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Giovanna Faria INFECTO Arboviroses • É uma arbovirose transmitida por artrópodes, causada pelo vírus da dengue (flavivírus) • Possui 4 sorotipos distintos: 1 a 4. Cada sorotipo tem diferente potencial de induzir lesão nos indivíduos infectados. o O vírus tipo 1 causa 80% dos casos. o Os vírus 2 e 3 causam casos mais graves. • É um vírus de RNA fita simples que é responsável por codificar: o Proteínas estruturais: C (capsídeo), M (membrana), E (envelope) o 7 Proteínas não estruturais: NS1, NS2, NS3, NS4, NS5, NS6, NS7 – ligadas a resposta do hospedeiro. Sendo a NS1 responsável por atuar na maturação viral, e por ter capacidade antigênica é alvo de anticorpos anti-dengue. Também é expressa na superfície de células infectadas e também são secretadas na circulação. Anticorpos anti-NS1 promovem lise das células infectadas fixando o complemento. • O vírus induz imunidade sorotipo-específica duradoura nos hospedeiros. Porém, a imunidade sorotipo simultânea (para os 4 sorotipos) é efêmera (dura em torno de 2 meses). • Nos dois primeiros meses a probabilidade de reincidência é menor. • Notificação compulsória em caso de suspeita diagnóstica. TRANSMISSÃO: • Transmitida pela picada da FÊMEA do mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus (não tem no Brasil), pelo regurgitamento do vírus durante o repasto sanguíneo. • A picada ocorre no período do hábito dos hematófagos, ou seja, horários necessários para maturação dos ovos da fêmea, principalmente na parte da manhã e tarde. • Mais comum nas regiões tropicais e subtropicais • Se reproduz em água limpa, parada e em temperatura adequada. • Um mosquito não infectado pode adquirir o vírus ao picar um indivíduo contaminado, porém o mosquito necessita de aproximadamente 8 a 12 horas após a picada para poder começar a transmitir o vírus. o Ovos → rompem liberando larvas → de 7 a 10 dias viram ninfas → 2 a 3 dias viram adultas. o Os ovos vivem 364 dias fora da água. • Após contaminadas, os filhotes das fêmeas já vão nascer com o vírus. • A vida do mosquito transmissor gira em torno de 45 a 60 dias. • Além da dengue, ele pode transmitir também febre amarela, zika e chicungunya. • Reservatório: o único animal reservatório no ciclo transmissor da dengue é o próprio homem. EPIDEMIOLOGIA: • No brasil a dengue é considerada uma doença endêmica, com incidência de picos a cada 1 a 3 anos (relacionados ao período de chuvas) • A incidência mundial de dengue tem apresentado tendência ascendente, seja pela intensificação do processo de urbanização ou pela incapacidade de controlar os mosquitos e a replicação viral neles e no organismo humano. GT3 Dengue Giovanna Faria INFECTO ➔ GRAVIDADE: Depende de fatores de risco que o paciente pode ter, como: • Infecção secundária. • Idade (crianças parecem ter mais dificuldade de compensar o extravasamento capilar tendo maior tendência a desenvolver choque hipovolêmico) o Imunossuprimidos, idosos e gestantes. • Doenças crônicas: como asma brônquica, anemia falciforme e diabetes mellitus. FISIOPATOLOGIA: ➔ DENGUE CLÁSSICA OU NÃO GRAVE: 1. O vírus é inoculado, por meio da picada do mosquito e em seguida são fagocitados pelas células dendríticas locais. 2. Vão ser transportados aos linfonodos regionais, onde realizam a sua primeira replicação. 3. Essa multiplicação resulta em uma viremia que o dissemina por todo o organismo. Resposta imune na primo-infecção: • Controlada inicialmente pela resposta imune inata e celular, seguida pela resposta humoral. • Resposta imune celular: o Causam lise das células infectadas. o Atuam como mediadores da resposta por LT CD8+. o Proteína NS1 é um importante alvo dos anticorpos. Especifica do vírus da dengue. • Resposta humoral: o Anticorpos IgM: ▪ Detectáveis a partir do 4° dia do início dos sintomas com pico entre o 7 e 8° dia. ▪ Declinam lentamente, até não serem detectados em alguns meses. o Anticorpos IgG: ▪ Detectáveis a partir da 1a semana do início dos sintomas, em níveis baixos. ▪ Elevam-se gradualmente, com pico em 2-3 semanas. ▪ Mantêm-se elevados por anos, conferindo imunidade contra o sorotipo infectante. Sintomas: • Febre e mal-estar relacionam-se a elevados níveis de citocinas como TNF-α, IL-6 e IFN-γ. • Efeito citopático viral: mialgias relacionam-se à multiplicação viral no próprio tecido muscular. • Tecido oculomotor é acometido produzindo dor retrorbitária. ➔ DENGUE GRAVE: • Pode ser provocada por: aumento da carga viral resultante de uma cepa virulenta ou a facilitação da infecção mediada por anticorpos de uma infecção anterior de dengue. o Os AC preexistentes não são capazes de neutralizar um vírus de sorotipo diferente → facilitando a penetração nas células → há uma população maior de macrófagos infectados → ocorrendo uma resposta exacerbada de anticorpos, linfócitos, sistema do complemento e um aumento exacerbado de citocinas inflamatórias → aumentando a permeabilidade capilar → provocando extravasamento de líquidos para o interstício → o que causa queda da pressão arterial e manifestações hemorrágicas, associadas a trombocitopenia. • Pode ocorrer: síndrome do choque dengue. o Muitas vezes fatal, devido a falência cardiorrespiratória hipovolêmica. o Ocorre com base na intensidade do extravasamento do líquido. o A plaquetopenia pode contribuir, pela falha na produção e aumento no consumo periférico por destruição das plaquetas por reação cruzada. Giovanna Faria INFECTO QUADRO CLÍNICO: Período de incubação: 3 a 12 dias. • Cerca de 40% dos indivíduos são assintomáticos ou subclínico. • Três fases clínicas podem ocorrer: febril, crítica e de recuperação. ➔ Dengue sem sinais de alarme: Período febril: • Febre de início abrupto com duração de 2 a 7 dias → febre alta: 39/40 °C • Associada a: cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias e a dor retroorbitária. Anorexia, náuseas e vômitos podem estar presentes. Diarreia, não volumosa, cursando com fezes pastosas com 3-4 evacuações por dia. o Exantema → 50% ▪ Predominantemente máculo-papular. ▪ Em face, tronco e membros, não poupando plantas de pés e palmas de mãos. ▪ Com ou sem prurido. ▪ Frequentemente no desaparecimento da febre. • Se observa melhora do estado geral após a fase febril. Período crítico: • Começa entre o 3 ao 7 dia da doença, quando começa a se observar a diminuição da febre. • Acompanhada dos sinais de alarme por coincidir com o aumento da permeabilidade vascular. • Paciente começa a apresentar piora do estado geral e é nesse momento que ele fica mais susceptível ao choque. ➔ Sinais de alarme: • A terapêutica é decidida com base no aparecimento de cada um dos sinais, assim como o local de tratamento. ➔ Dengue GRAVE • Ocorre grande extravasamento plasmático, levando a um choque hipovolêmico com ou sem acúmulo de líquido pleural, acarretando uma angústia respiratória. • O extravasamento contribui para: o Quadros de derrame pleural e ascite, devido a quantidade exagerada de fluidos infundidos. o Aumento do hematócrito → diretamente proporcional a gravidade. o Redução dos níveis de albumina • Com isso, ocorre a disfunção de vários órgãos devido a patologias como: fígado (hepatite), coração (miocardite), SNC (encefalite, encefalopatia). CHOQUE: Giovanna Faria INFECTO • Ocorre quando uma quantidade significativa do plasma é perdido como consequência do extravasamento, geralmente nos dias 4-5 da doença, antecedido por sinais de alarme. • O choque pode ter rápida evolução e levar ao óbito entre 12 a 24 hrs. HEMORRAGIAS GRAVES: • Causam diminuição do hematócrito, contribuindo favoravelmente para o choque. • É mais frequente haver hemorragia do TGI em pctes com histórico de úlceras e gastrites ou quem fez uso de AAS, AINES e anticoagulantes. DISFUNÇÕES NOS ÓRGÃOS • As disfunções especificas de cadaórgão podem ocorrer mesmo na ausência de extravasamento plasmático ou choque. • Um dos motivos para a disfunção progressiva de um órgão é uma hipoperfusão. ➔ EXAMES COMPLEMENTARES Exames inespecíficos: • Hemograma: o Hematócrito: Aumento na evolução da doença (devido ao extravasamento plasmática e aumento da hemoconcentração) o Leucograma: varia de acordo com a gravidade do quadro. Durante a febre pode estar normal ou diminuído. ▪ Diferencial: linfocitose relativa nas primeiras 24-48 horas de doença, pode haver neutrofilia. o Plaquetograma: normal ou diminuída • Enzimas hepáticas: o TGO e TGP: depende do grau de acometimento do parênquima (diretamente proporcionais) o Albumina: diminuída por reflexo do extravasamento de plasma para o terceiro espaço. • Prova do laço Exames específicos: • Isolamento viral: identifica o sorotipo circulante, colhido no período de viremia (4 primeiros dias da doença). • Teste rápido NS1: o Solicitado nos 5 primeiros dias de doença (pico de viremia), melhor se colhida no 1° dia. o Alta especificidade e moderada sensibilidade, teste negativo não exclui a possibilidade de dengue (não pega sorotipo 4). Caso positivo confirma diagnóstico. o Não faz diagnóstico, é utilizado para fins de vigilância epidemiológica. • Teste biologia molecular: o RT- PCR: pode ser feito até o 5° dia. • Testes sorológicos: o IgM: a partir do 6° dia de doença, desaparecem após alguns meses. o IgG: a partir de 1 semana e persistem por anos. Giovanna Faria INFECTO ESTADIAMENTO E CONDUTA: GRUPO A: Caso suspeito de dengue. • Sem sinais de alarme, paciente sem comorbidades, grupo de risco ou condições clínicas especiais. • Conduta: o Sem necessidade de exames complementares. o Tratamento suportivo: paracetamol/dipirona; repouso; hidratação oral o Prova do laço (pode ser negativos em pcts com sobrepeso) o NÃO utilizar salicilatos ou AINE. o Orientar o pct a procurar ajuda médica em caso de sangramentos, retorno para reavaliação no dia da melhora da febre (fase crítica) ou retornar no 5º dia (se febre não passar). GRUPO B: Caso suspeita de dengue sem sinais de alarme. • Com sangramento espontâneo de pele (petéquias) ou induzido (prova do laço positiva). • Condições clínicas especiais e/ou de risco social ou comorbidades: lactentes, gestantes, > 65 anos, HAS ou outras DCV graves, DM, DPOC, doenças hematológicas crônicas (principalmente AF e púrpuras), DRC, doença ácido péptica, hepatopatias e doenças autoimunes). • Conduta: o Não é necessário prova do laço se já houver comorbidades. o Solicitar hemograma DIÁRIO para avaliar hemoconcentração e demais exames baseados na clínica até 6° dia de doença. ▪ Hematócrito normal: tratamento ambulatorial com reavaliação clínica diária e orientar sobre sinais de alarme e para não se automedicar. ▪ Surgimento sinais de alarme: seguir conduta do grupo C + notificar caso. o Tratamento suportivo: paracetamol/ dipirona; hidratação oral o Sem necessidade de exames específicos. GRUPO C: presença de algum sinal de alarme • Conduta: Enfermaria o Iniciar a reposição volêmica imediata, em qualquer ponto de atenção, independentemente do nível de complexidade. o Realizar exames complementares obrigatórios: Hemograma completo, TGO e TGP; glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE e ecocardiograma. o Exames de imagem recomendados: RX de tórax e USG de abdome (mais sensível para diagnosticar derrames cavitários) o Reavaliação clínica após 1h, mantem reposição volêmica até a 2ª hora (até reavaliação do hematócrito) ▪ Se NÃO houver melhora do hematócrito ou dos sinais hemodinâmicos, repetir a fase de expansão até 3x, se houver melhora, se inicia fase de manutenção e se não houver conduz como grupo D ▪ Fase de manutenção: hematócrito a cada 4 horas para acompanhamento. Giovanna Faria INFECTO ➔ INDICAÇÕES PARA INTERNAÇÃO HOSPITALAR • Presença de sinais de alarme ou de choque, sangramento grave ou comprometimento grave de órgão (grupos C e D). • Recusa a ingestão de alimentos e líquidos. • Comprometimento respiratório: dor torácica, dificuldade respiratória, diminuição do MV ou outros sinais de gravidade. • Impossibilidade de seguimento ou retorno à unidade de saúde. • Comorbidades descompensadas como DM, HAS, IC, uso de dicumarínicos, crise asmática etc. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Chikungunya: artralgia (crônica e incapacitante) → pode ter como consequência um quadro crônico • Dengue: dor retro orbitaria, plaquetopenia, hemorragia • Zika: exantema (ocorre nos primeiros dias), conjuntivite → problema é que pode causar microcefalia e retinopatia (nos bebês de gestantes infectadas) • Febre amarela: histórico de viagem e ausência de vacinação PROFILAXIA: • Educar a população sobre a endemicidade da dente e como eliminar os criadouros do mosquito. • Vigilância das autoridades sanitárias para casos de dengue na comunidade e trabalho dos agentes de saúde na eliminação de criadouros domiciliares e peridomiciliares. • Coleta de lixo adequada, diminuindo possíveis locais de reprodução do inseto. • Uso de larvicidas de ação residual aplicados em depósitos d’água. • Utilização dos carros fumacês, borrifando inseticidas contra os artrópodes adultos → tentativa de minimizar surtos VACINA: Existe disponível, previne contra os quatro tipos de dengue, tem baixa eficácia (cerca de 70%) e não é recomendada pelo ministério da saúde. É cara, produz baixa imunidade e é contraindicada em idoso, criança e em pessoas que nunca tiveram dengue (pois pode causar quadros mais graves). GRUPO D: presença de sinais de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgão. • Sinais de choque: taquicardia, pulso fino, cianose, lipotimia, sudorese profusa, agitação ou letargia e diminuição da diurese. • Conduta: CTI o Reposição volêmica iniciada imediatamente com fase de exposição rápida, a qual pode ser repetida até 3x. ▪ SE HOUVER MELHORA: retorna para fase de expansão grupo C o Reavaliação a cada 15/30 min, com hematócrito a cada 1 horas. o Exames complementares obrigatórios + exames de imagem o Exames para confirmação de dengue SÃO obrigatórios, mas NÃO SÃO essenciais para conduta clínica. o No caso de resposta inadequada, caracterizada pela persistência do choque, deve-se avaliar: ▪ se Ht estiver subindo (utilizar expansores plasmáticos), ▪ se Ht estiver em queda com persistência de choque (avaliar sangramentos), presença de hemorragia (transfundir concentrado de hemácias), presença de coagulopatias (avaliar necessidade de plasma, vitamina K e crioprecipitado). o Notificar caso o Orientar retorno após alta. Giovanna Faria INFECTO • Doença infecciosa aguda, não contagiosa, com alta letalidade. • Gênero flavivírus, de RNA fita simples, não segmentado. ETIOLOGIA: • Possui 2 ciclos: o Urbano: vetor Aedes aegypti e o reservatório é o homem → erradicado no continente americano. o Silvestre: vetor Haemagogus e Sabethes (os mais comuns no Brasil) e os reservatórios são primatas não humanos (macacos). A infecção humana é acidental. EPIDEMIOLOGIA: • Possui maior ocorrência no continente africano • Por serem maioria nas atividades relacionadas a vida silvestre, é mais comum no sexo masculino. • Tem caráter endêmico na região amazônica, já na região extra amazônica se pode observar períodos endêmicos ocasionais por reemergencia do vírus no país. • Ocorrência sazonal, com a maior parte dos entre dezembro e maio (elevadas temperaturas e pluviosidade). • Surtos ocorrem com periodicidade irregular, quando o vírus encontra condições favoráveis para a transmissão. FISIOPATOLOGIA: 1. Após a inoculação do vírus na corrente sanguínea pelo mosquitovetor, os vírus atingem os linfonodos regionais, onde se replicam em células linfoides e macrófagos. 2. Os vírus produzidos são lançados na circulação, atingindo órgãos alvo: o No fígado, (onde o vírus tem tropismo) ocorre as maiores repercussões: lesões no hepatócito, com esteatose, necrose e apoptose e escasso processo inflamatório. A lesão hepática não decorre da inflamação e sim do efeito direto do vírus, que possui caráter hepatotrópico e citopático, provocando apoptose de hepatócitos. o Demais órgão acometidos: rins (NTA), baço, medula, linfonodos e coração. • O período de viremia é variável e quanto maior o tempo de viremia, mais grave a doença se torna. QUADRO CLÍNICO: • A doença tem caráter amplo, pode ir desde a formas subclínicas até quadros mais graves e letais. Período de incubação: 3 a 6 dias/ 10 a 15 → período em que ocorre replicação silenciosa Período de transmissibilidade: vai de 24- 48h antes até 3-5 dias após o início dos sintomas → é o tempo que o indivíduo com o vírus no sangue e pode infectar um mosquito vetor se for picado. O mosquito infectado transmite o vírus por 6-8 semanas. Analisar: • História epidemiológica compatível: residente ou procedente de área afetada pela febre amarela, ambiente rural ou silvestre, nos 15 dias anteriores a doença. • Indivíduo não vacinado ou que tenha recebido a primeira dose há menos de 30 dias. Febre Amarela Giovanna Faria INFECTO Sinais e sintomas: febre, cefaleia (principalmente supraorbital), mialgia, lombalgia, mal-estar, calafrios, náuseas, icterícia e/ou manifestações hemorrágicas. ➔ Assintomáticos: 50% ➔ Formas leves ou moderadas: surgimento súbito de febre alta, geralmente contínua, cefaleia intensa e duradoura, inapetência, náuseas e mialgia. o O sinal de Faget (bradicardia relativa acompanhando febre alta) pode ou não estar presente. o Nas formas leves e moderadas os sintomas duram cerca de 2-4 dias e são aliviados com o uso de sintomáticos, antitérmicos e analgésicos. ➔ Formas graves/malignas: o Sintomas: cefaleia e mialgia ocorrem com maior intensidade, acompanhada de náuseas e vômitos frequentes, icterícia, oligúria ou manifestações hemorrágicas como epistaxe, hematêmese e metrorragia. • Comportamento bifásico: podem apresentar um período de remissão dos sintomas de 6 a 48 horas entre o 3° e 5° dias de doença, seguido de agravamento da icterícia, IR e fenômenos hemorrágicos. • As manifestações hemorrágicas (petéquias, equimoses, epistaxe, gengivorragia e hematúria) decorrem de disfunção plaquetária e endotelial, coagulação intravascular disseminada e diminuição da síntese de fatores de coagulação pelo fígado. Pode haver quadros graves com hematêmese e melena. • As causas de morte são decorrentes principalmente de sobrecarga hídrica, levando aos quadros de edema agudo de pulmão, hemorragias maciças ou falência cardiorrespiratória. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: • Casos suspeitos: o indivíduo NÃO VACINADO com exposição em área afetada recentemente (nos 15 dias anteriores). o Até 7 dias de quadro febril agudo (febre aferida ou relatada) o Acompanhado de 2 ou + dos seguintes sinais e sintomas: cefaleia (principalmente o de localização supraorbital), mialgia, lombalgia, mal-estar, calafrios, náuseas, icterícia e/ou manifestações hemorrágicas. o Não tenha comprovante de vacinação de febre amarela ou que tenha recebido a primeira dose há menos de 30 dias. ➔ Notificação do caso suspeito é compulsória e imediata. Giovanna Faria INFECTO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Formas leve e moderada: qualquer doença que curse com quadro febril agudo indiferenciado: dengue, malária, influenza e mononucleose infecciosa • Formas graves e malignas: malária, dengue grave, Chikungunya, hepatites agudas, leptospirose, riquetsiose, sepse e febre tifoide EXAMES COMPLEMENTARES: Exames inespecíficos: • Hemograma: o Leucopenia relativa com linfocitose o Diminuição do hematócrito quando na presença de hemorragia. o Plaquetopenia (menor que 100mil) • TGO e TGP: aumentadas - > 3000 • Bilirrubinas: aumentadas as custas de direta • Ureia e creatinina: aumentadas em caso de lesão renal • Provas de coagulação: o Diminuição dos fatores de coagulação o Diminuição atividade da protrombina e fibrinogênio • Urina rotina: proteinúria, hematúria e cilindruria Exames específicos: • Sorologia: ELISA IgM, coletar 1ª amostra a partir do 6° dia de início dos sintomas e 2ª amostra após 14-21 dias após da coleta da 1ª; ou amostra única após o 5° dias de início dos sintomas • Biologia Molecular (RT-PCR): coletar amostra de sangue até o 5° dia do início dos sintomas. Caso a pessoa venha a óbito, deve ser coletado por necropsia, viscerotomia ou biopsia até no máximo 24h após a morte. • Isolamento Viral: amostra de sangue em até 5 dias do início dos sintomas. Também pode ser feito para confirmar óbito (até no máximo 24h) • Histopatologia/Imuno-histoquímica: Logo após óbito, no máximo até 12 horas TRATAMENTO: ➔ CASOS LEVES/ MODERADOS: • Paciente: BEG, consciente, hidratado ou leve desidratação, sem vômitos ou hemorragia. Exames normais ou com discretas alterações. • Tratamento ambulatorial por ser autolimitada e não ter tratamento específico. • Tratamento suportivo: antitérmicos e hidratação oral. ➔ CASOS MODERADOS/GRAVES: • Paciente: REG ou MEG, consciente, desidratação intensa com vômitos, mas sem hemorragias ativas. Exames com alterações discretas ou moderadas. • Tratamento suportivo: antitérmico, analgésico, hidratação oral ou parenteral. • Iniciar controle diurese • Hospitalização • Avaliar parâmetros a cada 4 horas e fazer exames diários. Giovanna Faria INFECTO ➔ CASOS GRAVES/MALIGNOS: • Reposição volêmica e de fatores de coagulação (caso tenha manifestações hemorrágicas) por infusão de plasma. • Bloqueadores de H2 ou omeprazol para prevenir manifestações hemorrágicas digestivas. • Diálise precoce, frente a evidências de insuficiência renal aguda durante o monitoramento da função renal. PROFILAXIA: • Notificação compulsória imediata de caso suspeito. • Imunização: vacina antiamarílica de vírus atenuado, aos 9 meses e aos 4 anos. Em adultos, apenas uma dose.
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