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DPM0111 - Teoria Geral do Direito Penal I - Pierpaolo

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DIREITO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Turma 185 
Sala 13 
Caderno de Penal: Luisa Lopes e Larissa Perez 
 
 
 
Função: Manter o funcionamento de uma sociedade e consolidar as expectativas da 
mesma. 
Crime: Transgressão com gravidade que afeta o bom funcionamento da sociedade, logo 
necessitam de mecanismo mais pesado: o Direito Penal. 
Pena: Reação para o Estado exercer o controle de determinado comportamento. 	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  Elementos:	
  
• Marco legal: 
o Código Penal: 
§ Parte geral (Arts. 1-120): Regras, leis aplicáveis a todos os crimes, 
também aos da parte especial, salvo legislação expressa em contrário. 
§ Parte Especial (Arts. 121-361): Descrição dos crimes e das respectivas 
penas.·. 
o Legislação Penal Especial: 
§ Outros crimes, definidos em outros códigos, como por exemplo: 
Crimes Ambientais, Lavagem de Dinheiro. 
 
• Ciência penal: 
o Dogmática penal: elaboração de um sistema de pensamento para auxiliar o 
intérprete (são propostas não obrigatórias), objetiva preencher lacunas e 
determinar conceitos, consiste em um estudo do direito positivo.·. 
o Criminologia: ciência empírica da realidade. Não estuda as normas, mas sim 
a realidade do crime e seus impactos na sociedade (como a lei funciona na 
prática), analisando o contexto e as consequências do crime, do criminoso e 
da vítima.·. 
o Politica criminal: utilização da dogmática e da criminologia para aprimorar a 
lei e sua interpretação (são propostas). É exercida pelo Estado e visa evitar o 
crime. 	
  	
  	
  	
  Desenvolvimento	
  do	
  Direito	
  Penal:	
  
v Antiguidade: 
Ø Direito Penal não era sistemático, mas sim um instrumento para legitimar o poder 
político, pouco racional. 
Ø Lapso de sistematização: Séc. 19 A.C – “Código de Hamurabi” 
§ Normatiza os crimes mais graves pela lei de talião. 
v Idade Média: 
Ø Direito continua fragmentado 
§ Direito dos feudos, dos reinos, canônico, entre outros. 
Ø Tentativas de organização: 
§ Código de Justiniano (Turquia): uma tentativa de organização 
§ Código Visigodo (séc. 7): uma tentativa de organização 
Ø Porém, ainda não há construção sistêmica. 
v Absolutismo: 
Ø Deus legitima o poder, direito para proteger o rei e a religião. 
Ø Início de uma legislação penal, ainda precária. 
v Revoluções Burguesas (XVIII): 
Ø Início do marco e da dogmática 
Ø Grande desconfiança do judiciário 
§ Graças ao medo gerado da monarquia absolutista recém-derrubada 
§ É ilícito interpretar 
Ø Positivismo 
Ø Logo, há uma primazia do legislativo. 
§ Tentativa de criação da norma perfeita, de aplicação mecânica. 
• “Escola da exegese” 
 Escolas	
  Penais:	
  
 
Precursores 
• Beccaria: 
o “1764 – Dos Delitos e Das Penas” 
§ Contra o direito penal do absolutismo e suas arbitrariedades. 
§ Tem por base “O Contrato Social” (Rousseau) e argumenta que o 
direito penal não pode ser um poder arbitrário, já que as pessoas se 
voluntariam ao Contrato, logo o poder deve ser baseado na legalidade, 
ter racionalidade e ter proporcionalidade. 
§ Propõe a humanização das penas, o fim da tortura, a igualdade 
perante a lei e a proporcionalidade entre o delito e a pena.·. 
• Melo Freire: 
o - “(As instituições do Direito Penal do Rei)” 
§ Vai além de Beccaria 
• Feuerbach: pioneiro na organização do direito penal e na consideração da 
finalidade das penas 
 
o - Finalidade da pena 
§ Para evitar que aquele comportamento se repita utiliza a prevenção 
geral negativa (através da ameaça) gerando uma coação psicológica. 
o Problemas: 
§ Indemonstrabilidade da eficácia dessa teoria: impossível comprovar a 
“ameaça” ou demonstrar o “medo”. Faltam estatísticas mais profundas. 
§ Proporcionalidade (maior pena para o crime mais recorrente, não 
necessariamente mais grave). 
§ Legitimidade (aumentar a pena para servir de exemplo aos demais e 
não pagar pelo que ele fez, em crimes mais frequentes; a punição 
deve ser justa e não exemplar). 
Problemas estes que geram insegurança: No contexto do fim do absolutismo pessoas 
procuram instituições menos arbitrárias e mais estáveis, mas se deparam com a questão 
da legitimidade e com um direito penal desproporcional, ilegítimo e indemonstrável.·. 
Clássico Causalista 
Contexto: Iluminismo do século XIX.·. 
Filósofos relacionados: 
• Kant: 
o Nem tudo o que é decidido pela maioria é justo. Condena os contratualistas, 
pois crê que o Contrato Social pode conduzir à tirania da maioria. 
• Platão: 
o Existe um lugar perfeito – “o mundo das ideias” – metafísica. Influencia os 
clássicos-causalistas na medida em que estes acreditam que o direito tem 
origem nos valores absolutos previstos no mundo das ideias. Valores esses 
desvendados pelos homens, aos poucos, através da razão, e traduzidos pelo 
mesmo em forma de legislação (recriação dos valores apriorísticos nas leis).·. 
 
 
v Baseando-se nesses dois filósofos os clássicos-causalistas concluem que o direito 
penal não tem origem no “divino” e nem no “contrato social”, mas nos valores ideais e 
estáveis. 
Valores Ideais e Absolutos -> Lógica e Razão -> Legislação -> Legislação perfeita e 
imutável -> Independe do “humor da maioria” -> Sistema estável/seguro. 
Exemplo: Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão 
 
Teoria do Delito: 
v Quais são os requisitos de um comportamento para qualificá-lo como um crime? 
Ø Tipicidade: para ser considerado crime, o comportamento precisa dos três 
elementos explicados abaixo. 
§ Adequação Típica 
• Comportamento tem que estar previsto em lei 
§ Comportamento ou Ação 
• Não há crime no mero pensar, 
♦ Problema: crimes de omissão não configuram uma ação em si. 
§ Resultado 
• Nem sempre este resultado é uma lesão efetiva. 
 
§ Nexo Causal 
• Relação de causa e efeito entre a ação e o resultado 
• Problema: Regressão ao infinito (a ação é sempre resultado de outra ação 
anterior) 
 
- A tipicidade é sempre neutra e objetiva, sem preocupação com o justo ou o 
injusto. Um observador externo consegue determinar, pois não há preocupação 
com a motivação, só se considera a ação, o resultado e o nexo. 
 
 
Ø Antijuridicidade: 
§ Para ser crime precisa de antijuridicidade, ou seja, ser injusto ou injustificável. 
§ Analise não é mais neutra e sim normativa (com juízo de valor) 
 
Ø Culpabilidade: analisar se o comportamento, já comprovado como típico e 
antijurídico é desculpável ou não. 
§ Para ser crime deve apresentar dolo ou culpa 
§ Análise subjetiva 
§ Se não houve intenção ou imprudência, não configura crime. 
§ O comportamento da criança e/ou do louco é inimputável porque eles agiram 
sem intenção, logo sem dolo, há, portanto, o perdão judicial. 
§ Através das provas deve-se “entrar na cabeça do suspeito” e observar se ele 
agiu com dolo ou culpa. 
 
Se um comportamento se adequar a todos estes elementos, ele é um delito. 
 
Teoria da pena: 
v Não é ético o Estado usar a liberdade de uma pessoa para qualquer função, dessa 
forma a pena não deve ter fim educativo e nem de ameaça. 
 
Ø Fundamentada no Livre Arbítrio, escolha do bem ou mal. 
Ø Retribucionismo – a pena é um castigo proporcional ao mal praticado 
Ø Não há finalidade social na pena, o único objetivo é castigar. 
Ø Juiz é responsável apenas por aplicar a pena 
Ø Raciocínio lógico para sua aplicação 
Ø Não tem como função intimidar a sociedade 
Ø Não tem como função reeducar 
Vantagens: 
v Sistema Estável 
v Pena proporcional 
Problemas:v No séc. XX com tantas revoltas sociais esse direito não é mais adequado. 
v Método puramente metafísico 
 
 
 
 
Positivismo Naturalista 
Contexto: Positivismo do séc. XX·. 
Metafisico -> Lei -> Dogmática x Empirismo -> Lei -> Dogmática 
Grandes expoentes: Lombroso, Ferri, Von Liszt. 
 
Surgimento da criminologia como ciência: 
v Estudo do crime e dos criminosos para prover estatística utilizada para a política 
criminal adequada. Utilizam o método empírico de estudo. 
Teoria da pena: 
v Determinismo preponderante, diminuição da importância do livre arbítrio. O crime não é 
uma opção, o individuo é levado a cometê-lo. 
v Pena utilitarista: visa ter uma função social, a diminuição da criminalidade. 
Ø A pena é um remédio, um instrumento terapêutico, para remediar o mal e evitar que 
este ocorra novamente. 
§ O individuo só é posto em liberdade no momento em que ele apreender valores 
que não levam a reincidência 
• Problemas: Ineficácia, pois como Foucault afirma privar alguém da liberdade 
é antagônica a reintegração social. 
Ø Prevenção especial, feita um a um (a ressocialização é um tipo de prevenção 
especial). 
Ø Prevenção estrita: quem determina o tamanho da pena é o cientista e não o juiz. 
Vantagens: 
v Adota o empirismo e com isso inicia a criminologia. 
 
Problemas: 
v Insegurança 
Ø Pena determinada por cientistas, não por juízes. 
Ø Não há certeza da cura ou curabilidade de criminosos 
v Necessidade de adequação a certo modelo para ser considerado “curado” (vide o 
exemplo do Anarquista, cuja descrença na propriedade pode levar a crimes, portanto 
seria necessário uma mudança desta ideologia, que por si só não é crime) 
v Origem de preconceitos 
Neokantismo 
Contexto: Início do Séc. XX. 
 
“O Contrato Social” ->História e Cultura de uma Sociedade ->Valores Específicos a Certa 
Sociedade-> Positivação destes valores -> Legislação Adequada a cada povo -> Utilização 
destes valores para interpretação dogmática -> Sistema Penal Adequado. 
 
 
Diferenciação entre ciências e necessidade de valoração: 
v O método das ciências humanas (análise de valor) é diferente das ciências naturais 
(incapazes de atribuir valores), logo as ciências naturais não podem ser aplicadas 
diretamente ao direito, pois este deve ser fundamentado na vontade e valores do povo. 
 
 
Teoria do Delito: 
v Quais são os requisitos de um comportamento para qualificá-lo como um crime? 
Ø Tipicidade: 
§ Adequação Típica 
• Comportamento tem que estar previsto em lei 
• Como todo ato típico foi determinado pela manifestação da sociedade a algo 
que ela se opunha, esta análise é dotada de valor normativo, ou seja, em 
todo crime há indício de injustiça ou antijuridicidade. 
§ Comportamento ou Ação 
• Não há crime no mero pensar 
♦ Problema: crimes de omissão 
§ Resultado 
• Nem sempre de lesão efetiva 
§ Nexo Causal 
• Relação de causa e efeito entre a ação e o resultado 
 
Ø Antijuridicidade: 
§ Para ser crime precisa de antijuridicidade, ou seja, ser injusto ou injustificável. 
§ Analise com juízo de valor. 
§ Inversão do ônus da prova em relação à escola clássica (passa da acusação na 
escola clássica, para a defesa na neokantista), graças ao indício de injustiça em 
todo ato típico.·. 
Ø Culpabilidade: 
§ Para ser crime deve apresentar dolo ou culpa, sendo que estes decorrem da 
intenção e da imprudência respectivamente. 
§ Análise subjetiva 
§ Há necessidade da consciência de que o ato era ilícito para imputação. 
§ Exigível a existência de conduta oposta ao comportamento em questão, para 
que este seja considerado crime. 
§ O comportamento da criança e/ou do louco é inimputável, porque eles não são 
capazes de autocontrole. 
 
Obs.: o inimputável não é passível de pena, porque seu comportamento não é 
racional ou consciente, já o “desculpável” é aquele que comete o delito 
racionalmente, mas contextualmente não apresenta intenção ou imprudência no 
seu comportamento. 
 
 
Vantagens: 
v Adequação das penas ao contexto social 
 
Problemas: 
v Expressão da maioria como valor de legitimação, levando a uma possível opressão de 
minorias. 
v Sistema volátil, sujeito a mudanças de valores culturais. 
Finalismo 
Contexto: Fim da 2ª Guerra Mundial 
A análise não é mais feita pelos valores, é feita analisa de estrutura lógica objetiva 
(ontológica). 
Extremismos cometidos e “legitimados” pelo Direito Penal ->Necessidade de reforma -
>Busca de nova legitimação-> Bases atemporais e globais das sociedades -> 
“Estruturalismo” -> Legislador não pode atentar contra tais valores básicos-> Sistema 
Penal Adequado. 
 
 
Fortalecimento do Judiciário: Surge como espécie de freio a distorções e extremos, 
podendo declarar leis que atentem contra “a lei natural das coisas”, garantindo maior 
estabilidade e segurança (principalmente a minorias). 
Teoria do Delito 
v Tipicidade: Ato humano e voluntário 
Ø Objetivo 
Ø Subjetivo 
§ Dolo/culpa 
• Natural / ontológico 
♦ Mera vontade ou intenção de resultado 
 
v Antijuridicidade: 
Ø Ver se o ato é injusto 
 
v Culpabilidade: 
Ø Imputabilidade 
Ø Potencial consciência do ilícito 
Ø Exigibilidade de conduta diversa (poder agir de outro modo) 
Grandes expoentes: 
v Welzel 
Ø Dogmática 
Ø Se o comportamento humano tiver uma estrutura lógico-objetiva o legislador deve 
respeitá-la (pensamento ontológico – referente à parte da filosofia que estuda a 
natureza do ser) 
Ø Tipicidade 
§ Apenas comportamentos humanos controláveis voluntários e com finalidade 
ilícita devem ser criminalizados pelo legislador. 
• Logo, a discussão da intenção ou culpa vai da culpabilidade para a tipicidade. 
Ø Culpabilidade 
§ Exigibilidade de conduta diversa 
• Situações de ou que levam a uma condição físico-psicológica que 
impossibilita a diferenciação entre lícito e ilícito ou da prática apenas do lícito 
escusam de culpa ou dolo. (exemplo: doença mental ou forte coação). 
Vantagens: 
v Estabilidade gerada por valores imutáveis 
 	
  Escolas	
  Penais	
  Atuais:	
  
Problemas da Sociedade Atual 
(“Sociedade de Risco”) 
 
Atualmente, os riscos são majoritariamente de procedência humana – hoje com maior 
abrangência e de maior potencial lesivo. Surge assim uma enorme sensação de 
insegurança, e esta gera enormes problemas para o Direito Penal, como: 
v Obscuridade dos nexos causais: 
Ø Dificuldade de determinar a linha de causa e efeito entre o produto e o resultado. 
v Necessidade da busca de retenção dos riscos 
Ø Paradoxo do Risco: não saber definir o risco permitido e o não permitido. 
v Democratização dos riscos 
Ø Afeta todas as classes sociais, mesmo aquelas que produzem o risco. 
v Rápida obsolescência das leis penais 
v Influência da imprensa, aumentando a sensação de risco. 
Surgem assim como resposta a esses problemas e a sensação de insegurança: 
v Crimes de perigo 
Ø Grande potencial lesivo, logo o legislador não deve esperar o resultado e 
criminalizar a ação, se valendo da prevenção. 
 
Diante do paradoxo do risco e da dificuldade de se obterem maiorias na 
promulgação de leis que tratem de assuntos delicados para a sociedade de risco o 
legislador abre mão da precisão, criando normas mais abstratas, tais como: 
Tipos Penais Abertos 
Ø Fica a cargo do judiciário a decisão política 
v Normas Penais em Branco 
Ø Descreve o tipo penal na constituição, contudo parte dele fica a ser definido por 
outro órgão (delegado pelo legislativo). 
 
 
 
 
Escola de Frankfurt 
(volta ao Direito Penal clássico) 
 
v Desconfiança em relação à ampliação do direito penal 
Ø O direito penal não pode se expandir para todas as áreas da sociedade por não ter 
estruturapara isso, ele é atrapalhado e pouco sofisticado. 
v A banalização do Direito Penal 
Ø Torna-se apenas simbólico para alguns crimes (Ex.: ambiental, econômico) onde é 
difícil culpar alguém e investigar alguém. 
§ Enfraquece o direito penal, mesmo que simbolicamente. 
v Acreditam que o direito penal deve tratar somente dos crimes clássicos (bens jurídicos 
como a vida) e não dos novos crimes, pois este não tem legitimidade para lidar com tais 
questões. 
Ø Devem ser punidos por outro direito, o Direito de Intervenção. 
v Direito de intervenção 
 
v Processos mais rápido e mais dinâmico, que trabalha com outras sanções diferentes da 
perda de liberdade. O direito de intervenção se encontra entre o direito penal e o direito 
administrativo, e é orientado pelo perigo e não pelo dano, já que na sociedade de risco 
esperar pelo dano pode ser imensamente prejudicial.·. 
v Problemas: 
Ø Alguns crimes novos possuem mais gravidade que os clássicos, cometidos por 
pessoas de menor renda (Ex.: furto), e são praticados por pessoas de maior 
potencial econômico (Ex.: Cartel de empresas) e recebem punições menores. 
§ Logo, o Direito Penal será ainda mais elitista, privilegiando as classes mais ricas 
independentemente da gravidade do resultado gerado. 
v Perda do caráter simbólico 
Ø Não há o caráter psicológico do Direito Penal para evitar os crimes modernos, já 
que estes são tratados de maneira diferenciada. 
Grandes Expoentes: 
v Hassemer 
v Naucke 
Expansionismo Penal 
(Modernização do Direito Penal) 
 
v Proposta política 
v O Direito Penal deve sim enfrentar os “novos crimes” – já que estes também 
apresentam consequências gravíssimas e necessitam tutela do Direito Penal, 
instrumento legitimo de combate a estes. 
v Propõe a criação de uma nova dogmática, mas não a desenvolveram. 
v Grandes Expoentes: 
Garcia Martin 
v Stratenwerth 
Abolicionismo 
v Será que o Direito Penal protege os bens jurídicos de verdade? Ou coloca mais em 
risco do que protege? 
v Por sua carga de violência acaba pondo em risco diversos outros bens jurídicos, além 
dos já afetados. 
v Logo o Direito Penal é inútil: 
Ø Não ocorre a ressocialização de pouquíssimos ou nenhum dos por ele afetados. 
Ø Põe em risco e efetivamente ataca diversos bens jurídicos. 
Ø Aumenta a desigualdade social na medida em que incide mais sobre a camada mais 
pobre da sociedade.·. 
v O direito penal não tem capacidade de compreender a complexidade do crime, 
portanto, não consegue chegar a sua “raiz”. 
Ø Apenas vê o crime e o pune superficialmente 
Ø Muitas vezes os problemas são mais sociais que penais 
Ø Não tem capacidade de conhecer a realidade completa do delito, logo não o 
resolve.· 
 
v Críticas: 
Ø Põe o direito penal de lado, mas não sugere algo concreto que possa substitui-lo, e 
este algo deveria ser muito eficiente para impedir o sentimento de vingança da 
comunidade. 
Ø Ficaríamos sujeitos a reações sociais mais graves que a pena 
Ø Há crimes que necessitam do Direito Penal, mesmo que esses sejam em pequeno 
número, estes seriam aqueles que não poderiam ser resolvidos por mediação. 
 
v Grandes Expoentes: 
- Helena Larrauri e Houlsmann 
Funcionalismo 
 
v O protagonista não é o bem jurídico, mas sim o funcionamento da sociedade. 
v Vivemos em uma sociedade de risco, onde há uma mudança rápida de valores e riscos. 
Ø “Nós mais sentimos do que sabemos” 
 
v Olha para as escolas penais anteriores e vê aquelas que não trabalham com valores 
imutáveis (incompatíveis com a sociedade de risco, onde tudo é questionado). 
Ø Base neokantista 
§ Valores culturais mutáveis 
Ø Nega concepções apriorísticas (sem experimentação, somente presumidas) e 
absolutas na fundamentação do Direito Penal.·. 
v No entanto, os “valores culturais” são nada mais que a expressão da maioria, logo são 
muito voláteis e abrangentes. 
Ø Diferentemente do neokantismo o funcionalismo recorre a valores funcionais, 
aqueles que são essenciais para o funcionamento da sociedade, evitando assim 
abusos e medidas opressoras. 
Correntes 
Funcionalismo Normativo Radical 
 (Jakobs) 
v A fundamentação do crime é feita a partir de valores funcionais, mas quais são eles? 
Ø Teoria de Luhmann das Expectativas 
§ A vida em sociedade só funciona, pois temos expectativas de comportamento. 
• Essas expectativas podem ser frustradas – mas não são todas as 
expectativas que tem o mesmo valor para a sociedade – o grau de 
importância da expectativa esta intimamente ligado a sua relevância no 
funcionamento da sociedade.···. 
v Toda vez que a expectativa é frustrada, deve ter uma resposta como forma de revalidá-
la ou muda-la, se não houver essa resposta a expectativa deixa de ter lugar. Para as 
expectativas mais relevantes para o funcionamento da sociedade, a reação deve ser 
institucionalizada. 
Ø O Direito Penal surge, portanto, das expectativas e serve para mantê-las vigentes 
(não para preservar o bem jurídico). 
Ø A finalidade da pena é mostrar para a sociedade que a frustração da expectativa é 
“um ponto fora da curva”.·. 
v Teoria da Pena: Prevenção Geral Positiva 
Ø As expectativas são protegidas pelo direito, o que garante certa estabilidade, já que 
uma lei penal pode não diminuir o comportamento criminoso, mas se trouxer 
segurança para a sociedade, ela se justifica. 
Ø Há uma introspecção das expectativas – os indivíduos não cometem o ilícito, não 
por medo, mas por acreditarem nas expectativas. 
Ø Ressocialização é secundária. 
Funcionalismo Moderado Teleológico 
(Roxin) 
v Premissa: o único modelo legítimo de Estado é o Estado Democrático de Direito. 
Ø Os valores protegidos pelo Direito Penal, e essenciais para o funcionamento da 
sociedade, são os de um Estado Democrático de Direito. 
§ Autodeterminação, liberdade e dignidade do individuo.·. 
v Portanto, o Direito Penal deve proteger os valores inerentes à dignidade humana. 
Ø Porém, como o mesmo acaba por afetar esta, deve se atentar ao seu uso. Função	
  /	
  Limites	
  do	
  Direito	
  Penal:	
  
Função: 
v Garantir as expectativas gerais para manter o funcionamento de uma sociedade. 
Ø Expectativas essenciais para um estado democrático de direito 
§ Bens Jurídicos 
 
v Bens Jurídicos: 
Ø Elemento crítico para o legislador analisar se há realmente algum bem jurídico 
protegido naquilo que deseja criminalizar. 
Ø Permite uma sistematização dos crimes 
§ Proporcionalidade – a classificação permite que se identifique a gravidade do 
crime comparativamente. 
Ø Impunidade do crime impossível, já que não há sequer ameaça a bem jurídico: se o 
crime não se consumar por interferência do meio ou impropriedade do bem jurídico 
ele não importa para o Direito Penal, porque não houve bem afetado, e não é dever 
do Direito Penal cuidar do caráter da pessoa.·. 
v Bem jurídico primordial no Estado Democrático de Direito: Dignidade da pessoa 
Ø A liberdade de autodeterminação: a dignidade está intimamente ligada com a 
possibilidade de o individuo definir o seu modo de viver. 
 
v Como identificar estes bens jurídicos? 
Ø Referente antropológico: deve ser essencial para o desenvolvimento do ser humano 
(direta ou indiretamente) 
§ Não se protege a ordem do trânsito ou o meio ambiente ou outros “bens 
coletivos”, pois esses tem importância própria, mas sim por serem importantes 
indiretamente para o desenvolvimento humano. 
Ø Constituição Federal 
§ Apenas indicação / orientação, pois a Constituição define os valores importantes 
para a sociedade. 
Ø Exclusão: Imoralidade (o Direito Penal não protege a moral, pois ela é um valor 
interno e subjetivo). 
§ Moral (valores internos) x Ética (valores da sociedade) 
 
Classificação dos bens jurídicos: 
 
- Individual:o titular é facilmente identificável Ex.: vida. 
- Coletivo: o titular individual não é identificável Ex.: meio ambiente – existem 
vertentes criticas que defendem que os bens coletivos se protegem por si 
mesmos, não pelo individuo, mas desse modo o bem jurídico é abstraído ao 
máximo, por outro lado existem vertentes que defendem que enxergam no bem 
coletivo interesses individuais, eles só são relevantes, portanto, porque são 
necessários para a autodeterminação do individuo. 
 
 
v Crise do Bem Jurídico 
Ø Há crimes considerados importantes pela sociedade nos quais não há bem jurídico 
tutelável, geralmente pela falta de referente antropológico (Ex.: incesto na Alemanha 
ou maus tratos aos animais). 
 
v Bem Jurídico x Objeto Jurídico 
Ø Objeto sobre o qual a conduta criminosa recai 
§ Ex.: João é assassinado (bem jurídico: vida / objetivo jurídico Vida do João) 
§ O carro de João é roubado (bem jurídico: patrimônio/ objeto jurídico: Carro) 
 
v Contradição Dialética 
Ø O próprio uso do Direito Penal afeta a dignidade humana, portanto, deve haver 
limites ao Direito Penal para que ele não afete demasiadamente aquilo que deseja 
proteger. 
Limites 
Critérios para a proteção dos bens jurídicos: 
O que é protegido? O bem jurídico. 
De quais ataques ele deve ser protegido? 
v Princípio da Fragmentariedade 
Ø Os bens serão protegidos apenas dos ataques intoleráveis, praticados por seres 
humanos e sem consentimento da outra parte. 
§ Exceção: Temas tabus (a legislação considera crime apesar do consentimento) 
• Proteção à vida, à integridade física. 
♦ Ex.: Suicídio, Eutanásia. 
 
v Princípio da Ofensividade: 
Ø Lesão 
§ Ex.: Homicídio 
Ø Perigo concreto 
§ Ex.: Incêndio no mato, colocando em risco os outros. 
Ø Perigo abstrato (tem potencialidade de lesionar) 
§ Ex.:Dirigir embriagado, existe a possibilidade de lesionar um bem jurídico 
Ø Mera conduta: 
§ Não é crime, pois não lesiona e nem coloca em risco nenhum bem jurídico. 
§ Ex. Andar armado (com a arma sem munição), ou com um saco de balas. 
 
v Princípio da Culpabilidade: 
Ø O ataque ao bem jurídico precisa ser praticado com dolo ou culpa 
 
v Princípio da Utilidade: 
Ø Ao criminalizar o comportamento, protege-se mais o bem jurídico? 
§ Na análise de política criminal, é preciso avaliar se a criminalização de certo 
comportamento é útil para a sociedade, se vai realmente proteger o bem jurídico 
e ressocializar aquele que comete o comportamento. 
 
 
Ø Ex.: “Lei Maria da Penha” 
§ Com aumento da pena houve uma diminuição das agressões ou diminuição das 
denúncias? 
• No caso de diminuição das denúncias, o bem jurídico foi prejudicado e não 
protegido, logo houve mal usado do Direito Penal. 
 
v Princípio da Subsidiariedade: 
Ø Se outra forma de Direito ou controle social tem o mesmo efeito, a mesma utilidade 
ou pode agir melhor que o Direito Penal, esta deve ser usada em seu lugar. 
Ø “Ultima Ratio”: o Direito Penal é o último recurso, pois tem diversos efeitos 
colaterais. 
 
De que forma o bem jurídico deve ser protegido? 
 
v Princípio da Proporcionalidade 
Ø O Bem Jurídico é muito ou pouco importante? 
Ø É preciso analisar a relevância do bem jurídico protegido, o grau da ofensa (lesão > 
perigo concreto > perigo abstrato), o grau de intolerabilidade (quanto menos 
consensual for o comportamento, maior a ofensa) e o grau de culpabilidade (dolo > 
culpa). 
Ø Como o bem jurídico foi lesionado? 
§ A pena deve ser proporcional à gravidade da lesão. 
• Lesão> Perigo Concreto > Perigo Abstrato > Mera Conduta 
♦ Ver adiante maior especificação destas classificações 
• Ex.: Crimes dolosos devem ter pena maior que os crimes culposos. 
Ø Direito Penal Brasileiro apresenta problemas com este critério 
§ STF considera a desproporcionalidade da pena como incompatível com a 
dignidade humana, logo pode ser critério de inconstitucionalidade. 
 
v Princípio da Legalidade 
Ø Não há crime sem lei anterior que o defina 
§ Artigo 1º do Código Penal Brasileiro: “Não há crime sem lei anterior que o defina. 
Não há pena sem prévia cominação legal”. 
Ø Apenas Lei federal faz o Direito Penal 
§ O Direito Penal só é feito através de leis ordinárias e complementares 
• Entretanto a Constituição prevê a possibilidade de delegar aos Estados 
poderes penais, quando estes passarem por situações específicas e 
particulares. 
Ø Esse critério surge forte após o fim do absolutismo, pois o judiciário era identificado 
com a monarquia, e, portanto visto com desconfiança, desse modo a interpretação 
das leis era proibida e a letra da lei era soberana – No Direito Penal o principio da 
Legalidade continuou vigente, pois garante segurança o fato de o Estado só poder 
punir aquilo que estiver previsto na lei.· 
 
v Norma x Lei : 
Ø Lei é a norma institucionalizada, o que está escrito no Código. 
Ø Norma é o comando do que fazer ou não fazer, é o direcionamento. 
§ A Lei penal carrega em si duas normas: uma dirigida ao cidadão como um 
comando, e outra dirigida ao Estado, direcionando-o sobre o que fazer diante do 
crime. Ex.: Matar alguém (norma ao cidadão) – pena de 6 a 20 anos (norma ao 
Estado) 
 
 
Princípios derivados do Princípio da Legalidade: 
v Taxatividade 
Ø Não há crime sem lei estrita que descreva o comportamento da forma mais clara e 
completa possível, a lei não pode ser ampla pois precisa dar o mínimo de segurança 
para a população saber definir qual é o comportamento criminoso. 
§ A Lei Penal em Branco não viola esse princípio, pois o legislador ao deixar um 
pedaço da lei em sentido amplo, delega a responsabilidade de definir aquele 
“pedaço” a outro órgão competente. 
• Ex.: Lei de Drogas – o legislador delegou ao Ministério da Saúde a definição 
do que é entendido como “drogas”. 
 
v Anterioridade: O comportamento anterior a positivação da lei penal não pode ser 
punido. 
Ø A lei penal não retroagirá, salvo se beneficiar o réu. 
§ Art. 2º do Código Penal – “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos 
penais da sentença condenatória.” 
 
Ø A lei penal retroage em benefício do réu, pois se o comportamento deixou de ser 
criminalizado, não há mais bem jurídico a ser protegido, e portanto, aqueles que 
haviam sido acusados de ofender este bem jurídico não mais podem ser 
considerados como praticantes de atos ilícitos. 
 
 
§ Formas de mudança da lei penal e sua efetividade no tempo: 
• “Abolitio Criminis” – descriminalização (retroage – se o acusado já cumpriu 
pena, volta a ser réu primário). 
• “Reformatio in Melius” – atenuante, torna a pena mais branda (retroage). 
• “Reformatio in Pejus” – qualificação, aumento da pena (não retroage). 
• Criminalização (não retroage) 
Ø Existem casos em que na mesma lei ocorrem alterações “Reformatio in Melius” e 
“reformatio in pejus”, o STF, em um Recurso Extraordinário, decidiu que haverá uma 
combinação de leis, ou seja, para o réu retroagirá a parte da lei que sofreu 
“Reformatio in Melius” e não retroagirá a parte da lei que sofreu “Reformatio in 
Pejus”. 
 
Ø Lei excepcional ou temporária: diferencia-se da descriminalização/abolitio criminis 
na medida em que continuará vigente, mesmo após a expiração de seu prazo, para 
casos que ocorreram durante a sua vigência, pois no momento do crime aquele bem 
jurídico era importante socialmente. 
§ Art. 3º do Código Penal – “A lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu, 
exceto em casos de leis temporárias ou excepcionais” 
 
Tempo do Crime 
v Considera-se o momento do crime o momento da ação ou da omissão, não o 
momento do resultado. 
 
v Crimes Instantâneos: ação/omissão isolada, a consumação é instantânea. A lei válida 
é aquelavigente no momento da ação/omissão, e o prazo de prescrição começa a 
correr à partir da consumação do crime. 
Ø Ex.: Furto 
 
v Crimes Permanentes: a ação/omissão se prolonga no tempo. Para esse tipo de crime 
a lei aplicada é aquela vigente no momento em que cessa a permanência do crime e o 
prazo de prescrição do crime começa a correr à partir desta mesma cessação. 
Ø Ex.: Sequestro 
 
v Existem crimes instantâneos com efeitos permanentes, tais como a fraude da 
previdência social. 
 
Espaço do Crime 
v Local do Crime: Art. 6º do Código Penal – “Considera-se praticado o crime no lugar em 
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado “ 
Ø Teoria da ubiguidade – é amplo de propósito para não haverem lacunas, se houver 
colisão de competências, as penas serão compensadas. 
 
v No Brasil aplica-se o Princípio da Territorialidade a lei penal brasileira se aplica a 
crimes cometidos no Brasil, a não ser quando tratados internacionais dispuserem o 
contrário, e quando os crimes se aplicarem a algumas das exceções 
Ø Art. 5º do Código Penal – “Aplica-se a lei brasileira em território nacional, salvo em 
situações expansivas e situações restritivas” 
 
Território nacional: Solo, mar territorial, espaço aéreo/subsolo e embarcações e 
aeronaves com a bandeira brasileira (quando forem públicas, serão sempre território 
nacional, quando forem privadas serão território nacional em alto mar e dentro do Brasil). 
v Exceções Expansivas: quando a lei brasileira se expande e é válida fora do território 
nacional. Os crimes que aqui se encaixam são aqueles que afetam a soberania 
nacional. Estão dispostos no Art. 7º do Código Penal, e se classificam em: 
 
Ø Incondicionais: Atentados contra a vida ou a liberdade do Presidente, consumados 
ou não; crimes contra a administração pública nacional e crimes de genocídio, 
sendo o agente brasileiro ou domiciliado no Brasil – nesses casos o crime pode ser 
julgado tanto no país em que ocorreu quanto no Brasil, quando houverem duas 
sentenças, uma pena compensará a outra. 
 
Ø Condicionais: Crimes contra a Justiça Universal, ou seja, quando há um acordo 
internacional para ajudar a reprimir determinada conduta; crimes nos quais o agente 
(personalidade ativa) ou a vitima (personalidade passiva) forem brasileiros e crimes 
cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras privadas e que não foram 
julgados pelo país onde a ação/omissão foi consumada. Tais comportamentos, 
entretanto, necessitam de alguns requisitos para serem julgados no Brasil: 
§ Requisitos: O réu deve entrar em território nacional para ser julgado; é preciso 
que haja dupla tipicidade, ou seja, o comportamento precisa ser punível no Brasil 
e no país onde foi consumado; o crime deve estar na lista dos crimes que 
aceitam a extradição no Brasil e o réu não pode ter sido julgado e/ou ter 
cumprido pena no país onde cometeu o crime. 
• Se um brasileiro comete crimes contra a humanidade no Brasil, e a justiça 
brasileira não o pune, a Justiça Internacional pode julgá-lo. 
 
v Exceções Restritivas: crimes praticados em território nacional, previstos em 
convenções e tratados internacionais, em que o país abre mão de sua jurisdição, para 
que o criminoso seja julgado pelo seu país de origem. 
Ø Ex.:”Imunidade Diplomática” 
 
 
Interpretação 
 
v A interpretação da lei penal é sempre literal e restritiva, a análise expansiva não é 
considerada como legítima. 
 
v Intérpretes: 
Ø Legislador: Interpretação autêntica (a única vinculante). 
Ø Juiz: Interpretação jurisprudencial (mera orientação). 
Ø Juristas: Interpretação doutrinária (mera orientação). 
 
v Formas: 
Ø Gramatical – a interpretação não pode ser diversa do sentido lexical dos termos 
Ø Ontológica – da realidade, envolve a natureza das coisas 
Ø Histórica – considera-se a intenção do legislador ao formular certa lei. 
Ø Sistemática – observar se a interpretação dada a determinado termo não gera 
problemas a outros pontos da lei; considera-se todo o ordenamento. 
Ø Normativa – o juiz interpreta de acordo com suas concepções, vivência e valores 
(valores culturais/valores funcionais) 
 
v Analogia não pode ser usada no Direito Penal, salvo se beneficiar o réu. 
 
v Interpretação Extensiva: Apenas quando sentido literal resguarda diversas 
interpretações, mas todas dentro do sentido 
Ø A interpretação extensiva escolhe a interpretação mais abrangente dentre as 
diversas que existem. 
 
Estrutura do Crime 
Tipicidade: Quando um comportamento está descrito como tipo penal na lei. 
Elementos da Adequação Típica 
 
v Comportamento 
Ø Ação/omissão voluntária de um ser humano 
§ Dessa forma excluem-se os comportamentos por coação e os praticados pelos 
animais ou pela natureza 
 
v Resultado 
Ø Crime de resultado lesivo: Tipo penal no qual a conduta e o resultado da lesão ao 
objeto são descritos. 
§ Ex.: Homicídio 
§ Crime de perigo concreto: Tipo penal que não exige a lesão ao bem jurídico, 
basta estar em perigo concreto. 
§ Ex.: Causar incêndio, expondo a vida, a integridade ou bem jurídico de alguém. 
Ø Crime de periculosidade: Tipo penal que tem a potencialidade de colocar alguém em 
perigo concreto. 
• Ex.: Dirigir embriagado, criando um potencial dano aos demais. 
Ø Crime de perigo abstrato: Não precisa colocar ninguém em ricos, e nem lesionar, é 
crime de mera conduta. 
§ Ex.: dirigir embriagado, tráfico de drogas, porte de munição 
§ Ver críticas a este tipo de crime mais adiante 
 
 
 
 
v Nexo de imputação 
Ø Não basta apenas a conduta e o resultado, é necessária uma ligação de causa e 
efeito entre os dois. 
 
Ø Teoria da Causalidade (Von Buri/Glazer) 
§ Método da supressão mental: suprime-se a conduta, se o resultado se mantiver, 
não há nexo de imputação (Art. 13 do Código Penal). 
§ Problemas: 
• Regressão ao infinito; 
• Concausa relativamente independentes 
Ø Há mais de uma causa, mas nenhuma tem capacidade de produzir o 
resultado sozinha. 
• Quais serão os riscos permitidos? 
 
Ø Teoria da Causalidade Adequada (Neokantismo) 
§ A análise do nexo de imputação deve ser feito da seguinte forma, através de 
duas etapas: 
1. Nexo causal 
• Supressão Mental 
2. Previsibilidade 
• O comportamento punível é aquele que tem um resultado previsível 
♦ “Prognose Objetiva Posterior” 
Ø Colocar-se no lugar do agente, pensando de acordo com seus 
conhecimentos específicos, para determinar se o resultado era ou não 
previsível para ele. 
§ Problemas Resolvidos: 
• Regressão ao Infinito 
♦ Apenas as ações previsíveis são punidas. 
• Concausas relativamente independentes 
§ Problemas Restantes: 
• Riscos Permitidos 
♦ Se uma sociedade para de se submeter a todos os riscos possíveis, ela 
para de funcionar, já que diversos são essenciais ao seu funcionamento. 
 
Ø Teoria do Finalismo (Wezel) 
§ A análise do nexo de imputação deve ser feito da seguinte forma: 
1. Nexo Causal 
• Supressão Mental 
2. Presença de dolo ou culpa 
• A ação deve ter por objetivo atingir o resultado 
♦ Não apenas o resultado, como também a maneira como irá se atingir este 
resultado. 
 
§ Problemas Resolvidos: 
• Regressão ao Infinito 
• Riscos Permitidos 
♦ O autor do crime tinha a intenção de causar um risco maior do que o 
permitido. 
§ Problemas Restantes 
• Concausas Relativamente Independentes 
♦ Já que o dolo e a culpa abrangem a maneira como o resultado será 
obtido, logo, se o resultado alcançado for o desejado, mas outro meio 
interferir, não há nexo. 
Ø Ex.: Ambulância transportando paciente que levou um tiro, capota e, 
devido ao seu motorista alcoolizado, o mata. Não há dolo de quem 
atirou, pois não desejava a morte da pessoapelo acidente de 
ambulância. 
 
Ø Teoria da Imputação Objetiva (Roxin) 
Ø Atualmente, é o mais utilizado. 
§ Base neokantista 
§ Não é o bastante analisar se há causa e efeito, mas sim se essa relação é digna 
do direito penal e para ser digna é necessário que essa relação crie um risco não 
permitido. 
§ Logo, A análise do nexo de imputação deve conter os seguintes elementos: 
 
1. Criação ou aumento de risco do resultado 
• Ex.: Médico ao realizar operação diminui o risco do resultado de morte, logo 
não há homicídio. 
2. O risco criado ou aumentado deve ser não permitido 
• Para tal o agente deve violar normas de cuidado 
♦ Normas, Atos Normativos e Atos Regulamentares do poder público. 
♦ Regras técnicas profissionais 
♦ Dever normal de cautela 
Ø Não está estatuído em nenhum regulamento o juiz deve se valer 
novamente da “prognose objetiva posterior”, se perguntando se o 
resultado era previsível. 
Ø Além disso, o “não-agir” deverá custoso socialmente. 
§ Ex.: Parar em todos os faróis verdes para evitar atropelamentos. 
3. Reflexão em resultados 
• O resultado deve ser gerado pelo risco não permitido, e não pelo permitido. 
♦ “Se o agente estivesse dentro do risco permitido, o resultado ainda 
existiria?” 
 
 
 
4. Resultado deve estar dentro da abrangência da norma penal 
• O resultado produzido deve ser aquele que as normas de cuidado pretendiam 
evitar. 
♦ Ex.: Um individuo dirige com os faróis quebrados, não enxerga o carro da 
frente, e bate nele, ele não pode ser culpado pois o objetivo previsto do 
farol é iluminar o próprio carro e não o carro da frente. 
 
v Dolo / Culpa 
Ø Único elemento subjetivo 
Ø Afasta do Direito Penal a Responsabilidade Objetiva, onde a lei determina que o 
agente responda pelo resultado ainda que agindo com ausência de dolo ou culpa. 
 
 
v Críticas quanto ao crime de perigo abstrato 
Ø Direito Penal deve ser usado para proteger bens jurídicos, não deve se importar 
com o caráter individual e no caso do crime de perigo abstrato não há ofensa a 
nenhum bem jurídico e nem sequer a potencialidade de coloca-lo em perigo. 
Existem posições diversas quanto a esse tipo de crime: 
§ Posição doutrinária majoritária: Para tirar a imagem de inconstitucionalidade do 
crime de perigo abstrato, basta interpretá-lo como crime de periculosidade, 
embora esta não esteja prevista em lei, dessa forma, pode-se punir a mera 
conduta, desde que seja provada sua potencialidade de colocar outrem em risco. 
§ Como é visto pelos tribunais hoje: Para o crime de perigo abstrato basta a mera 
conduta, não exige a periculosidade, contudo já existem alguns exemplos de 
mudança dessa visão, como no caso do sujeito pego com munição, mas sem 
arma. 
 
v Principio da Insignificância 
Ø Definição de insignificância – “mínima ofensividade da conduta, nenhuma 
periculosidade da ação, redução do grau de reprovidade da ação” 
Ø Quando o resultado é ínfimo, é um insignificante penal, não faz sentido mover a 
máquina penal contra o autor. Para que o resultado tenha relevância para o direito 
penal é necessário que seja dissensual, o consentimento precisa ser livre, o 
consentimento não pode estar relacionado aos temas tabus (vida, integridade física 
em determinado grau).

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