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História, Fontes e Temporalidade: A importância das fontes históricas diante dos extremos Igor Leonardo Sherida Silva Resumo O professor não como um transmissor de conhecimento, mas como um mediador entre o objeto a ser apreendido e o aluno. Para tanto, o docente se vale de várias ferramentas mediadoras que o auxiliam neste processo, como um objeto da cultura material, uma visita a um museu, uma fotografia, uma música. Este artigo busca apresentar a importância das fontes históricas, especialmente no tempo que tocamos viver, tendo como exemplo a explosão de grupos neonazista e sua sisma em alegar o holocausto, mesmo diante de toda a sorte de fontes históricas. Contudo, em tempos de terra planismo, e negações de todo o tipo, não nos parece estranho que fontes históricas deixem de ser consideradas ou até descredenciadas numa narrativa já familiar que ganhou a páginas da história com Joseph Goebbles "Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade". Palavras-chave: Fontes Históricas, o papel do historiador, fontes orais, holocausto. Introdução As fontes históricas são documentos de fundamental importância para a realização do trabalho do historiador. Esse profissional é o responsável por produzir o conhecimento sobre o passado humano, sendo que esse trabalho só é possível por meio da análise e do estudo minucioso das fontes históricas. Este trabalho de análise das fontes só é possível mediante métodos que orientem o historiador. Atualmente, uma série de objetos, como documentos escritos, pinturas, vestígios arqueológicos, testemunhos, entre outros, são utilizados por historiadores como fontes históricas. Os historiadores divergem bastante entre si a respeito do que fazem, sendo que alguns entendem que o historiador reconstrói o passado, outros afirmam que ele reconta o passado, enquanto outros entendem que esse profissional interpreta o passado de acordo com aquilo que ele tem ao seu alcance. Essa interpretação do passado se dá por meio dos vestígios que permanecem de tempos passados até a atualidade. Esses vestígios são o que nós chamamos de fontes históricas ou documentos históricos. As fontes históricas podem ser tanto materiais como imateriais. As fontes materiais são os documentos ou objetos físicos produzidos por mãos humanas. Já as fontes imateriais são uma realidade não muito nova dentro do trabalho do historiador, e nelas estão incluídos os relatos de pessoas, lendas e histórias populares transmitidas pela oralidade. O trabalho dos historiadores era restrito à análise das fontes materiais. O tipo de fonte histórica considerada pelos historiadores do século XIX era o documento escrito, sobretudo o que era entendido como oficial, isto é, produzido por Estados e grandes personalidades do passado. A partir do século XX, novas tendências foram surgindo entre os historiadores, e logo conclui-se que qualquer vestígio humano do passado pode ser útil no trabalho do historiador, e, portanto, pode ser considerado uma fonte histórica. Com isso, uma série de documentos passaram a ser vistos como úteis no trabalho dos historiadores, como relatos de viajantes, livros literários, jornais, cartas e etc. Além disso, roupas, alimentos, fotos, relatos orais, vestígios arqueológicos, construções e pinturas também se juntaram ao grupo das fontes históricas e especialmente no século XX os recursos audiovisuais se tornaram comuns. Por fim, os historiadores costumam classificar as fontes históricas em fontes voluntárias e fontes involuntárias. As fontes voluntárias são aquelas criadas com o propósito de registrar determinados acontecimentos para a posterioridade, como o registro de Guerra do Peloponeso feito pelo historiador grego Tucídides. Já as fontes involuntárias são aquelas registradas sem a preocupação de serem preservadas para a posteridade. Sendo assim, elas são documentos que cumpriam um determinado propósito em seu próprio tempo e não foram produzidos pensando na perpetuação da informação ali registrada. IMAGEM DA GALERIA DO MUSEU DO HOLOCAUSTO - DALLAS Fontes orais: importância e problemas Um dos modos em que o historiador pode criar sua narrativa é a partir da fonte oral. Essas fontes estão presentes no universo dos historiadores desde a antiguidade. A História era escrita, entre os historiadores deste período, a partir de testemunhos orais. Os cronistas medievais também utilizavam a oralidade em seus trabalhos. Porém, os relatos orais foram sendo desvalorizados no campo da história com o passar do tempo (JOUTARD, 1993, p. 581). Há duas etapas na história que enfraqueceram o relato oral: No Século XVII, a erudição beneditina moderna constituiu-se criticando as lendas orais sobre as origens de Roma transmitidas por Tito Lívio ou as dos Hagiógrafos medievais. No Século XIX, a história, assimilando as contribuições da erudição, define-se como ciências, apoiando-se exclusivamente no documento escrito, deixando-se oral para as sociedades sem escrita – mundos extra europeus, por um lado, classes populares, por outro – e para as disciplinas que, por essa razão, tinham um estatuto inferior, a etnologia e ainda mais abaixo o folclore (JOUTARD, 1993, p. 581 – 582). Crescimento do movimento neonazista e o combate à negação do Holocausto O neonazismo é um movimento de resgate e retomada da ideologia nazista de Adolf Hitler, baseada na discriminação contra minorias e preceitos racialistas de superioridade branca. A produção, venda e veiculação de material contendo símbolos nazistas, assim como a disseminação de discursos que fazem apologia à ideologia, são crimes enquadrados na lei federal do antirracismo. Mas isso não tem impedido o crescimento do movimento neonazista no Brasil nos últimos anos. Segundo um levantamento produzido pela antropóloga Adriana Dias, que estuda o tema desde 2002, atualmente existem pelo menos 530 grupos de teor neonazista no Brasil. Esse número teve um crescimento de mais de 270% entre janeiro de 2019 e maio de 2021, com maior concentração na região sul do país. Segundo outro levantamento divulgado pelo jornal O Globo, também houve uma explosão no número de denúncias de apologia ao nazismo apuradas pela Polícia Federal. Como prática de sua existência, tais grupos, possuem núcleos de estudos e ação de radicalismo que incluem, perseguição, ameaça e difusão de conteúdos falsos como forma de se reafirmar. Casos recentes em Santa Catarina, ganharam a atenção nacional, como o do professor de Lages, Volnei Perin Della Giustina condenado há dois anos de prisão por crime de racismo e apologia ao nazismo através de um site enaltecendo Hitler e negando a existência do holocausto. Recentemente a piscina luxuosa de outro professor em Pomerode/SC, voltou a chamar à atenção da polícia ao testemunhar uma suástica como emblema de fundo; o caso estancou tendo como alegação a inexistência da propaganda para fins políticos - o que não nega a gravidade do veredicto. O mais conhecido dos julgamentos dos crimes da Segunda Guerra Mundial foi sediado na cidade de Nuremberg, na Alemanha, após o final da Segunda Guerra, e nele foram julgados os mais "importantes" criminosos de guerra alemães. As autoridades que haviam liderado o regime nazista foram julgadas perante o Tribunal Militar Internacional (IMT) por juízes da Grã-Bretanha, França, União Soviética e Estados Unidos. Vinte e dois importantes membros do regime alemão, considerados os maiores criminosos de guerra, foram julgados pelo IMT e condenados por conspiração, crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. No entanto, o Julgamento de Nuremberg foi bem mais que um julgamento das lideranças nazistas do governo, forças armadas, e economia alemãs: seu legado duradouro foi a decisão de tornar públicos, através da inclusão de fotos, filmes, e documentos, os terríveis crimes nazistas, aí incluindo aqueles perpetrados contra os judeus pelos alemães e seus colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial. Durante aquele julgamento,os promotores norte-americanos chegaram à conclusão de que as melhores provas contra os criminosos se encontravam nos registros deixados pelo próprio governo nazista. Sua intenção era a de condenar aqueles criminosos usando o que eles mesmo haviam feito e registrado. Muito embora os alemães tivessem destruído parte dos registros históricos no final da Guerra, e que muitas provas tenham sido destruídas durante os bombardeios dos Aliados contra cidades alemãs, os países que derrotaram o Eixo ainda assim conseguiram recolher milhões de documentos nazistas durante a conquista da Alemanha em 1945. Referências Escolakids.uol.com.br BARROS, José D’Assunção. Fontes históricas: revisitando alguns aspectos primordiais para a Pesquisa Histórica. UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais: Programa Conexões aborda crescimento do movimento neonazista no Brasil Levantamento mostra que existem pelo menos 530 grupos de teor nazista no país. https://encyclopedia.ushmm.org Enciclopédia do holocausto (JOUTARD, 1993, p. 581 – 582). Introdução aos Estudos Históricos. Idaial: Uniasselvi, 2020. Nazista de Pomerode https://www.nsctotal.com.br/noticias/saiba-quem-e-o-dono-da-piscina-com-a-suastic a-no-fundo-em-pomerode O professor de Lages https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/professor-e-condenado-p or-racismo-apv8mx4sckwmsfj6og5nnag5q/ Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados. https://encyclopedia.ushmm.org https://www.nsctotal.com.br/noticias/saiba-quem-e-o-dono-da-piscina-com-a-suastica-no-fundo-em-pomerode https://www.nsctotal.com.br/noticias/saiba-quem-e-o-dono-da-piscina-com-a-suastica-no-fundo-em-pomerode https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/professor-e-condenado-por-racismo-apv8mx4sckwmsfj6og5nnag5q/ https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/professor-e-condenado-por-racismo-apv8mx4sckwmsfj6og5nnag5q/
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