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Tratamento Cirúrgico do Câncer de Esôfago Introdução - É a quarta causa de morte no Brasil entre homens e a sétima em mulheres - A proporção é de 3 homens: 1 mulher - Acontece mais frequentemente após os 40 anos (variando entre 50 a 70) Características - Tumores benignos incluem pólipos fibrovasculares, leiomiomas, papilomas, lipomas, neurofibromas e tumores de células granulosas, no entanto, são incomuns - Apesar disso, quando volumosos, os tumores benignos podem causar disfagia ou dor torácica por obstrução ou distensão - Os tipos mais comuns de tumores no esôfago são o carcinoma e adenocarcinoma (outras malignidades, como leiomiossarcoma, melanoma, linfoma e plasmocitoma são raras) - Comumente, os tumores que fazem metástase no esôfago têm origem na mama, pulmão ou na pele (melanoma) Carcinogênese - A mutação do gene p53 tem sido reconhecida como fator preponderante para o surgimento dos tumores esofágicos, tanto nos carcinomas espinocelulares como nos adenocarcinomas - O HPV (subtipos 16 e 18) tem sido apontados como responsáveis pelo aumento no número de CECs, enquanto o H pylori está relacionado aos adenocarcinomas Fatores de Risco - A predisposição hereditária é desconhecida, sendo mais associado aos riscos ambientais - Fumo e álcool são os principais fatores de risco para CEC, além de charutos e cachimbos - Alimentos ricos em n-nitrosos, bebida e alimentos em altas temperaturas (ex: chimarrão) também são relatados como fatores de risco - Pacientes com acalasia têm 16 vezes mais chance de desenvolver CEC durante os primeiros 24 anos do diagnóstico - Lesões cáusticas também têm incidência de malignização - Já para o adenocarcinoma, acredita-se que a sequência obesidade ➡ DRGE ➡ metaplasia de Barrett ➡ adenocarcinoma seja responsável pela incidência deste tipo de tumor - Outros fatores importantes são: divertículos esofágicos, anéis e acalásia (que promovem estase e lesão da mucosa), síndrome de Plummer Vinson (ou Paterson- Brown-Kelly, formada pela tríade anemia crônica, disfagia e crescimentos tumorais em esôfago) - OBS: • A tilose palmo-plantar é uma doença autossômica dominante rara caracterizada por ceratoderma palmo plantar, que geralmente se apresenta aos 10 anos, e 90% dos pacientes desenvolve CA esofágico aos 20 anos Diagnóstico - A maioria dos pacientes têm o diagnóstico quando a doença já é avançada! - Diagnóstico Clínico: • Sintomas iniciais não são específicos e são muito sutis • A história do paciente é sempre longa (10- 20 anos), no início é insidioso, porém após o aparecimento dos primeiros sintomas a evolução passa a ser rápida • 90% apresentam disfagia para alimentos sólidos, com duração de semanas a meses • Odinofagia pode estar presente • Perda ponderal significativa é comum • Pode haver invasão local para traqueia, formando fístula traqueoesofágica, caracterizada por tosse ao ingerir alimentos ou pneumonia • Dores em tórax e coluna podem sugerir metástase mediastinal • Rouquidão está presente quando há acometimento do nervo laríngeo recorrente - Exames Complementares: • Esofagograma baritado: • É um dos primeiros exames solicitados para a avaliação da disfagia • A presença de lesões consideradas benignas ou malignas como obstrução, pólipos ou lesões ulceradas são sugestivos de carcinoma e requerem avaliação endoscópica • Biópsia: • É o exame diagnóstico definitivo • Tomografia computadorizada: • Após estabelecido o diagnóstico pode-se usar outros exames como TC, para avaliar a extensão tumoral, localização e infiltração e presença de metástases • PET-TC: • Permite realizar estadiamento, avaliação da resposta ao tratamento e planejamento terapêutico • Detecta metástases com sensibilidade de 70% e especificidade de 90% • US endoscópico: • Permite o estudo de todas as camadas do esôfago e o tamanho da infiltração tumoral, linfonodomegalias suspeitas e PAAF destas. • Broncoscopia: • Pode ser necessária para avaliar se há acometimento da árvore traquebrônquica, principalmente quando o tumor está acima da carina • Toracoscopia e laparoscopia: • Podem detectar linfonodos <1cm e para excluir carcinomatose peritoneal Estadiamento - T —> Tamanho do Tumor: • Tx: • Não acessível • T0: • Sem sinais de tumor primário • Tis (in situ): • Carcinoma in situ (displasia de alto grau; não penetrou além da membrana basal) • Isso é importante, pois a membrana basal é o ponto de divisão entre tumor de alto e baixo grau • É o grau mais próximo da cura • Tratamento radical curativo • T1: • Tumor restrito a lâmina própria ou submucosa • É uma invasão local e regional, sendo passível de retirada • Não apresenta queixa • Tratamento radical curativo • T2: • Tumor restrito à muscular própria. • Tratamento radical paliativo • T3: • Tumor invade a adventícia (tecido periesofágico) • Tratamento radical paliativo • T4: • Tumor invade tecidos adjacentes (principalmente na árvore brônquica) • Tratamento paliativo - N —> Linfonodos: • Nx: • Linfonodos regionais não podem ser avaliados • N0: • Sem comprometimento • Tratamento radical curativo • N1: • Metástase para gânglios linfáticosregionais • Tratamento radical paliativo - M —> Metástases: • Mx: metástase não pode ser avaliada • M0: ausência de metástase • M1: com metástase - Sobrevida: Tratamento Endoscópico - Pode ser indicado em tumores bem diferenciados, sem comprometimento da muscular da mucosa (Tis e T1a) e que acomete <50% da circunferência do órgão - Pode ser realizado mucosectomia caso seja <1,5cm ou dissecando submucosa, caso tenha entre 1,5 a 3cm Tratamento Radical Curativo - O tratamento consiste em ressecção do tumor, dos linfonodos regionais e na reconstrução do trânsito esofagogástrico - Opções: • Esofagectomia subtotal (indicado em lesão de esôfago distal) • Esofagectomia total (indicado em lesão de esôfago alto) - Vísceras utilizadas para a reconstituição: estômago, cólon e jejuno. - A esofagectomia apresenta altos índices de morbidade que variam de 25 a 75%. - A drenagem linfática do esôfago é extensa, tanto dentro da parede esofágica quanto nos tecidos mediastinais circunjacentes. Como resultado, a disseminação longitudinal do carcinoma esofágico pode ser extensa e os tumores serem multicêntricos - Princípios da Esofagectomia Radical: • Linfadenectomia: • A linfadenectomia deve ser: Cervical, periesofágica, mediastínica e abdominal. • É difícil tecnicamente (A região em que se retira, possui muitas estruturas nobres, como o nervo laríngeo recorrente) • Acesso via toracotomia • Um tumor na cárdia tem maior probabilidade de invadir estômago. Já um tumor na porção superior (acima da carina) tem menor invasão tumoral no esôfago • O organismo não suporta duas toracotomias e, por isso é realizado apenas a linfadenectomia de uma lado • Extensão da ressecção: • Termos: • Esofagectomia em 3 campos: cervicotomia + toracotomia + laparotomia (70% complicações) • Esofagectomia em 2 campos: cervicotomia + laparotomia • A retirada do esôfago via abdominal, pelo mediastino posterior, está indicada para todos tumores, principalmente nos estádios iniciais • Técnicas: • Esofagectomia transtorácica: • Laparotomia mediana para mobilização do estômago • Toracotomia direita para as lesões proximais ou esquerda para lesões distais • Esofagectomia em bloco: • Envolve a ressecção completa do esôfago com uma dissecção ganglionar de dois (tórax e abdome) ou três (tórax, abdome e pescoço) campos através de laparotomia mediana, toracotomia direita e incisão cervical para a anastomose proximal do tubo gástrico no esôfago cervical remanescente • Esofogectomia transmediastinal sem toracotomia: • Requer incisão cervical para mobilizar o esôfago e realizar a anastomose proximal e, então, uma laparotomia mediana para mobilizar o esôfago e o estômago. Tratamento Paliativo - O câncer de esôfago não dói.Assim, quando o paciente apresenta sintomatologia é porque já está avançado e geralmente é percebido pela dificuldade de deglutição - Dói apenas quando invade pleura ou é metástase à distância - O tratamento paliativo objetiva o retorno da deglutição - O tratamento cirúrgico paliativo está indicado para doentes cujo estadiamento demonstra metástasese/ou invasão de estruturas nobres, ou pacientes cujas condições clinicas não permitem operações de grande porte, como a esofagectomia. - Nutrição pode ser pela ostomia: aumenta o tempo de vida, mas não a qualidade. É o último recurso - O problema do CA avançado é que quando acomete outros órgãos adjacentes, não tem como retirá-los. Tão pouco a retirada dos linfonodos porque a cirurgia é de grande porte e não traz alteração significativa. - Próteses: • Prótese de Malafaia: • Método de tração. São pré-moldadas, faz tunelização esofágica. • Utiliza uma haste para dilatação progressiva. Para isso, é feita uma pequena gastrostomia, por onde vai passar a haste até sair pela boca. Troca-se, então, de olivas para dilatar cada vez mais (repete 5 vezes). Depois disso, é introduzida a prótese. • Complicações: • Pós operatório imediato: Pneumopatias, perfuração esofágica, migração da prótese, hemorragia digestiva, compressão aérea • Pós operatório tardio: Pneumopatias, migração prótese, hemorragia digestiva, obstrução • Próteses auto-expansíveis: • Método de propulsão • Mecanismo do stent, através de procedimento endoscópico • Não é coberto por nenhum plano de saúde. • Complicações: • PO inicial: Migração do tubo, sangramento • PO tardia: Migração do tubo, crescimento do tumor através do stent, impactação alimentar. - Radioterapia e Quimioterapia: • Tanto a radio como a quimio no pré ou pós-operatório não aumentam a sobrevida ou o tempo livre de doença • Ambos têm efeitos de toxidade sobre o organismo • Sobrevida de 5 anos, conforme estádios: • I (50% a 94%) • II (15% a 65%) • III (6% a 23%) • IV (< 5%), apesar de alguns relatos de sobrevida em estádio IV de até 27% - Tratamento Conforme o Estadio: • Estadio 0 e 1 (Tis e T1a): • Ressecção endoscópica • Estadio I (>T1a): • Em esôfago superior —> quimiorradioterapia exclusiva • Em esôfago medio e distal —> tratamento cirúrgico baseado na localização • Estadios I a IIIc (T1b-T4a e N0/N+): • Em esôfago superior —> quimiorradioterapia exclusiva • Em esôfago medio e distal —> quimiorradioterapia neoadjuvante seguido de ressecção cirúrgica • Estadios IV (≥T4): • Quimioterapia sistêmica com base de Cisplatina
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