribuir para elaboração de um projeto voltado a população de massa (VELOSO, 2012). Para que todo o potencial das TIC seja realmente se- dimentado, faz-se necessário um processo adequação deste recurso, valorizando outras competências e não somente a tecnologia (VELOSO, 2012). Utilizar de forma crítica e rígida os recursos tecnológicos pode trazer alterações na realização de muitas atribui- ções e competências. Isso tende a gerar efeitos positivos no desenvolvimento das diversas profissões. A utilização dos recursos das TIC pode contribuir para que os pro- fissionais potencializem competências e habilidades no contexto de sua atuação em diversas políticas sociais 27 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação públicas (VELOSO, 2012). As TIC podem nos ajudar a identificar as desigualdades e potencializá-las, ao mesmo tempo estipular as relações entre diferentes dados e informações, estimulando es- paços para o diálogo, aprendizagem e compartilhamen- to (VELOSO, 2012). Segundo Veloso (2012), no que se refere às profissões quanto ao uso das TIC aponta-se para algumas condi- ções fundamentais, sendo três elementos básicos que possibilitam a integração das TIC ao trabalho: vontade e interesse dos profissionais em utilizar as tecnologias; existência de condições de trabalho adequadas; existên- cia de formação profissional voltada para o tratamento deste tema (VELOSO, 2012). Um dos fatores importantes para uma melhor absorção das TIC ao trabalho é a formação profissional, que deve contribuir para operacionalizar os recursos técnicos e 28 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação também, quebrar o paradigma da resistência do seu uso, demonstrando as diversas alternativas e efeitos positi- vos da utilização correta da tecnologia (VELOSO, 2012). Uma das alternativas para tentar quebrar a resistência ao uso das TIC por parte dos profissionais das diversas áreas é a reflexão que pode ser realizada nos meios de capacitação, como cursos de graduação, pós-gradua- ção, capacitações e demais espaços de debate (VELOSO, 2012). No que se refere à formação profissional, não se pode pensar em um simples ensino da informática básica, mas uma formação que direcione os profissionais para o entendimento e absorção dos potenciais das TIC, pos- sibilitando a inserção dos benefícios da tecnologia no ambiente de trabalho. Não se pode esquecer que para uma adequação das TIC ao ambiente de trabalho é pre- ciso verificar as condições e disponibilidade de recursos físicos, materiais e humano em quantidade e qualidade 29 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação necessárias para realização das atividades tecnológicas. Outro fator relevante quanto à absorção das TIC no am- biente de trabalho, está relacionada ao interesse dos profissionais no seu uso. A resistência dos profissionais em inserir no seu trabalho os recursos oferecidos pelas tecnologias pode estar relacionada à falta de interesse no seu uso, ou seja, não há interesse, mas na verdade, há uma resistência quanto à incorporação das TIC no ambiente de trabalho. Tal resistência está relacionada às mudanças e me- lhorias que as TIC podem introduzir na realização das tarefas do cotidiano do profissional. Isso implica em atualização profissional, mudança de perfil, que traz melhorias na execução dos trabalhos, direcionando o profissional para as novas tendências inovadoras e fir- mando sua presença no mercado de trabalho cada vez mais tecnológico. 30 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação A FORMAÇÃO PROFISSIONAL Uma abordagem mais aprofundada da importância da inserção das TIC no trabalho durante a formação pro- fissional é um fator que pode contribuir muito para a quebra da barreira que ainda existe a tal inserção. Para fixar a inserção das TIC no ambiente de trabalho subtende-se que no processo de formação profissio- nal sejam abordando tanto os aspectos gerais do uso da tecnologia, quanto os benefícios que as TIC podem agregar às profissões. Alguns profissionais buscam qualificação por meio de cursos de informática básica voltada para os editores de texto, planilhas eletrônicas e outros aplicativos mais utilizados no cotidiano do trabalho. Em alguns casos a qualificação se dá dentro da própria empresa, até mes- mo por necessidade de aperfeiçoamento em virtude de mudanças nos sistemas operados pelos profissionais. 31 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação A grande demanda das atividades desenvolvidas no dia a dia dos profissionais fomenta a necessidade da inser- ção das TIC. É importante identificar as necessidades nos processos do trabalho para adequação das tecnolo- gias apropriadas. A importância da abordagem das TIC na formação pro- fissional não quer dizer que tal conteúdo deva ter prio- ridade sobre os demais conteúdos que contemplam a formação profissional nas diversas áreas. A tecnologia deve ser trabalhada em igualdade de relevância com as demais competências e habilidades que fazem parte do trabalho profissional, deixando bem claro que a tecnolo- gia não é prioridade na autonomia do trabalho, mas se- gundo Veloso (2012) no projeto profissional, nos valores e nas referências fundamentais das profissões. Sendo assim, a formação profissional preocupada com a abordagem das TIC pode contribui para que seja tratada como conteúdo complementar na formação profissional, 32 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação útil partindo do princípio que possibilita uma articulação das competências profissionais, não sendo no processo de formação, o principal item. Conforme Veloso (2102), a presença das TIC na forma- ção profissional é uma condição de grande importância, embora não seja a única para que o processo de intro- dução das tecnologias ao trabalho aconteça de forma rica e consistente. A abordagem das TIC na formação profissional pode tornar-se fundamental para que os profissionais possam desenvolver uma percepção crite- riosa de tais tecnologias. AS CONDIÇÕES DE TRABALHO Com as discussões anteriores é possível verificar que informatizar não leva naturalmente a introdução das TIC no trabalho. Tal introdução precisa de condições para que os profissionais entendam o verdadeiro po- tencial que os recursos da tecnologia podem agregar ao trabalho. 33 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação Segundo Veloso (2012), isso demanda um série de esfor- ços que envolvem a existência de condições adequadas de trabalhos, bem como envolvimento com o trabalho, vontade política, formação e qualificação profissional contínuas, dentre outros fatores. Muitas vezes as condi- ções necessárias para a incorporaçãodas TIC não estão disponíveis para os profissionais, dificultando tal incor- poração. Portanto, conhecer as condições de trabalho dos profissionais é vital para que a incorporação das TIC seja possível. Embora condições para incorporação não seja o único pré- -requisito, considera-se aspecto básico, sendo condição a presença de materiais e objetos necessários à incorporação. Em muitas organizações a falta de condições adequadas de trabalho, até mesmo a falta de requisitos mínimos necessários para o desenvolvimento profissional sobre- carregando o trabalhador, gerando um ambiente tenso e estressante. 34 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação Mesmo com tantas dificuldades muito profissionais so- nham com a inserção com a introdução das TIC nas ro- tinas do trabalho, tentando eliminar as barreiras reais presentes no dia a dia. Pode-se apontar a dificuldade de acesso a equipamentos básicos para a prática das TIC, como computadores, impressoras, suprimentos de in- formática, e também, a falta de espaços para qualifica- ção na área. Para uma efetiva introdução das TIC no ambiente pro- fissional é relevante que as condições de trabalho sejam favoráveis. Ma maioria dos casos a frequência da tecno- logia se dá em ambientes de trabalho que existam con- dições que os profissionais acreditam ser adequadas. Incentivar a introdução das TIC à rotina do trabalho deve passar por uma reflexão da importância que as condições de trabalho exercem em tal processo. A simples existência de condições não garante a intro- dução das TIC, é preciso articulação entre condições 35 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação e potencialidades que as TIC poderão agregar ao tra- balho, aí sim, processos de formação profissional que atenda as demandas e especificidades de cada profis- são se fazem necessário, ajudando no processo de in- trodução da TIC no trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS As tecnologias possibilitam que o trabalho colaborativo também se estenda a questões teóricas e práticas. A ên- fase em torno do trabalho agora é criar possibilidades de cooperações e produções coletivas. É preciso tomar cuidado ao examinar tudo isso, foi apre- sentada uma deliberada especulação em torno do tra- balho e sua organização a partir das novas técnicas em rede, sem a pretensão de fechar este ponto ainda em pleno desenvolvimento, mas de introduzir o diálogo so- bre Cibercultura. 36 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação FIQUE POR DENTRO No link a seguir há um vídeo sobre TIC – Tecnologia da Informação e da Comunicação: <http://www.youtube.com/watch?v=cl1291SqSow>. REFLITA É apresentado abaixo um artigo da professora Martorelli Dantas debatendo EaD, ambiente corporativo e formação continuada. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos bri- lhantemente debatidos pela professora. O ENSINO A DISTÂNCIA NO AMBIENTE CORPORATIVO, UMA FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA Martorelli Dantas(*) Não é de hoje que se diz que é preciso estudar sempre. É necessário que os profissionais, sejam quais forem as suas áreas de atuação, estejam em contínuo processo de desen- volvimento e aprendizado. Esta realidade tem feito profissio- nais já estabelecidos no mercado de trabalho retornarem aos bancos escolares, para fazerem MBA’s e cursos de especia- lização. Refletir, repensar e trocar experiências com outras 37 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação pessoas igualmente envolvidas no mundo produtivo tornou- -se compulsório. Mas nem todas as pessoas têm oportunidade de tempo e condições financeiras para estes cursos, que em geral são caros e demandam o deslocamento do profissional, freqüen- temente, para outros países, e quando não, para outros esta- dos. Há profissionais que estão em um momento tal de suas vidas que a retirada do “front” de trabalho neste instante não seria estratégica. As razões são várias: dificilmente consegui- riam retornar para ocupar a mesma posição depois do perío- do de estudos, não têm reservas financeiras para bancarem tal afastamento, não contam com um projeto de estímulo à educação continuada em suas empresas. É para esses profis- sionais, inclusive, que o modelo corporativo de EaD (Ensino a Distância) parece-me especialmente apropriado. Disse “inclusive” porque EaD não é uma forma de estudar para quem não tem tempo ou dinheiro. Quem não tem tem- po para estudar e não tem recursos para financiar este estu- do, nem conta com quem possa fazê-lo, simplesmente não pode estudar. É urgente que desfaçamos o engano de que é possível fazer bons cursos, ter bons professores e ter um crescimento profissional real sem investimento. Isso não é possível, e acredito que nunca foi nem nunca será. Mas voltando à questão da utilização do Ensino a Distância no ambiente corporativo, devo afirmar que esta tem sido uma 38 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação tendência dos nossos dias. Primeiro foram as grandes universidades do mundo que co- meçaram a utilizar com seus alunos de MBA, já na década de 80, meios como apostilas, fitas de vídeo e áudio, para instruí- rem aqueles com maior dificuldade de deslocamento. Com o advento da Internet parece que todos esses recursos encon- traram um só caminho para ligarem alunos, professores e a própria instituição de ensino. Isso com a facilidade de que a comunicação pode ser feita não apenas de um para muitos, mas de forma completamente interativa, constituindo uma verdadeira comunidade de aprendizado. Mais recentemente as empresas de grande porte como a Accor Brasil, BankBoston, DataSul e Visa perceberam o poten- cial e a necessidade de manter suas estrelas dentro de suas próprias portas e criaram as Universidades Corporativas. Elas, nada mais são, que a criação, intramurus, de comunidades de aprendizado colaborativo, que oferecem a oportunidade aos funcionários da empresa de trocarem suas experiências e aprenderem com especialistas convidados. E nenhum canal se mostrou mais eficaz para isso que a Internet, com seus re- cursos multimídia e infindas possibilidades de interação. Se a escola entrou na empresa, e não mais para alfabetizar, é preciso também que a pedagogia faça o mesmo. Não há formação, crescimento e transformação sem educação, e o 39 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação ensino corporativo não é exceção à regra. É preciso formar educadores capazes de dimensionar modelos e estratégias próprias para a implantação de sistemas de educação con- tinuada através do EaD dentro das empresas, sob risco de despendermos inutilmente esforços, tempo e recursos. A Aquifolium é uma empresa, entre outras, que tem se dedi- cado a preparar esses educadores para agirem dentro de uni- versidades, escolas, corporações e iniciativas independentes. Já passaram por nossos cursos, eventos e palestras mais de mil alunos, os quais estão engajados em um mercado de tra- balho crescente e exigente. Acredito que muitas empresas que já possuem toda uma estrutura de comunicação interna através da Internet, poderiam usar os equipamentos e o pes- soal treinado, sob a supervisão e orientação de educadores, para desenvolver seus próprios cursos de aperfeiçoamento profissional. Para implementá-los não precisa ser rico, basta ser grande. (*) A autora é professora da Escola Superior de Marketing do Recife, da Universidade de Pernambuco e membro da Equipe Pedagógica da Aquifolium Educacional. Fonte : <http://www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/ martorelli.html.> Acessado em 23/09/2013. 40 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação REFLITA É apresentada abaixo uma entrevista do professor Wilson Azevedo debatendo a tecnologia na educação. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhantemente debatidos pelo professor. TECNOLOGIA EM FAVOR DA EDUCAÇÃOEntrevista concedida ao portal WWWork Wilson Azevedo wwwork: Quais são os serviços oferecidos pela Aquifolium? Wilson Azevedo: A Aquifolium é uma empresa que desenvol- ve projetos para a internet, com forte ênfase no aspecto huma- no e comunicacional da rede, sem negligenciar o tratamento adequado da tecnologia. Nossa unidade de negócios educa- cionais, a Aquifolium Educacional, dedica-se especificamente à educação on line, isto é, ao desenvolvimento de projetos de educação utilizando redes informatizadas, sendo a educação à distância o principal campo que vem demandando nossa atuação. wwwork: Na sua opinião, como está sendo o desenvolvimen- to do ensino à distância no Brasil? Wilson Azevedo: Primeiramente, creio que deve-se destacar que o Brasil ocupa posição de destaque em nível mundial no 41 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação que diz respeito à educação à distância. Aqui foram desenvol- vidos os mais bem-sucedidos programas com uso de rádio e TV. Um exemplo deles é o TeleCurso 2000, caso de sucesso, destacado mundialmente. Mas, ainda estamos num proces- so embrionário. Temos algumas iniciativas que deveriam ser corretamente classificadas no campo editorial e no mercado de publicações, embora esteja muito claro para a maioria das pessoas que o fato de se ler um livro que tem o título “curso de alguma coisa” não significa que se esteja efetivamente fa- zendo um curso. Ainda não se tem a mesma clareza quando se trata de publicações eletrônicas em páginas na web. wwwork: A educação à distância existe desde fins do século XVIII. A evolução da tecnologia é um dos principais motivos para a popularização do ensino à distância? Você acha que é uma tendência a utilização cada vez mais frequente e usual da internet no ensino? Wilson Azevedo: Não diria que estejamos assistindo a uma popularização da EaD no Brasil. Pelo contrário, estamos as- sistindo a um processo compreensível de elitização da edu- cação à distância. A EaD no Brasil sempre foi vista como uma modalidade popular, ou voltada para os andares inferiores do edifício social, uma maneira de, supletivamente, atender aos que iam ficando excluídos do sistema educacional presencial. Nossos principais programas à distância sempre estiveram 42 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação voltados à alfabetização e à formação básica da população de baixa renda. O advento das redes corporativas e da internet conferiu um novo status a educação à distância. A educação online vem sendo vista por empresas e instituições de ensino como uma forma nova de atender a outro tipo de excluído, não o ex- cluído social, mas o excluído pela falta de disponibilidade de tempo ou pela distância em relação aos centros de excelên- cia, uma elite gerencial, executiva, profissional que vem se di- rigindo os mais recentes esforços em educação online. wwwork: Quais são as vantagens e desvantagens da educa- ção à distância para os alunos e professores? Wilson Azevedo: As principais vantagens, mas também os maiores perigos, se encontram na flexibilidade em relação ao tempo. Alunos e professores não ficam mais presos às gra- des de horários que definem uma hora para começar e outra para encerrar uma aula. Alunos e professores precisam de maior disciplina para estabelecer os horários que lhes são mais convenientes - e efetivamente dedicar-se ao estudo nes- tes horários. Isto requer um perfil mais autônomo e indepen- dente para o aluno, coisa que nosso sistema educacional não incentiva nem desenvolve. Além disto, no caso específico da educação on line, o alu- no - e também o professor - precisa adaptar-se a uma outra 43 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação ecologia pedagógica, um outro ambiente caracterizado por uma temporalidade multissincrona, uma espacialidade virtu- al e uma sociabilidade comunitária. Esta adaptação é um pro- cesso delicado que precisa ser bem trabalhado para evitar-se o fracasso, a angústia e a frustração. wwwork: E a relação entre estudante e professor, não fica prejudicada? Wilson Azevedo: Na EaD convencional, baseada em módu- los auto-instrucionais, com uso de servico postal, rádio ou TV, este sempre foi um problema. Mais ainda do que a relação estudante-professor, a fecunda experiência de relaciona- mento interpessoal e comunitário em turmas de alunos era totalmente impossível com uso destas tecnologias. Mas jus- tamente uma das maiores contribuições das novas tecnolo- gias da informação e da comunicação, notadamente da inter- net, reside na possibilidade de interação coletiva à distância - que pode ser intensa, de altíssima qualidade e elevado grau de profundidade, quando bem incentivada e trabalhada. A maior contribuição está nesta possibilidade de envolver alu- nos e professores em comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa. wwwork: A motivação do estudante não diminui com o en- sino à distância? Esse tipo de ensino não estimula uma indi- vidualização dos estudantes por não estarem reunidos em 44 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação grupos? Wilson Azevedo: No modelo baseado na chamada auto-ins- trução isto é um fato. Mas este foi um modelo desenvolvido diante dos limites impostos pelas tecnologias classificadas como da primeira (rádio, TV) e da segunda geração (software educativo, CD-ROM) e pela orientação do contexto econômi- co e cultural da sociedade industrial. Com o advento da cha- mada “sociedade da informação” e das tecnologias de tercei- ra geração, as das redes de computadores, não precisamos ficar presos a este modelo. Aliás, é um desperdício utilizar a internet apenas para a auto-instrução, um equívoco de enfo- que desenvolver um curso on-line como se fosse um CD-ROM educativo. A internet combina as 3 possibilidades de comu- nicação: de um-para-um, de um-para-muitos e, sobretudo, de muitos-para-muitos. Via internet, comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa podem envolver o estudante, mantendo sua motivação e estimulando a constante e inten- sa troca e cooperação de todos com todos. Não perceber isto tem sido um equívoco, infelizmente, ainda muito comum em iniciativas educacionais na internet. Mas acho que esta- mos assistindo a um processo de gradual amadurecimento, tanto de instituições, quanto do público, que nos fará perce- ber com mais nitidez que a aprendizagem colaborativa em 45 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação comunidades virtuais oferece o modelo mais adequado à educação on-line. É apresentado abaixo um artigo debatendo EaD e o mercado de trabalho. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhantemente debatidos pela professora. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O MERCADO DE TRABALHO Ana Carolina Garcez Bueno Carneiro César Augusto Garcez Bueno Carneiro Mariana Mayrink Giardini RESUMO A revolução tecnológica mudou costumes, hábitos e valores na sociedade contemporânea e trouxe facilida- des para a área da educação, que é uma das que mais faz uso dos recursos tecnológicos. A competição e exigência 46 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação do mercado de trabalho levam cada vez mais pessoas a buscarem conhecimento e uma formação (gradua- ção, pós-gradução, mestrado, doutorado) e o EAD tem proporcionado essa facilidade a muita gente, que por motivo de distancia, financeiro e outros, não pode es- tar presente em uma faculdade, mas também surge a preocupação da aceitação do mercado com relação ao profissional na área da Aquacultura/Engenharia de Pesca/Aquicultura, Técnico em Piscicultura, formado pelo ensino a distância. PALAVRAS-CHAVE: EAD, Tecnologia, Profissional. INTRODUÇÃO As novas tecnologias já fazem parte da vida cotidiana da sociedade, e as mudanças comportamentais já são bem evidentes. A internet facilita a vida das pessoas, princi- palmente com relaçãoa informações e pesquisas e agili- dade em alguns tipos de serviço, a exemplo compras. A 47 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação quantidade de informações também é grande, então é necessário filtrar as informações de seu interesse. As pessoas que pela correria do cotidiano, problemas financeiros, e outros de cunho pessoal que estão à pro- cura de estudo para ingressar no mercado de trabalho, que está cada vez mais exigente, têm a necessidade de fazer uma faculdade, e hoje em dia temos o método EaD (EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA), que permite acesso a educa- ção de forma mais fácil, inclusive em menos tempo que uma faculdade com ensino presencial. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA É um ensino na qual o aluno não precisa esta fisicamen- te presente em um ambiente de ensino como escola, universidade. A didática deste ensino depende da tecno- logia, a exemplo, a internet, via mais utilizada hoje como estudos a distância por outro lado o aluno tem que se 48 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação esforçar porque se torna um estudo mais autônomo que é empregado nos horários em que o aluno despose para dedicar-se ao estudo. EAD NO BRASIL Segundo a enciclopédia Wikipédia, no Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio Técnico Monitor, em 1939, o hoje Instituto Monitor, iniciaram várias experiências de educação a distância com relativo sucesso. As ex- periências brasileiras, governamentais e privadas, fo- ram muitas e representaram, nas últimas décadas, a mobilização de grandes contingentes de recursos. No passado, os resultados não foram suficientes para ter aceitação governamental e social da modalidade de educação a distância no país. Porém, a realidade bra- sileira já mudou e o governo brasileiro criou leis e es- tabeleceu normas para a modalidade de educação a distância no país. 49 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação As bases legais para essa modalidade foram estabeleci- das pela Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional n°9.394, de 20 de dezembro de 1996, regulamentada pelo decreto n°5.622 de 20 de dezembro de 2005, que revogou os decretos n°2.494 de 10/02/98, e n°2.561 de 27/04/98, com normatização definida na Portaria Ministerial n°4.361 de 2004. No decreto n°5.622 dita que, ficam obrigatórios os momentos presenciais para avaliação, estágios, defe- sas de trabalhos e conclusão de curso.Classifica os níveis de modalidades educacionais em educação básica, de jo- vens e adultos, especial, profissional e superior. Os cursos deverão ter a mesma duração definida para os cursos na modalidade presencial e ainda, poderão aceitar transfe- rência e aproveitar estudos realizados em cursos presen- ciais, da mesma forma que cursos presenciais poderão aproveitar estudos realizados em cursos a distância. Regulariza o credenciamento de instituições para oferta de cursos e programas na modalidade a 50 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação distância (básica, de jovens e adultos, especial, pro- fissional e superior). ASPECTO IDEOLÓGICO A EaD caracteriza-se por estabelecer uma comunica- ção de diversas maneiras, suas possibilidades amplia- ram-se em meio às mudanças tecnológicas como uma modalidade alternativa para superar limites de tempo e espaço. Seus referenciais são fundamentados nos qua- tro pilares da Educação do Século XXI publicados pela UNESCO, que são: aprender a conhecer, aprender a fa- zer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Desta forma, a Educação deixa de ser concebida como apenas transferência de informações e passa a ser nor- teada pela contextualização de conhecimentos úteis ao aluno. Na educação a distância, o aluno é desafiado a pesquisar e entender o conteúdo, de forma a participar 51 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação da disciplina. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O MERCADO DE TRABALHO Apesar de a educação a distância ser um modelo sério, legalizado e com respaldo e amparo do MEC, e de ser adotado hoje em quase todas as faculdades e universi- dades do Brasil, algumas pessoas que pretendem fazer uma faculdade à distância têm se preocupado com sua aceitação ou não pelo mercado de trabalho. Uns usam a expressão reconhecimento pelo mercado de trabalho, outros apenas aceitação, mas no fundo a preocupação é a mesma. O mercado de trabalho formal vai sempre optar pelo que é mais formal. O mercado menos formal tende a observar a capacidade do indivíduo e não ape- nas a sua formação. Então, diante disso é evidente que a preocupação com o mercado de trabalho poderá se justificar ou não. 52 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação OS ALUNOS DE HOJE E PROFISSIONAIS DE AMANHÃ A grande preocupação não é o que o mercado e traba- lho acha ou deixa de achar da educação a distância e sim o tipo de profissional que as faculdades EAD vão enviar para o mercado. O receio maior é que muitas pessoas estejam despreparadas para enfrentar um curso a distância e conseqüentemente para ingressar no mercado de trabalho em que se pretende formar, dependendo da área, a exemplo a saúde, por irrespon- sabilidade de um mau profissional, vidas podem estar em jogo. Diante do estudo feito, foi possível perceber que alguns alunos têm dificuldade de compreensão de um simples texto, prova disso são as dúvidas, comen- tários em chats, rodapés, posts, sem contar nos erros de português (ortografia), grafia errada, a faculdade não corrige esses erros e provavelmente irão parar no mercado de trabalho. As baixas mensalidades de EAD e comodidade de horário e local despertam o interesse 53 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação de muita gente, isso é bom, pois a faculdade é uma ex- tensão e não o básico, logo os alunos devem fazer estu- dos por conta própria, seja em cursinho ou através de conteúdo gratuito disponível na internet, criar o hábito de leitura e informação, adquirindo mais conhecimen- to e experiência sobre a área de estudo desejada. CONSIDERAÇÕES FINAIS É indiscutível que a educação a distância é a modalidade de ensino que mais cresce no país. O mercado de tra- balho passa a reconhecer o valor e a importância que a EAD proporciona aos novos profissionais formados por um sistema que inibe a atitude passiva e capacita traba- lhadores com perfis de autonomia e independência. “Os que se formaram mostram que têm bastante disciplina, empenho, são organizados e cumprem prazos”, acredita Constantino Cavalheiro, diretor da Catho Educação. “No 54 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação processo seletivo, a empresa não avalia a modalidade de ensino, mas a instituição. Se é de renome, é aceita. O que conta é a reputação da escola. E mais importante que o certificado é o conhecimento do aluno e sua capa- cidade de apresentar resultado.” Foram observados os crescentes índices de empresas que tanto acreditam na educação a distância como também usufruem dela como eficiente método de trei- namento para a capacitação de seus colaboradores. “Em 2007, pela primeira vez desde a criação do Enade (2004), o Inep (órgão de avaliação e pesquisa do MEC) comparou o desempenho dos alunos dos mesmos cur- sos nas modalidades a distância e presencial. Em sete das 13 áreas onde essa comparação é possível, alunos da modalidade a distância se saíram melhores do que os demais.” (Fonte: Folha de São Paulo) A realidade é que haverá sim empresas que irão torcer o nariz para quem fez uma faculdade a distância, mas isto 55 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação não é regra no mercado. O importante é se preocupar com a sua formação e fazer a diferença, procurar uma institui- ção confiável, usufruir de todosos recursos disponíveis para sanar as possíveis duvidas de conteúdo, para ser um bom profissional , enfim, assim terá aceitação do mercado sem nenhum problema. Fonte: www.abed.org.br/congresso2013/cd/380.doc INDICAÇÕES DE LEITURA VELOSO, Renato. Tecnologias da informação e comunicação. São Paulo: Saraiva, 2011. 56 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação LAURINDO, Fernando José Barbin; ROTONDARO, Roberto Gilioli. Gestão Integrada de Processos e da Tecnologia da Informação. São Paulo: Atlas, 2006. ATIVIDADES 1) Reflita sobre o que você entende por Tecnologia da Informação. 2) Continuando as reflexões. Agora que você já tem a percepção do que é Tecnologia da Informação, o que você entende por Tecnologia da Informação e da Comunicação? 57 UNIDADE I - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação 3) Faça uma pesquisa sobre a utilização de recursos tecnológicos no cotidiano das pessoas quanto às re- lações sociais. O objetivo é identificar que tipos de recursos da TIC as pessoas têm utilizado nas rela- ções pessoais de trabalho mediadas pela tecnologia. Novas tecnologias na EAD e suas formas de mediação UNIDADE 2 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Debater as mudanças que as novas Tecnologias de Informação e da Comunicação têm provocado nas relações socioculturais e na forma de promover a aprendizagem por meio dos recursos disponibilizados pelas novas ferramentas tecnológicas.. PLANO DE ESTUDO Serão abordados os seguintes tópicos: • Novas posturas frente à Educação a Distância • Redes sociais como espaços de aprendizagem na web • Possíveis caminhos da interatividade • A interatividade na EAD Carlos Eduardo Cayres 60 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação INTRODUÇÃO Uma das principais ferramentas das TIC favorável à demo- cratização do saber é sem dúvida a internet. O conheci- mento não se restringe somente a um grupo, é comparti- lhado por um amplo número de indivíduos, independente do local em que é produzido. Os ambientes em rede minimizam as distâncias, promo- vendo trocas colaborativas, criativas e autônomas. A es- cola e a família tem que estar atentas a essas mudanças inevitáveis, nunca deixando de lado os valores humanos e éticos, indispensáveis a um bom convívio social. NOVAS POSTURAS FRENTE À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As novas tecnologias de informação tendem a provo- car mudanças socioculturais que a sociedade atual ainda não tem condições de assimilar. Ao se modificar 61 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação aspectos sociais, resistências surgirão, principalmente por que, não se sabe o impacto que estas transforma- ções provocarão. As redes sociais, como Facebook, Orkut, Skype (Figura 4), entre outras, apresentam formas de interação que atra- em pela diversidade de informações com recursos varia- dos: sons, imagens, tudo muito interativo. A escola tradi- cional não traz novos desafios e isso causa desconfiança nas metodologias tradicionais de ensino. Isso gera um descaso diante das formas de aplicação de conteúdos e formas de avaliação que fogem ao cotidiano do jovem do século XXI. É preciso incorporar os meios audiovisuais em suas práticas estudantis e a gama de riquezas que as TICs podem proporcionar. 62 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação Figura 4 - Facebook e Skype. Os jovens do século XXI querem dialogar, discutir, di- versificar e não apenas participar de um modelo de as- similação de conteúdo. O conceito de “nativos digitais” segundo Belloni (1999) define estes jovens com muita propriedade, pois, frente à geração dos “imigrantes di- gitais”, eles possuem habilidades e competências para o uso das novas tecnologias principalmente porque inte- ragem no ambiente em rede com extrema naturalidade. Com isso, o compartilhamento de informações se tornou 63 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação uma marca da nova web, em que os jovens procuram e desejam criar juntos, muito próximos do que Pierre Lévy (1999) definiu como inteligência coletiva. No entanto, existem desafios a serem desvendados na rede de infor- mações, pois, se por um lado, ela pode ser fascinante, por outro, pode ser igualmente obscura, percorrendo caminhos perigosos. A INTERATIVIDADE NA EAD Mudar a postura passiva do telespectador, aproximan- do-os das novas TICs, é um grande desafio para os indi- víduos do século XXI. Pesquisas indicam um crescimento na modalidade em educação a distância e o ensino pre- sencial não pode ser apenas transferido para o ensino a distância, por meio das novas ferramentas tecnológicas. É preciso ter cuidado com a preparação dos materiais, atentando para as especificidades dos educandos, con- textualizando os conhecimentos na região onde o aluno 64 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação está inserido. O governo, a partir de 2007, estabeleceu políticas de referências de qualidade para regulamentação dos cur- sos a distância, com a finalidade de minimizar os efei- tos muitas vezes insatisfatórios desta modalidade de ensino, preocupado com a grande expansão da EAD no Brasil. Um dos objetivos é garantir que uma proposta de pro- jeto de curso superior a distância precisa estar atento a um forte compromisso institucional visando garantir uma formação técnico-científica para o trabalho, consi- derando também, a dimensão política para a formação do cidadão. Além do mais, a educação superior presen- cial ou a distância, nas suas diversas formas de combi- nações entre presencial, presencial virtual e a distância, precisa evidenciar o desenvolvimento humano, diante do comprometimento da concepção de uma sociedade mais justa. 65 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação Outro fato importante no documento é que a educa- ção deve superar a visão fragmentada do conhecimen- to, elaborando uma estrutura de interdisciplinaridade e contextualização. A educação encontra nesse panorama um ambiente desafiador e diferente dos meios de comunicação de massa. Por exemplo, a televisão apresenta um material voltado ao consumo e à padronização do pensamento, a estrutura teórico/prática dos cursos de EAD percorre um caminho contrário, pois deve basear-se nos ques- tionamentos, práticas e discursos inovadores para que consiga despertar a autonomia, criatividade e cidadania no seu público-alvo. Atentado para o problema, a EAD deve promover a in- teração entre alunos e entre alunos e professores, uti- lizando-se de ambientes que propiciem ferramentas como fóruns e chats, disponibilizando o conhecimento de forma autônoma. Assim sendo, é preciso diferenciar 66 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação interação e interatividade, que, muitas vezes são colo- cadas de forma prolixa. Para Belloni (1999), o conceito sociológico de interação é a ação recíproca entre dois ou mais atores onde ocorre intersubjetividade, isto é, en- contro entre dois sujeitos, que pode ser mediada por al- gum veículo técnico de comunicação (telefone ou carta). Em contrapartida, interatividade é o recurso técnico dis- ponibilizado por um determinado meio, como hipertex- tos em geral ou jogos eletrônicos. Existe também o con- ceito de interatividade como a atividade humana que age sobre a máquina e recebe em troca uma resposta. Torna-se inevitável a mudança no papel do professor diante dos novos modelos de interatividade. O novo pa- radigma exige que o professor se transforme em me- diador do conhecimento rompendo a barreira dos en- contros clássicos em sala de aula. No modelo tradicional a aprendizagem acontecia, muitas vezes, mediante tro- cas teóricas por meio dos diálogos. Educadores atentos 67 UNIDADE II - RedesSociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação aos objetivos propostos pela disciplina devem recorrer a diferentes linguagens, diversificando a compreensão dos diferentes conteúdos, indo ao encontro do mundo sociocultural dos educandos. O professor torna-se tam- bém é um aprendiz das linguagens visuais e sonoras na atual quebra de paradigmas hierárquicos e cabe tam- bém a ele a autoaprendizagem diante do novo contexto educacional. É um a caminho sem volta. O uso das redes sociais, como prática de interação social, tem arrebanhado inúmeros adeptos, entretanto a mu- dança da prática para o ambiente de aprendizagem, não consegue obter a mesma aceitação. Estudos apontam que os alunos de educação a distância ainda não con- seguem dominar as diferentes formas interativas dis- poníveis. Os ambientes virtuais de aprendizagem, como fóruns, salas de bate-papo, emails ainda não são bem utilizados pelos estudantes, isso faz com ele não se sin- ta integrado ao curso do qual faz parte. Segundo Serra 68 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação (2005), este fator é um dos determinantes para a evasão dos cursos na modalidade a distância. Talvez por esta razão que a nova regulamentação (2007) tenha definido que os cursos precisam estimular as trocas de saberes por meio de fóruns, salas de bate-papo, chats, pois são estas formas de convivência que permitem que o aluno avance nas etapas de compreensão dos conteúdos. A dificuldade de se expressar por meio da escrita é outro aspecto a considerar como obstáculo à interatividade, em especial ao eixo comunicativo (SERRA, 2005). Os tex- tos podem apresentar duplo sentido ou ser escrito de forma confusa, dificultando a compreensão por parte do professor/tutor na aprendizagem. Na rede a quantidade de informações encontradas é muito diversificada e os alunos têm dificuldade em filtrar, pois não conseguem distinguir a relevância de um texto para outro, bem como a confiabilidade dos links das pesquisas. A habi- lidade de filtrar o que realmente é relevante torna-se 69 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação uma das competências indispensáveis ao saber e que se desenvolvem ao longo da prática de aprendizagem, tanto no ensino a distância quanto no ensino presencial. É preciso considerar também o acesso aos meios tecno- lógicos dos educandos: bibliotecas, laboratórios, video- teca, entre outros. Além disso, a educação, sobretudo, na modalidade a distância, precisa disponibilizar cursos introdutórios sobre alfabetização digital, a fim de sanar dúvidas, para que os estudantes tenham condições de produzir bons resultados. Enfim, é indispensável que o material a ser disponibiliza- do deve ser pensado e articulado por uma equipe mul- tidisciplinar para que o ambiente de ensino-aprendiza- gem seja atrativo, diminuindo o crescente abismo que separa a escola da sociedade. 70 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação POSSÍVEIS CAMINHOS DA INTERATIVIDADE Pesquisas apontam que, a não interação provoca au- sência de laços de comunicação, como consequência, um distanciamento do ambiente de aprendizagem em rede. A mudança de comportamento, porém, vem sen- do exercitada de forma espontânea por meio das redes sociais ou pelas buscas de informação mediante maté- rias jornalísticas, músicas, blogs, entre outros. Pode-se perceber que os usuários em rede gostam de ler notícias em rede e expor o seu pensamento aos demais, tecendo seus próprios comentários sobre o assunto. Esta prática tem se tornado frequente, mas ela nem sempre contribui para um debate democrático; pode-se criar um ambiente muitas vezes constrangedor, pois a divergência de opiniões acaba cirando uma atmosfera de hostilidade entre alguns indivíduos. As dificuldades em criar um ambiente de trocas de ideias verdadeiramente efetivas em rede, por meio do debate, 71 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação são as mesmas que se vê em sala de aula. Apesar disso, ferramentas tecnológicas como o Orkut e o Facebook, enquanto redes sociais, têm demonstra- do um envolvimento promissor no que diz respeito às comunidades associadas por um determinado assunto. Ainda assim, o fato de os participantes de comunidades estabelecerem trocas a partir de um interesse comum, muitas vezes, expressa um aprendizado que vai a além do ambiente em rede. A colaboração é surpreendente neste aspecto, seja pela disposição no esclarecimento de dúvidas ou pela troca de material entre os membros. Com a mesma proposta surgem os ambientes nos quais os usuários têm espaço para expor sua criação individual por meio de expres- sões literárias, musicais. Por sua vez, o ambiente escolar do ensino presencial, também tem utilizado tais formas de interação fazendo a articulação entre os conteúdos curriculares. 72 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação As mudanças que norteiam as boas práticas sociais e que vem ocorrendo em meio ao ambiente em rede, ain- da são novidade para grande parte da população. Faz-se necessário, um debate mais amplo em torno de políticas públicas, no contexto brasileiro, buscando uma demo- cratização no acesso à rede, pois a falta de recursos que possibilitem o acesso às redes pela massa da população ainda é realidade no Brasil. Não podemos deixar de lado a má qualidade técnica da internet que dificulta a operacionalização do seu uso. Da mesma forma, encontram-se os estímulos legais que permitirão que a ampla população tenha acesso à TV digital, dinamizando assim, recursos interativos a favor destas mudanças. O acesso às tecnologias de informação e comunica- ção tende a fortalecer os laços entre gerações, visto que, percebe-se uma diversidade entre os que viven- ciam estas ferramentas desde o início do processo da 73 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação aprendizagem, os chamados “nativos digitais”, e os que não contaram com tal condição. REDES SOCIAIS COMO ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM NA WEB As redes sociais têm atraído cada vez mais um número maior de participantes, buscando interagir com pessoas conhecidas, estabelecer interação com outras pessoas e até mesmo interagir com grupos afins. Tendo em vista este quadro de interação, a forma e a frequência de utilização das redes sociais pelos alunos do ensino superior, será possível criar um meio para diagnosticar novas técnicas pedagógicas para a educa- ção e formação. As redes sociais na Web emergem das práticas de inte- ração orientadas para a partilha e formação de grupos de interesse que estão na origem das narrativas digitais 74 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação da Sociedade do Conhecimento. A construção coletiva e colaborativa na Web representa uma das principais ca- racterísticas destas organizações. As formas e contextos de interação na rede são realiza- dos por meio da mediação digital. Entretanto, o proces- so se estende além da visão tecnológica da mediação e incide igualmente, nas práticas de mediação social e cognitiva entre os indivíduos que fazem parte da rede. Sendo assim, o conhecimento construído no contexto da rede torna-se uma representação coletiva. O conceito da rede no sentido de abertura nos reme- te para a flexibilidade de um modelo organizacional com tendência não hierárquica, não centralizada e ho- rizontal, descrito ainda pela interação nos meios digi- tais e pelas experiências sociais e colaborativas. Tal flexibilidade integra a capacidade de reconfiguração do sentido e objetivos da rede social no seu processo 75 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação de desenvolvimento. Novos desafios surgem para a reflexão educacional, ao nívelda inovação nos contex- tos e práticas de aprendizagem para a Sociedade do Conhecimento. Atualmente as redes sociais na Internet representam uma nova forma de relacionamento na sociedade atu- al. Cada vez mais as redes sociais têm assumido um papel central na Web 2.0, sendo vislumbrada como uma plataforma que aproveita a finalidade da rede, considerando que se utilizar as aplicações, mais ricas elas se tornam. As novas tecnologias têm causado profundas mudanças na compreensão dos processos de interação social, afe- tando igualmente o processo de aprendizagem e conhe- cimento. Pode-se citar a percepção de rede para a in- teração social em um cenário globalizado, isso acarreta um novo pensamento sobre os modos de organização dos grupos e comunidades. 76 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação O conceito de Web 2.0, referindo-se a rede de produção individual, coletiva e colaborativa, introduz aos alunos novas formas e possibilidades de criação de conteúdos e de utilização desses, definidos como blogues, redes sociais, atividades em mundos virtuais e wikis, como mostra a Figura 5. Figura 5 - Interatividade através das redes de computadores. 77 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação Os recursos da Web 2.0 como as redes sociais e os wikis, como diferencial para acrescentar novas metodologias de ensino e aprendizagem, permite desenvolver formas interativas e colaborativas para os estudantes, fazendo uso de recursos com os quais estão familiarizados. A preparação de novos conteúdos baseados na Web. A criação de conteúdos nas plataformas baseadas na Web acarreta o envolvimento dos alunos no desenvol- vimento das suas competências, buscando aumentar a capacidade crítica e criativa. A utilização de blogues, wikis e redes sociais transfor- mou a Internet com o aumento das suas potencialidade, dando ênfase a grande quantidade de informação rela- cionadas entre si, e sempre disponível para os indivídu- os conectados. As redes sociais tornaram-se frequentes em ambientes de aprendizagem, permitindo a exploração de novas 78 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação formas de ensino e aprendizagem, salientando-se, como exemplo, o Facebook, que foca o espírito de comunida- de colaborativa. O paradigma do estudo centrado no estudante está em conformidade com a utilização que eles fazem das re- des sociais, criando assim, de acordo com o seu perfil, uma rede de contatos e de partilha de informação e de conhecimento. Como exemplos de redes sociais, destacamos: Facebook, Youtube e Twitter. O Facebook (Figura 6) surgiu em fevereiro de 2004, come- çou por ser uma rede usada apenas por estudantes, mas foi ganhando espaço, tornando-se a rede social mais utili- zada em todo o mundo. É uma rede social que permite a partilha de informação e mensagens, proporcionando aos utilizadores aderir a grupos organizados de trabalho, de ensino ou de região, para interagirem com outras pessoas 79 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação com interesses comuns. Figura 6 - Facebook. O YouTube (Figura 7) é uma rede, essencialmente orien- tada para a partilha de vídeo. Tem vindo a ser dotada de características mais sociais, nomeadamente, ao nível da inserção de comentários de vídeos e de partilha de opiniões. Surgiu em 2005 e é atualmente um dos sítios mais populares devido à diversidade e quantidade de conteúdos disponibilizados que variam desde vídeos de entretenimento até vídeos educativos e de promoção 80 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação empresarial. A revista Time elegeu o YouTube, em 2006, como a maior invenção do ano, por constituir uma pla- taforma educativa e de entretenimento utilizada por mi- lhões de pessoas. Figura 7 - Youtube. O Twitter ou Tweeter (Figura 8) é uma rede social livre que apareceu em 2006 e desde então tem crescido em todo o mundo. É muitas vezes descrito como o “SMS da Internet”. O Twitter pode ser caracterizado por possuir uma interface que permite aos seus utilizadores enviar e ler “tweets” ou mensagens de outros utilizadores co- nhecidos. Os tweets são baseados em textos que não ultrapassam 140 caracteres, sendo atualizados pelo 81 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação próprio utilizador. É necessária a criação de uma conta para poder aceder a esta interface, na qual se partilha conhecimento sobre diversos assuntos, tais como músi- cas, fotos e fi lmes. Figura 8 - Twitter. Mesmo sendo possível caracterizar com as redes sociais mais utilizadas atualmente, tal caracterização tende a ser imperfeita. Isso se justifi ca pelo dinamismo das suas po- tencialidades e objetivos de utilização tornando difíceis tais caracterizações, bem como a diversidade de indivídu- os e interesses por trás da utilização das redes sociais. 82 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso das TICs, principalmente a internet, permite um espaço favorável para a democratização do saber. O conhecimento não se restringe somente a um grupo, é compartilhado por um amplo número de indivíduos, independente do local em que é produzido. As distâncias são minimizadas pelo ambiente em rede, promovendo trocas colaborativas, criativas e autôno- mas. A escola e a família têm que estar atentas a essas mudanças inevitáveis, nunca deixando de lado os valo- res humanos e éticos, indispensáveis a um convívio so- cial mais harmônico. Não basta apenas ter acesso às tecnologias, é preciso preparar os indivíduos, tanto na sua formação cultural, principalmente no domínio do código escrito, quanto no exercício de uma postura ética e responsável em relação aos ambientes em rede. 83 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação Por fim, as bases para uma democratização do ensino, seja presencial ou a distância, ainda vem sendo estru- turadas, pois são inúmeros os fatores que envolvem a aprendizagem nos dias atuais. FIQUE POR DENTRO Vídeos da entrevista com o Prof. Dr. Gilberto Lacerda – Redes Sociais e EaD Parte 1: <http://www.youtube.com/watch?v=RMIWsxFumFo>. Parte 2: <http://www.youtube.com/watch?v=lHzKgcjajIM>. Parte 3: <http://www.youtube.com/watch?v=XQYu-yh64I0>. Parte 4:<http://www.youtube.com/watch?v=PcmZHbNfK_M>. REFLITA É apresentado abaixo um artigo de uma personalidade im- portante da educação brasileira, o professor Fredric M. Litto. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhantemente debatidos pelo professor. 84 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação EDUCAÇÃO A DISTANCIA NO BRASIL: INFLEXÍVEL E TUTELADA Apesar da mão pesada e da visão estreita dos que controlam os freios da educação no país, a educação a distância é realidade consolidada e oportuna para o nosso desenvolvimento. Fredric M. Litto A confrontação de experiências e pesquisas entre instituições públicas e privadas de todo o país e do exterior discutidas no VIII Congresso Internacional de Educação a Distância, de 6 a 8 deste mês em Brasília, deixou como resultado a perplexidade sobre como essa abordagem pedagógica está crescendo qua- litativamente apesar dos ‘‘freios’’ colocados pelas entidades encarregadas de fiscalizar o andamento do ensino superior no Brasil. As universidades corporativas virtuais de instituições res- peitáveis como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Xerox, Brahma, Algar, Accor, e Banco Boston, que podem operar li- vremente, sem tutela governamental, estão ampliando cada vez mais as atividades. E o ensino fundamental e o básico, por meio de renomados e bem-sucedidos projetos como Telecurso 2000 (da Fundação Roberto Marinho em parceria com a Fiesp), Klick Educação e Biblioteca Virtual do EstudanteBrasileiro, revelam um celeiro de capacitação a distância de 85 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação centenas de milhares de brasileiros. O gargalo segurando o desenvolvimento pleno de aprendiza- gem a distância ocorre no ensino superior, onde a cultura se- cular brasileira de centralização, credencialismo e tutelagem está criando situação paradoxal em que o próprio governo força os cidadãos e instituições do país a caminhar na direção de desobediência civil. Embora a Constituição garanta às uni- versidades do país autonomia no tocante a seus currículos e auto-organização, de fato isso não ocorre, e instituições auto- rizadas para ministrar cursos presenciais são obrigadas a so- licitar nova autorização quando querem oferecer os mesmos cursos a distância. Durante o VIII Congresso, o responsável pela área de educação a distância no Ministério da Educação informou dados desconcertantes: nos últimos dois anos, ape- nas seis cursos (cinco de graduação e um de pós-graduação latu senso) foram aprovados; atualmente existem quatro mil pedidos de autorização de cursos a distância aguardando averiguação; e, por ora, o Ministério não está aceitando no- vos pedidos. Está configurada, assim, situação clara de ‘‘freio’’, por meios burocráticos e antidemocráticos, visando favorecer certos atores que buscam favores particulares no cenário educacio- nal brasileiro. Nos anos que restam a esta administração, não será possível averiguar a viabilidade pedagógica de quatro 86 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação mil cursos. Dessa forma, fechando a porta para novas solici- tações, são beneficiados os poucos que estavam na fila. E isso num cenário em que muitas instituições particulares estão iniciando atividades de educação a distância, visando a novas fontes financeiras que substituam mensalidades inadimplen- tes nos cursos presenciais, enquanto as públicas querem dar acesso mais democrático ao ensino superior. O mais incrível é que fora do Brasil a educação a distância é considerada ‘‘educação flexível’’, porque permite que o aluno participe do seu curso virtualmente, no dia e hora que qui- ser, sem interferir em seu horário de trabalho. Parece que as autoridades do Ministério de Educação ignoram o fato de que países como Índia, Indonésia, Turquia e China têm me- gauniversidades, instituições oferecendo ensino superior a distância para mais do que quinhentos mil alunos cada uma. No mês passado, a nova Universidade Estadual de Amazonas realizou um vestibular gratuito; foram 190 mil inscritos, o que representa 10% da população do estado. A demanda repri- mida para a educação superior no Brasil é vasta e só pode ser plenamente atendida mediante opções como educação a distância. Trinta tentativas já foram feitas nos últimos trin- ta anos para estabelecer uma ‘‘universidade aberta a distân- cia‘‘ no país; todas fracassadas devido a forças ocultas que temem perder a hegemonia geográfica educacional. Já estão 87 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação correndo rumores de que os proprietários de instituições par- ticulares, capazes de financiar as campanhas para as próxi- mas eleições, estão favorecendo quem não favorece a expan- são de educação a distância. Sem nova atitude, será inevitável repetir os erros do passado, quando o Brasil era um dos líde- res internacionais de educação a distância (Telecurso, Projeto Minerva, Telepostos no Maranhão...) e perdeu essa posição devido à descontinuidade e ao desinteresse governamental. Em reuniões recentes na América do Norte e na Espanha, tes- temunhei a existência de projetos para a invasão da América Latina de cursos universitários a distância de boa qualidade. Por um lado, considero isso benéfico porque aumentaria para a nossa população a oferta de acesso ao conhecimen- to; por outro, preocupa-me a evidente ameaça de uma nova colonização, tanto intelectual quanto econômica, que isso representa. Temo, também, o efeito que a invasão teria nas universidades públicas e privadas. De qualquer forma, trata- -se de fenômeno irreversível, não controlável por portarias ou tentativas de censurar as redes digitais. O ministro de Educação não pode continuar desestimulando os interessados em ensino superior a distância, como fez numa conferência com o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, em dezembro passado; como o fez de novo no dia 4 de agosto último nas páginas deste jornal; e como o fez 88 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação para um grupo de reitores de universidades católicas que estavam em Brasília recentemente para inaugurar sua rede multiinstitucional de educação a distância. Desinformado, ele não acredita que as universidades brasileiras tenham capaci- dade e metodologia apropriadas para realizar aprendizagem de qualidade a distância. Os sucessos no exterior, nesse se- tor, argumentam contra essa opinião desinformada. A vizinha Argentina, por exemplo, apesar da crise econômica que en- frenta, é exemplo de expansão na área. Apesar da mão pesada e da visão estreita dos que controlam os freios da educação no país, a educação a distância é reali- dade consolidada e oportuna para o nosso desenvolvimento. (*) Graduação em Rádio-Televisão – University of California, Los Angeles (1960) e doutorado em História do Teatro - Indiana University (1969). Desde 1995 é presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância; Membro do Comité Executivo do ICDE - International Council of Open and Distance Learning; e membro do Conselho Editorial das revistas científicas: American Journal of Distance Education, - Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, - Advanced Technology and Learning, - International Review of Research in Open & Distance Learning e - Open Learning. Fonte : http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista9/ forum%209-5.htm. Acessado em 24/09/2013. 89 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação REFLITA É apresentada abaixo uma entrevista do professor Wilson Azevedo. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos bri- lhantemente debatidos pelo professor. COMUNIDADES VIRTUAIS PRECISAM DE ANIMADORES DA INTELIGÊNCIA COLETIVA Entrevista concedida ao portal da UVB (Universidade Virtual Brasileira) Wilson Azevedo Wilson Azevedo é diretor da Aquifolim Educacional e con- sultor técnico-pedagógico do Senai. Nesta entrevista exclusi- va à uvb.br, afirma que comunidades virtuais precisam de animadores, não de normas. “O segredo não está nem em normas, nem em tecnologia, está em pessoas, educadores capacitados para atuarem como animadores da inteligência coletiva em comunidades virtuais.” UVB.BR - A adaptação de um estudante ao ambiente vir- tual de estudo é fácil? Quais as maiores dificuldades e causas? Wilson Azevedo - Nenhuma adaptação pode ser caracteriza- da como “fácil”. Qualquer processo de adaptação envolve o ser humano como um todo. Não se trata apenas de “saber 90 UNIDADE II - Redes Sociais e as Tecnologias da Informação e Comunicação mexer”, mas de sentir-se à vontade, e isto envolve aspectos sócio-afetivos, além de cognitivos e psico-motores. A adaptação de estudantes ao ambiente virtual vai além do mero adestramento técnico-operacional. O ambiente on-line caracteriza-se por uma experiência com o tempo e o espaço diversa daquela que encontramos em ambientes presenciais, uma temporalidade multi-sincrona e um espaço fundamen- talmente comunicacional, não-físico. Não é uma questão de aprender a navegar na internet ou de aprender a usar o e-mail. É uma outra temporalidade dentro da qual o aluno precisa aprender a agendar-se e um novo espaço no qual precisa aprender a se movimentar, uma sen- sação de contigüidade sem simultaneidade que a maioria da- queles que iniciam cursos on-line nunca experimentou antes. Mas é também uma outra experiência em termos de sociabi- lidade, uma intensa
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