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CUSTOS HOSPITALARES E FINANCIAMENTO DA SAÚDE NO BRASIL

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Como a gestão de custos 
hospitalares impacta na 
tomada de decisões 
 
o 20/11/2018 
o 1 COMMENT 
 
 
A gestão de custos hospitais é um dos maiores 
desafios para os gerentes financeiros. Com a 
redução do número de convênios gerada pela crise 
financeira e o crescimento nas taxas de desemprego 
nos últimos anos, muitas instituições têm buscado 
diferentes meios para otimizar os gastos e tomar 
decisões estratégicas. Mais do que sobreviver a 
esse cenário, as organizações podem utilizar 
as tecnologias na saúde para expandir os negócios, 
obter maior faturamento e vantagem competitiva no 
mercado. 
 
Para isso, o gestor de uma instituição de saúde 
precisa ter o controle dos custos hospitalares de 
forma integral. Isto é, acompanhando métricas, 
dados e conceitos que têm um impacto direto sobre 
o orçamento. Tal como os valores gastos com 
materiais, o tempo de espera para o atendimento 
dos pacientes ou o período de ociosidade dos 
equipamentos. Muito além do controle básico de 
entradas e saídas de recursos, o gestor financeiro 
deve analisar diferentes aspectos e atividades dos 
hospitais que possam influenciar no faturamento 
final. 
 
Uma gestão de custos hospitalares eficiente permite 
identificar os principais gargalos da instituição, 
desde questões operacionais, de infraestrutura e 
falhas nos fluxos de atendimento. Com o controle de 
dados também é possível reconhecer áreas e 
operações que podem ser otimizadas e fortalecidas 
para gerar resultados ainda melhores. Assim, a 
análise de dados é um processo de suporte à 
tomada de decisões gerenciais e estratégicas para a 
organização. 
Tipos de custos hospitalares 
Para compreender melhor os conceitos que 
envolvem a gestão de custos hospitalares, definimos 
os diferentes tipos abaixo: 
o Custo: tudo que é gasto direta ou indiretamente, na 
prestação de um serviço ou na produção de um bem 
(produto). 
o 
o Custos fixos: são aqueles cujo valor não se altera 
quando se aumenta ou reduz a quantidade de 
volume dos serviços produzidos. Os custos fixos se 
mantém mesmo que sem produção. Por exemplo, se 
um hospital atender 10 ou 30 pacientes, os custos 
com infraestrutura, segurança ou iluminação serão 
os mesmos naquele período. 
o 
o Custos variáveis: são aqueles cujo valor se altera 
quando se aumenta ou diminui a quantidade de 
volume de serviços prestados. Um exemplo são os 
gastos relacionados a matéria-prima: se há um 
aumento no número de exames de Raio-X, há um 
aumento no número de filmes radiológicos utilizados 
– se a organização não utiliza um PACS, por 
exemplo 
Os custos, sejam eles fixos ou variáveis, ainda 
podem ser classificados como diretos ou indiretos de 
acordo com a forma de aplicação. 
o Custos diretos: são os custos que podem ser 
identificados diretamente no produto ou serviço. 
Consegue-se identificar a quantidade consumida ao 
se observar o serviço que está sendo prestado. Um 
exemplo são os medicamentos utilizados e a 
quantidade de tempo dos profissionais envolvidos no 
atendimento do usuário. 
o 
o Custos indiretos: são os custos que não tem 
possibilidade de identificação direta com o serviço 
prestado, como por exemplo, a iluminação de um 
centro cirúrgico. 
Para a gestão de custos hospitalares, a 
tecnologia pode ser mais que uma aliada. Alguns 
softwares permitem monitorar em tempo real esses 
dados, facilitando o dia a dia do gestor, levando em 
consideração os diferentes custos mencionados. 
Eles podem apresentar as informações financeiras 
por setor, paciente ou procedimento. Para cada um 
desses cálculos, diversos itens são levados em 
conta, tais como horas de trabalho dos profissionais 
envolvidos, materiais utilizados, diárias de 
internação, valor da hora no centro cirúrgico, etc. 
 
A partir desses dados é possível otimizar recursos e 
melhorar a eficiência de processos. Com as 
informações corretas em mãos, o gestor pode definir 
um planejamento, tomar decisões e buscar soluções 
para problemas, quando necessário. 
 
 
 
 
Gestão de custos hospitalares com o 
uso de dados digitais 
 
Tradicionalmente, hospitais e centros de saúde realizam o controle 
de gastos com o uso de planilhas em cadernos ou servidores locais. 
Um dos problemas desse tipo de gestão é o retrabalho dos 
profissionais, que por vezes têm de fazer o rastreamento de dados 
de serviços prestados na organização de forma manual, buscando 
em arquivos físicos, detalhes sobre determinados procedimentos – 
principalmente nos casos em que há registro de glosas. 
 
Além de ficar suscetível a erros e tomar muito tempo dos 
profissionais do setor financeiro, a gestão de custos hospitalares 
tradicional acaba desconsiderando as situações específicas que 
influenciam o faturamento final. Nesse caso, o famoso “cortar 
gastos” pode não resolver os problemas do orçamento e 
acabar gerando outras falhas na organização, como no caso de 
demissões. No entanto, o real problema podem ser os 
equipamentos que não têm sido utilizados com eficiência, ou os 
medicamentos com valor elevado que têm ficado parados no 
estoque. 
 
Por outro lado, os gestores também podem acreditar que o 
orçamento está bom e que os resultados positivos são sinal de que 
a instituição está crescendo – quando na verdade existem vários 
processos que podem ser otimizados para aumentar ainda 
mais o faturamento. Atrasos de 15 ou 20 minutos para iniciar um 
procedimento no centro cirúrgico podem não parecer muito tempo 
para os profissionais ou pacientes. Contudo, a longo prazo se for 
contabilizado o tempo de ociosidade da sala, equipamentos e dos 
médicos, a percepção pode ser bem diferente. 
 
Com a análise de relatórios avançados, os gestores podem detectar 
que o investimento no aluguel de alguns equipamentos, por 
exemplo, não são rentáveis para a organização – podendo tanto 
optar pela compra, quanto pela desistência do serviço. O mesmo 
pode ser aplicado para procedimentos específicos, que muitas 
vezes podem não dar o retorno financeiro esperado. 
 
Assim como empresas de diferentes setores, as unidades de saúde 
precisam de um acompanhamento financeiro constante, que hoje é 
totalmente otimizado e facilitado com softwares e ferramentas 
digitais. 
 
Tais instrumentos captam as informações em tempo real e 
demonstram por meio de gráficos, tabelas e relatórios avançados, 
os inúmeros dados gerados pelos hospitais – que vão muito além 
dos tradicionais fluxos de caixa. Somente com o controle de 
dados, a partir de softwares robustos que permitam ter um 
panorama completo da organização, é que os gestores poderão 
tomar decisões eficientes, visando o crescimento e o maior 
faturamento dos hospitais. 
 
As unidades de saúde que hoje não realizam esse tipo gestão estão 
fadadas à falência a longo prazo. Mais que uma tendência do 
mercado, o uso de tecnologias no controle financeiro é a chave para 
que as instituições aumentem a vantagem competitiva e as 
possibilidades para obter melhores resultados. 
 
Como abordado apenas a gestão financeira tradicional não é capaz 
de atender a complexidade dos processos que interferem 
diretamente no orçamento final dos hospitais. Dessa forma, é 
fundamental escolher a tecnologia adequada ao porte e às 
necessidades da sua organização. Pois embora existam muitos 
aplicativos e serviços de controle financeiro, é fundamental que os 
hospitais busquem soluções que atendam às peculiaridades do 
setor de saúde, integrando funcionalidades e dados para 
qualificar o atendimento dos pacientes. 
 
A integração nos sistemas, por sinal, é um aspectos mais 
importante no momento de buscar um software de gestão. Mais do 
que o controle de entradas e saídas de recursos, o softwares de 
gestão financeira devem estar integrados a outros processos e 
dados da unidade hospitalar, como o registro de pacientes, tempo 
de espera, procedimentos realizados, estoque,etc. 
 
 
QUEM FINANCIA A SAÚDE NO 
BRASIL? 
 
 
 
 
Financiamento da saúde no Brasil 
 
Quem financia a saúde pública no Brasil? 
A Constituição Federal de 1988 determina que as três 
esferas de governo – federal, estadual e municipal – 
financiem o Sistema Único de Saúde (SUS), gerando 
receita necessária para custear as despesas com ações e 
serviços públicos de saúde. 
 
Como é a administração do SUS? 
O SUS é financiado pelas três esferas do governo: a 
municipal, estadual e federal, “ o SUS tem como objetivos: 
dar assistência à população baseando-se no modelo da 
promoção, proteção e recuperação da saúde para que 
assim sejam procurados” 
 
Qual a fonte de recursos para o SUS? 
Entre as três principais fontes de recursos identificadas 
podem ser citadas: Recursos governamentais, próprios ou 
transferidos. Renda gerada pela venda de 
serviços. Recursos captados através de doações (de 
indivíduos ou instituições). 
 
Instituído pelo Decreto Nº 64.867, de 24 de julho de 1969, o 
Fundo Nacional de Saúde (FNS) é o 
gestor financeiro dos recursos destinados a financiar as 
despesas correntes e de capital do Ministério da Saúde 
bem como dos órgãos e entidades da administração direta 
e indireta, integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
Em todo o país, o SUS deve ter a mesma doutrina e a 
mesma forma de organização, sendo que é definido como 
único na Constituição um conjunto de elementos 
doutrinários e de organização do sistema de saúde, 
os princípios da universalização, da eqüidade, da 
integralidade, da descentralização e da participação 
popular. 
 
O financiamento da saúde no Brasil intercorre por fontes 
pública e privadas. O modelo abrange o Sistema Único 
de Saúde (SUS), suportado por impostos e contribuições 
recolhidas nas esferas federal, estaduais e municipais, e o 
Sistema de Saúde Complementar, com recursos de 
empresas e pessoas físicas 
 
Pela lei, cada ente federativo deve investir 
na saúde, percentuais mínimos dos recursos arrecadados. 
Estados e o Distrito Federal precisam destinar pelo menos 
12% do total de seus orçamentos. No caso dos municípios, 
o índice é de 15%. Para a União, a regra determina a 
aplicação mínima de 15% da receita corrente líquida 
 
No que diz respeito ao financiamento, o art. 195, da 
Constituição Federal, afirma que “a seguridade social será 
financiada por toda a socie- dade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes 
dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios”. 
 
A Constituição também estabelece 
cinco princípios básicos que norteiam 
o SUS juridicamente, são eles: universalidade (artigo 196), 
integralidade (artigo 198 – II), equidade (artigo 196 – 
“acesso universal e igualitário”), descentralização (artigo 
198 – I) e participação social (artigo 198 – III) 
 
Como é feito ESSE financiamento da saúde pública no 
Brasil? 
 O repasse financeiro dos recursos do SUS 
é feito diretamente do FNS para os fundos dos Estados e 
para os fundos dos Municípios, ou de forma complementar, 
dos FES para os Fundos Municipais. Essa modalidade de 
transferência é chamada de repasse fundo a fundo 
 
“a melhor forma de conseguir recursos adicionais para a 
saúde é garantir mudanças na estrutura orçamentária que 
deixem de financiar temas supérfluos, benefícios e 
privilégios a atores públicos e privados para financiar os 
temas essenciais que melhoram as condições de vida e 
oportunidades” 
 
” Quais os desafios para o SUS melhorar? 
O SUS apresenta três grandes problemas estruturantes: no 
plano da organização macroeconômica, a segmentação 
que conduz ao dilema entre a universalização e a 
segmentação; no plano da organização microeconômica, a 
fragmentação do sistema e seu modelo de gestão; e no 
plano econômico, o seu subfinanciamento.” 
 
Saúde perdeu R$ 20 bilhões em 2019 por causa da 
EC 95/2016 
 
Ao mesmo tempo, o Relatório de Riscos Fiscais da 
União, da Secretaria do Tesouro Nacional, indica que o 
envelhecimento populacional exigirá investimento 
adicional de R$ 50,7 bilhões em Saúde até 2027. CNS 
defende revogação da emenda 
 Publicado: Sexta, 28 de Fevereiro de 2020, 15h57 
 
 Desde que a Emenda Constitucional (EC) 95 foi 
aprovada, em dezembro de 2016, o orçamento para a 
Saúde tem diminuído cada vez mais. Somente em 
2019, a perda de investimentos na área representou R$ 
20 bilhões, o que significa, na prática, a desvinculação 
do gasto mínimo de 15% da receita da União com a 
Saúde. 
Em 2017, quando a emenda passou a vigorar, os 
investimentos em serviços públicos de Saúde 
representavam 15,77% da arrecadação da União. Já 
em 2019, os recursos destinados à área representaram 
13,54%. “A receita da Saúde vem em “queda livre” 
desde a implementação da emenda”, afirma o 
economista Francisco Funcia. 
Conforme metodologia de cálculo utilizada por Funcia, 
se em 2019 o governo tivesse aplicado o mesmo 
patamar que aplicou em 2017 (15% da receita corrente 
líquida de cada ano), a Saúde teria um orçamento de 
cerca de R$ 142,8 bilhões, e não R$ 122,6 bilhões 
aplicados. Ou seja, um encolhimento de R$ 20,19 
bilhões nos recursos em saúde. 
“Com o orçamento congelado por 20 anos, o prejuízo 
ao Sistema Único de Saúde pode ultrapassar R$ 400 
bilhões”, afirma o presidente do Conselho Nacional de 
Saúde (CNS), Fernando Pigatto, com base em estudo 
elaborado pela Comissão Intersetorial de Orçamento e 
Financiamento (Cofin) do CNS. “Ou seja, o SUS, que 
nunca teve financiamento adequado e sempre foi 
subfinanciado, agora enfrenta um quadro ainda pior, de 
desfinanciamento, que poderá causar grave impacto à 
vida e à saúde da população brasileira”, completa. 
O economista e vice-presidente da Associação 
Brasileira de Economia da Saúde (Abres), Carlos Ocké, 
endossa a análise de que o investimento público está 
diminuindo e explica que desde a criação do Sistema 
Único de Saúde (SUS) há um subfinanciamento à área. 
Ocké alerta ainda para a redução progressiva da 
chamada “renda per capita da Saúde”. Ou seja, o valor 
aplicado em um ano pelo Estado na Saúde da 
população dividido pelo número de cidadãos. O valor 
investido por pessoa, que chegou a R$ 595 em 2014, 
passou a ser de R$ 555, em 2020. "Em vez de crescer, 
tem-se retirado investimentos, considerando que a 
população está crescendo e envelhecendo. Portanto, 
existe uma curva crescente dos custos de Saúde 
associados ao envelhecimento". 
Envelhecimento populacional 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE/2019), a parcela da população com 
mais de 65 anos era de 10,5% em 2018, e poderá 
atingir um percentual de 15%, em 2034, alcançando 
25,5% em 2060. 
Com base no Relatório de Riscos Fiscais da União, a 
Secretaria do Tesouro Nacional (STN) projetou que o 
envelhecimento populacional exigirá investimentos 
adicionais de R$ 50,7 bilhões em Saúde entre 2020 e 
2027, conforme quadro abaixo. 
“No setor de Saúde há uma forte pressão para elevação 
das despesas em decorrência do processo de 
envelhecimento da população, dado que a população 
de maior idade demanda proporcionalmente mais 
serviços de Saúde”, aponta o documento. 
Para estimar o impacto da evolução demográfica nas 
despesas com Saúde, o governo informou que foram 
considerados os investimentos em assistência 
farmacêutica, inclusive do programa Farmácia Popular, 
e da atenção de média e alta complexidade 
(atendimentos hospitalares e ambulatoriais). 
 
 
 
Inconstitucionalidade da EC 
No Supremo Tribunal Federal (STF) tramita uma ação 
de inconstitucionalidade, apoiada pelo CNS, com ampla 
mobilização popular contra a EC 95/2016. Em fevereiro 
de 2019, o ministro presidente do STF, Dias Toffoli, 
declarou apoio ao SUS durante audiência com o CNS. 
O objetivo do encontro foi sensibilizar o judiciário 
brasileiro para que a pauta ganhe prioridade no plenário 
do STF e seja debatida entre os onze ministros. Porém,ainda não há previsão para debate. 
 
Ascom CNS, com informações de Brasil de Fato 
 
MUDANÇAS 
 
O que mudou no financiamento do SUS? 
 
Publicado na Portaria 2.979/19, com vigência a partir 
de 2020, o novo modelo de financiamento do 
SUS busca estimular o alcance de resultados. 
O financiamento será feito a partir do número de 
usuários cadastrados nas equipes de saúde, com 
foco nas pessoas em situação de vulnerabilidade 
social. 
 
 
Realizada no mês de novembro de 2019, a reunião 
da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) aprovou a nova 
política de financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), 
voltada exclusivamente à Atenção Primária em Saúde (APS). 
A mudança está prevista para entrar em vigor em 2020. 
Dados do Sistema de Orçamentos Públicos em Saúde 
(SIOPS) apontam que os municípios paulistas destinam, em 
média, 27% dos recursos próprios para ações e serviços de saúde 
(quase o dobro previsto na Lei Federal nº 114/2012). 
A proposta prevê que o repasse de recursos do Governo 
Federal leve em conta o número de pacientes cadastrados nas 
unidades de saúde e o desempenho a partir de indicadores, como 
qualidade do pré-natal, controle de diabetes, hipertensão e 
infecções sexualmente transmissíveis. 
Neste novo modelo de financiamento do SUS, também serão 
levados em consideração a vulnerabilidade socioeconômica dos 
pacientes, além dos aspectos a seguir: 
 Total de pacientes que recebem benefícios como 
Bolsa Família; 
 Presença maior de crianças e idosos na região; 
 Distância dos municípios dos grandes centros 
urbanos. 
Conversamos com o Coordenador da Área Técnica da 
Atenção Primária da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, 
Arnaldo Sala, que explicou como era o modelo de financiamento 
da Atenção Primária, antes das novas mudanças. 
Confira a entrevista exclusiva, clicando aqui! 
O que é Atenção Básica à Saúde? 
A Atenção Básica à Saúde (ABS), ou Atenção Primária, é o 
primeiro contato dos profissionais de saúde com os pacientes. 
Ela oferece desde promoção da saúde (orientações para 
melhorias na alimentação) e prevenção (vacinação e planejamento 
familiar) até tratamento de doenças agudas e infecciosas, controle 
de doenças crônicas, cuidados paliativos e reabilitação. 
Baseada no atendimento à comunidade, a ABS considera 
outros fatores determinantes da saúde, como o território e as 
condições de moradia e trabalho. 
O famoso posto de saúde (Unidade Básica de Saúde – UBS) 
pode atender mais de 80% das necessidades de saúde de um 
indivíduo ao longo de sua vida. 
 
Entenda o financiamento do SUS 
O financiamento do SUS é, atualmente, composto por um 
valor fixo (PAB Fixo), corrigido por alguns parâmetros, como: 
 PIB Per Capita; 
 Percentual da população com plano de saúde; 
 Percentual da população com Bolsa Família; 
 Percentual da população em extrema pobreza; 
 Densidade demográfica. 
O valor é multiplicado por toda a população do município. 
Além do valor fixo, é pago um valor variável (PAB 
Variável), voltado ao estímulo da implementação e expansão da 
Estratégia de Saúde da Família, além de outros programas. 
Equipes de Saúde da Família, Saúde Bucal e Consultório na Rua 
são alguns exemplos. 
Hoje, o repasse de recursos é realizado através de dois pisos 
de atenção básica: um fixo e um variável, como exposto 
anteriormente. 
O repasse fixo tem um valor que varia entre R$ 23 e R$ 28 
bilhões por ano, de acordo com a população do município 
estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE). 
O segundo tipo de repasse (variável) leva em conta o 
número de equipes de saúde da família que o município apresenta 
e repassa, a cada uma, uma quantia estimada entre R$ 7.100 e R$ 
10.600, variando conforme o tipo de equipe. 
É importante salientar que nenhum dos dois pisos referidos 
acima considera quantidade de cadastros de pacientes, situação 
econômica e desempenho. 
Saiba o que muda com as novas regras de financiamento 
do SUS 
Publicado na Portaria 2.979/19, com vigência a partir de 
2020, o novo modelo de financiamento do SUS busca estimular o 
alcance de resultados. 
O financiamento será feito a partir do número de usuários 
cadastrados nas equipes de saúde, com foco nas pessoas em 
situação de vulnerabilidade social. 
O pagamento será baseado no alcance de indicadores e 
adesão a projetos do Governo Federal, como Saúde na Hora, de 
informatização, entre outros. 
A ideia é que, com base nesses critérios, sejam aplicados 
pesos extras ao valor repassado por paciente. 
Exemplificando: um município rural ou remoto deve receber 
duas vezes mais por paciente cadastrado em relação a um 
município em área urbana. 
Já aqueles que têm pacientes em situação de vulnerabilidade 
socioeconômica receberão 30% a mais, nestes casos. 
Nos primeiros meses, o valor deve ser repassado de acordo 
com a população. Em seguida, conforme o volume de pacientes 
cadastrados. Os indicadores de desempenho devem ser ampliados 
a cada ano, até atingir 21, em 2022. 
De acordo com o Secretário de Atenção Primária em Saúde, 
Erno Harzheim, a proposta foi elaborada em conjunto com 
estados e municípios. Segundo ele, a previsão é que a medida 
aumente o volume de recursos de Atenção Básica repassado à 
maioria das cidades. 
O total do aumento previsto é de R$ 2,6 bilhões. Este valor, 
ainda de acordo com ele, virá de recursos disponíveis, porém não 
utilizados. Outros municípios podem ter o volume de recursos 
reduzido, com uma perda estimada no valor de R$ 290 milhões. 
Para compensar esta perda, o Ministério diz que, em 2020, 
esses municípios receberão de acordo com o modelo anterior.

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