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Arboviroses Caso clínico Jose, 67 anos, diabético e cardiopata. Mora em RP, próximo a mata de Santa Tereza. Refere que há 3 dias vem apresentando febre alta T>39° C com dores difusas pelo corpo, principalmente nos membros. Refere que a conjuntiva dos olhos está amarelada. Houve aparecimento de manchas avermelhadas em tronco e membros. Hipóteses diagnósticas: febre amarela (sagui) -Pessoas idosas com comorbidades são grupos vulneráveis a arboviroses - Ponto em comum das arboviroses: proliferação de mosquitos. Arboviroses Arbovírus são vírus transmitidos por artrópodes (Arthropod-borne virus): sua veiculação e parte de seu ciclo replicativo ocorrem através dos artrópodes. São transmitidos aos seres humanos e outros animais pela picada de artrópodes hematófagos: a maioriaé pela fêmea do Aedes Aegypti. Os arbovírus que causam doenças em humanos e outros animais de sangue quente são membros de cinco famílias virais: Bunyaviridae, Togaviridae, Flaviviridae, Reoviridae e Rhabdoviridae. Localizam-se principalmente na região tropical e subtropical. · Flaviviridae - Flavi significa amarelo, ou seja, são vírus com potencial para causar icterícia (dengue, zika, febre amarela e hepatite C são flavivírus) - A partícula dos flavivírus possui um capsídeo proteico (C), envolvido por um envelope lipídico onde estão inseridas as proteínas de membrana (M) e espículas de natureza glicoproteica (E). Seu genoma dos flavivírus é formado por RNA de fita simples - O genoma codifica para três proteínas estruturais: proteína C do capsídeo, proteína do envelope pré-M, precursora de M e a proteína E. Além destas, o genoma codifica sete proteínas não estruturais (NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B, NS5) que desempenham funções reguladoras e de expressão do vírus, como a replicação, virulência e patogenicidade. · Manifestações clínicas - Doença Febril (DF) indiferenciada, moderada ou grave: sintomas de gripe, como febre, cefaléia, dor retro-orbital e mialgia. - Síndrome neurológica (SN): mielite, meningite e/ou encefalite, com mudanças de comportamento, paralisia, paresia, convulsões e problemas de coordenação. - Artralgia (AR): exantema ou rash maculopapular, poliartralgia e poliartrite. - Síndrome hemorrágica (SH): petéquias, hemorragia e choque combinado com uma redução intensa de plaquetas. - Sintomas respiratórios não são comuns nas arboviroses. Podem ser 2° a elas ou podem ser outros vírus. · Diagnósticos diferenciais: Doenças exantemáticas: febre + exantema. Englobam HIV agudo, leptospirose, febre maculosa, chikungunya, dengue, zika · Arboviroses - No Brasil, houve surtos de dengue no final do século 19, mas foram parcialmente controlados e a dengue reapareceu quando houve um ciclo de reurbanização (1945-1986) devido ao acumulo de lixo e aglomeração de pessoas. Já a chikungunya (2014) e zika-virus (2015) coincidem com grandes eventos de massa: pan-americano e copa do mundo - A letalidade da dengue é < 1%, febre amarela > 30%, chikungunya próximo a 0%; zika tem mortalidade próxima a 25%-30% em fetos. Essa mortalidade da dengue está relacionada a síndrome hemorrágica e à complicações, além de possuir alto número de casos. - Dengue significa febre quebra-ossos, por isso há dor difusa; chikungunya: acomete grandes articulações; zika: vem da floresta, causa menos dor. - Chikungunya tem um período crônico, assim pode ficar um tempo no individuo até ser transmitido e tende a cronificação (o fígado cresce) - Zika: tem transmissão sexual e é considerada uma IST, mais sexual do que com o mosquito e também por transfusão sanguínea. Tem pouco comprometimento sistêmico nos adultos, assim não se espera realizar diagnóstico dessa doença em adultos freqüentemente. Já o comprometimento sistêmico de dengue e chikungunya são difusos e freqüentes - Febre amarela é a mais letal dessas doenças. Mas a vacina (vírus vivo) tem alta eficácia e há uma alta cobertura vacinal no Brasil, por isso não é comum febre amarela urbana e surtos isolados de febre amarela silvestre. · Dengue - Dengue é uma doença febril aguda e com duração de no máximo 7 dias com febre. Não tem característica de ser crônica. Pode evoluir com curso leve ou grave. · Epidemiologia - É a arbovirose urbana mais freqüente com letalidade <1% se intervenção médica. Sem tratamento, pode evoluir para a forma hemorrágica, chegando a letalidade de 30%. - Agente causal: flavivírus-vírus dengue representado por quatro sorotipos (DENV-1 a DENV-4). Cada sorotipo confere uma imunidade sorotipo especifica permanente. Mas, há uma imunidade parcial e transitória contra os outros sorotipos (dura por curto período de 3 a 15 meses, geralmente com média de 6 meses), por isso possui uma característica sazonal. - Sua transmissão é feita fêmea do mosquito Aedes aegypti, podendo afetar pessoas de todas as idades - Dengue possui a transmissão transovariana: a fêmea do Aedis já põe ovos contaminados pelo vírus e podem durar até 2 anos (entram em período de latência até na seca). Por isso, ela sobrevive e tem manifestações salpicadas, devendo-se agir sempre nos criadouros do mosquito. - Vírus da dengue depende de seres humanos infectados (não há hospedeiros naturais), os quais fazem uma viremia média de 5 dias. Nesse período, o mosquito pode picar o indivíduo e tem um período de incubação extrínseca pode chegar a 1 semana. · Ciclo da doença - Período de incubação: 3 a 7 dias, sendo em média de 4 dias. Após isso, começa a ter sintomas. - Viremia é o período em q o vírus mais circula, coincide com há febre e o período mais sintomático. Quando há produção deIg, o indivíduo fica ok. - 10% dos indivíduos picados desenvolvem sintomas. Apenas 1% desenvolvem forma grave. · Fisiopatologia Possui 3 fases: 1.Fase febril: período sintomático clássico da doença: febre alta (39-40ºC) de início súbito e duração de 2 a 7 dias, frequentemente associada a cefaléia, adinamia, mialgia, artralgia e dor retro-orbitária. Além disso, o paciente também pode ter náuseas e vômitos, anorexia, diarreia e exantema (no padrão máculo-papular, afetando todo o corpo do paciente 2. Fase Crítica: após a fase febril, boas partes dos pacientes evoluem direto para a recuperação, havendo melhora dos sintomas e do estado geral. Contudo, uma parte das pessoas podem entrar no que chamamos de fase crítica, a qual se caracteriza por uma melhora da febre entre o 3º e o 7º dia de doença, associada ao desenvolvimento de sinais de alarme. - Sempre precisa investigar a presença desses sinais em pacientes com diagnóstico ou suspeita de dengue e orientar os pacientes para que retornem ao serviço caso identifiquem qualquer um desses sinais. 3.Fase de Recuperação: o paciente começa a ter uma melhora progressiva dos sintomas e do estado geral. **É importante continuar acompanhando o paciente por um tempo e mantê-lo orientado de que deve retornar ao serviço caso identifique algum dos sinais de alarme. - Paciente com febre pode evoluir para fase crítica ou para fase de recuperação - Hipótese de Halstede: É valida para várias doenças virais com sorotipos diferentes. A infecção 1° produz Ig contra determinado sorotipo (ex: DEN 1), ocorrendo neutralização do vírus e memoria imunológica. Ao se ter uma infecção com um sorotipo diferente (ex: DEN 2), há uma possibilidade de o Ig de memória se ligar ao novo sorotipo e produzir um complexo reconhecido pelos monócitos, causando uma maior penetração do vírus na célula e mais liberação de mediadores inflamatórios, aumentando a permeabilidade celular e, assim, o extravasamento. Em suma, a infecção 1° facilita uma doença mais grave na infecção 2°. - Essa hipótese é a mais aceita, embora não seja perfeita, porque apenas 2 a 4% dos pacientes com infecções 2° desenvolverão febre hemorrágica da dengue (FHD) e há descrição de pacientes com infecção 1° e FHD. - Na fase crítica (3° a 6° dia), O hematócrito pode subir devido ao extravasamento do liquido para o 3° espaço e as plaquetas podem cair devido ao consumo por fenômenos auto-imunes ou por ativação do endotélio. Esses fatores são monitorizados com HMG e com oaparecimento de sinais de alarme. O NS1 pode ser feito entre o 1° e o 3° dia e a sorologia a partir do 6° dia, assim na fase crítica, o diagnóstico é clinico (HMG e sinais de alarme). Assim, deve-se fazer uma suspeita precoce de dengue e reconhecer precocemente os casos q vão complicar, seguindo de perto e hidratando esses grupos com risco de complicação. · Quadro clínico - Possui múltiplas faces. Dengue clássica: febre alta, seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retro orbitaria, náuseas, vômitos, exantema e dor abdominal (principalmente em crianças). Pequenas manifestações hemorrágicas podem ocorrer (petéquias, epistaxes, gengivorragia, sgt GI, hematúria e metrorragia). A doença dura de 5 a 7 dias, podendo persistir a fadiga. - Imagem: 1- petéquias; 2- exantema pruriginoso: toda área vermelha difusa; 3-conjuntivite - O problema da dengue é sangramento e descompensação da doença de base. · Alterações Laboratoriais Há as seguintes alterações laboratoriais: Hemograma (deve-se observar o grau da alteração): · Leucopenia · Plaquetopenia (por ativação imune): < 50. 000 · Hemoconcentração: aumento de 20% do Ht basal ou Ht > 50 · Homens > 45% · Mulheres > 40% · Crianças > 38% Elevação transaminases (discreta) · Diagnóstico Até 5 dias, as opções são: - Pesquisa de Antígeno Viral (NS1): NS1 é uma proteína não estrutural do vírus liberada no sangue e presente apenas no ciclo replicativo do vírus, ou seja, está presente apenas quando a viremia é alta. É usada entre o 1° e o 3° dia de sintoma. É um método diagnóstico precoce; - Teste de Amplificação Genética (RRT-PCR): é o isolamento viral e é pouco utilizado; pode ser usado até o 5° dia, mas é caro; assim é usado apenas em casos graves ou de óbito; - Imuno-histoquímica tecidual; - Cultura. Após 5 dias: · Sorologia com pesquisa de anticorpos IgM e IgG. Apenas após o 6° dia - O indivíduo tem uma infecção 1° com o tipo 1 da doença assim há a memória de IgG. Durante a infecção 2° com o tipo 2, que possuirá mais IgG (devido à 1° infecção). Assim, uma vez contaminado com dengue, o IgG permanece mas para o resto da vida. Para saber se a dengue está ativa, deve-se pedir IgM (se ativa, ele virá +). · Outros testes: Prova do laço: Prova do laço: deve ser sempre realizado e mede o risco de sangramento em um caso confirmado ou suspeito de dengue, além de auxiliar na classificação do paciente. Se positiva, o paciente será, no mínimo, B. Deve-se aferir a PA e definir a PA média ((PA sist + diast): 2). Garrotear mantendo na pressão media por 3 min (crianças) ou 5 minutos (adultos). Após isso, desenhar um círculo com raio de 2,5 cm e contar o n° de petéquias. Positiva quando: · ≥20petéquias no adulto · ≥ 10 petéquias na criança Outras doenças, como colagenose, DM, DRC, podem ter prova do laço + também. Assim, a prova do laço não é patognomônica de dengue. · Classificação 1997 Até 1997, a OMS dividia: · Febre indiferenciada: · Febre de dengue: casos clássicos - Febre intensa, artralgia, dor retro orbitaria, rash.. · Dengue com sangramento - Essa classificação é inoperante, porque a maioria dos pacientes q vai a óbito é por descompensação da doença de base e não por sangramento. 2009 A partir de 2009, há uma nova classificação: · Dengue sem complicação: dengue sem sinais de alarme · Dengue com complicação: dengue com sinais de alarme (hepatite, IC, comprometimento do SNC...) 2014 · Sinais de alarme: · Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua. · Vômitos persistentes. · Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico). · Hipotensão postural e/ou lipotimia. · Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal. · Sangramento de mucosa. · Letargia e/ou irritabilidade. · Aumento progressivo do hematócrito (plaquetopenia < 50.000) **Sinais de alarme caem na prova Sinais de choque: · Taquicardia. · Extremidades distais frias. · Pulso fraco e filiforme. · Enchimento capilar lento (>2 segundos). · Pressão arterial convergente (PA diferencial<20 mm Hg). · Taquipneia. · Oliguria (< 1,5 ml/kg/h ). · Hipotensão arterial (fase tardia do choque). · Cianose (fase tardia do choque). Condições clínicas especiais e/ou de risco social ou comorbidades: lactentes – menores de 2 anos – gestantes, adultos com idade acima de 65 anos, hipertensão arterial ou outras doenças cardiovasculares graves, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doenças hematológicas crônicas (principalmente anemia falciforme e púrpuras), doença renal crônica, doença ácido péptica, hepatopatias e doenças autoimunes. - Grupos de risco: DM, idoso, gestante, IC, cirrose, doença reumatologia, HIV, e paciente oncológico A partir de 2014, o Brasil adotou subdivisões: · Grupo A: paciente com suspeita de dengue, sem sinais de alarme ou condições especiais; Atendimento de acordo com o horário de chegada · Grupo B: paciente com suspeita de dengue, sem sinais de alarme, mas comcondições especiais ou com prova do laço +; Prioridade não-urgente · Grupo C: paciente com diagnóstico de dengue e com sinais de alarme; Urgência, atendimento o mais rápido possível · Grupo D: paciente com diagnóstico de dengue grave, apresentando choque, hemorragia ou disfunção orgânica Emergência, paciente com necessidade de atendimento imediato - Sinais de alarme: alto risco de complicar · Conduta 1. Suspeita de dengue? Há suspeita quando: Febre com duração máxima de 7 dias associado a 2 sintomas (náuseas, vômitos, exantema, mialgia, artralgia, cefaleia, dor retro-orbitária, petéquias, leucopenia) 2. Há sinais de alarme? Se houver, conduzir como dengue com complicação 3. Há sinais de choque? Se sim, possuem alta prioridade no atendimento 4. Estratificar o paciente em grupos: a, b, c, d 5. Sempre notificar todos os casos e as suspeitas de dengue Grupo A · Tratamento em domicilio · Orientar hidratação oral, anti-térmicos e repouso · Orientar sobre sinais de alarme · Coletar sorologia · Notificar · Acompanhamento diário na unidade de saúde ou retorno no 1° dia de desaparecimento da febre ou em casos de sinais de alarme - Exames necessários: sorologia. Não precisa colher hemograma de rotina Orientações para hidratação oral: A hidratação oral dos pacientes com suspeita de dengue deve ser iniciada ainda na sala de espera enquanto aguardam consulta médica. 1. Volume diário da hidratação oral: - Adultos: 60 ml/kg/dia, sendo 1/3 com solução salina e no início com volume maior. · Para os 2/3 restantes, orientar a ingestão de líquidos caseiros (água, suco de frutas, soro caseiro, chás, água de coco etc.), utilizando-se os meios mais adequados à idade e aos hábitos do paciente. · Especificar o volume a ser ingerido por dia. Por exemplo, para um adulto de 70 kg, orientar: 60 ml/kg/dia 4,2 L. Ingerir nas primeiras 4 a 6 horas do atendimento: 1,4 L de líquidos e distribuir o restante nos outros períodos (2,8 L). - Crianças (< 13 anos de idade): orientar paciente e o cuidador para hidratação por via oral. Oferecer 1/3 na forma de soro de reidratação oral (SRO) e o restante através da oferta de água, sucos e chás. Considerar o volume de líquidos a ser ingerido conforme recomendação a seguir (baseado na regra de Holliday Segar acrescido de reposição de possíveis perdas de 3%): · - Crianças até 10 kg: 130 ml/kg/dia · - Crianças de 10 a 20 kg: 100 ml /kg/dia · - Crianças acima de 20 kg: 80 ml/kg/dia 2. Nas primeiras 4 a 6 horas do atendimento considerar a oferta de 1/3 deste volume. 3. Especificar em receita médica ou no cartão da dengue o volume a ser ingerido. 4. Manter a hidratação durante todo o período febril e por até 24-48 horas após a de fervescência da febre. 5. A alimentação não deve ser interrompida durante a hidratação e sim administrada de acordo com a aceitação do paciente. O aleitamento materno dever ser mantido e estimulado. Grupo B · Exames necessários: sorologia e hemograma · Avaliar plaquetopenia (plaquetas < 50.000) e hemoconcentração (Ht>50 ou aumento de 20% do Ht original) · Tratamento em regime ambulatorial com reavaliaçãoclínica e laboratorial diária · Se o paciente não estiver vomitando, realizar terapia de reidratação oral na unidade como no grupo A e continuar em domicilio. - Se o paciente estiver vomitando, realizar terapia de reidratação venosa: soro fisiológico ou Ringer Lactato- 40 ml/Kg em 4 horas (10 ml/Kg em 1 hora). Após isso (4 horas), checar o paciente e repetir o hmg. (essa parte o prof falou, mas não achei no manual de manejo clinico da dengue) · Orientar o paciente para não se automedicar, permanecer em repouso e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou sinais/sintomas de alarme. Grupo C · Iniciar a reposição volêmica imediata: · Reposição volêmica em fase de expansão com 10 ml/kg de soro fisiológico na primeira hora. · Devem permanecer em acompanhamento em leito de internação até estabilização (enfermaria) - mínimo 48 horas. · Realizar exames complementares obrigatórios: · Hemograma completo. · Dosagem de albumina sérica e transaminases. · Os exames de imagem recomendados são radiografia de tórax (PA, perfil e incidência de Laurell) e ultrassonografia de abdome. O exame ultrassonográfico é mais sensível para diagnosticar derrames cavitários, quando comparados à radiografia. Outros exames poderão ser realizados conforme necessidade: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE e ecocardiograma. · Proceder a reavaliação clínica (sinais vitais, PA, avaliar diurese: desejável 1 ml/kg/h) após uma hora, manter a hidratação de 10 ml/kg/hora, na segunda hora, até a avaliação do hematócrito que deverá ocorrer em duas horas (após a etapa de reposição volêmica). Sendo o total máximo de cada fase de expansão 20 ml/kg em duas horas, para garantir administração gradativa e monitorada. *A melhora é verificada através da diurese desejável: 1ml/Kg por hora 1. Se não houver melhora do hematócrito ou dos sinais hemodinâmicos, repetir a fase de expansão até três vezes. Seguir a orientação de reavaliação clínica (sinais vitais, PA, avaliar diurese) após uma hora, e de hematócrito em duas horas (após conclusão de cada etapa). 2. Se houver melhora clínica e laboratorial após a(s) fase(s) de expansão, iniciar a fase de manutenção: · Primeira fase: 25 ml/kg em 6 horas. Se houver melhora iniciar segunda fase. · Segunda fase: 25 ml/kg em 8 horas, sendo 1/3 com soro fisiológico e 2/3 com soro glicosado. 3. Se não houver melhora clínica e laboratorial conduzir como grupo D. Pacientes do grupo C precisam de avaliação contínua, se necessário pela equipe de Enfermagem. Na presença de qualquer sinal de agravamento ou choque a reavaliação médica deve ser imediata. - Se tiver Ringer lactato, deve-se fazer o ringer. Se não tiver, pode-se fazer o soro. Os pacientes do Grupo C devem permanecer em leito de internação até estabilização e critérios de alta, por um período mínimo de 48 horas. Grupo D - Estes pacientes devem permanecer em acompanhamento em leito de UTI até estabilização (mínimo 48 horas), e após estabilização permanecer em leito de internação - Os pacientes podem precisar de drogas vasoativas (DVA) e de intubação. Reposição volêmica (adultos e crianças): Iniciar imediatamente fase de expansão rápida parenteral, com solução salina isotônica: 20 ml/kg em até 20 minutos. Caso necessário, repetir por até três vezes, de acordo com avaliação clínica (antes de iniciar DVA; se o paciente não tiver nenhuma melhora com a 1° expansão, já se pode iniciar DVA) - Reavaliação clínica a cada 15-30 minutos e de hematócrito em 2 horas. Estes pacientes necessitam ser continuamente monitorados. Se houver melhora clínica e laboratorial após fases de expansão, retornar para a fase de expansão do grupo C e seguir a conduta recomendada para o grupo. Realizar exames complementares obrigatórios: · Hemograma completo. · Dosagem de albumina sérica e transaminases. Os exames de imagem recomendados são radiografia de tórax (PA, perfil e incidência de Laurell) e ultrassonografia de abdome. O exame ultrassonográfico é mais sensível para diagnosticar derrames cavitários, quando comparados à radiografia. Outros exames poderão ser realizados conforme necessidade: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE e ecocardiograma. Exames para confirmação de dengue são obrigatórios, mas não são essenciais para conduta clínica. Na primeira coleta de sangue, solicitar realização destes exames, atentando para a necessidade de acondicionamento adequado: -20ºC para realização da sorologia (após o quinto dia) e -70ºC para realização do isolamento viral ou PCR (até o quinto dia de doença). Acompanhamento em leito de terapia intensiva. No caso de resposta inadequada, caracterizada pela persistência do choque, deve-se avaliar: · Se o hematócrito estiver em ascensão, após a reposição volêmica adequada – utilizar expansores plasmáticos (albumina 0,5-1 g/kg); preparar solução de albumina a 5% (para cada 100 ml desta solução, usar 25 ml de albumina a 20% e 75 ml de SF a 0,9%); na falta desta, usar coloides sintéticos, 10 ml/kg/hora. · Se o hematócrito estiver em queda e houver persistência do choque – investigar hemorragias e avaliar a coagulação. · Na presença de hemorragia, transfundir concentrado de hemácias (10 a 15 ml/kg/dia). · Na presença de coagulopatias avaliar necessidade de uso de plasma fresco (10 ml/kg), vitamina K endovenosa e crioprecipitado (1 U para cada 5-10 kg). · Considerar a transfusão de plaquetas nas seguintes condições: sangramento persistente não controlado, depois de corrigidos os fatores de coagulação e do choque, e com trombocitopenia e INR maior que 1,5 vezes o valor normal. - Se o hematócrito estiver em queda com resolução do choque, ausência de sangramentos, mas com o surgimento de outros sinais de gravidade, observar: · Sinais de desconforto respiratório, sinais de insuficiência cardíaca congestiva e investigar hiperhidratação. · Deve-se tratar com diminuição importante da infusão de líquido, uso de diuréticos e drogas inotrópicas, quando necessário. - A infusão de líquidos deve ser interrompida ou reduzida à velocidade mínima necessária se: · Houver término do extravasamento plasmático; · Normalização da pressão arterial, do pulso e da perfusão periférica; · Diminuição do hematócrito, na ausência de sangramento; · Diurese normalizada; · Resolução dos sintomas abdominais. Notificar o caso. - Após preencher critérios de alta, o retorno para reavaliação clínica e laboratorial segue orientação conforme grupo B. Observações: Indicações para internação hospitalar · Presença de sinais de alarme ou de choque, sangramento grave ou comprometimento grave de órgão (grupos C e D). · Recusa na ingestão de alimentos e líquidos. · Comprometimento respiratório: dor torácica, dificuldade respiratória, diminuição do murmúrio vesicular ou outros sinais de gravidade. · Impossibilidade de seguimento ou retorno à unidade de saúde. · Comorbidades descompensadas como diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, uso de dicumarínicos, crise asmática etc. · Outras situações a critério clínico. Critérios de alta hospitalar · Os pacientes precisam preencher todos os seis critérios a seguir: · Estabilização hemodinâmica durante 48 horas. · Ausência de febre por 48 horas. · Melhora visível do quadro clínico. · Hematócrito normal e estável por 24 horas. · Plaquetas em elevação e acima de 50.000/mm³. Drogas sintomáticas · Dipirona sódica: Adultos: 20 gotas ou 1 comprimido (500 mg) até de 6/6 horas. · Paracetamol: Adultos: 40-55 gotas ou 1 comprimido (500 a 750 mg) até de 6/6 horas · Para pacientes com dor intensa, pode-se utilizar, nos adultos, a associação de paracetamol (500 mg) e fosfato de codeína (7,5 mg) até de 6/6 horas. · São proibidos salicilatos, como o AAS, e antiinflamatórios não hormonais (cetoprofeno, ibuprofeno, diclofenaco, nimesulida e outros), pois podem aumentar o risco de sangramento Prevenção Há vacinas em fase avançada para serem aplicadas. A vacina Sanofi (vacina recombinante com o vírus amarílico) pode ser usada. 9 a 45 anos, aplicada em 3 dose (uma a cada6 meses). Possui eficácia global de 66 % (1: 58%; 2: 57%, 3: 73%, 4: 83%) - Devido a vacina não ter uma boa eficácia no tipo 2 e poder funcionar como infecção 1° (tipo 4 em relação ao2), ela é indicada apenas para quem já teve dengue - O vírus tipo 2 é o que tem mais chance de causar forma grave · Zika O 1° caso bem documentado foi na África em 1964. É causada por um flavivírus. Vias de infecção: · Picada do mosquito · Transplancetária e perinatal · Transfusional · Sexual (é uma DST). · Saliva e urina??? · Leite materno??? É mais comum em populações de baixo renda devido as condições de habitação e baixa educação sexual. Quandro clínico Apenas 18% dos contaminados são sintomáticos; magnitude: leve a moderada Causa poucos sintomas em adultos: · Dor de cabeça leve · Exantema maculo-papular · Febre · Mal-estar · Conjuntivite · Artralgia · Edema de punho e mãos - Imagesn: 1-exantema pruriginoso; 2-Conjuntivite; 3-Edema de punhos e mãos Complicações: Como o virus tem um tropismo pelo SNC, pode ocorrer as seguintes complicações: · Microcefalia através da transmissão transplancetaria, gerando atraso do desenvolviemtno neuropsicomotor · Sd de Guillain-Barré nos adultos, que é uma paralisia ascendente (fraqueza flácida) até ter um comrpoemtimento espinhasl e gerando uma insuficiencia respiratoria. - Qualquer virus pode provocar essa síndrome, mas a incidência é mais elevada no Zika Diagnóstico: Há uma reação cruzada entre o Zika- vírus e a dengue. Assim, se a suspeita de dengue não for forte, considerar a possibilidade de zika. - Quando há muitos sintomas, há a maior chance de dengue. Paciente com artralgia e febre é dengue. É muito raro adulto ter sintoma. - O diagnóstico do Zika Vírus é clínico e feito por um médico. O resultado é confirmado por meio de exames laboratoriais de sorologia e de biologia molecular ou com o teste rápido, usado para triagem. A sorologia é feita pela técnica MAC ELISA, por PCR e teste rápido. Todos os exames estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Os recém-nascidos com suspeita de comprometimento neurológico necessitam de exames de imagem, como ultrassom, tomografias ou ressonância magnética. Em caso de confirmação do Zika Vírus a notificação deve ser feita ao Ministério da Saúde em até 24 horas. - Tratamento - Tratamento sintomático, repouso e hidratação - A hidratação é = ao grupo A da dengue? · Chikungunya Os primeiros diagnósticos ocorreram no século 18 na África. Os primeiros casos no Brasil ocorreram em 2014 e na Europa em 2007. É causada por um toga vírus. Quadro clínico Há um comprometimento em grandes articulações e tende a cronificação. Tríade clássica: febre, exantema e artralgia · Fase aguda: poliartritres distais, muita dor, edema local, artrite visível, artralgia; duração de 2 até 3 meses. · Fase crônica: período afebril, persistência dos sintomas (artralgia, mal-estar, edema articular, dor), duração > 3 meses A maioria dos casos é sintomática (assintomáticos: 3 a 12%) e um menor percentual vai para a fase crônica, inabilitando o indivíduo para o trabalho. - Poliartralgia ocorre em até 90% dos pacientes - Sempre suspeitar em pacientes com poliartrite sintomática Diagnóstico Detecção de IgM e IgG perto do 7° dia (é mais utilizado) Pode ser feito PCR Tratamento Apenas sintomáticos Nos casos crônicos (quando houver certeza que não é dengue), podem-se usar antiinflamatórios. · Febre Amarela É considerada uma zoonose silvestre. O vírus da febre amarela (FA) é um arbovírus (vírus transmitido por artrópode-vetores) do gênero Flavivirus, protótipo da família flaviviridae Epidemiologia Os mosquitos são reconhecidos como os verdadeiros reservatórios do vírus da febre amarela, podendo transmiti-lo durante toda a vida após a infecção. No ciclo silvestre da FA, as principais espécies de mosquitos implicadas na transmissão são haemagogusjanthinomys e Hg. Leucocelaenus, além de outras espécies dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que desempenham papel secundário. Os primatas não humanos (PNH) são os principais hospedeiros e atuam como amplificadores do vírus, produzindo elevada viremia. No ciclo urbano (últimos registros no Brasil em 1942 devido à vacina), o Aedes aegypti é o vetor primário e o homem é o principal hospedeiro com importância epidemiológica, pois atua como fonte de infecção para Aedes aegypti, que pode produzir um ciclo homem – mosquito – homem (urbano). O homem, não imunizado, infecta-se acidentalmente quando se expõe em áreas de mata rurais e silvestres onde o vírus está disponível. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos fêmeas transmissoras infectadas. Nos mosquitos, a transmissão também pode ocorrer de forma vertical, na qual as fêmeas transferem o vírus para a sua prole. Compreende dois ciclos de incubação: um intrínseco (no hosp., 3 a 6 dias) e outro extrínseco (no mosquito, 8 a 12 dias). Quadro clínico - 50% é assintomático, mas 25% dos casos totais podem ir a óbito, ou seja, 50% dos casos sintomáticos podem ir a óbito. Os casos graves da doença são caracterizados por insuficiência hepática e renal, coagulopatia e choque. Há uma evolução rápida: Período de infecção: dura cerca de 3-6 dias; tem início súbito e sintomas inespecíficos, como febre, calafrios, cefaleia, lombalgia, mialgias generalizadas, prostração, mal-estar, tonturas, náuseas e vômitos, pode ocorrer infecção conjuntival e bradicardia. Período de remissão: ocorre declínio da temperatura e diminuição da intensidade dos sintomas, provocando sensação de melhora no paciente. Dura de poucas horas até, no máximo, dois dias. Períodotoxêmico: caracterizado por resposta inflamatória exacerbada associada a colapso hemodinâmico. Reaparece a febre, a diarreia e os vômitos têm aspecto de borra de café, também pode ocorrer dor abdominal intensa. Instala-se quadro de insuficiência hepatorrenal caracterizado por icterícia, oligúria, anúria e albuminúria, acompanhado de manifestações hemorrágicas: gengivorragias, epistaxe, otorragia, hematêmese, melena, hematúria, petéquias, equimoses, hematomas, hemorragia conjuntiva, hemoptisehemoperitônio, sangramentos em locais de punção venosa e prostração intensa, além de comprometimento do sensório, com obnubilação mental e torpor, havendo evolução para coma e morte. O pulso torna-se mais lento, apesar da temperatura elevada. Essa dissociação pulso-temperatura é conhecida como sinal de Faget. - O paciente sangra devido à insuficiência hepática (déficit na produção dos fatores de vitamina K dependentes). São características laboratoriais da doença: ausência de leucocitose e proteína reativa C baixa. Formas: Forma leve: · Sinais clínicos/laboratoriais – caracterizada pela ausência de sinais de alarme e gravidade. · TGO ou TGP<500, Cr<1,3. RNI<1,5 Forma moderada: caracterizada pela presença de pelo menos um dos achados abaixo (sinais de alarme) sem a presença de sinais de gravidade: · Sinais clínicos/laboratoriais de alarme – vômitos, diarreia e dor abdominal; · TGO ≥ 500 e Cr ≥ 1,3. Forma grave: caracterizada pela presença de pelo menos um dos achados abaixo (sinais de gravidade): · Sinais clínicos/laboratoriais de gravidade – oligúria, sonolência, confusão mental, torpor, coma, convulsão, sangramento, dificuldade respiratória, hipotensão, sinais de má perfusão, icterícia, · TGO ou TGP≥2.000, Cr≥2, RNI≥1,5, Plaqueta<50.000. Diagnóstico: Os exames laboratoriais específicos para o diagnóstico da FA, em amostras de sangue, soro, LCR, urina ou de tecidos são: sorologia; Isolamento viral; pesquisa de genoma viral através de RT-PCR, Pesquisa de antígeno viral por imuno-histoquímica. A pesquisa do antígeno viral deve ser acompanhada do exame histopatológico do fígado e de outros tecidos coletados, em que se espera a apresentação das lesões sugestivas de infecção recente por febre amarela. Tratamento: · Hidratação · Controle de sangramentos · Transfusão hemoderivados · Transplante hepático 1
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