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DIREITO PENAL Turma 185 Sala 13 Caderno de Penal: Luisa Lopes e Larissa Perez Função: Manter o funcionamento de uma sociedade e consolidar as expectativas da mesma. Crime: Transgressão com gravidade que afeta o bom funcionamento da sociedade, logo necessitam de mecanismo mais pesado: o Direito Penal. Pena: Reação para o Estado exercer o controle de determinado comportamento. Elementos: • Marco legal: o Código Penal: § Parte geral (Arts. 1-120): Regras, leis aplicáveis a todos os crimes, também aos da parte especial, salvo legislação expressa em contrário. § Parte Especial (Arts. 121-361): Descrição dos crimes e das respectivas penas.·. o Legislação Penal Especial: § Outros crimes, definidos em outros códigos, como por exemplo: Crimes Ambientais, Lavagem de Dinheiro. • Ciência penal: o Dogmática penal: elaboração de um sistema de pensamento para auxiliar o intérprete (são propostas não obrigatórias), objetiva preencher lacunas e determinar conceitos, consiste em um estudo do direito positivo.·. o Criminologia: ciência empírica da realidade. Não estuda as normas, mas sim a realidade do crime e seus impactos na sociedade (como a lei funciona na prática), analisando o contexto e as consequências do crime, do criminoso e da vítima.·. o Politica criminal: utilização da dogmática e da criminologia para aprimorar a lei e sua interpretação (são propostas). É exercida pelo Estado e visa evitar o crime. Desenvolvimento do Direito Penal: v Antiguidade: Ø Direito Penal não era sistemático, mas sim um instrumento para legitimar o poder político, pouco racional. Ø Lapso de sistematização: Séc. 19 A.C – “Código de Hamurabi” § Normatiza os crimes mais graves pela lei de talião. v Idade Média: Ø Direito continua fragmentado § Direito dos feudos, dos reinos, canônico, entre outros. Ø Tentativas de organização: § Código de Justiniano (Turquia): uma tentativa de organização § Código Visigodo (séc. 7): uma tentativa de organização Ø Porém, ainda não há construção sistêmica. v Absolutismo: Ø Deus legitima o poder, direito para proteger o rei e a religião. Ø Início de uma legislação penal, ainda precária. v Revoluções Burguesas (XVIII): Ø Início do marco e da dogmática Ø Grande desconfiança do judiciário § Graças ao medo gerado da monarquia absolutista recém-derrubada § É ilícito interpretar Ø Positivismo Ø Logo, há uma primazia do legislativo. § Tentativa de criação da norma perfeita, de aplicação mecânica. • “Escola da exegese” Escolas Penais: Precursores • Beccaria: o “1764 – Dos Delitos e Das Penas” § Contra o direito penal do absolutismo e suas arbitrariedades. § Tem por base “O Contrato Social” (Rousseau) e argumenta que o direito penal não pode ser um poder arbitrário, já que as pessoas se voluntariam ao Contrato, logo o poder deve ser baseado na legalidade, ter racionalidade e ter proporcionalidade. § Propõe a humanização das penas, o fim da tortura, a igualdade perante a lei e a proporcionalidade entre o delito e a pena.·. • Melo Freire: o - “(As instituições do Direito Penal do Rei)” § Vai além de Beccaria • Feuerbach: pioneiro na organização do direito penal e na consideração da finalidade das penas o - Finalidade da pena § Para evitar que aquele comportamento se repita utiliza a prevenção geral negativa (através da ameaça) gerando uma coação psicológica. o Problemas: § Indemonstrabilidade da eficácia dessa teoria: impossível comprovar a “ameaça” ou demonstrar o “medo”. Faltam estatísticas mais profundas. § Proporcionalidade (maior pena para o crime mais recorrente, não necessariamente mais grave). § Legitimidade (aumentar a pena para servir de exemplo aos demais e não pagar pelo que ele fez, em crimes mais frequentes; a punição deve ser justa e não exemplar). Problemas estes que geram insegurança: No contexto do fim do absolutismo pessoas procuram instituições menos arbitrárias e mais estáveis, mas se deparam com a questão da legitimidade e com um direito penal desproporcional, ilegítimo e indemonstrável.·. Clássico Causalista Contexto: Iluminismo do século XIX.·. Filósofos relacionados: • Kant: o Nem tudo o que é decidido pela maioria é justo. Condena os contratualistas, pois crê que o Contrato Social pode conduzir à tirania da maioria. • Platão: o Existe um lugar perfeito – “o mundo das ideias” – metafísica. Influencia os clássicos-causalistas na medida em que estes acreditam que o direito tem origem nos valores absolutos previstos no mundo das ideias. Valores esses desvendados pelos homens, aos poucos, através da razão, e traduzidos pelo mesmo em forma de legislação (recriação dos valores apriorísticos nas leis).·. v Baseando-se nesses dois filósofos os clássicos-causalistas concluem que o direito penal não tem origem no “divino” e nem no “contrato social”, mas nos valores ideais e estáveis. Valores Ideais e Absolutos -> Lógica e Razão -> Legislação -> Legislação perfeita e imutável -> Independe do “humor da maioria” -> Sistema estável/seguro. Exemplo: Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão Teoria do Delito: v Quais são os requisitos de um comportamento para qualificá-lo como um crime? Ø Tipicidade: para ser considerado crime, o comportamento precisa dos três elementos explicados abaixo. § Adequação Típica • Comportamento tem que estar previsto em lei § Comportamento ou Ação • Não há crime no mero pensar, ♦ Problema: crimes de omissão não configuram uma ação em si. § Resultado • Nem sempre este resultado é uma lesão efetiva. § Nexo Causal • Relação de causa e efeito entre a ação e o resultado • Problema: Regressão ao infinito (a ação é sempre resultado de outra ação anterior) - A tipicidade é sempre neutra e objetiva, sem preocupação com o justo ou o injusto. Um observador externo consegue determinar, pois não há preocupação com a motivação, só se considera a ação, o resultado e o nexo. Ø Antijuridicidade: § Para ser crime precisa de antijuridicidade, ou seja, ser injusto ou injustificável. § Analise não é mais neutra e sim normativa (com juízo de valor) Ø Culpabilidade: analisar se o comportamento, já comprovado como típico e antijurídico é desculpável ou não. § Para ser crime deve apresentar dolo ou culpa § Análise subjetiva § Se não houve intenção ou imprudência, não configura crime. § O comportamento da criança e/ou do louco é inimputável porque eles agiram sem intenção, logo sem dolo, há, portanto, o perdão judicial. § Através das provas deve-se “entrar na cabeça do suspeito” e observar se ele agiu com dolo ou culpa. Se um comportamento se adequar a todos estes elementos, ele é um delito. Teoria da pena: v Não é ético o Estado usar a liberdade de uma pessoa para qualquer função, dessa forma a pena não deve ter fim educativo e nem de ameaça. Ø Fundamentada no Livre Arbítrio, escolha do bem ou mal. Ø Retribucionismo – a pena é um castigo proporcional ao mal praticado Ø Não há finalidade social na pena, o único objetivo é castigar. Ø Juiz é responsável apenas por aplicar a pena Ø Raciocínio lógico para sua aplicação Ø Não tem como função intimidar a sociedade Ø Não tem como função reeducar Vantagens: v Sistema Estável v Pena proporcional Problemas:v No séc. XX com tantas revoltas sociais esse direito não é mais adequado. v Método puramente metafísico Positivismo Naturalista Contexto: Positivismo do séc. XX·. Metafisico -> Lei -> Dogmática x Empirismo -> Lei -> Dogmática Grandes expoentes: Lombroso, Ferri, Von Liszt. Surgimento da criminologia como ciência: v Estudo do crime e dos criminosos para prover estatística utilizada para a política criminal adequada. Utilizam o método empírico de estudo. Teoria da pena: v Determinismo preponderante, diminuição da importância do livre arbítrio. O crime não é uma opção, o individuo é levado a cometê-lo. v Pena utilitarista: visa ter uma função social, a diminuição da criminalidade. Ø A pena é um remédio, um instrumento terapêutico, para remediar o mal e evitar que este ocorra novamente. § O individuo só é posto em liberdade no momento em que ele apreender valores que não levam a reincidência • Problemas: Ineficácia, pois como Foucault afirma privar alguém da liberdade é antagônica a reintegração social. Ø Prevenção especial, feita um a um (a ressocialização é um tipo de prevenção especial). Ø Prevenção estrita: quem determina o tamanho da pena é o cientista e não o juiz. Vantagens: v Adota o empirismo e com isso inicia a criminologia. Problemas: v Insegurança Ø Pena determinada por cientistas, não por juízes. Ø Não há certeza da cura ou curabilidade de criminosos v Necessidade de adequação a certo modelo para ser considerado “curado” (vide o exemplo do Anarquista, cuja descrença na propriedade pode levar a crimes, portanto seria necessário uma mudança desta ideologia, que por si só não é crime) v Origem de preconceitos Neokantismo Contexto: Início do Séc. XX. “O Contrato Social” ->História e Cultura de uma Sociedade ->Valores Específicos a Certa Sociedade-> Positivação destes valores -> Legislação Adequada a cada povo -> Utilização destes valores para interpretação dogmática -> Sistema Penal Adequado. Diferenciação entre ciências e necessidade de valoração: v O método das ciências humanas (análise de valor) é diferente das ciências naturais (incapazes de atribuir valores), logo as ciências naturais não podem ser aplicadas diretamente ao direito, pois este deve ser fundamentado na vontade e valores do povo. Teoria do Delito: v Quais são os requisitos de um comportamento para qualificá-lo como um crime? Ø Tipicidade: § Adequação Típica • Comportamento tem que estar previsto em lei • Como todo ato típico foi determinado pela manifestação da sociedade a algo que ela se opunha, esta análise é dotada de valor normativo, ou seja, em todo crime há indício de injustiça ou antijuridicidade. § Comportamento ou Ação • Não há crime no mero pensar ♦ Problema: crimes de omissão § Resultado • Nem sempre de lesão efetiva § Nexo Causal • Relação de causa e efeito entre a ação e o resultado Ø Antijuridicidade: § Para ser crime precisa de antijuridicidade, ou seja, ser injusto ou injustificável. § Analise com juízo de valor. § Inversão do ônus da prova em relação à escola clássica (passa da acusação na escola clássica, para a defesa na neokantista), graças ao indício de injustiça em todo ato típico.·. Ø Culpabilidade: § Para ser crime deve apresentar dolo ou culpa, sendo que estes decorrem da intenção e da imprudência respectivamente. § Análise subjetiva § Há necessidade da consciência de que o ato era ilícito para imputação. § Exigível a existência de conduta oposta ao comportamento em questão, para que este seja considerado crime. § O comportamento da criança e/ou do louco é inimputável, porque eles não são capazes de autocontrole. Obs.: o inimputável não é passível de pena, porque seu comportamento não é racional ou consciente, já o “desculpável” é aquele que comete o delito racionalmente, mas contextualmente não apresenta intenção ou imprudência no seu comportamento. Vantagens: v Adequação das penas ao contexto social Problemas: v Expressão da maioria como valor de legitimação, levando a uma possível opressão de minorias. v Sistema volátil, sujeito a mudanças de valores culturais. Finalismo Contexto: Fim da 2ª Guerra Mundial A análise não é mais feita pelos valores, é feita analisa de estrutura lógica objetiva (ontológica). Extremismos cometidos e “legitimados” pelo Direito Penal ->Necessidade de reforma - >Busca de nova legitimação-> Bases atemporais e globais das sociedades -> “Estruturalismo” -> Legislador não pode atentar contra tais valores básicos-> Sistema Penal Adequado. Fortalecimento do Judiciário: Surge como espécie de freio a distorções e extremos, podendo declarar leis que atentem contra “a lei natural das coisas”, garantindo maior estabilidade e segurança (principalmente a minorias). Teoria do Delito v Tipicidade: Ato humano e voluntário Ø Objetivo Ø Subjetivo § Dolo/culpa • Natural / ontológico ♦ Mera vontade ou intenção de resultado v Antijuridicidade: Ø Ver se o ato é injusto v Culpabilidade: Ø Imputabilidade Ø Potencial consciência do ilícito Ø Exigibilidade de conduta diversa (poder agir de outro modo) Grandes expoentes: v Welzel Ø Dogmática Ø Se o comportamento humano tiver uma estrutura lógico-objetiva o legislador deve respeitá-la (pensamento ontológico – referente à parte da filosofia que estuda a natureza do ser) Ø Tipicidade § Apenas comportamentos humanos controláveis voluntários e com finalidade ilícita devem ser criminalizados pelo legislador. • Logo, a discussão da intenção ou culpa vai da culpabilidade para a tipicidade. Ø Culpabilidade § Exigibilidade de conduta diversa • Situações de ou que levam a uma condição físico-psicológica que impossibilita a diferenciação entre lícito e ilícito ou da prática apenas do lícito escusam de culpa ou dolo. (exemplo: doença mental ou forte coação). Vantagens: v Estabilidade gerada por valores imutáveis Escolas Penais Atuais: Problemas da Sociedade Atual (“Sociedade de Risco”) Atualmente, os riscos são majoritariamente de procedência humana – hoje com maior abrangência e de maior potencial lesivo. Surge assim uma enorme sensação de insegurança, e esta gera enormes problemas para o Direito Penal, como: v Obscuridade dos nexos causais: Ø Dificuldade de determinar a linha de causa e efeito entre o produto e o resultado. v Necessidade da busca de retenção dos riscos Ø Paradoxo do Risco: não saber definir o risco permitido e o não permitido. v Democratização dos riscos Ø Afeta todas as classes sociais, mesmo aquelas que produzem o risco. v Rápida obsolescência das leis penais v Influência da imprensa, aumentando a sensação de risco. Surgem assim como resposta a esses problemas e a sensação de insegurança: v Crimes de perigo Ø Grande potencial lesivo, logo o legislador não deve esperar o resultado e criminalizar a ação, se valendo da prevenção. Diante do paradoxo do risco e da dificuldade de se obterem maiorias na promulgação de leis que tratem de assuntos delicados para a sociedade de risco o legislador abre mão da precisão, criando normas mais abstratas, tais como: Tipos Penais Abertos Ø Fica a cargo do judiciário a decisão política v Normas Penais em Branco Ø Descreve o tipo penal na constituição, contudo parte dele fica a ser definido por outro órgão (delegado pelo legislativo). Escola de Frankfurt (volta ao Direito Penal clássico) v Desconfiança em relação à ampliação do direito penal Ø O direito penal não pode se expandir para todas as áreas da sociedade por não ter estruturapara isso, ele é atrapalhado e pouco sofisticado. v A banalização do Direito Penal Ø Torna-se apenas simbólico para alguns crimes (Ex.: ambiental, econômico) onde é difícil culpar alguém e investigar alguém. § Enfraquece o direito penal, mesmo que simbolicamente. v Acreditam que o direito penal deve tratar somente dos crimes clássicos (bens jurídicos como a vida) e não dos novos crimes, pois este não tem legitimidade para lidar com tais questões. Ø Devem ser punidos por outro direito, o Direito de Intervenção. v Direito de intervenção v Processos mais rápido e mais dinâmico, que trabalha com outras sanções diferentes da perda de liberdade. O direito de intervenção se encontra entre o direito penal e o direito administrativo, e é orientado pelo perigo e não pelo dano, já que na sociedade de risco esperar pelo dano pode ser imensamente prejudicial.·. v Problemas: Ø Alguns crimes novos possuem mais gravidade que os clássicos, cometidos por pessoas de menor renda (Ex.: furto), e são praticados por pessoas de maior potencial econômico (Ex.: Cartel de empresas) e recebem punições menores. § Logo, o Direito Penal será ainda mais elitista, privilegiando as classes mais ricas independentemente da gravidade do resultado gerado. v Perda do caráter simbólico Ø Não há o caráter psicológico do Direito Penal para evitar os crimes modernos, já que estes são tratados de maneira diferenciada. Grandes Expoentes: v Hassemer v Naucke Expansionismo Penal (Modernização do Direito Penal) v Proposta política v O Direito Penal deve sim enfrentar os “novos crimes” – já que estes também apresentam consequências gravíssimas e necessitam tutela do Direito Penal, instrumento legitimo de combate a estes. v Propõe a criação de uma nova dogmática, mas não a desenvolveram. v Grandes Expoentes: Garcia Martin v Stratenwerth Abolicionismo v Será que o Direito Penal protege os bens jurídicos de verdade? Ou coloca mais em risco do que protege? v Por sua carga de violência acaba pondo em risco diversos outros bens jurídicos, além dos já afetados. v Logo o Direito Penal é inútil: Ø Não ocorre a ressocialização de pouquíssimos ou nenhum dos por ele afetados. Ø Põe em risco e efetivamente ataca diversos bens jurídicos. Ø Aumenta a desigualdade social na medida em que incide mais sobre a camada mais pobre da sociedade.·. v O direito penal não tem capacidade de compreender a complexidade do crime, portanto, não consegue chegar a sua “raiz”. Ø Apenas vê o crime e o pune superficialmente Ø Muitas vezes os problemas são mais sociais que penais Ø Não tem capacidade de conhecer a realidade completa do delito, logo não o resolve.· v Críticas: Ø Põe o direito penal de lado, mas não sugere algo concreto que possa substitui-lo, e este algo deveria ser muito eficiente para impedir o sentimento de vingança da comunidade. Ø Ficaríamos sujeitos a reações sociais mais graves que a pena Ø Há crimes que necessitam do Direito Penal, mesmo que esses sejam em pequeno número, estes seriam aqueles que não poderiam ser resolvidos por mediação. v Grandes Expoentes: - Helena Larrauri e Houlsmann Funcionalismo v O protagonista não é o bem jurídico, mas sim o funcionamento da sociedade. v Vivemos em uma sociedade de risco, onde há uma mudança rápida de valores e riscos. Ø “Nós mais sentimos do que sabemos” v Olha para as escolas penais anteriores e vê aquelas que não trabalham com valores imutáveis (incompatíveis com a sociedade de risco, onde tudo é questionado). Ø Base neokantista § Valores culturais mutáveis Ø Nega concepções apriorísticas (sem experimentação, somente presumidas) e absolutas na fundamentação do Direito Penal.·. v No entanto, os “valores culturais” são nada mais que a expressão da maioria, logo são muito voláteis e abrangentes. Ø Diferentemente do neokantismo o funcionalismo recorre a valores funcionais, aqueles que são essenciais para o funcionamento da sociedade, evitando assim abusos e medidas opressoras. Correntes Funcionalismo Normativo Radical (Jakobs) v A fundamentação do crime é feita a partir de valores funcionais, mas quais são eles? Ø Teoria de Luhmann das Expectativas § A vida em sociedade só funciona, pois temos expectativas de comportamento. • Essas expectativas podem ser frustradas – mas não são todas as expectativas que tem o mesmo valor para a sociedade – o grau de importância da expectativa esta intimamente ligado a sua relevância no funcionamento da sociedade.···. v Toda vez que a expectativa é frustrada, deve ter uma resposta como forma de revalidá- la ou muda-la, se não houver essa resposta a expectativa deixa de ter lugar. Para as expectativas mais relevantes para o funcionamento da sociedade, a reação deve ser institucionalizada. Ø O Direito Penal surge, portanto, das expectativas e serve para mantê-las vigentes (não para preservar o bem jurídico). Ø A finalidade da pena é mostrar para a sociedade que a frustração da expectativa é “um ponto fora da curva”.·. v Teoria da Pena: Prevenção Geral Positiva Ø As expectativas são protegidas pelo direito, o que garante certa estabilidade, já que uma lei penal pode não diminuir o comportamento criminoso, mas se trouxer segurança para a sociedade, ela se justifica. Ø Há uma introspecção das expectativas – os indivíduos não cometem o ilícito, não por medo, mas por acreditarem nas expectativas. Ø Ressocialização é secundária. Funcionalismo Moderado Teleológico (Roxin) v Premissa: o único modelo legítimo de Estado é o Estado Democrático de Direito. Ø Os valores protegidos pelo Direito Penal, e essenciais para o funcionamento da sociedade, são os de um Estado Democrático de Direito. § Autodeterminação, liberdade e dignidade do individuo.·. v Portanto, o Direito Penal deve proteger os valores inerentes à dignidade humana. Ø Porém, como o mesmo acaba por afetar esta, deve se atentar ao seu uso. Função / Limites do Direito Penal: Função: v Garantir as expectativas gerais para manter o funcionamento de uma sociedade. Ø Expectativas essenciais para um estado democrático de direito § Bens Jurídicos v Bens Jurídicos: Ø Elemento crítico para o legislador analisar se há realmente algum bem jurídico protegido naquilo que deseja criminalizar. Ø Permite uma sistematização dos crimes § Proporcionalidade – a classificação permite que se identifique a gravidade do crime comparativamente. Ø Impunidade do crime impossível, já que não há sequer ameaça a bem jurídico: se o crime não se consumar por interferência do meio ou impropriedade do bem jurídico ele não importa para o Direito Penal, porque não houve bem afetado, e não é dever do Direito Penal cuidar do caráter da pessoa.·. v Bem jurídico primordial no Estado Democrático de Direito: Dignidade da pessoa Ø A liberdade de autodeterminação: a dignidade está intimamente ligada com a possibilidade de o individuo definir o seu modo de viver. v Como identificar estes bens jurídicos? Ø Referente antropológico: deve ser essencial para o desenvolvimento do ser humano (direta ou indiretamente) § Não se protege a ordem do trânsito ou o meio ambiente ou outros “bens coletivos”, pois esses tem importância própria, mas sim por serem importantes indiretamente para o desenvolvimento humano. Ø Constituição Federal § Apenas indicação / orientação, pois a Constituição define os valores importantes para a sociedade. Ø Exclusão: Imoralidade (o Direito Penal não protege a moral, pois ela é um valor interno e subjetivo). § Moral (valores internos) x Ética (valores da sociedade) Classificação dos bens jurídicos: - Individual:o titular é facilmente identificável Ex.: vida. - Coletivo: o titular individual não é identificável Ex.: meio ambiente – existem vertentes criticas que defendem que os bens coletivos se protegem por si mesmos, não pelo individuo, mas desse modo o bem jurídico é abstraído ao máximo, por outro lado existem vertentes que defendem que enxergam no bem coletivo interesses individuais, eles só são relevantes, portanto, porque são necessários para a autodeterminação do individuo. v Crise do Bem Jurídico Ø Há crimes considerados importantes pela sociedade nos quais não há bem jurídico tutelável, geralmente pela falta de referente antropológico (Ex.: incesto na Alemanha ou maus tratos aos animais). v Bem Jurídico x Objeto Jurídico Ø Objeto sobre o qual a conduta criminosa recai § Ex.: João é assassinado (bem jurídico: vida / objetivo jurídico Vida do João) § O carro de João é roubado (bem jurídico: patrimônio/ objeto jurídico: Carro) v Contradição Dialética Ø O próprio uso do Direito Penal afeta a dignidade humana, portanto, deve haver limites ao Direito Penal para que ele não afete demasiadamente aquilo que deseja proteger. Limites Critérios para a proteção dos bens jurídicos: O que é protegido? O bem jurídico. De quais ataques ele deve ser protegido? v Princípio da Fragmentariedade Ø Os bens serão protegidos apenas dos ataques intoleráveis, praticados por seres humanos e sem consentimento da outra parte. § Exceção: Temas tabus (a legislação considera crime apesar do consentimento) • Proteção à vida, à integridade física. ♦ Ex.: Suicídio, Eutanásia. v Princípio da Ofensividade: Ø Lesão § Ex.: Homicídio Ø Perigo concreto § Ex.: Incêndio no mato, colocando em risco os outros. Ø Perigo abstrato (tem potencialidade de lesionar) § Ex.:Dirigir embriagado, existe a possibilidade de lesionar um bem jurídico Ø Mera conduta: § Não é crime, pois não lesiona e nem coloca em risco nenhum bem jurídico. § Ex. Andar armado (com a arma sem munição), ou com um saco de balas. v Princípio da Culpabilidade: Ø O ataque ao bem jurídico precisa ser praticado com dolo ou culpa v Princípio da Utilidade: Ø Ao criminalizar o comportamento, protege-se mais o bem jurídico? § Na análise de política criminal, é preciso avaliar se a criminalização de certo comportamento é útil para a sociedade, se vai realmente proteger o bem jurídico e ressocializar aquele que comete o comportamento. Ø Ex.: “Lei Maria da Penha” § Com aumento da pena houve uma diminuição das agressões ou diminuição das denúncias? • No caso de diminuição das denúncias, o bem jurídico foi prejudicado e não protegido, logo houve mal usado do Direito Penal. v Princípio da Subsidiariedade: Ø Se outra forma de Direito ou controle social tem o mesmo efeito, a mesma utilidade ou pode agir melhor que o Direito Penal, esta deve ser usada em seu lugar. Ø “Ultima Ratio”: o Direito Penal é o último recurso, pois tem diversos efeitos colaterais. De que forma o bem jurídico deve ser protegido? v Princípio da Proporcionalidade Ø O Bem Jurídico é muito ou pouco importante? Ø É preciso analisar a relevância do bem jurídico protegido, o grau da ofensa (lesão > perigo concreto > perigo abstrato), o grau de intolerabilidade (quanto menos consensual for o comportamento, maior a ofensa) e o grau de culpabilidade (dolo > culpa). Ø Como o bem jurídico foi lesionado? § A pena deve ser proporcional à gravidade da lesão. • Lesão> Perigo Concreto > Perigo Abstrato > Mera Conduta ♦ Ver adiante maior especificação destas classificações • Ex.: Crimes dolosos devem ter pena maior que os crimes culposos. Ø Direito Penal Brasileiro apresenta problemas com este critério § STF considera a desproporcionalidade da pena como incompatível com a dignidade humana, logo pode ser critério de inconstitucionalidade. v Princípio da Legalidade Ø Não há crime sem lei anterior que o defina § Artigo 1º do Código Penal Brasileiro: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Ø Apenas Lei federal faz o Direito Penal § O Direito Penal só é feito através de leis ordinárias e complementares • Entretanto a Constituição prevê a possibilidade de delegar aos Estados poderes penais, quando estes passarem por situações específicas e particulares. Ø Esse critério surge forte após o fim do absolutismo, pois o judiciário era identificado com a monarquia, e, portanto visto com desconfiança, desse modo a interpretação das leis era proibida e a letra da lei era soberana – No Direito Penal o principio da Legalidade continuou vigente, pois garante segurança o fato de o Estado só poder punir aquilo que estiver previsto na lei.· v Norma x Lei : Ø Lei é a norma institucionalizada, o que está escrito no Código. Ø Norma é o comando do que fazer ou não fazer, é o direcionamento. § A Lei penal carrega em si duas normas: uma dirigida ao cidadão como um comando, e outra dirigida ao Estado, direcionando-o sobre o que fazer diante do crime. Ex.: Matar alguém (norma ao cidadão) – pena de 6 a 20 anos (norma ao Estado) Princípios derivados do Princípio da Legalidade: v Taxatividade Ø Não há crime sem lei estrita que descreva o comportamento da forma mais clara e completa possível, a lei não pode ser ampla pois precisa dar o mínimo de segurança para a população saber definir qual é o comportamento criminoso. § A Lei Penal em Branco não viola esse princípio, pois o legislador ao deixar um pedaço da lei em sentido amplo, delega a responsabilidade de definir aquele “pedaço” a outro órgão competente. • Ex.: Lei de Drogas – o legislador delegou ao Ministério da Saúde a definição do que é entendido como “drogas”. v Anterioridade: O comportamento anterior a positivação da lei penal não pode ser punido. Ø A lei penal não retroagirá, salvo se beneficiar o réu. § Art. 2º do Código Penal – “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.” Ø A lei penal retroage em benefício do réu, pois se o comportamento deixou de ser criminalizado, não há mais bem jurídico a ser protegido, e portanto, aqueles que haviam sido acusados de ofender este bem jurídico não mais podem ser considerados como praticantes de atos ilícitos. § Formas de mudança da lei penal e sua efetividade no tempo: • “Abolitio Criminis” – descriminalização (retroage – se o acusado já cumpriu pena, volta a ser réu primário). • “Reformatio in Melius” – atenuante, torna a pena mais branda (retroage). • “Reformatio in Pejus” – qualificação, aumento da pena (não retroage). • Criminalização (não retroage) Ø Existem casos em que na mesma lei ocorrem alterações “Reformatio in Melius” e “reformatio in pejus”, o STF, em um Recurso Extraordinário, decidiu que haverá uma combinação de leis, ou seja, para o réu retroagirá a parte da lei que sofreu “Reformatio in Melius” e não retroagirá a parte da lei que sofreu “Reformatio in Pejus”. Ø Lei excepcional ou temporária: diferencia-se da descriminalização/abolitio criminis na medida em que continuará vigente, mesmo após a expiração de seu prazo, para casos que ocorreram durante a sua vigência, pois no momento do crime aquele bem jurídico era importante socialmente. § Art. 3º do Código Penal – “A lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu, exceto em casos de leis temporárias ou excepcionais” Tempo do Crime v Considera-se o momento do crime o momento da ação ou da omissão, não o momento do resultado. v Crimes Instantâneos: ação/omissão isolada, a consumação é instantânea. A lei válida é aquelavigente no momento da ação/omissão, e o prazo de prescrição começa a correr à partir da consumação do crime. Ø Ex.: Furto v Crimes Permanentes: a ação/omissão se prolonga no tempo. Para esse tipo de crime a lei aplicada é aquela vigente no momento em que cessa a permanência do crime e o prazo de prescrição do crime começa a correr à partir desta mesma cessação. Ø Ex.: Sequestro v Existem crimes instantâneos com efeitos permanentes, tais como a fraude da previdência social. Espaço do Crime v Local do Crime: Art. 6º do Código Penal – “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado “ Ø Teoria da ubiguidade – é amplo de propósito para não haverem lacunas, se houver colisão de competências, as penas serão compensadas. v No Brasil aplica-se o Princípio da Territorialidade a lei penal brasileira se aplica a crimes cometidos no Brasil, a não ser quando tratados internacionais dispuserem o contrário, e quando os crimes se aplicarem a algumas das exceções Ø Art. 5º do Código Penal – “Aplica-se a lei brasileira em território nacional, salvo em situações expansivas e situações restritivas” Território nacional: Solo, mar territorial, espaço aéreo/subsolo e embarcações e aeronaves com a bandeira brasileira (quando forem públicas, serão sempre território nacional, quando forem privadas serão território nacional em alto mar e dentro do Brasil). v Exceções Expansivas: quando a lei brasileira se expande e é válida fora do território nacional. Os crimes que aqui se encaixam são aqueles que afetam a soberania nacional. Estão dispostos no Art. 7º do Código Penal, e se classificam em: Ø Incondicionais: Atentados contra a vida ou a liberdade do Presidente, consumados ou não; crimes contra a administração pública nacional e crimes de genocídio, sendo o agente brasileiro ou domiciliado no Brasil – nesses casos o crime pode ser julgado tanto no país em que ocorreu quanto no Brasil, quando houverem duas sentenças, uma pena compensará a outra. Ø Condicionais: Crimes contra a Justiça Universal, ou seja, quando há um acordo internacional para ajudar a reprimir determinada conduta; crimes nos quais o agente (personalidade ativa) ou a vitima (personalidade passiva) forem brasileiros e crimes cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras privadas e que não foram julgados pelo país onde a ação/omissão foi consumada. Tais comportamentos, entretanto, necessitam de alguns requisitos para serem julgados no Brasil: § Requisitos: O réu deve entrar em território nacional para ser julgado; é preciso que haja dupla tipicidade, ou seja, o comportamento precisa ser punível no Brasil e no país onde foi consumado; o crime deve estar na lista dos crimes que aceitam a extradição no Brasil e o réu não pode ter sido julgado e/ou ter cumprido pena no país onde cometeu o crime. • Se um brasileiro comete crimes contra a humanidade no Brasil, e a justiça brasileira não o pune, a Justiça Internacional pode julgá-lo. v Exceções Restritivas: crimes praticados em território nacional, previstos em convenções e tratados internacionais, em que o país abre mão de sua jurisdição, para que o criminoso seja julgado pelo seu país de origem. Ø Ex.:”Imunidade Diplomática” Interpretação v A interpretação da lei penal é sempre literal e restritiva, a análise expansiva não é considerada como legítima. v Intérpretes: Ø Legislador: Interpretação autêntica (a única vinculante). Ø Juiz: Interpretação jurisprudencial (mera orientação). Ø Juristas: Interpretação doutrinária (mera orientação). v Formas: Ø Gramatical – a interpretação não pode ser diversa do sentido lexical dos termos Ø Ontológica – da realidade, envolve a natureza das coisas Ø Histórica – considera-se a intenção do legislador ao formular certa lei. Ø Sistemática – observar se a interpretação dada a determinado termo não gera problemas a outros pontos da lei; considera-se todo o ordenamento. Ø Normativa – o juiz interpreta de acordo com suas concepções, vivência e valores (valores culturais/valores funcionais) v Analogia não pode ser usada no Direito Penal, salvo se beneficiar o réu. v Interpretação Extensiva: Apenas quando sentido literal resguarda diversas interpretações, mas todas dentro do sentido Ø A interpretação extensiva escolhe a interpretação mais abrangente dentre as diversas que existem. Estrutura do Crime Tipicidade: Quando um comportamento está descrito como tipo penal na lei. Elementos da Adequação Típica v Comportamento Ø Ação/omissão voluntária de um ser humano § Dessa forma excluem-se os comportamentos por coação e os praticados pelos animais ou pela natureza v Resultado Ø Crime de resultado lesivo: Tipo penal no qual a conduta e o resultado da lesão ao objeto são descritos. § Ex.: Homicídio § Crime de perigo concreto: Tipo penal que não exige a lesão ao bem jurídico, basta estar em perigo concreto. § Ex.: Causar incêndio, expondo a vida, a integridade ou bem jurídico de alguém. Ø Crime de periculosidade: Tipo penal que tem a potencialidade de colocar alguém em perigo concreto. • Ex.: Dirigir embriagado, criando um potencial dano aos demais. Ø Crime de perigo abstrato: Não precisa colocar ninguém em ricos, e nem lesionar, é crime de mera conduta. § Ex.: dirigir embriagado, tráfico de drogas, porte de munição § Ver críticas a este tipo de crime mais adiante v Nexo de imputação Ø Não basta apenas a conduta e o resultado, é necessária uma ligação de causa e efeito entre os dois. Ø Teoria da Causalidade (Von Buri/Glazer) § Método da supressão mental: suprime-se a conduta, se o resultado se mantiver, não há nexo de imputação (Art. 13 do Código Penal). § Problemas: • Regressão ao infinito; • Concausa relativamente independentes Ø Há mais de uma causa, mas nenhuma tem capacidade de produzir o resultado sozinha. • Quais serão os riscos permitidos? Ø Teoria da Causalidade Adequada (Neokantismo) § A análise do nexo de imputação deve ser feito da seguinte forma, através de duas etapas: 1. Nexo causal • Supressão Mental 2. Previsibilidade • O comportamento punível é aquele que tem um resultado previsível ♦ “Prognose Objetiva Posterior” Ø Colocar-se no lugar do agente, pensando de acordo com seus conhecimentos específicos, para determinar se o resultado era ou não previsível para ele. § Problemas Resolvidos: • Regressão ao Infinito ♦ Apenas as ações previsíveis são punidas. • Concausas relativamente independentes § Problemas Restantes: • Riscos Permitidos ♦ Se uma sociedade para de se submeter a todos os riscos possíveis, ela para de funcionar, já que diversos são essenciais ao seu funcionamento. Ø Teoria do Finalismo (Wezel) § A análise do nexo de imputação deve ser feito da seguinte forma: 1. Nexo Causal • Supressão Mental 2. Presença de dolo ou culpa • A ação deve ter por objetivo atingir o resultado ♦ Não apenas o resultado, como também a maneira como irá se atingir este resultado. § Problemas Resolvidos: • Regressão ao Infinito • Riscos Permitidos ♦ O autor do crime tinha a intenção de causar um risco maior do que o permitido. § Problemas Restantes • Concausas Relativamente Independentes ♦ Já que o dolo e a culpa abrangem a maneira como o resultado será obtido, logo, se o resultado alcançado for o desejado, mas outro meio interferir, não há nexo. Ø Ex.: Ambulância transportando paciente que levou um tiro, capota e, devido ao seu motorista alcoolizado, o mata. Não há dolo de quem atirou, pois não desejava a morte da pessoapelo acidente de ambulância. Ø Teoria da Imputação Objetiva (Roxin) Ø Atualmente, é o mais utilizado. § Base neokantista § Não é o bastante analisar se há causa e efeito, mas sim se essa relação é digna do direito penal e para ser digna é necessário que essa relação crie um risco não permitido. § Logo, A análise do nexo de imputação deve conter os seguintes elementos: 1. Criação ou aumento de risco do resultado • Ex.: Médico ao realizar operação diminui o risco do resultado de morte, logo não há homicídio. 2. O risco criado ou aumentado deve ser não permitido • Para tal o agente deve violar normas de cuidado ♦ Normas, Atos Normativos e Atos Regulamentares do poder público. ♦ Regras técnicas profissionais ♦ Dever normal de cautela Ø Não está estatuído em nenhum regulamento o juiz deve se valer novamente da “prognose objetiva posterior”, se perguntando se o resultado era previsível. Ø Além disso, o “não-agir” deverá custoso socialmente. § Ex.: Parar em todos os faróis verdes para evitar atropelamentos. 3. Reflexão em resultados • O resultado deve ser gerado pelo risco não permitido, e não pelo permitido. ♦ “Se o agente estivesse dentro do risco permitido, o resultado ainda existiria?” 4. Resultado deve estar dentro da abrangência da norma penal • O resultado produzido deve ser aquele que as normas de cuidado pretendiam evitar. ♦ Ex.: Um individuo dirige com os faróis quebrados, não enxerga o carro da frente, e bate nele, ele não pode ser culpado pois o objetivo previsto do farol é iluminar o próprio carro e não o carro da frente. v Dolo / Culpa Ø Único elemento subjetivo Ø Afasta do Direito Penal a Responsabilidade Objetiva, onde a lei determina que o agente responda pelo resultado ainda que agindo com ausência de dolo ou culpa. v Críticas quanto ao crime de perigo abstrato Ø Direito Penal deve ser usado para proteger bens jurídicos, não deve se importar com o caráter individual e no caso do crime de perigo abstrato não há ofensa a nenhum bem jurídico e nem sequer a potencialidade de coloca-lo em perigo. Existem posições diversas quanto a esse tipo de crime: § Posição doutrinária majoritária: Para tirar a imagem de inconstitucionalidade do crime de perigo abstrato, basta interpretá-lo como crime de periculosidade, embora esta não esteja prevista em lei, dessa forma, pode-se punir a mera conduta, desde que seja provada sua potencialidade de colocar outrem em risco. § Como é visto pelos tribunais hoje: Para o crime de perigo abstrato basta a mera conduta, não exige a periculosidade, contudo já existem alguns exemplos de mudança dessa visão, como no caso do sujeito pego com munição, mas sem arma. v Principio da Insignificância Ø Definição de insignificância – “mínima ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade da ação, redução do grau de reprovidade da ação” Ø Quando o resultado é ínfimo, é um insignificante penal, não faz sentido mover a máquina penal contra o autor. Para que o resultado tenha relevância para o direito penal é necessário que seja dissensual, o consentimento precisa ser livre, o consentimento não pode estar relacionado aos temas tabus (vida, integridade física em determinado grau).
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