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Urgências e Emergências Catarina Alipio XXIIB Conceito: - Síncope é uma perda transitória da consciência. • É um sintoma e não um diagnóstico. • Perda transitória de consciência causada por um período breve (8 a 10 segundos) de fluxo sanguíneo inadequado para o cérebro, mais comumente por uma queda abrupta da pressão arterial sistêmica. • Curta duração (até 1 a 2 minutos). • Perda do tônus postural. • Auto limitada. • Recuperação espontânea, rápida e completa da consciência e do tônus. • Ocorre por hipofluxo cerebral global. - Na literatura: ✓ Síncope é responsável por muitos atendimentos. ✓ Alto custo hospitalar. ✓ 40% da população tem um episódio de síncope (10% são idosos). ✓ Maior mortalidade em 6% (por ex caí e bate a cabeça). - Diagnóstico depende da patologia que casou a síncope (é multifatorial). Epidemiologia: - 1 a 2 milhões de pacientes anualmente, com incidência similar entre homens e mulheres. - 1% avaliações na emergência resultando em 30 a 40% de admissões. - Síncope recorrente é associada com morbidade significativa e impacto negativo na qualidade de vida levando a ansiedade e interrupção das atividades normais. - Prognóstico variável dependendo da etiologia. Impacto da síncope: - Grande impacto na vida da pessoa. ‣ Ansiedade e depressão. ‣ Alteração das atividades diárias. ‣ Restrição para dirigir. ‣ Mudança de emprego. - Hoje existem diretrizes para síncope. - Mortalidade na síncope está associada a causas cardíacas. 2 Síncope Dr. Kelly - 14/02 Urgências e Emergências Catarina Alipio XXIIB Classificação da síncope: - Neuromediada - 60% (reflexa) - bom prognóstico. • Vasovagal. • Seio carotídeo. • Situacional: - Tosse. - Miccional. - Hipotensão ortostática - 15% - bom prognóstico. • Induzida por drogas. • Falência do SNA: - Primária. - Secundária. - Arritmias cardíacas: importante saber se a causa é cardíaca. • Distúrbio do ritmo cardíaco - 10%: - Bradicardia (DNS ou BAV). - Taquicardia (TV ou TSV). - SQTL, Brugada… • Cradiopulmonar estrutural - 5%: - Estenose de aorta. - MCH. - Hipertensão pulmonar. - Isquemia miocárdica aguda. - Dissecção de aorta. - Causa desconhecida - 10%. - Fisiopatologia: Redução do débito cardíaco —> redução da RVP —> baixa pressão arterial/ hipoperfusão cerebral global. - Ocorre a partir da redução do retorno venoso para o coração e enchimento ventricular reduzido, que resultam em redução do débito cardíaco e da pressão sanguínea. • Essas alterações acionam barorreceptores provocando uma resposta compensatória de aumento da RVP. • Se essa resposta falhar, ocorrerá a hipoperfusão cerebral e consequentemente a síncope. - A síncope é uma consequência da hipoperfusão cerebral global e, assim, representa uma falha dos mecanismos autorreguladores do fluxo sanguíneo cerebral. - “A única diferença entre síncope e morte súbita é que em uma você acorda”. Como investigar: - Objetivos do diagnóstico de síncope: • Diferenciar a verdadeira síncope de outras situações com perda transitória da consciência. • Determinar a presença de doença cardíaca. • Estabelecer a causa da síncope com segurança para: - Definir o prognóstico. - Iniciar tratamento efetivo e preventivo. - HISTÓRIA/ ANAMNESE: • Pesquisar em que circunstância ocorreu o episódio de síncope e também os possíveis sintomas que podem ter acontecido no início, durante ou após evento de síncope. • Questionar acidentes importantes, como comorbidades, uso de medicamentos, episódios prévios, história familiar de morte súbita, entre outros. 3 Urgências e Emergências Catarina Alipio XXIIB • Durante a anamnese é importante questionar sobre sintomas antes da síncope. - Sintomas prolongados com um pródromo clássico são mais comumente associados à forma vasovagal da síncope reflexa, enquanto o início súbito da síncope com mínimo ou nenhum pródromo é mais comum entre pacientes com síncope cardíaca. - SINAIS VITAIS: • Pressão arterial (PA): paciente em decúbito dorsal e em pé —> pode detectar hipotensão ortostática (queda da PAS > 20 mmHg). • Frequência cardíaca (FC): irregularidades de pulso devem ser confirmadas pelo ECG. • Frequência respiratória (FR). - Exames laboratoriais: • Hemograma. • Eletrólitos. • Função renal. • Glicemia. • Gasometria. • Teste de gravidez. - Exames complementares: • ECG: só terá utilidade na presença de doença cardíaca, de história sugestiva de doença cardíaca ou na presença de ECG anormal. - Alto risco no ECG: ‣ Isquemia aguda. ‣ BAV 2o grau Mobitz II ou BAVT. ‣ Bradicardia sinusal persistente (<40 bpm). ‣ Pausas sinusais >3s. ‣ Taquicardia ventricular sustentada ou não-sustentada. ‣ Disfunção do MP ou CDI. ‣ QTc longo (>460mseg) – favorece taquiarritmias ventriculares. • Ecocardiograma: história, EF, e ECG não estabeleceram diagnóstico. - Suspeita de doença cardíaca estrutural. • Teste ergométrico: - Doença coronariana (?). - Síncope no esforço. • Massagem do seio carotídeo: realizada em pessoas com sintomas sugestivos de síncope neuromediada por hipersensibilidade do seio carotídea (síncope ao barbear, ao virar a cabeça) e principalmente em idosos com síncope recorrente. • Teste de inclinação (tilt test): realizado em pacientes com suspeita de síncope neuromediada que não foram confirmados pela avaliação inicial. - Estabelece diagnóstico de SVV. - Reproduz sintomas. - Orienta quanto aos pródromos na SVV. - Prognóstico e tratamento. - Estudo eletrofisiológico: não recomendado rotineiramente em pacientes sem cardiopatia estrutural. Indicações específicas: • Doença isquêmica: risco proporcional à severidade da disfunção ventricular (avaliação prévia de isquemia). - FEVE < 35%. - FEVE > 35% - VPN. • Cardiomiopatia dilatada – baixo VPN. - Mortalidade alta independente da síncope. Convulsão x Síncope: - Convulsões tem tempo de recuperação prolongados (por ex horas). - Na crise convulsiva, a pessoa fica rígida e pode ocorrer concentração excessiva de saliva, ela pode ficar com o rosto com 4 Urgências e Emergências Catarina Alipio XXIIB tonalidades roxas e após a crise convulsiva, provavelmente ocorrerá confusão além da pessoa poder se embaralhar na fala. Síncope neuromediada: vasovagais. - Causa mais comum de síncope em todas as faixas etárias. • Resulta de mudanças reflexo-mediadas na FC e no tônus vascular. - Pode ser desencadeada por estresse emocional como medo e ansiedade, por dor intensa ou estresse ortostático (quando o paciente fica em pé. - FISIOPATOLOGIA: diminuição do retorno venoso que causa vasodilatação e/ou bradicardia e o paciente desmaia. • Após um tempo em pé, vai ocorrendo uma modificação progressiva da pressão e do volume intravascular dos vasos do tórax e do abdome que não seriam compensados pelas vias eferentes do sistema barorreflexo. • Inicialmente o paciente apresenta náusea, sudorese e palidez. • Depois de 10 a 20 segundos, ocorre uma diminuição muito rápida da frequência cardíaca e da pressão arterial e provoca- se a síncope. i. Postura. ii. Alterações detectadas pelos barorreceptores arteriais e cardiopulmonares —> SNC. iii. Ativação neuroendócrina iniciada pelos receptores periféricos ou sítios corticais. iv. Receptibilidade de certos indivíduos (vagotonia exagerada/ aumento de norapenifrina circulante). - Caráter benigno, mas com grande impacto na qualidade de vida. • Ex: estão em uma fila desmaiam. • Comando errôneo dos nervos vasovagais, que diminuem a pressão na hora que não é necessário (= síncope). - Avaliação inicial: diagnóstico inicial em 66% dos casos e acurácia de 88%. • História detalhada. • Exame físico (incluindo medidas de PA deitado e em pé). • ECG. - Características clínicas: • Longa história de eventos recorrentes,em particular antes dos 40 anos. • Relacionada a situações de estresse. • Após exposição a longos períodos de pé. • Durante a refeição. 5 Urgências e Emergências Catarina Alipio XXIIB • Locais cheios e/ou muito quentes. • Ativação autonômica prévia: tontura, náuseas, sudorese fria. • Ausência de doença cardíaca estrutural. Síncope por hipotensão ortostática (HO): - Hipotensão ortostática: redução sustentada de, pelo menos, 20mmHg da pressão arterial sistólica (PAS) e/ou de 10mmHg da pressão arterial diastólica (PAD) dentro de três minutos após a adoção da ortostase. - Na síncope por HO a atividade eferente simpática está comprometida. A vasoconstrição é deficiente, ocorrendo diminuição de PA com a posição ortostática. - CAUSAS: • Primárias: disfunção autonômica primária (doença de Parkinson). • Secundárias: polineuropatias associadas a diabetes, doenças autoimunes), além de outros fatores não neurogênicos, como a hipovolemia, uso de medicamentos. Síncopes de causa cardíaca: - ESTRUTURAL: deve ser desconfiada quando a síncope surge no momento do pico do esforço físico. • As principais causas são a estenose aórtica, cardiomiopatia hipertrófica e isquemia. - ARRITIMOGÊNICA: as síncopes ocorrem em qualquer posição, mesmo com o paciente sentado ou deitado. • Podem ser taqui ou bradicardias. - História clínica sugestiva: • Precedendo a síncope: - Ausência de pródromos com sintomas autonômicos. - Dispneia. - Dor torácica. - Palpitações. - Pródromo < 5 segundos. • Durante o evento: - Posição supina. - Síncope no esforço. - Síncope durante o sono. - Síncope em situação de angústia. - Características clínicas: • História prévia de doença cardíaca. • História de arritmia ventricular. • História de insuficiência cardíaca. • História familiar de síncope ou morte súbita. • Síncope no esforço. • Contexto pouco usual (após estímulo auditivo). Síncope em nadadores: - Os atletas podem ter baixa tolerância ao ortostatismo, principalmente as mulheres. - Controle baroreflexo inadequado. - FC altas, analise espectral apresentando componentes de baixa frequência. - Teste de Inclinação Positivo, menor atividade simpatica periférica contrastando com tônus simpático aumentado. 6
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