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ESTEFAM, Andre - Resenha - O Juri

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DOI: 10.5433/2178-8189.2012v16n2p217
SCIENTIA IURIS, Londrina, v.16, n.2, p.217-219, dez.2012
RESENHAS / REVIEWS
ESTEFAM, André. O novo Júri: Lei n. 11.689/2008. 2. ed. São Paulo:
Damásio de Jesus, 2008.
Luciano Alves Rodrigues dos Santos *
O autor expõe como problemática central o Tribunal do Júri após a reforma
promovida pela Lei n. 11.689/08. Traça, como aportes iniciais, um histórico
panorâmico do instituto, seguido dos princípios constitucionais que o embasam,
dentre os quais cabe destacar: a) a plenitude de defesa, que, segundo aponta, é
muito mais que ampla, pois devem se assegurados todos os meios cabíveis e
legais de promovê-la; b) a sigilosidade das votações, pela qual se dá aos jurados
maior imparcialidade, sendo reclusos a salas secretas, incomunicáveis, de modo
que promovam um voto sob sua íntima convicção; c) a soberania dos veredictos,
pela qual não podem os juízes simplesmente desacatar o que julga e vota o
Conselho de Sentença, conquanto não possua caráter absoluto, já que passará
por dois filtros processuais: um na primeira fase do procedimento, denominado
“absolvição sumária”, e outro após, a qualquer momento, pela “revisão criminal”.
Em seguida, são expostas as regras de competência. Ao tratar do Tribunal
do Júri, o legislador fixou que, como regra, crimes dolosos contra a vida devem
ser por ele tramitados e julgados, seja em âmbito estadual (Tribunal do Júri
Estadual) ou federal (Tribunal do Júri Federal), de acordo, p.ex., com a matéria
prevista no art. 109 da Constituição Federal. Há, contudo, exceções plausíveis,
já que, pelos termos do art. 78, I do Código de Processo Penal, havendo conexão
ou continência entre aqueles crimes e outros, de jurisdição comum, todos serão
lá processados e julgados. Uma última exceção fica por conta dos crimes de
menor potencial ofensivo, aos quais se deve, sob os termos do art. 60, parágrafo
único da Lei n. 9.099/95, oferecer, quando cabível, transação penal e composição
de danos civis.
Ainda no segundo capítulo, o autor esboça que os crimes que possuem
resultado morte, porém de natureza culposa, como é o caso do latrocínio (Código
Penal, art. 157, § 3.º, in fine; Súmula 603 do STF) e do genocídio (Lei n. 2.889/
56), são julgados pelo juiz singular. Ademais, crimes praticados por pessoas que
* Mestre em Direito Negocial pela Universidade Estadual de Londrina (UEL); Especialista em
Ciências Criminais pela Universidade Católica Dom Bosco; Professor do Centro Universitário
Luterano de Ji-Paraná. E-mail: lars.direito@gmail.com
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SCIENTIA IURIS, Londrina, v.16, n.2, p.217-219, dez.2012
RESENHA
possuem prerrogativa de foro devem ser julgados nos Tribunais Superiores,
além dos crimes praticados por militares contra militares.
No terceiro capítulo, o autor demonstra o funcionamento, a organização
e a constituição do Júri. Trata-se de um instituto de natureza heterogênea e
bifásica, vez que composto por um juiz togado e vinte e cinco jurados eleitos e
leigos e divide-se em duas grandes fases: i) judicium accusationis ou juízo de
formação da culpa (ou, ainda, sumário da culpa), na qual são colhidos os indícios
de autoria e a materialidade do delito; ii) judicium causae ou juízo da causa, na
qual são eleitos os jurados, determinam-se novas oitivas e dá-se o julgamento
final em plenário.
Na primeira fase, que se inicia pelo recebimento da denúncia ou queixa-
crime subsidiária, depois de terminado o inquérito policial, quando existente,
serão coletadas todas as provas, depois de oferecida a resposta à acusação,
por meio de oitivas e documentos, além de audiência de instrução e debates. É,
ainda, nesta fase que incide o instituto da mutatio libelli, sob os termos do art.
384 do Código de Processo Penal. Ao seu êxodo, deve o juiz manifestar-se sob
quatro grandes pilares: i) pronuncia o acusado (CPP, art. 413), convencendo-se
da materialidade e da existência de indícios de autoria; ii) impronuncia, quando
as provas não forem suficientes para que se veja pronunciado o acusado; iii)
absolve-o sumariamente, sob os termos do art. 415 do Código de Processo
Penal; iv) ou, ainda, promove a desclassificação para rito de competência do
juízo singular (CPP, art. 419).
Na segunda fase, que se inicia após a preclusão da decisão de pronúncia,
será feito o sorteio dos vinte e cinco jurados (art. 422 e seguintes do Código de
Processo Penal). Consiste na denominada “fase preparatória”, que, para uns,
como Guilherme de Souza Nucci, constitui uma etapa nova, diversa das demais.
O juiz fará o saneamento do processo, determinando, quando necessários, o
desaforamento (CPP, arts. 427 e 428) e a admissão de documentos e diligências
pedidas pelas partes. Em seguida, organiza a ordem de julgamentos ou pauta,
sob os termos do art. 429 do CPP. Em plenário, dá-se início à sessão de julgamento,
momento em que serão sorteados, dentre o limite mínimo de quinze jurados
presentes, número igual a sete para se formar o Conselho de Sentença. Neste
momento podem, a defesa e o Ministério Público, recusar, peremptoriamente,
três pessoas, e, motivadamente, o número que acharem necessário e legal. No
mesmo ínterim, um novo saneamento deve ser feito pelo juiz-presidente, para
que sejam verificadas possíveis ausências (testemunhas, jurados, partes etc.).
A instrução em plenário tem início pela oitiva do ofendido, quando vivo,
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RESENHA
Como citar:ESTEFAM, André. (2008). O novo Júri: Lei n. 11.689/2008. Scientia Iuris,
Londrina, v.16, n.2, p. 217, dez. 2012. DOI: 10.5433/2178-8189.2012v16n2p217. SANTOS,
Luciano Alves Rodrigues dos.
das testemunhas (acusação e defesa), sob o sistema cross examination
(perguntas diretas), com exceção dos jurados, peritos e demais assistentes,
interrogatório do acusado, quando presente, estando solto, debates orais, e, por
fim, o julgamento, à sala secreta (não existindo, todos devem se retirar do local).
O juiz, sob os termos do art. 483 do CPP, formulará os quesitos aos sete jurados
para que votem.
De volta ao plenário, o juiz proferirá a sentença, condenando o acusado,
absolvendo-o própria ou impropriamente, ou, ainda, promovendo a
desclassificação para o juízo singular. Todo o procedimento é registrado em
ata.
O autor, no capítulo quarto, disciplina os recursos cabíveis às decisões
proferidas em âmbito do Júri: a) não cabe recurso do recebimento da denúncia,
mas sim da sua rejeição (CPP, art. 581, I); b) cabe à pronúncia Recurso em
Sentido Estrito (CPP, art. IV); c) à impronúncia e absolvição sumária cabe
apelação (CPP, art. 416); d) à desclassificação cabe, também, Recurso em
Sentido Estrito (CPP, art. II); e) à sentença proferida cabe apelação (CPP, art.
593) e embargos de declaração (CPP, art. 382).
Ao final, como conclusão da obra, o autor traz todo o resumo do
procedimento, e, anexas, as alterações promovidas pela Lei n. 11.689/2008.
Recebido em: 2012-12-04
Aprovado para publicação em: 2012-12-05

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