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METOLOGIA E PRATICAS DE GEOGRAFIA

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METODOLOGIA E 
PRÁTICAS DE 
GEOGRAFIA
PROF. ME. REGINALDO PEIXOTO
INTRODUÇÃO
A Geografia, enquanto área de conhecimento escolar, é
uma disciplina bastante nova, que foi se desenvolvendo,
juntamente com o desenvolvimento dos grupos sociais,
desde a Pré-história. Por isso, em cada época ela foi
sendo aprofundada e ressignificada, de modo que na
atualidade compreende fatores naturais e as relações
que os seres humanos possuem com tais fatores.
Em detrimento do caráter específico da Geografia,
assim como da importância que essa área teve e
continua tendo ao longo da nossa história, seu
ensino se torna primordial, uma vez que, além de
contribuir para o reconhecimento dos alunos
enquanto sujeitos históricos, contribui também para
o reconhecimento dos espaços geográficos, para
organização da vida na Terra, para as relações entre
os seres humanos e os recursos naturais.
Na busca de melhores compreensões acerca da
Geografia e seu efetivo ensino, convido vocês a
viajarem no tempo, conhecer um pouco mais dessa
área e aprender esse tema, que será amplamente
importante para a prática pedagógica nos diversos
ciclos da educação básica.
METODOLOGIA E 
PRÁTICAS DE 
GEOGRAFIA
PROF. ME. REGINALDO PEIXOTO
UNIDADE 1
A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA E DISCIPLINA 
ESCOLAR
PARTE 1
O currículo escolar da educação básica é constituído
de vários componentes necessários para a
aprendizagem e desenvolvimento dos educandos. A
geografia, enquanto área do currículo e disciplina
escolar, se alinha às demais, a fim de aprimorar os
conhecimentos que a criança e o jovem já possui
acerca dos espaços onde vivem.
A Geografia está presente na nossa história, desde
o tempo que se tem notícias do ser humano na
Terra. Por isso mesmo, o ensino e a aprendizagem
da dela, enquanto ciência, são tão importantes
para o reconhecimento do desenvolvimento
humano, os diferentes modos de sobreviver, os
lugares, as mudanças climatológicas, etc.
Diferença entre o saber geográfico e a ciência 
geográfica
Conhecimento geográfico é aquele acumulado
pelas experiências humanas, enquanto a ciência
geográfica é a sistematização do saber, aquele
institucionalizado e estudado na academia.
Dessa forma, é possível afirmar que o saber
geográfico não precisa, necessariamente, ser
constituído enquanto ciência, visto que enquanto
área de conhecimento e ciência, somente foi
instituído a partir do século XIX. Os registros
realizados ao longo dos tempos nos dão
materiais de pesquisa, os quais possibilitam
construir as trajetórias sociais e ambientais.
Ao conhecer o espaço natural, aos poucos, as
sociedades foram adequando seus modos de vidas
de acordo com os ciclos da natureza, como a
exemplo dos povos mesopotâmicos e egípcios, que
ainda na antiguidade, já desenvolviam estudos sobre
a irrigação na agricultura.
Os Rios Nilo, Tigre e Eufrates 
tiveram fundamental importância 
no desenvolvimento tanto regional 
como social. Devido aos períodos de 
cheias, houve também o estudo da 
geometria, pois as águas traziam a 
fertilidade aos solos, os quais eram 
demarcados para o plantio.
Os cursos dos rios também eram utilizados para
as navegações e tornavam as cidades em eixos
comerciais, dando então início à dominação de
outros povos e regiões, a exemplo do Brasil,
descoberto dor portugueses em 1500, em pleno
desenvolvimento do mercado europeu, ocorrido
muito tempo posterior.
As dinâmicas sociais, ao mesmo tempo em que
estabelecem algumas tendências, também são
passíveis de diferenças. Assim, muitos momentos
podem tanto possuir aproximações, como
distanciamentos, a exemplo dos modos de vida,
das organizações sociais e da religião, se
comparadas às sociedades antigas como a dos
egípcios, gregos e romanos e outras da Idade
Média.
Em decorrência da Idade Média, os estudos
Geográficos deixaram, mas voltaram a se desenvolver
a partir do século XVI, com o final da chamada Idade
das Trevas.
Além de um reposicionamento social, houve grande
desenvolvimento das ciências e, no caso da
Geografia, sua expansão se deu devido ao fato de
muitos viajantes passarem a descrever, com riqueza
de detalhes, os espaços por onde andavam.
Devido aos avanços no campo da Geografia,
surgiram na Alemanha no século XIX os
primeiros institutos e cátedras dedicadas e
ela, de lá vieram as primeiras propostas
metodológicas e formaram as primeiras
correntes do pensamento geográfico. Foi a
partir desse contexto que a disciplina de
Geografia foi incluída nos currículos
escolares.
METODOLOGIA E 
PRÁTICAS DE 
GEOGRAFIA
PROF. ME. REGINALDO PEIXOTO
UNIDADE 1
A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA E DISCIPLINA 
ESCOLAR
PARTE 2
O ensino de Geografia, enquanto disciplina
escolar, durante muito tempo conviveu com o
ensino tradicional e tinha em seu princípio, a
função de ensinar conteúdos, sem a preocupação
com o desenvolvimento do raciocínio lógico dos
estudantes.
O ensino do século XIX e de grande parte do século
XX que, salvo raras exceções, tinha como
preocupação básica “ensinar conteúdos” ou
conhecimentos, sem se importar com o
desenvolvimento do raciocínio, da criatividade ou
do espirito crítico dos alunos, sem levar em conta a
importância ou a utilidade da prática (para a vida)
desses conhecimentos.
No ensino, essa Geografia se traduziu (e muitas
vezes ainda se traduz) pelo estudo descritivo das
paisagens naturais e humanizadas. Tais
procedimentos didáticos adotados promoviam
principalmente a descrição e a memorização dos
elementos que compunham as paisagens como
dimensão observável do território e do lugar.
O ensino de Geografia, enquanto componente
curricular oficial, foi implantado no Brasil no ano de
1837, embora nas escolas de primeiras letras, essas
ideias já apareciam de forma indireta. Assim, a
inserção da geografia enquanto componente
escolar decorre de um período em que a educação
brasileira ainda dava os seus primeiros passos
rumos ao desenvolvimento.
As escolas modelos do Rio de Janeiro, já quase no
final do Império, possuíam boa estrutura física,
mas eram carentes de métodos, de laboratórios e
de materiais pedagógicos. As aulas Geografia se
resumiam em assuntos como as regiões, as terras
e as águas, “os nomes de rios nomes de todos os
países, mares, golfos, estreitos, etc., ou seja, um
formato tradicional.
O foco do ensino de Geografia se pautava na
descrição do espaço, na formação e
fortalecimento do nacionalismo, para a
consolidação do Estado Nacional brasileiro,
principalmente nos períodos de governos
autoritários. O ensino tradicional permaneceu
durante grande parte do século XX, pelo menos
até o final da década de 1970 e início dos anos de
1980.
Tal ensino só se modificou, quando a Lei 5692/1971
entrou em declínio, época na qual o ensino
brasileiro foi reformado, tendo o Congresso
Nacional aprovado a LDBEN 9394/1996 que
democratizou a educação nacional como sendo
para todos. Assim, em detrimento da Reforma,
foram estabelecidas novas estruturas e diretrizes
de ensino em prol de melhor qualidade.
Ainda que o ensino pós LDBEN 9394/96 venha
sendo reorganizado por meio de uma série de
medidas legais, no campo da Geografia, por
trabalhar muitos temas relacionados às vivências
sociais, precisa ser revisto de tempo em tempo,
uma vez que as mudanças nos modos de vidas, os
fatores econômicos e tantos outros, influenciam os
aspectos regionais, naturais, etc.
Por isso, defendemos que as vivências dos
alunos sejam consideradas como o ponto de
partida para a prática pedagógica. Isso
requer valorizar as diferentes identidades e
os diferentes espaços, de modo a refletir
sobre as relações que os seres humanos
possuem com o meio, sejam elas
harmoniosas, ou não.

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