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DPM0111 - Teoria do Crime 2

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Teoria Geral do Direito Penal I 
Primeiro Semestre – Prova Final (2013) – Professor Shecaira – Caderno de: Maurício Antunes Domingos. 
 
Vigência da lei no espaço. Disposições finais sobre a aplicação da lei penal. 
 
A Lei Penal no Espaço. 
 O artigo 5º do Código Penal trata da territorialidade do crime. Conquanto seja o direito penal o último 
bastião da manifestação da soberania de um Estado, esse mesmo princípio faz com que deseje-se executar os 
processos criminais relacionados ao Brasil dentro de nosso próprio país. Configura-se como território brasileiro: as 
fronteiras terrestres, marítimas (territorial e Z.E.E.), o espaço aéreo e atmosférico. 
Observações: 
 Em estruturas políticas como a União Europeia, o Direito Penal é o último a ser unificado; por mais que 
hajam tratados, os países resistem em busca de manutenção de uma certa autonomia. 
 Na resolução de conflitos territoriais referentes a margens de rios, aplica-se o princípio da equidistância 
das margens; em lagos, calcula-se a partir do ponto mais profundo. 
 Se um navio ou avião público está em território estrangeiro, continua sendo, entretanto, território 
brasileiro. Se for navio ou avião privado durante travessia oceânica (território “de ninguém”), valerá a 
bandeira da embarcação; no caso de aviões, durante a travessia (espaço aéreo) de uma outra nação, valerá 
a legislação do país. 
 As embaixadas não são mais projeções do território nacional (deixaram de ser a partir da Convenção de 
Viena). 
 
Lugar do Crime. 
 O artigo 6º do Código Penal versa a respeito do lugar do crime. Em relação à esse assunto, apresentam-se, 
principalmente, três teorias penalistas: 
Teoria da Atividade: o crime foi cometido no local em que o fato se praticou, onde ocorreu efetivamente a ação 
ou a omissão. 
Teoria do Resultado: o crime foi cometido no local onde ele produziu ou deveria ter produzido seus resultados. 
Na colisão de normas territoriais, porém, pode ocorrer o caso do crime acabar por não ter sido cometido em lugar 
algum; dependendo de qual teoria é adotada pelas partes, pode não haver crime ou haver dois crimes ao mesmo 
tempo. 
Teoria da Ubiquidade: o crime é praticado nos dois países/territórios; evita a impunidade, mas pode ocorrer uma 
incongruência: para um único fato são gerados dois processos, em dois lugares diferentes, gerando duas 
condenações e duas penas diferentes. 
 
Caso exemplificativo: No Brasil, a lei penal aplica sentença de reclusão máxima de 3 anos para infratores menores 
de 18 anos; na Bolívia, a maioridade penal é de 16 anos. 
1. Se o réu tiver 17 anos e for processado e condenado no Brasil, cumprirá seus 3 anos e a Bolívia realizará 
um pedido de extradição; porém, uma vez que brasileiros natos não são extraditados, o “máximo” que 
poderá acontecer ao réu será a impossibilidade de retornar à Bolívia. 
2. Se o réu, maior de 18 anos, já tivesse cumprido, por exemplo, 3 anos da pena na Bolívia, porém tivesse sido 
condenado a 12 anos no Brasil, com o seu retorno ao país natal, teria de cumprir mais 9 anos. 
3. No caso Abílio Diniz, sequestrado por 4 chilenos, 3 argentinos, 2 canadenses e 1 brasileiro (todos presos e 
condenados no Brasil). Feita a execução da pena, alguns deles voltaram ao Canadá, onde foram “liberados”. 
 
Observações: 
 No caso de existir pena de morte aplicável em outro país, o Brasil jamais realizará a extradição de um preso, 
não importando a sua nacionalidade, uma vez que não é uma pena prevista em nossa Constituição (o 
mesmo se aplica à prisão perpétua). 
 
Extraterritorialidade. 
 O inciso I do artigo 7º do Código Penal trata a respeito da extraterritorialidade incondicionada, ou seja, 
sujeita impreterivelmente à lei brasileira os crimes cometidos no estrangeiro contra o Presidente da República, 
contra o patrimônio ou a fé pública da União, contra a administração pública e crimes de genocídio (quando o 
agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil). 
 Já o inciso II trata da extraterritorialidade condicionada, partindo do princípio da Jurisdição Internacional. 
Ad hoc, os casos inseridos fazem frente a situações específicas. Um crime cometido fora do Brasil, por um brasileiro, 
em geral, não será julgado aqui, mas sim no devido país (salvo disposições em contrário). Se voltar ao Brasil, será 
julgado pela lei brasileira após observadas as disposições do §. 2º b), c), d) e e). 
 
Pena Cumprida no Estrangeiro. 
 O artigo 8º explica como se dá a atenuação penal no caso supracitado. 
 
Eficácia de Sentença Estrangeira. 
 Presos podem chegar a ser punidos em território brasileiro (desde que cumpridas as exigências legais), 
salvo exceções previstas no artigo 9º. 
 
Contagem do Prazo. 
 O artigo 10º afirma a inclusão do dia do início e a exclusão do dia de saída para fins de contagem do prazo; 
entretanto, o Código de Processo Penal explicita o contrário; para fins legais, o resultado é o mesmo (tanto faz 
contar o primeiro e descartar o último ou descartar o primeiro e contar o último). 
 
Frações Não Computáveis da Pena. 
 É necessário que sejam eliminadas as frações da pena incompatíveis com a contagem efetiva, sendo isso 
feito sempre para menos (diminuição máxima possível) da pena, de acordo com o disposto no artigo 11º. 
 
Princípio da Especialidade. 
 A norma especial sempre prevalece sobre a geral, de acordo com o disposto no artigo 12 do Código Penal 
(CP); um exemplo disso é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), cujas disposições sobrepõem-se ao CP. 
 
Do crime. Relação de causalidade. Causas supervenientes. Crimes omissivos e 
comissivos. 
 
Relação de Causalidade. 
 O artigo 13 do CP dispõe acerca das relações de causalidade. Nesse ínterim, é necessário firmar que os atos 
criminais podem ter origem comissiva ou omissiva e que os atos humanos não necessariamente têm um nexo causal 
como nas ciências exatas. Por nexo de causalidade podemos entender a ligação entre a ação ou omissão e o seu 
resultado; salienta-se que pode estar relacionado à mais de uma pessoa (vide artigo 29 e seguintes, “Do concurso 
de pessoas”). 
 
Elementos para que o crime ocorra. 
 Para que se caracterize o crime (ou contravenção) são necessários os seguintes elementos: a) Conduta; b) 
Resultado; c) Nexo de Causalidade; d) Presença de Risco. 
 
Elementos da Conduta 
 Ação ou Omissão. 
Podemos entender por ação o movimento corpóreo com finalidade, e omissão a inatividade em relação a 
não fazer algo que é devido; sendo assim, a conduta pode ser omissiva ou comissiva. A conduta comissiva é aquela 
que possui repercussão externa: “um ato de vontade dirigido a um fim é uma atuação”; é necessária a presença de 
um ato teleológico, voltado a um fim, caracterizado pela existência de cogitação interior somada à atuação exterior. 
 Modificação do Mundo Exterior. 
Os crimes podem ser classificados de acordo com o resultado; os Crimes Materiais são aqueles que 
produzem resultados palpáveis (ou naturalísticos); já os Crimes sem Resultado Material são aqueles considerados 
“de mera conduta”. 
Há também crimes que se consumam antecipadamente, independentemente de terem um resultado 
naturalístico; esses são os chamados Crimes Formais, que apresentam resultados formais. Sempre há resultado 
jurídico embora nem sempre haja resultado naturalístico. 
 Nexo de Causalidade. 
A partir da chamada Teoria da Equivalência dos Antecedentes, tudo aquilo que concorre para a ocorrência 
do evento deve ter nexo de causalidade com o crime; porém, somente essa teoria é inviável, uma vez que torna 
possível a extrapolação ad infinitum. É, portanto, necessário que o nexo de causalidade seja, de alguma forma, 
limitado; Bauman, por exemplo, afirma que deve limitar-se ao verbo, por exemplo, “matar”.A imputabilidade é pessoal e a responsabilidade pelo crime deve possuir nexo de causalidade mais grave e 
direto, fazendo-se necessárias análises periciais objetivas para crimes diferentes a fim de obter-se o devido e justo 
nexo causal. 
 Presença de um Risco não permitido Socialmente. 
Em algumas teorias mais recentes (v.g., Ulrich Beck), vemos a defesa da necessidade da supracitada 
presença para que se caracterize plenamente um crime. 
 
Superveniência de Causa Independente. 
 O §. 1º do artigo 13 versa a respeito da chamada Superveniência de Causa Independente, que pode ser 
melhor explicada com base em exemplos práticos: 
a) Num caso de atropelamento, o sujeito chama a ambulância que prontamente presta assistência ao ferido; 
no caminho até o hospital, porém, a ambulância sofre um acidente que causa a morte do ferido, será 
imputada a culpa somente por lesão corporal, o crime do qual ele é culpado, e não homicídio ou algo do 
gênero. 
b) Numa falta, num jogo de futebol, o zagueiro acaba por quebrar a perna do atacante, que agora é impedido 
de competir; extremando a situação, suponha-se que o atacante era hemofílico, porém o zagueiro não 
possuía conhecimento do fato, que acarreta na morte do jogador ferido. O caso é de lesão seguida de morte 
(que possui pena mais leve que a de homicídio). 
Em suma, conclui-se que é necessário que seja imputada a ação “mais direta” ao praticante, de maneira a 
justificar a penalização. 
 
Observações: 
 A relação causal pode não ser tão direta. 
 O crime pode ser agravado pelo resultado. 
 Existem crimes chamados “híbridos” (preterdoloso): doloso e culposo ao mesmo tempo. “Delito em que o 
resultado excede o propósito do agente. Por exemplo, o autor pretende causar lesão corporal, entretanto 
provoca a morte da vítima. Há, como dizem os autores, dolo no antecedente e culpa no conseqüente. O 
mesmo que crime preterintencional”. 
 
Relevância da Omissão. 
 O §. 2º afirma claramente que “a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir 
para evitar o resultado”; ou seja, é a omissão é uma forma de expressar conduta, contrária à chamada ação 
comissiva (já explicada). Podem existir híbridos: Crimes Omissivos Impróprios, ou Impuros (como por exemplo um 
médico, que tem o dever de denunciar doenças contagiosas) e Crimes Comissivos por Omissão (aqueles que se 
praticam por ação, porém excepcionalmente por omissão, como a omissão de socorro, prevista no artigo 135). 
 
Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 
 
Crime Consumado. 
 O artigo 14 configura o crime, em seu inciso I, como Consumado, quando preenche completamente o 
conteúdo do tipo, ou seja “quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal”. Mas a partir de que 
momento tem início o crime em si? Imaginemos um itinerário hipotético: (1) foro interno  (2) atos preparatórios 
 (3) atos de execução  (4) consumação; somente a partir de (3) pode-se dizer que é crime, uma vez que ele só 
configura-se a partir de sua execução. 
 
Tentativa. 
 O crime tentado é aquele que não preenche completamente o conteúdo do tipo, aquele que, “quando 
iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente”. Para alguns autores, porém, 
não haveria resultado no crime se adotarmos a teoria causal; sendo assim, porque punimos por tentativa? Pois 
consideramos a existência da vontade de matar – um ato teleológico, finalístico; a punição por tentativa é 
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços (parágrafo único), sendo inversamente 
proporcional ao chamado iter: quanto mais o autor se aproximar do crime na tentativa, maior é a pena. 
 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 
 Vide artigo 15, que afirma que “o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou 
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados”. 
 
Arrependimento posterior. 
 O artigo 16 reduz de um a dois terços a pena do infrator que, nos crimes cometidos sem violência ou grave 
ameaça à pessoa, voluntariamente reparar o dano ou restituir a coisa até o momento do recebimento da denúncia 
ou da queixa. 
 
Crime impossível. 
 O Código Penal exclui a punição de tentativa quando da ineficácia absoluta do meio ou da absoluta 
impropriedade do objeto, configurando o crime como impossível. Exemplos: 
 Exemplo de impossibilidade do meio: Matar alguém, batendo-lhe com uma flor, fazendo rituais de magia, 
etc. 
 Exemplo de impossibilidade do objeto: Matar um cadáver, estuprar uma boneca, etc. 
 
Tipicidade. Crime doloso e culposo. 
 O crime é um ente jurídico, como dizia Carrara, e, portanto, deve enquadrar-se na teoria geral do direito. 
Pode-se afirmar que não é um ato jurídico. Como o crime é apenas uma conduta humana de efeitos jurídicos 
involuntários (imposição de pena etc.) e um ato que contrasta com a ordem jurídica (ato ilícito), pode-se situar o 
crime entre os fatos jurídicos. 
 
O tipo penal. 
 Todo o tipo é antijurídico, mas nem tudo o que é antijurídico está tipificado. A lei deve especificar 
exatamente a matéria de suas proibições, os fatos que são proibidos sob ameaça de sanção penal, ou seja, o que é 
considerado crime. Isso é feito através do tipos penais. A expressão tipo não é, normalmente, empregada pela lei; 
exprime a ideia de “modelo”, e é uma figura puramente conceitual, a descrição concreta da conduta proibida. O 
tipo é predominantemente descritivo por ser composto de elementos objetivos, que são os mais importantes para 
distinguir uma conduta qualquer. Entre esses elementos, o mais significativo é o verbo; pode conter elementos 
subjetivos ou normativos também. 
 O crime é um fato típico e antijurídico; para a existência do crime é necessária uma conduta humana 
positiva (ação em sentido estrito) ou negativa (omissão). É necessário, ainda, que essa conduta seja típica, que 
esteja descrita na lei como infração penal. Por fim, só haverá crime se o fato for antijurídico, contrário ao direito 
por não estar protegido por causa que exclua sua injuridicidade. 
 Fato típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca, em regra, um resultado, e é 
previsto como infração penal. Fato antijurídico é aquele que contraria o ordenamento jurídico; no Direito Penal, a 
antijuridicidade é a relação de contrariedade entre o fato típico praticado e o ordenamento jurídico (veremos 
exemplos contrários mais à frente). 
 A culpabilidade é, em última análise, a contradição entre a vontade do agente e a vontade da norma; não 
é característica, aspecto ou elemento do crime, e sim mera condição para se impor a pena pela reprovabilidade da 
conduta. A punibilidade é apenas a consequência jurídica do delito, e não uma característica sua. 
 
Crime doloso. 
 Configura-se o crime como doloso, de acordo com o artigo 18, inciso I, do CP, aquele no qual o agente quis 
o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
 Elementos do Crime Doloso: 
 Elemento cognitivo: conhecimento social do contexto em que se vive. 
 Elemento volitivo: a vontade existente na realização da conduta típica. 
Tipos de Dolo: 
 Dolo direto: o sujeito tem intenção de provocar o resultado. 
 Dolo eventual: o agente assume o risco do resultado da conduta. 
Sauer (Teoria da verossimilhança): Não é suficiente que o resultado seja possível, ele tem que ser provável, 
mesmo que o autor da conduta não admita. 
Meyer: (Teoria do sentimento): O autor deve agir com indiferença em relação ao resultado para o dolo 
eventual. Ela é útil quando associada à próxima teoria. 
Frank: (Teoria do consentimento ou da vontade): Não basta a representação do evento e a consideração 
da vontade de sua causação,sendo necessário consentimento na produção do resultado. Ou seja, o resultado é 
possível e ele o aceita. Possui dois requisitos: 
 Intelectivo – previsão de possiblidade por parte do agente, sem necessidade de consciência 
da probabilidade; 
 Volitivo – que o agente consinta na concretização, reconhecendo e conformando-se com 
essa possibilidade. 
Pode-se citar um exemplo clássico, a Roleta Russa; a “brincadeira”, quando tem morte por consequência, 
caracteriza-se por dolo eventual, com exceção da última bala (quando se tem conhecimento de que se vai matar), 
sendo dolo direto. 
 
Crime culposo. 
 Configura-se o crime como culposo aquele em que o agente deu causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia. O parágrafo único salienta ainda: “salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser 
punido por fato previsto como crime, senão quanto o pratica dolosamente”. São crimes excepcionais dentro da 
estrutura do delito. 
 Elementos do Crime Culposo: 
 Violação do dever de cuidado a que é necessário obedecer nas diversas esferas da sociedade (por exemplo, 
os médicos possuem deveres de cuidado que outras pessoas não têm). 
 O mais importante é a maneira como a ação é praticada. 
 O crime culposo define-se pela causação de resultado; o fato da mera inobservância não é crime; o 
resultado, caso haja algum, o é. 
 Princípio da Previsibilidade: se há a possibilidade de prever o resultado, evitando a conduta omissiva ou 
comissiva que levará ao crime. 
Tipos de Crime Culposo: 
 Imprudência - Ato comissivo: agir sem cautela, sem atenção necessária, com precipitação ou 
inconsideração. É uma ação perigosa, arriscada. Ex.: Manejar arma carregada, caçar em lugares com 
pessoas; dirigir em alta velocidade. 
 Negligência - Ato omissivo, é não fazer o que deveria ser feito. Poderia evitar ou não causar o resultado 
lesivo e não fez por preguiça, desleixo ou desatenção. Ex.: Andar com o pneu careca; deixar remédio ao 
alcance de crianças. 
 Imperícia - falta de aptidão técnica, ou seja, não ter habilitação para determinada prática (o que não 
significa não estar habilitado). Ex.: Médico não sabendo prescrever ou fazer cirurgia corretamente. 
 
Observações: 
 A prova da perícia é a carteira, mas a ausência dela não atesta imperícia. A perícia também pode ser 
provada de outras formas. 
 Países europeus com códigos penais mais novos tem apenas negligencia. 
 
Espécies de Culpa: 
 Inconsciente: Quando o agente não previu o resultado que poderia prever. Como não prevê o resultado, 
acaba por transgredir sem querer o cuidado objetivo exigível. O agente também não conhece 
concretamente seu dever objetivo de cuidado, apesar dele ser reconhecível. É a maioria dos casos. 
 Consciente: O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra. O risco não é aceito, e ele confia 
que não vai acontecer. Consciente violação do cuidado objetivo. Ex.: Atirador de facas ao acertar a mulher. 
Avizinha-se do dolo eventual 
 
Exemplo: Mulher feita refém, está com revolver na cabeça e a polícia começa a negociação. O sequestrador está 
na janela, e o policial está com um revolver de alto calibre em uma altura abaixo da janela a noite. 
Muitos erros: não se atira de baixo pra cima, não se atira de alto calibre e não se atira a noite. 
A polícia resolve disparar o tiro, matando o criminoso. Devido ao calibre, passa pelo criminoso e atinge 
Adriana. O policial não é incriminado por matar o criminoso porque era estrito cumprimento do dever legal, mas 
no caso da vítima não há exclusão de ilicitude e houve culpa consciente. Ele sabia que podia causar a morte, mas 
atirou para preservar a vida. Ele não respeitou cuidados objetivos, porém dizer que "Ele assumiu o risco" é equivoco, 
porque o “assumir o risco” pressupõe elementos cognitivos e volitivos. 
 
Dolo Eventual e Culpa Consciente 
A semelhança entre eles é a previsão do resultado ilícito, mas a diferença é que no dolo eventual o agente 
concorda com o resultado, preferindo arriscar-se a produzi-lo a renunciar à ação. Na culpa consciente, o agente 
empreende a ação com esperança de que o resultado não ocorra, confiando em sua destreza. O atirador de facas, 
ao acertar a mulher, não tem o elemento volitivo. Toda vez que tenho dolo eventual tenho que ter necessariamente 
uma vontade e um conhecimento. 
 
Agravação pelo resultado. 
 Transcrevendo-se o artigo 19 do CP, temos que “pelo resultado que agrava especialmente a pena, só 
responde o agente que o houver causado ao menos culposamente”. Atos cujo resultado extrapola a vontade do 
agente só o responsabilizam penalmente quando forem praticados ao menos culposamente, i.e., ao menos quando 
ele agiu sem observar um dever de cuidado, atuando com imprudência, negligência ou imperícia. 
 Um exemplo clássico é a lesão corporal seguida de morte (art. 129, §. 3.º, do Código Penal), na qual se pode 
falar em dolo na lesão corporal e culpa no evento morte. Ainda que este último não tenha sido o objetivo 
pretendido pelo autor, está previsto como resultado culposo, razão pela qual incide responsabilidade penal sobre 
ele. 
 
Teoria causal e finalista. Teoria social da ação. Imputação objetiva. 
 
Teoria Causal da Ação. 
 Para a teoria causal (naturalista, tradicional, clássica, causal-naturalista) a conduta é um comportamento 
humano voluntário no mundo exterior, que consiste em fazer ou não fazer. É um processo mecânico, muscular e 
voluntario, em que se prescinde do fim a que essa vontade se dirige. Basta que se tenha a certeza de que o agente 
atuou voluntariamente, sendo irrelevante o que queria, para se afirmar que praticou a ação típica. 
 
Teoria Finalista da Ação. 
 Para a teoria finalista da ação (ou da ação finalista), como todo comportamento do homem tem uma 
finalidade, a conduta é uma atividade final humana e não um comportamento simplesmente causal. Como ela é 
um fazer (ou não fazer) voluntário, implica necessariamente uma finalidade; não se concebe vontade de nada ou 
para nada, mas sim dirigida a um fim: a conduta realiza-se mediante a manifestação da vontade dirigida a um fim. 
Em suma, a vontade constitui elemento indispensável à ação típica de qualquer crime, sendo seu próprio cerne. 
 No crime doloso, a finalidade da conduta é a vontade de concretizar um fato ilícito; no crime culposo, o fim 
da conduta não está dirigido ao resultado lesivo, mas o agente é autor de fato típico por não ter empregado em eu 
comportamento os cuidados necessários para evitar o evento. 
 
Teoria Social da Ação. 
 A teoria social da ação (ou da ação socialmente adequada, da adequação social ou normativa) surgiu para 
ser uma ponte entre as teorias causalista e finalista. Para essa teoria, a ação é a conduta socialmente relevante, 
dominada ou dominável pela vontade humana. A relevância social da ação é o critério conceitual comum a todas 
as formas de comportamento e, portanto, também ao crime. Só haverá fato típico, portanto, segundo a relevância 
social da ação. 
 
Imputação Objetiva. 
Imputação objetiva significa atribuir a alguém a responsabilidade penal, no âmbito do fato típico, sem levar 
em conta o dolo do agente, já que dolo é requisito subjetivo que deve ser analisado dentro da imputação subjetiva. 
Na imputação objetiva, o agente somente responde penalmente se ele criou ou incrementou um risco proibido 
relevante, pois não há imputação objetiva quando o risco criado é permitido; o sujeito somente responde nos 
limites do risco criado; não há imputação objetiva quando o risco é tolerado (ou aceito amplamente pela 
comunidade); não há imputação objetiva quando o risco proibido criado é insignificante (a conduta em si é 
insignificante). 
 
Erro de tipo e de proibição. Coaçãomoral irresistível e obediência hierárquica. 
 
Erro sobre elementos do tipo. 
 O artigo 20 do Código Penal define que “o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o 
dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. 
 Descriminantes putativas: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, 
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima”. Apesar de configurar-se como uma discriminante, 
faz isenção de pena; descriminar exclui a criminalidade do ato, isentar de pena apenas punibilidade. Além disso, 
“não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”. 
 Pode ser sobre elemento: 
 Essencial: Recai sobre elemento do crime sem o qual o crime não existiria. Sempre exclui o dolo, permitindo 
a punição pelo crime culposo. Assim, uma pessoa não casaria com outra se soubesse que essa já possuía 
outro matrimônio, ou a gestante não tomaria uma substância para aborto se o que ela realmente queria 
era um calmante. Deste modo, o erro de tipo essencial exclui a tipicidade da conduta. 
 Erro de tipo acidental: Recai sobre circunstancias assessorias da pessoa ou coisas que não constituem 
elementos do crime. Suponha-se que o agente pretenda subtrair farinha de um armazém e, por engano, 
acaba levando sacos de farelo, foi um erro por acidente, que pode versar sobre o objeto ou sobre a pessoa 
da vítima. O erro acidental não impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de seu comportamento 
e, assim, não excluí o dolo. 
 
Erro determinado por terceiro. 
 Responderá pelo crime o terceiro que determina o erro que gerou consequência criminal. 
 
Erro sobre a pessoa. 
 Como visto no §. 3º, “o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena”, ou seja, 
assaltar A, ao invés de B, ainda configura-se como assalto. O error in peronsa recai sobre erro do tipo acidental. 
 
Erro sobre a ilicitude do fato. 
 O artigo 21 do Código Penal afirma que “o desconhecimento da lei é inescusável”, porém logo depois diz 
que o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável isenta de pena (porém não do crime); se evitável, poderá diminuir 
a pena de um sexto a um terço. Nas palavras de Sérgio Salomão Shecaira, “é uma maneira elegante para poder 
alegar o desconhecimento da lei”. O exemplo clássico é o do saudita que chega ao Brasil e casa-se com duas, três, 
até quatro mulheres, fato que, em seu país, é legal e consuetudinariamente aceito, porém crime em terras 
nacionais. 
 
Coação moral irresistível e obediência hierárquica. 
 Transcrevo: “Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não 
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem”. A coação irresistível 
pode ser física ou moral; a física se caracteriza quando o esforço físico/muscular do autor é insuficiente para livrá-
lo da ação do coator; a coação moral se apresenta sob forma de ameaça feita pelo coator ao autor, que é compelido 
a praticar ação a delituosa, sob pena de suportar um prejuízo maior. 
A doutrina afirma que nessas hipóteses não há culpabilidade, pois é verificada a inexigibilidade de conduta 
diversa. Para que a culpabilidade do autor não se estabeleça, contudo, a coação deve ser irresistível, invencível; se 
o autor do fato puder resistir ou se opor à coação, é excluída a incidência do artigo 20 do Código Penal, 
remanescendo, no máximo, a atenuante do artigo 65, inciso III, c), do mesmo. 
A obediência hierárquica, por sua vez, só será suficiente para excluir a culpabilidade quando a ordem do 
superior não for manifestamente ilegal. Se for evidente a ilegalidade da ordem dirigida ao autor, a lei lhe exige o 
dever de se opor a ela, sob pena de responder criminalmente por sua conduta. 
 
Causas de exclusão da ilicitude. 
 O artigo 23 do Código Penal afirma que não crime quando o autor pratica o fato em estado de necessidade, 
em legítima defesa ou em estrito cumprimento do dever legal, lembrando, em seu parágrafo único, que o excesso 
punível do agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, irá responder pelo excesso doloso ou culposo de sua 
conduta. 
 
Estado de Necessidade. 
 No artigo 24 temos a definição de estado de necessidade como devendo ser sempre analisado pelas 
circunstâncias de fato. Configura-se como um perigo atual e iminente, provocado por terceiros, ou por caso fortuito 
(também chamado de força maior), e inevitável; além disso, deve ser obedecida a razoabilidade e a admissão de 
proteção do direito próprio ou alheio. Não podem alegar estado de necessidade aqueles que tinham o dever legal 
de enfrentar o perigo. 
 
Legítima Defesa. 
 O artigo 25 define: “Entende-se por legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Ou seja, os elementos essenciais para a 
caracterização da legítima defesa é que a mesma seja moderada, necessária e em face de injusta agressão, sendo 
suficiente para extinguir a mesma. 
 
Outros. 
 Estão também excluídos aqueles que cometem ilícitos em Exercício Regular do Direito, em Estrito 
Cumprimento do Dever Legal (policiais, carcereiros, bombeiros, desde que exercido o princípio da 
proporcionalidade). 
Observação: 
 Isenção de Pena: há crime, não há pena. 
 Exclusão de Antijuridicidade ou de Ilicitude: não há crime. 
 
Imputabilidade penal, semi-imputabilidade, inimputabilidade. Embriaguez. 
 
Inimputáveis. 
 Inimputabilidade por doença mental: resulta de qualquer alteração mórbida das faculdades mentais, 
quaisquer sejam os sintomas. Pessoas que têm determinada doença mental quando agem de forma que 
corrobore com o seu problema são consideradas inimputáveis. O louco não pode ser penalizado em regime 
fechado, ele é submetido a uma medida de segurança, ou seja, a retirada do convívio social mediante a sua 
internação em um hospital psiquiátrico até que ele seja considerado curado. Essa medida tem fundamento 
curativo e não punitivo. 
Estão sujeitos aos seguintes tipos de sanção, de acordo com a condição ou situação particular: pena, medida 
de segurança, medida socioeconômica 
 
Semi-imputabilidade. 
No Brasil, menor de 12 anos é inimputável e não pode ser considerado responsável por seus atos nem de 
acordo com o E.C.A. A partir de 12 anos o adolescente pode ser responsabilizado por seus atos, embora não possa 
ser penalmente punido até completar 18 anos. Assim, quem pratica um ato delituoso e tem menos de 18 anos é 
inimputável do ponto de vista penal, porém ele é responsável do ponto de vista do E.C.A (no estatuto, tal ato é 
chamado infracionário). 
O E.C.A tem a maioria dos atos e das penas transcritas de uma forma diferente. Os atos penais têm 
correspondência no E.C.A, com exceção da progressão temporal de pena (e lá a pena máxima é de 3 anos). 
 
Emoção e paixão. 
 Não excluem a imputabilidade penal. O artigo 65 do código penal afirma que algumas circunstancias 
atenuam a pena, como: "III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; c) 
cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a 
influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; e) cometido o crime sob a influência de 
multidão em tumulto, se não o provocou”. 
 
Embriaguez. 
Configura-se embriaguez voluntária ou culposa, além de analogias à sustâncias que fazem com que o sujeito 
fique sem a devida consciência. 
 Embriaguez Voluntária: não exclui responsabilidade Penal. 
 Embriaguez Culposa: não exclui responsabilidade penal, mas pode atenuar a pena. 
 EmbriaguezPreordenada: sujeito que se embebeda para ter coragem para cometer um crime. Agrava a 
pena. 
 Embriaguez Patológica: decorre do alcoolismo crônico; se comprovada, inimputável. 
 Por força maior: “§. 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso 
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. 
 
Concurso de pessoas. 
 
Coautoria. 
Em relação ao concurso de pessoas na execução e participação criminal, temos, nas palavras de Shecaira, 
que “Todo aquele que pratica ou contribui para ato delitivo é autor, ou coautor, respectivamente”. O artigo 29 
afirma: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade”. 
Quando várias pessoas fazem parte da efetiva execução do crime, são coautoras, possuindo o “condomínio” 
(domínio em comum) do delito. Surgem, então, três requisitos para consideração de coautoria, sendo eles: 
a) Pluralidade de Condutas. 
b) Relevância Causal e Jurídica das Condutas. 
c) Vínculo Subjetivo entre os Coautores. 
Uma coautoria possui o elemento objetivo (fato concretizado) e também subjetivo (comum acordo dos 
agentes), podendo até mesmo o coautor não estar presente no ato (sendo mandante, por exemplo). Só pode haver 
coautoria em crimes dolosos. 
 
Participação. 
 Partícipe é todo aquele que contribui, de alguma forma para a concretização do delito. Pode configurar-se 
como participação moral (instigação ao crime) ou material (cumplicidade na atuação). Ambas as teorias (Coautoria 
e Participação) concorrem juntas na legislação. 
 
Casos de impunibilidade. 
 O artigo 31 exclui a punição versando: “o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”.

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