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Ultrassom nas doenças osteoarticulares Alice Sciani Ana Livia Parussolo Ana Clara Zanni Gabrielle Santos Julia Lemos Lara Paiva Sarah Muniz Introdução • A ultrassonografia foi introduzida na prática médica na década de 60; • Permite a formação de imagens, por meio da aplicação de feixes sonoros. Vantagens • Melhor resolução de imagem; • Aparelho transportável; • Recursos para reconstruções tridimensionais; • É capaz de avaliar o fluxo vascular e parenquimatoso; • Indolor; • É de fácil acesso; • Confortável; • Baixo custo operacional; • Sem contraindicações. Formação da imagem • A US utiliza o som para formação da imagem, ou seja, é a onda sonora com frequência maior que 16 kHz acima do limite audível pelo ouvido humano. • Possui uma faixa de frequência que é usada e que varia de 1 a 20 MHz; • Os transdutores são peças fundamentais de um aparelho, pois são capazes de gerar um pulso (eco) para um tecido e detectar os ecos gerados nesta amostra, transformando esses ecos na energia (sinal eletrônico), que após processamento (amplificação, demodulação e filtragem), formará a imagem ultra-sonográfica. Transdutores • Os transdutores possuem forma e frequência que possibilitam sua adequação ao tipo de estrutura a ser estudada. – Transdutores lineares; – Transdutores convexos; – Transdutores setoriais; – Transdutores endocavitários; – Transdutores sensíveis ao fluxo; • Uma vez adquirida a informação da característica do tecido estudado, a imagem formada seguirá codificação matemática de cores que vão do preto ao branco, passando por escala de cinza (256 tons) que definirá a composição tecidual. Tipos de exame ● Abdome superior ● Abdome total ● Articulações ● Bolsas testiculares ● Cervical (pescoço) ● Ecocardiografia ● Ecocardiografia fetal ● Glândulas salivares ● Mamas ● Morfológico fetal ● Nervos periféricos ● Obstétrico ● Oftalmológico ● Ortopédico ● Parede abdominal ● Pele ● Pélvica via abdominal ● Prostática ● Tireoide ● Transesográfica ● Sistema cardiovascular ● Sistema digestório ● Sistema urinário ● Transvaginal ● Vascular Terminologia • Os termos utilizados em US estão relacionados com a consistência tecidual da região estudada, que permitirá maior ou menor transmissão do feixe sonoro, definimos como: – Anecóica (anecogênica, sonolucente ou sem ecos); – Ecóica (ecogênica ou hiperecogênica); – Hipoecóica (ou hipoecogênica); – Hipoecóica (ou hipoecogênica). Anecóica (anecogênica, sonolucente ou sem ecos) Formações nodulares anecóicas (pretas) - setas no fígado à direita e rim à esquerda. ● Feixe sonoro se propaga livremente, sem atenuação. ● Ex: regiões com conteúdo líquido, como a bexiga, vesícula, cistos e coleções com líquido fluído. ● Na imagem, aparece em preto (escuro) e homogênea. Ecóica (ecogênica ou hiperecogênica): • Estrutura que impede a formação do feixe sonoro, fazendo com que ocorra reflexão; • Ex: estruturas com conteúdo aéreo (alças intestinais) e estruturas densas (ossos e calcificações); • A imagem aparece como área branca. Nódulos sólidos, hiperecóicos - hemangioma hepático. Hipoecóica (ou hipoecogênica) Nódulo hepático sólido hipoecóico e heterogêneo. Podendo corresponder a lesão maligna ou benigna. ● Estrutura sólida, tecido ou órgão onde o feixe sonoro se propaga de forma satisfatória; ● Na imagem aparece cinza com graduação variada; ● Pode ser homogênea ou heterogênea. Debris (ou ecos em suspensão) Nódulo sólido heterogêneo do lado direito do fígado. As pontas das setas mostram faixa hipoecóica, correspondendo a um sangramento tumoral. ● São partículas em suspensão, em geral material protéico no interior de coleções líquidas; ● Dão caráter heterogêneo ao líquido; ● Em relação a imagem ao lado: No caso das coleções inflamatórias, quanto maior a quantidade de ecos, maior será o espessamento do líquido (pus), às vezes dando ao abscesso aspecto pseudotumoral. Preparo do paciente • Exemplos: – De forma geral, o exame ultra-sonográfico dispensa preparo especial do paciente nos respectivos us: obstétricos, cardiovasculares, de pequenas partes (tireóide, mama, testículo, parótidas, articulações) e transvaginal; – Para os exames de abdome com a finalidade de reduzir o conteúdo gasoso intestinal e permitir a boa análise da vesícula biliar, solicita 4 horas de jejum.; – Nos exames da pelve (masculina e feminina), é necessária a distensão líquida da bexiga. Dessa forma, é necessário a ingestão de 2 a 3 copos de líquido (água ou chá), 2 horas antes do exame. Indicações: • Pode ser usado para diferentes finalidades, como entender as causas e dores, além do diagnóstico de doenças graves em órgãos, músculos, articulações e tendões. • A ultrassonografia em tecidos moles é um exame que serve para a avaliar os tecidos superficiais, como a pele e a gordura subcutânea. • Exame pode ser realizado em qualquer região da superfície corporal, como por exemplo: cabeça, pescoço, membros inferiores etc.. • O exame é frequentemente executado na presença de tumefações, por exemplo cistos ou lipomas. Bursite: • A bursite é caracterizada por uma inflamação que atinge uma estrutura do corpo chamada bursa. A bursa está presente nas articulações, envolvendo-as de um líquido que as deixa bem lubrificadas e funcionando perfeitamente. Quando a bursa passa por um processo inflamatório, o paciente é diagnosticado com bursite. • Ultrassonografia ou RM pode ajudar a confirmar o diagnóstico quando bursas profundas não estão facilmente acessíveis para inspeção, palpação ou punção. ARTRITE REUMATOIDE ❖ A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica de etiologia desconhecida. ❖ Causa destruição articular irreversível pela proliferação de macrófagos e fibroblastos na membrana sinovial após estímulo possivelmente autoimune ou infeccioso. ❖ As consequências da AR são piora da qualidade de vida, incapacidade funcional, perda de produtividade e altos custos para a sociedade. Critérios Diagnósticos De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, 4 dos seguintes critérios estão presentes por pelo menos 6 semanas: ❖ Rigidez articular matinal; ❖ Artrite em pelo menos três áreas articulares; ❖ Artrite de articulações das mãos: punhos, interfalangeanas proximais e metacarpofalangeanas; ❖ Artrite simétrica; ❖ Presença de nódulos; ❖ Presença de Fator Reumatóide no sangue; ❖ Alterações radiográficas: erosões articulares ou descalcificações. Exames Laboratoriais: ❖Hematocitologia: leucocitose ou leucopenia; ❖VHS: elevada nos estágios ativos; ❖Proteína C Reativa: elevada; ❖Química Sérica: gamaglobulina elevada; ❖Ferro Sérico: baixo; ❖Sorologia: Látex e Waller-Rose positivos (80%); ❖Líquido Sinovial: turvo e de baixa viscosidade. Ultrassom O ultrassom apresenta excelente resolução para tecidos moles, permitindo delineamento das alterações inflamatórias e estruturais. Vantagens: ❖Ausência de exposição à radiação ionizante; ❖Relativo baixo custo; ❖Capacidade de formar imagens em diferentes planos e quantificação de anormalidades em articulações e tecidos moles; ❖Extensão da lesão em partes que, às vezes, não há sintomas. Graduação articulações metacarpofalângicas, metatarsofalângicas e interfalângicas pela ultrassonografia. Note que a sinóvia normal é imperceptível. A distensão da cápsula articular ocorre inicialmente em sentido proximal e só progride distalmente em casos mais severos. (A) Posicionamento do transdutor. (B) Imagem correspondente, demonstrando a cabeça do metatarso, a base da falange proximal e a típica sinovite proliferativa, grau 2 em 3 possíveis.(C) Posicionamento do transdutor. (D) Imagem correspondente da articulação interfalângica proximal, a base da falange média e a típica sinovite proliferativa, grau 2 em 3 possíveis, juntamente com pequena erosão óssea (cabeça de seta). (E) Posicionamento do transdutor. (F) Imagem correspondente da articulação interfalângica proximal, documentando fluxo no interior da sinóvia, o que indica atividade da doença. (G) Análise espectral correspondente, demonstrando fluxo sinovial diastólico anterógrado. (A) Posicionamento do transdutor. (B) Imagem correspondente, revelando ampla sinovite proliferativa contígua ao processo estiloide da ulna. (C) Posicionamento do transdutor. (D) Imagem correspondente, demonstrando a exuberante sinovite proliferativa intercarpal, que desloca dorsalmente os tendões do quarto compartimento extensor (cabeça de seta). (E) Posicionamento do transdutor. (F) Imagem correspondente, documentando a distensão líquida da bainha radial, por sinovite exsudativa do flexor longo do polegar. Note ainda o nervo mediano intumescido (cabeça de seta), por síndrome do túnel do carpo secundária. (G) Posicionamento do transdutor. (H) Imagem correspondente, demonstrando excesso de líquido circunjacente ao tendão flexor radial do carpo, por sinovite. Note ainda o nervo mediano no mesmo plano da imagem. (I) Posicionamento do transdutor. (J) Imagem correspondente, demonstrando distensão líquida da bainha dos flexores do terceiro dedo. (K) Posicionamento do transdutor. (L) Imagem correspondente, demonstrando distensão líquida da bainha dos extensores do quarto dedo. Tratamento Quanto mais cedo for diagnosticada a artrite reumatoide e iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico. Embora ainda não se conheçam os recursos para a cura definitiva, é possível obter a remissão dos sintomas, preservar a capacidade funcional e evitar a progressão das deformidades. Medicamentoso inclui analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINE), cortiscoroides e drogas imunossupressoras. A cirurgia e a colocação de próteses articulares podem representar uma opção de tratamento, nos estágios avançados da doença. Cisto • Pequena bolsa de tecido mole, com uma formação anormal de alguma região do corpo, preenchido com alguma substância líquida ou gasosa, possuem volume variável • Diagnóstico: A ultrassonografia geralmente identifica a origem e o conteúdo da lesão e oferece um diagnóstico preciso Cisto sinovial do punho • Podem aparecer bruscamente, regressar espontaneamente ou se romper • Clínica: tumefação dolorosa da face dorsal do punho Cisto dorsal ao punho. Está sobre a intersecção do Extensor longo do polegar e o Extensor radial curto do carpo. Cisto sinovial do punho Cisto da fossa poplítea • Um cisto de Baker geralmente é resultante de problemas do joelho, como artrite ou ruptura do menisco, que fazem com que o joelho produza muito líquido lubrificante. •Clínica: incomôdo, uma dor, ao nível de uma massa localizada na parte interna da fossa poplítea Cisto da fossa poplítea Ruptura muscular • É a distensão ou ruptura de um músculo ou tendão causada pela distensão do tecido muscular, seja por alongamento ou contração excessiva. Este tipo de lesão geralmente ocorre quando se pratica exercícios ou alguma atividade esportiva • Mecanismo de lesão: podem ser causadas por contusões, estiramentos ou lacerações, mais de 90% de lesões relacionadas ao esporte são contusões ou estiramento. • A força tênsil exercida sobre o músculo leva a um excessivo estiramento das miofibrilas e, consequentemente, a uma ruptura próxima à junção miotendínea. Ruptura muscular • Os estiramentos musculares são tipicamente observados nos músculos superficiais que trabalham cruzando duas articulações, como os músculos reto femoral, semitendíneo e gastrocnêmio. • Exames complementares: A ultrassonografia é tradicionalmente considerada o método de escolha para o diagnóstico da lesão muscular, visto que é um método de imagem relativamente barato e que possibilita avaliar dinamicamente a contração e rotura muscular. Possui a desvantagem de ser examinador-dependente. Ruptura muscular Anatomia Muscular no USG Ruptura muscular Distensão Muscular Ruptura muscular Estiramento reto femoral Ruptura muscular Quadríceps com edema muscular por contusão Ruptura muscular Lesão músculo vasto medial REFERÊNCIAS • AREND, Carlos Frederico. Ultrassonografia em portadores de artrite reumatoide: o que o reumatologista clínico deve saber. Porto Alegre, 2011. • BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Artrite Reumatóide. • BONNIN, André; BROUSSOULOUX, Claude; CONVARD, Jean-Paul; SEGUIN, Gerard. Ultra-sonografia do aparelho locomotor