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CST em Gestão de Turismo Fundamentos do Turismo Aula nº 05 Sistemas Sistema de Turismo – SISTUR Profª. Me. Cláudia De Stefani CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 2 Introdução Após o entendimento do que é mercado turístico e seus elementos, vamos voltar nossa atenção para as estruturas que amparam o funcionamento da atividade turística – o Sistema de Turismo. Como já foi possível você perceber, o turismo é influenciado e exerce influência no ambiente em que se desenvolve. A atividade turística faz parte de um contexto mais amplo, que é o das relações das sociedades humanas. Assim, podemos analisar a atividade turística como um sistema de vários elementos e que interagem entre si e com o meio ambiente. Como sistema, o turismo abrange alguns subsistemas, unidades menores de funcionamento da atividade, como as relações ambientais, que iremos estudar mais adiante. Importante estarmos cientes de que o bom funcionamento de qualquer sistema depende do relacionamento entre seus subsistemas. Para um melhor entendimento, começamos essa aula tratando da conceituação de sistema de uma forma geral. Novamente ressalto a importância de fazer as leituras indicadas nas referências para complementar e aprofundar seus estudos. Tenham uma ótima aula! Problematização Após a leitura deste material, esperamos que você compreenda os conceitos de sistema, seus elementos e relações. Esse conhecimento nos faz ter ciência da complexidade das relações do sistema de turismo e da importância da qualidade dessas relações para satisfação dos atores envolvidos na atividade. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 3 Contextualização Sistema Para entendermos o que são os sistemas, vamos começar conceituando o termo, mais estudado pela administração. O enfoque dos sistemas administrativos prima por desenvolver técnicas, ferramentas e procedimentos para aplicar em empresas e atividades. Importante ressaltar que quando falamos em sistema, estamos falando de um todo e este enfoque não permite que se analise separadamente as partes desse todo (a menos que o que esteja sendo estudado seja somente o subsistema. Neste caso, seus resultados ou análises se referem apenas a essa parte, pois sua atuação dentro do todo – sistema – pode ter outro enfoque ou participação). Ou seja, os subsistemas devem ser contextualizados a uma visão sistêmica e holística, levando em conta a interação das partes entre si e com o todo. Para tanto, é fundamental que você entenda o conceito de sistema. Para Oliveira (2009), sistema “é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função específica”. Resumindo, sistema é o conjunto de elementos interconectados, de modo a formar um todo organizado. Ainda, o conceito de sistema mais abrangente e adequado ao estudo do sistema de turismo é aquele que entende, primeiramente, que o “sistema é um todo composto por partes ou elementos, e, da mesma forma, que estas partes devem estar interligadas e interagir para uma finalidade” (BRASIL, 2010, p. 16). Um sistema tem os seguintes componentes, de acordo com Oliveira (2009, p. 08): - Os objetivos, que se referem tanto aos objetivos dos usuários do sistema, quanto aos do próprio sistema é, portanto, a finalidade pela qual o sistema foi criado. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 4 - As entradas do sistema (INPUT), a qual fornece ao sistema o material, a informação e a energia para a operação do processo, gerando as saídas que deverão estar em sintonia com os objetivos. - O processo de transformação do sistema, definido como a função que possibilita a transformação de um insumo (entrada) em um produto, ou resultado (saída). - As saídas do sistema (OUTPUT), que correspondem aos resultados do processo de transformação, estas podem ser definidas como as finalidades para as quais se uniram objetivos, atributos e relações do sistema. - Os controles e avaliações do sistema, principalmente para verificar se as saídas estão coerentes com os objetivos estabelecidos. Para realizar este controle, faz-se necessário a medida de desempenho do sistema, chamada padrão. - A retroalimentação, ou realimentação (FEEDBACK) do sistema, que pode ser considerado como a reintrodução de uma saída sob forma de informação. Essa realimentação é um instrumento de controle, em que as informações realimentadas são resultados das divergências verificadas entre as respostas de um sistema e os padrões previamente estabelecidos. Dessa forma, o objetivo do controle é reduzir as discrepâncias ao mínimo, bem como propiciar uma situação em que esse sistema se torna autorregulador. Esses componentes, para facilitar sua compreensão, podem ser representados pelas figuras a seguir: CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 5 Entendendo esses conceitos e premissas sobre sistemas, é possível compreender o sistema de turismo, a seguir. Sistema de Turismo Como vocês já devem ter compreendido, a natureza da atividade turística é um conjunto complexo de diferentes fatores que se inter-relacionam. Todo sistema acontece em um meio ambiente. Então, é importante entender o que vem a ser ambiente sistêmico. Oliveira (2009) afirma que ambiente é o conjunto de elementos que não pertencem ao sistema, mas: - qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar os elementos, e - qualquer alteração nos elementos pode mudar ou alterar o sistema. O meio ambiente é composto por elementos físicos, socioculturais, econômicos, políticos e tecnológicos. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 6 Estes fatores, baseados nos conceitos e premissas dos sistemas, podem ser analisados sob uma ótica sistemática que evoluem de forma dinâmica. Alguns autores estudam o turismo como sistema. Os principais são: Neil Leiper, Mario Carlos Beni e Mario Petrocchi. Neil Leiper (1990) sugere um sistema turístico modelado a partir do comportamento da oferta e da demanda e estabelece uma base com três elementos orientadores. O primeiro deles é o elemento geográfico delineado pela região geradora de demanda, chamada de núcleo emissivo; região de destinação turística ou núcleo receptivo; e região de rotas de trânsito, representada pelas unidades de transporte, vias de ligação, força motriz, terminais e lugares que podem ser visitados no trajeto até o destino. O segundo elemento é a indústria1 turística, observada desde o núcleo emissivo (agências de viagens e operadoras, por exemplo) até a região de destinação turística (hospedagem e atrações). Dessa forma, o setor de transporte está representado na região das rotas de trânsito. O último componente é o turista, sujeito central do sistema, sem desprezar os outros elementos. A importância de estudar o turismo como um sistema está no fato da atividade envolver vários atores que se relacionam entre si, mesmo que indiretamente. Um problema que, eventualmente, aconteça com um deles é facilmente sentido por um outro ator. É a reação em cadeia, que pode favorecer ou prejudicar a atividade turística, dependendo da natureza do fato. 1 O termo indústria é utilizado pelo autor. Mesmo não concordando com o turismo ser uma indústria (ver aula 2), preferimos ser fiel à abordagem do autor, pois respeitamos entendemos o contextocomo um todo de sua análise. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 7 Beni (1998) nos apresenta um sistema mais complexo e detalhado das relações na atividade turística, o qual chama de SISTUR. Segundo Beno (1998, p. 43-44), o SISTUR é o conjunto das funções inerentes à natureza da atividade do Turismo, tais como: - o conjunto de fatores que geram as motivações de viagens e a escolha dos destinos turísticos; - o deslocamento do indivíduo no espaço e no tempo; - os equipamentos de transporte oferecidos; - o tempo de permanência no núcleo receptor; - a disponibilidade de e a solicitação de equipamentos hoteleiro, extra hoteleiro e de alimentação, de recreação e entretenimento; - a fruição dos bens turísticos e - o processo de produção e distribuição desses bens e serviços e também a estrutura e o comportamento dos gastos do turistas. O objetivo geral do SISTUR é organizar o plano de estudos da atividade turística como um todo a partir de suas partes – subsistemas (BENI, 1998) e seu ambiente geral abrange os subsistemas ecológico, econômico, cultural e social. Já os recursos do sistema de turismo, ou seja, os meios utilizados pelo sistema para desempenhar suas tarefas e ações específicas, são: mão-de- obra, recursos financeiros e espaço. Beni afirma que a administração do sistema de turismo deve se dar por meio da criação de planos que envolvam os objetivos globais, o ambiente, a utilização dos recursos, e os componentes. Esses componentes são divididos em três grandes conjuntos: das relações ambientais, da organização estrutural e das ações operacionais, conforme figura abaixo: CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 8 Esses conjuntos serão apresentados para definir toda a área de abrangência do turismo. O CONJUNTO DAS RELAÇÕES AMBIENTAIS é composto por quatro subsistemas: ecológico, econômico, social e cultural. De acordo com Beni (1998), o subsistema ecológico trata da contemplação e do contato do turista com a natureza. Nele são analisados alguns fatores como o espaço turístico natural e urbano, bem como seu planejamento territorial, os atrativos turísticos, os impactos do turismo sobre o meio ambiente e a preservação da flora, fauna e paisagens. O subsistema econômico abrange os serviços oferecidos ao viajante e estuda a evolução do mercado turístico, tanto na ordem micro quanto macroeconômica. Dentro desse subsistema, se apresentam os efeitos da atividade turística em outros setores da economia. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 9 Já o subsistema social relaciona o turismo com a mobilidade e com os aspectos psicossocias da atividade, bem como os impactos causados na sociedade em geral e na comunidade autóctone oriundos de motivações econômicas e aculturações. Por último, o subsistema cultural analisa os recursos turísticos tangíveis e intangíveis originados pela ação do homem e os meios de animação do turismo cultural. Esse estudo é fundamental, pois “é dele que dependem, em última instância, as atitudes de fruição dos turistas nos sistemas ecológico e social, e da participação na vida econômica das nações” (BENI, 1998, p. 89). Os aspectos sociais e culturais da atividade turística serão abordados como uma vertente do desenvolvimento sustentável, no capítulo 4.3. O CONJUNTO DAS AÇÕES ESTRUTURAIS do sistur compreende os subsistemas da infraestrutura e da superestrutura. No subsistema da infraestrutura, são examinadas as principais classes da infraestrutura geral e turística, que consiste, por exemplo, nos serviços urbanos (telecomunicações, distribuição de energia elétrica, água, captação de esgotos, transporte coletivo, limpeza pública e saúde), rede viária e de transporte, vias de acesso, preservação e conservação do patrimônio cultural, informação turística, entre outros. A superestrutura refere-se à organização tanto pública quanto privada que permite harmonizar a produção e a venda de diferentes serviços do sistur. Compreende a política oficial de Turismo e sua ordenação jurídico-administrativa que se manifesta no conjunto de medidas de organização e de promoção dos CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 10 órgãos e instituições oficiais e estratégias governamentais que interferem no setor. (BENI, 1998, p. 97) A política oficial de turismo define um plano de desenvolvimento em nível global e regional e tenta evitar ou minimizar os erros cometidos ao longo da história, relacionados aos impactos negativos da atividade. Além disso, essas diretrizes permitem que todos os envolvidos tenham claro quais são as metas a serem cumpridas e os caminhos para a realização dos objetivos. É a partir do cumprimento das várias etapas do planejamento que se pode estabelecer uma política do turismo com maiores chances de ser eficiente. Além disso, as ações de regionalização turística fazem parte de um planejamento, por isso justifica-se a inclusão desse assunto no trabalho de forma detalhada. Por fim, o CONJUNTO DAS AÇÕES OPERACIONAIS do sistur tem como característica principal o dinamismo do sistema. Trata-se dos subsistemas do mercado, oferta, produção, distribuição, demanda e consumo. Nestes subsistemas é estudado o comportamento geral do público em função A organização estrutural e as políticas de desenvolvimento em todas as esferas (municipal, estadual ou federal) devem levar em consideração as particularidades de cada local e as características básicas do produto turístico. Assim, a generalização e centralização do planejamento assumem que os diversos destinos turísticos têm as mesmas características, o que coloca em risco a implantação dos planos, programas e projetos. O planejamento é importante também para que os impactos negativos do turismo sejam minimizados e para que a população local seja, de alguma maneira, inserida na atividade. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 11 da estrutura do produto turístico e de que forma esse produto está sendo consumido, ou quais as razões para o seu declínio. Considere aqui todo o conteúdo que você estudou nas aulas 3 e 4, sobre ofertan, demanda, mercado, comportamento do consumidor, produto turístico e sua intermediação. Importante ressaltar que, de acordo com Dias (2003), as características gerais dos produtos turísticos são: a intangibilidade; demanda elástica, em função de mudanças no âmbito econômico, político ou social; os bens e serviços são produzidos ao mesmo tempo do consumo; e a sazonalidade. Outro autor que aborda o sistema de turismo é Mario Petrocchi. Ele, no seu livro Turismo: Planejamento e Gestão, nos traz que o sistema turístico deve garantir a qualidade de seus serviços, dos destinos e suas atrações aos visitantes. Isso porque para garantir a satisfação do turista, é necessário que seja mantida uma qualidade mínima em cada um dos envolvidos na atividade turística. A figura abaixo demonstra a integração de cada um dos envolvidos: O autor deixa claro que cabe ao grupo gestor estimular a participação de cada subsistema (sistema de hospedagem, sistema do meio-ambiente, sistema de formação profissional, sistema de equipamentos, sistema viário e de comunicações e sistema de promoção e informação) e dos stakeholders CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 12 (atores envolvidos): turistas, órgãos públicos, empreendedores locais, lideranças comunitárias, associações, etc. Síntese Que tal revermos os principais conceitosestudados nesta aula? Vamos lá: O turismo é um sistema composto de unidades menores – os subsistemas. Essas unidades interagem entre si e com o meio em que estão inseridas. Dentro do Sistema de Turismo é muito importante o bom funcionamento das relações entre os subsistemas, pois cada elemento exerce uma função primordial, não podendo ser considerado isoladamente. Segundo a teoria do SISTUR, criada por Beni, o Sistema de Turismo pode ser dividido em três grandes unidades: Relações Ambientais, Organização Estrutural e Ações Operacionais. Dentro do subsistema econômico analisamos as diversas intervenções do turismo na economia, como: geração de renda, provisão de divisas, criação de empregos, arrecadação fiscal, impactos no custo de vida local, efeito multiplicador etc. No subsistema ambiental incluímos todos os elementos que compõem ou possam influenciar a estruturação física e ambiental do produto turístico. Vale lembrar que não falamos apenas em ambientes naturais, mas também nas áreas que sofreram intervenção humana. O subsistema sociocultural engloba as interações entre turistas e população local, os aspectos culturais e sociais envolvidos nessas relações e os fatores que influenciam o comportamento e a organização social dos sujeitos envolvidos na atividade turística. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 13 1) Considere que, em certo município caracterizado como núcleo receptor de turismo, mas ainda em processo de estruturação de seu planejamento e gestão como destino turístico, tenha sido criada uma secretaria de turismo e que deva ser desenvolvido, nessa secretaria, um planejamento estratégico de turismo baseado no modelo referencial do Sistema de Turismo (SISTUR). Nessa situação, o planejamento estratégico de turismo deverá I - ser um instrumento capaz de acelerar ou complementar o processo de desenvolvimento local, o que exige a sua inserção nos objetivos de um planejamento global e integração efetiva às demais atividades produtivas da economia; II - contemplar o potencial turístico da região, identificar a viabilidade socioeconômica, ecológica e cultural de se gerar um fluxo turístico regular e contar com a participação da comunidade local depois de ser consolidado esse potencial. III - considerar os diversos conjuntos de subsistemas e suas inter-relações, os quais interagem em um sistema fechado que, ao se retroalimentar, se converte em ações específicas para o desenvolvimento do turismo. É correto apenas o que se afirma em a) Apenas o item I está correto. b) Apenas os itens I e III estão certos c) Apenas os itens III está correto. d) Apenas os itens I e II estão certos. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 14 2) Sabe-se que um sistema é composto por várias partes e que, a grande questão, condiz com a sinergia entre essas partes. Caso isso não ocorra, o resultado de um sistema pode ser negativo, Dentro deste contexto, quais são os componentes de um sistema? Assinale a alternativa correta: a) Processo de transformação, Entrada, Saída, Retroalimentação. b) Controle e avaliação, Entropia, Objetivos, Saída. c) Objetivos, Processo de transformação, Entrada, Saída, Retroalimentação, Controle e avaliação d) Entrada, Processo de Transformação, Saída, Retroalimentação. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 15 Referências BENI, Mário. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Senac, 1998. DIAS, Reinaldo. Planejamento do turismo: política e desenvolvimento do turismo no Brasil. São Paulo: Atlas, 2003. LEIPER, Neal. The tourism system. Aukland: Massey University Press, 1990. PETROCCHI, M. C. Turismo: planejamento e gestão. São Paulo: Futura, 1998. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2009. BRASIL. Ministério do Turismo. Brasil. Sistema de Informações Turísticas do Programa de Regionalização do Turismo. Brasília: Mtur, 2010. CST em Gestão de Turismo | Fundamentos do Turismo | Aula n° 05 16 Respostas dos Exercícios 1) Alternativa “a” 2) Alternativa “c”
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