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Revisão Unidade 09 - GABARITO

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Revisão Unidade 09: Diversidade linguística e ensino 
 
Nesta aula, refletiremos sobre a relação entre a diversidade linguística, em suas múltiplas 
manifestações, e o ensino de língua portuguesa. 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
1. Reconhecer a importante e necessária relação entre a variação linguística e o ensino de 
língua portuguesa; 
2. Refletir criticamente sobre as implicações pedagógicas, políticas e sociais de um ensino de 
língua pautado pela perspectiva sociolinguística; e 
3. Identificar possibilidades de articulação entre o conhecimento sobre a variação linguística e 
o ensino. 
 
Responda, de acordo com a apostila: 
 
1) Quanto à linguagem, como podemos descrever seu ensino em sala de aula? 
O ensino continua excluindo falantes reais do português e idealizando falantes de um padrão 
que, na realidade, não é usado integralmente por nenhum usuário da língua. 
 
2) Como deveria ser o ensino da língua portuguesa? 
O ensino poderia mudar a partir do conhecimento e entendimento da variação linguística, 
buscando um caminho inovador, ao mesmo tempo, viável para tornar nossa relação com o 
ensino e com os nossos alunos mais relevante e menos distanciada do mundo em que vivemos 
e em que nos comunicamos, em que nos constituímos e também somos constituídos pela 
linguagem. 
 
3) O que significa para um brasileiro saber português? 
O brasileiro está acostumado a pensar que saber português significa saber a gramática 
normativa da língua. Memorizar as regras de uso dos pronomes, realizar as concordâncias 
devidamente, conjugar os verbos de acordo com o modelo de seis pessoas pronominais 
(eu/tu/ele/nós/vós/eles), etc. 
 
4) Como o professor de língua portuguesa costuma ser visto? 
O professor tende a ser visto como o guardião do “bom uso do português” e único conhecedor 
de suas regras, aquele que é responsável por tirar da ignorância linguística todos os alunos 
que, falantes de português, são tidos como tábulas rasas, caixas vazias, telas em branco, que a 
escola deve preencher com objetos bem definidos e tons uniformes. Em termos linguísticos, 
seria como se apenas as regras do padrão idealizado, literário e escrito fosse capaz de levar os 
alunos ao verdadeiro conhecimento da língua. 
 
5) Qual é a principal diretriz para o ensino público e privado de língua portuguesa e outros 
componentes curriculares? 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). 
 
6) Quanto à prática de análise da língua, o que dizem os PCNs? 
Eles dizem que o ensino deve valorizar as variedades linguísticas que caracterizam as 
comunidades dos falantes de Língua Portuguesa nas diferentes regiões do país. 
 
 
 
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7) Quanto aos objetivos do estudo da língua portuguesa, quais são os fatores que devem ser 
observados? 
a) fatores geográficos (variedades regionais, variedades urbanas e rurais), históricos 
(linguagem do passado e do presente), sociológicos (gênero, gerações, classe social), técnicos 
(diferentes domínios da ciência e da tecnologia); b) diferenças entre os padrões da linguagem 
oral e os padrões da linguagem escrita; c) seleção de registros em função da situação 
interlocutiva (formal, informal); d) diferentes componentes do sistema linguístico em que a 
variação se manifesta: na fonética (diferentes pronúncias), no léxico (diferentes empregos de 
palavras), na morfologia (variantes e reduções no sistema flexional e derivacional), na sintaxe 
(estruturação das sentenças e concordância). 
 
8) No que diz respeito à comparação entre as modalidades escrita e oral das diferentes 
variedades da língua, quais são os elementos que os PCNs destacam? 
a) sistema pronominal (diferentes quadros pronominais em função do gênero): preenchimento 
da posição de sujeito, extensão do emprego dos pronomes tônicos na posição de objeto, 
desaparecimento dos clíticos, emprego dos reflexivos etc.; b) sistema dos tempos verbais 
(redução do paradigma no vernáculo) e emprego dos tempos verbais (predominância das 
formas compostas no futuro e no mais que perfeito, emprego do imperfeito pelo condicional, 
predominância do modo indicativo etc.); c) predominância de verbos de significação mais 
abrangente (ser, ter, estar, ficar, pôr, dar) em vez de verbos com significação mais específica. 
 
9) Como é chamada a outra política oficial de intervenção do governo federal no campo do 
ensino? 
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). 
 
10) Qual é a principal meta desse Programa? 
Promover a distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educação básica. 
 
11) Quanto ao ensino da oralidade, o que o edital do programa determina? 
Determina que o livro participante deve valorizar e efetivamente trabalhar a variação e a 
heterogeneidade linguísticas situando nesse contexto sociolinguístico o ensino das normas 
urbanas de prestígio. 
 
12) Como Faraco explica a norma linguística? 
Para ele, a norma linguística pode ser entendida como os usos e atitudes (valores sociais e 
culturais relacionados às formas linguísticas) vinculados a determinados grupos sociais, o que 
atua como um fator de identificação de cada grupo. 
 
13) Na nossa sociedade há apenas uma norma? 
A nossa sociedade é extremamente heterogênea e por isso não há apenas uma norma, 
tampouco uma “norma-padrão”. O que se verifica é a influência de uma norma sobre a outra, 
bem como a variação dentro de cada uma. 
 
14) Como Marcos Bagno prefere usar os termos “normas cultas” e “normas incultas” 
respectivamente? 
Ele chama de “variedades prestigiadas” e “variedades estigmatizadas” respectivamente. 
 
15) Explique os usos denominados “traços graduais” e “traços descontínuos”. Cite exemplos. 
Os traços graduais dizem respeito aos usos presentes na fala de todos os brasileiros, dos 
menos aos altamente escolarizados, sobretudo em situações de uso menos monitorada. São 
exemplos: o uso generalizado do verbo “ter” como impessoal e com o sentido de “existir” em 
lugar do verbo “haver”; o uso de “a gente” com o valor de pronome de primeira pessoa do 
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plural e o apagamento do “r” final, principalmente em verbos no infinitivo (“comê”, “cantá” 
etc.). Já os traços descontínuos incluem características linguísticas atreladas às camadas menos 
abastadas da sociedade, às pessoas menos escolarizadas, o que faz com que tais usos recebam 
uma avaliação social negativa e estigmatizada por parte de quem não compartilha esses usos 
linguísticos. Exemplos desses casos seriam o rotacismo – a troca do /l/ pelo /r/ em encontros 
consonantais – em palavras como “craro” e “franela” e a concordância não normativa em usos 
como “as menina” e “nós vai”, por exemplo. 
 
16) Qual é o objetivo que se deve nortear nossa prática pedagógica? 
É desenvolver e ampliar a competência comunicativa de nossos alunos, buscando encurtar o 
fosso que possa haver entre a “variedade trazida pelo aluno de casa (que nunca deve ser 
taxada de ‘erro’) e a norma culta no sentido da inclusão social do aluno e não no sentido da 
discriminação ou da exclusão”. Em suas aulas, teria a função de desenvolver a ideia clara de 
que toda e qualquer variedade da língua é igualmente legítima, válida e funcional destacando, 
porém, que a diferença entre um e outro uso reside no valor social que lhe é atribuído, ponto 
em que nascem preconceitos e estigmas. 
 
17) Como as sequências didáticas podem ser caracterizadas? 
Podem ser caracterizadas como “um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para 
ensinar um conteúdo, etapa por etapa”. Elas são organizadas segundo os fins que o professor 
deseja alcançar para a aprendizagem de seus alunos, e incluem também etapas de avaliação. 
 
 
ATIVIDADE 01 
Antes de prosseguirmos, propomos que você faça um rápido exercício de reflexão e de 
memória. Em sua experiência escolar, tanto no Ensino Fundamental quanto no Médio, você se 
recorda de ter estudado algum conteúdo relacionado à variação linguística? Havia algum 
momento, aula ou atividade sobre como a língua é variada no léxico, na morfologia, na 
fonéticae na sintaxe? Em caso negativo, tente lembrar os temas que predominavam nas aulas 
de português. 
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ATIVIDADE 02 
Em entrevista publicada no Caderno de Letras da UFF (ABRAÇADO, 2008), a (sócio)linguista 
Maria Marta Pereira Scherre defende o ensino de gramática para além dos moldes 
tradicionais, como uma organização que está na base dos enunciados de fala. Leia o trecho a 
seguir e busque relacioná-lo aos conceitos de norma desenvolvidos neste item da aula. 
 
“Considero este ensino/debate/reflexão, na escola, fundamental (o tradicional e o moderno – 
em saudável confronto). Afinal, entender e dominar conscientemente o que está por trás do 
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uso da língua, no sentido estrutural do termo, é tão interessante e importante quanto dominar 
os mecanismos de leitura e de produção do texto escrito, de forma crítica e criativa. No meu 
jeito de ver as coisas, é necessário fazer isso de forma interessante, sem dogma, sem verdades 
inquestionáveis, sem respostas inquestionavelmente certas, mas instigantes, estimuladoras, 
desafiantes. Trabalhar com a ideia de uma gramática plural *...+ é fundamental” (SCHERRE, 
2008, p. 16-7). 
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ATIVIDADE 03 
Leia o trecho retirado dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998a, p. 29) e teça 
reflexões sobre a importância do ensino de língua portuguesa com base na perspectiva 
sociolinguística. 
 
“Embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma língua nacional, notam-se 
diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de construções sintáticas, 
as quais não somente identificam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes 
regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala. Não existem, 
portanto, variedades fixas: em um mesmo espaço social convivem mescladas diferentes 
variedades linguísticas, geralmente associadas a diferentes valores sociais. Mais ainda, em uma 
sociedade como a brasileira, marcada por intensa movimentação de pessoas e intercâmbio 
cultural constante, o que se identifica é um intenso fenômeno de mescla linguística, isto é, em 
um mesmo espaço social convivem mescladas diferentes variedades linguísticas, geralmente 
associadas a diferentes valores sociais.” (BRASIL, 1998a, p. 29). 
 
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