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1 GABRIELA 2022.1 MED FIPGBI OBJETIVOS: 1ª: Compreender a fisiopatologia da ASMA e DPOC (exames, diagnóstico, tratamento e fatores de risco) 2º: Diferenciar a DPOC e ASMA ASMA Inflamação crônica das vias aéreas com hiperresponsividade brônquica. Doença crônica das vias aéreas causada por reação imunológica marcada por broncoconstrição episódica devido ao aumento da sensibilidade das vias aéreas a uma variedade de estímulos, inflamação das paredes brônquicas e aumento da secreção mucosa Obstrução brônquica Redução do fluxo aéreo expiratório Limitação parcial ou total reversível; Tipicamente reversível por meio de medicamentos FISIOPATOLOGIA A inflamação relaciona-se com alterações nas vias aéreas: Redução do calibre das vias aéreas; Hiper-responsividade brônquica; Alterações estruturais nas vias aéreas (remodelamento da via aérea). A redução do calibre das vias aéreas é o principal fator responsável pelo quadro clínico da doença. Ela se dá por: Contração do músculo liso da parede dos brônquios; Edema da mucosa brônquica; Hipersecreção mucoide e exsudato inflamatório. Hiper-responsividade da via aérea é a anormalidade funcional característica da asma, resultando no estreitamento das vias aéreas (broncoconstricção) em resposta a estímulos que seriam inócuos em uma pessoa normal. Ela está diretamente relacionada com a inflamação e o reparo da via aérea, além de ser parcialmente reversível com a terapia. Nome do problema: família que chia 2 GABRIELA 2022.1 MED FIPGBI A resposta inflamatória alérgica é iniciada pela interação de alérgenos ambientais com algumas células que têm como função apresentá-los ao sistema imunológico, mais especificamente os linfócitos Th2. Estes, por sua vez, produzem citocinas responsáveis pelo início e manutenção do processo inflamatório. A IL-4 tem papel importante no aumento da produção de anticorpos IgE específicos ao alérgeno. Vários mediadores inflamatórios são liberados pelos mastócitos (histamina, leucotrienos, triptase e prostaglandinas), pelos macrófagos (fator de necrose tumoral – TNF-alfa, IL-6, óxido nítrico), pelos linfócitos T (IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, fator de crescimento de colônia de granulócitos), pelos eosinófilos (proteína básica principal, ECP, EPO, mediadores lipídicos e citocinas), pelos neutrófilos (elastase) e pelas células epiteliais (endotelina-1, mediadores lipídicos, óxido nítrico). Através dos mediadores, as células causam lesões e alterações na integridade epitelial, anormalidades no controle neural autonômico (substância P, neurocinina A) no tônus da via aérea, alterações na permeabilidade vascular, hipersecreção de muco, mudanças na função mucociliar e aumento da reatividade do músculo liso da via aérea. Esses mediadores podem ainda atingir o epitélio ciliado, causando-lhe dano e ruptura. Como consequência, células epiteliais e miofibroblastos, presentes abaixo do epitélio, proliferam e iniciam o depósito intersticial de colágeno na lâmina reticular da membrana basal, o que explica o aparente espessamento da membrana basal e as lesões irreversíveis que podem ocorrer em alguns pacientes com asma. Outras alterações, incluindo hipertrofia e hiperplasia do músculo liso, elevação no número de células caliciformes, aumento das glândulas submucosas e alteração no depósito e degradação dos componentes da matriz extracelular, são constituintes do remodelamento que interfere na 3 GABRIELA 2022.1 MED FIPGBI arquitetura da via aérea, levando a um processo de irreversibilidade de obstrução que se observa em alguns pacientes. Os eosinófilos são os principais responsáveis pelas lesões estruturais na via aérea, enquanto que os mastócitos são as células que sinalizam para o sistema imune a ocorrência de contato com alérgenos (pela ligação dos alérgenos às IgE), promovendo a liberação de mediadores que induzem diretamente o broncoespamo, entre outras ações. 4 GABRIELA 2022.1 MED FIPGBI 5 GABRIELA 2022.1 MED FIPGBI TIPOS: Alergica Não alergica Inicio tardio Limitação fixa do fluxo aereo QUADRO CLINICO Caracteristicamente, os sintomas ocorrem de forma episódica (crises), recorrente e mais intensa durante a noite ou nas primeiras horas do dia. Tosse (seca) Dispneia Dor torácica Sibilância Piora com fatores desencadeantes: frio, poluição, aeroalérgenos e infecção As alterações de exame físico na asma estão diretamente relacionadas com a obstrução ao fluxo aéreo. Assim, com a obstrução sob controle, o exame físico pode ser absolutamente normal. O principal achado de exame físico na obstrução ao fluxo aéreo são os sibilos. Conforme a gravidade da obstrução eles podem ser audíveis somente à expiração forçada, na expiração, ou na inspiração e na expiração (níveis crescentes de gravidade). Em obstruções extremas, os sibilos podem desaparecer em conjunto com a redução do som vesicular (constituindo o “silêncio respiratório”) e com outros sinais de gravidade. Outros achados observados na ocorrência de obstrução ao fluxo aéreo são taquipneia, prolongamento do tempo expiratório e tiragens, estes presentes em formas mais graves e em pacientes com parede torácica mais complacente (ex. crianças). Pacientes com asma grave ou durante crises graves podem apresentar hiperinsuflação pulmonar, cujo exame físico pode evidenciar redução da altura laríngea (distância entre a proeminência laríngea e a fúrcula esternal), redução da expansibilidade, hipersonoridade à percussão e redução do murmúrio vesicular. Por fim, em razão da associação frequente com as doenças atópicas, pode-se encontrar estigmas dessas patologias: rinorreia, polipose nasal, eczema flexural, entre outros. EXAMES: ESPIROMETRIA o método de escolha na determinação da limitação ao fluxo de ar e estabelecimento do diagnóstico de asma. É o principal exame complementar no diagnóstico da asma, sendo que o padrão habitual é a presença de obstrução ao fluxo aéreo e prova broncodilatadora positiva. A obstrução ao fluxo aéreo é caracterizada pela relação VEF1/ CVF menor que 70%, ou, sendo mais rigoroso, abaixo do limite inferior particular (calculado por equações baseadas em sexo, idade e altura). A resposta ao broncodilatador é considerada significativa e indicativa de asma 6 GABRIELA 2022.1 MED FIPGBI quando o VEF1 aumenta pelo menos 200 ml e 12% do valor pré-broncodilatador ou 200 ml de seu valor pré-broncodilatador e 7% do valor previsto. BRONCOPROVOCAÇÃO As medidas de hiper-responsividade refletem a sensibilidade ou a facilidade com que as vias aéreas reagem aos estímulos externos que podem causar sintomas de asma, enquanto os resultados do teste são usualmente expressos como a concentração (ou dose) provocadora do agente broncoconstritor utilizado (metacolina, histamina, carbacol), administrado por via inalatória. Caso não ocorra queda significativa do VEF1 (redução ≥ 20%), mesmo com o uso das doses máximas dessas substâncias, o teste é considerado negativo, ou seja, indicativo de ausência de hiper-reatividade. No protocolo de broncoprovocação induzida por exercício, a demonstração de queda do VEF1 de pelo menos 10 a 15% após também é compatível com teste positivo. Em resumo, a presença de teste de broncoprovocação positivo não confirma necessariamente asma (existem outras causas de HRB, como rinite alérgica e DRGE); se negativo, exclui-se o diagnóstico de asma, uma vez que todo paciente com asma apresenta HRB; PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO Cursa com variabilidade diurna exagerada do PFE > 20%, considerando medidas feitas pela manhã e na parte da tarde, ao longo de um período de duas a três semanas (com exceção da asma intermitente). Também é indicativo de asma o aumento de pelo menos 15% no PFE após inalação de broncodilatador ou curso oral de corticosteroide. Pode ser calculado pela seguinte fórmula: diferença entre a maior e amenor medida do período/maior das medidas x 100; RADIOGRAFIA DE TÓRAX: Apesar de um baixo rendimento diagnóstico no contexto da asma aguda, a radiografia de tórax é essencial para excluir outras condições que podem simular asma e para monitorar complicações associadas. As anormalidades diretamente relacionadas com a crise asmática incluem pneumomediastino, pneumotórax, atelectasia e pneumonia. No asmático em crise sem complicações, os achados à radiografia de tórax podem incluir hiperinsuflação (retificação do diafragma e espaço retroesternal aumentado) e trama brônquica aumentada, as quais são consequências do espessamento das paredes brônquicas pela inflama- ção. Em pacientes asmáticos controlados e no período intercrises, a radiografia pode ser perfeitamente normal. 7 GABRIELA 2022.1 MED FIPGBI
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