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TUMORES TESTICULARES ANATOMIA TESTICULAR - O testículo tem seis camadas na bolsa escrotal: 1) Pele 2) Camada dartos: contínua com a fáscia superficial do abdomen e a fáscia perineal superficial. 3) Túnica espermática externa: derivada do m. oblíquo externo. 4) Túnica cremastérica: derivada do m. oblíquo interno. É o músculo que eleva o testículo quando contrai. 5) Túnica espermática interna: derivada do m. transverso. 6) Túnica vaginalis: derivada do peritônio. O tratamento da hidrocele envolve o esvaziamento e inversão da vaginalis. - Irrigação testicular: feita por 3 artérias. - Artéria testicular ou espermática interna. - Artéria deferencial (ramo da vesical). - Artérias espermática externa ou cremastérica (ramo da epigástrica). - Obs: a cirurgia de criptoquirdia às vezes requer o sacríficio de 2 desses ramos para a descida do testículo. Geralmente sobra apenas a deferencial. - Testículo: - Dividido em 300 lóbulos por septos fibrosos. - Cada lóbulo tem alças de túbulos seminíferos. - As alças terminam na rede testis. - Dentro de cada lóbulo: - Compartimento intratubular: relacionada com a parte seminífera (epitélio) e contém as células de Sertoli e as células da espermatogênese. - Compartimento peritubular ou intersticial: composto por células do t. conjuntivo e as células de Leydig. FISIOLOGIA TESTICULAR - Principais funções: - Esteroidogênese. - Espermatogênese. - Desenvolvimento de caracteres sexuais secundários. - Libido. - Principais tipos celulares: c. de Sertoli; c. de Leydig; c. mióides; c. germinativas. - Fase pré-puberal: fase em que os semíniferos ainda estão obliterados (sem luz) e são chamados de cordões seminíferos. Contém apenas c. de Sertoli e espermatogônias. - Fase pós-puberal: com o início da produção de testosterona, inicia o processo de espermatogênese e os cordões se tornam túbulos seminíferos (com luz). - Embriologia testicular: na 24ª semana os testículos são intrabdominais, e iniciam o processo de descida que finaliza na 32ª semana. - Células de Sertoli: - Produzem o fluido para manutenção e movimentação do espermatozoide. - Promovem suporte estrutural ao epitélio seminífero e produzem a barreira hemato-testicular. - Expressam receptores androgênicos. - Expressam a aromatase: converte testosterona em estradiol. - Função fagocítica. - Função endócrina: produzem fator antimulleriano e inibina (regula retronegativamente o FSH). - Células de Leydig: produzem testosterona que atua estimulando a transformação do ducto mesonéfrico e também atua no hipotálamo. - Barreira hematotesticular: - Divide o epitélio seminífero em camadas basal e apical. - Permite que as c. de Sertoli controlem o aporte de nutrientes para as células germinativas e cria um ambiente seguro para a espermatogênese. - Espermatogênese: - Fases: - Proliferativa ou mitótica. - Meiótica. - Espermiogênese. - Dura até 64 dias. Por isso que a avaliação de infertilidade deve incluir pelo menos 2 espermogramas. - Trânsito do espermatozóide dura 2-6 dias no trato genital, e o tempo de vida após a ejaculação é de 48-72h. - Líquido seminal: - Volume seminal normal de 3-3,5mL. - Produção do líquido: - 65% das vesículas seminais: frutose (metabolismo energético, motilidade), prostaglandinas (contração muscular e mudanças no muco cervical), proteínas coagulantes. - 30% da próstata: produz vários nutrientes importantes ao espermatozoide: zinco, citrato, poliaminas, etc. Produz o PSA, proteasa usada para liquefação do líquido. - 5% das glândulas bulbo-uretrais, que forma o primeiro ejaculado. - Liquefação do esperma dura 15-30min. Se > 60min indica alterações da próstata. Paciente geralmente irá se queixar de esperma coagulado, e geralmente ocorre por prostatites. EPIDEMIOLOGIA - Corresponde a 1-2% de todos os Cas em homens, sendo a incidência maior em jovens entre 15-50 anos. - Tumor com baixo índice de mortalidade. FATORES DE RISCO - Histórico familiar de CA de testículo em parente de 1º grau. - Lesões e traumas na bolsa escrotal. - Criptoquirdia (principal fator de risco) e testículos atróficos. - Sd. de Klinelfelter. - Antecedente de tumor testicular contralateral. - Neoplasia intraepitelial testicular. - Infertilidade. - Raça branca. - Uso de estrógeno. CLASSIFICAÇÃO - Tumores testiculares primários: - 5-10% de células não germinativas. - 90-95% de células germinativas. - Tipo mais frequente por faixa etária: - Crianças: tumores de saco vitelino e teratomas. - Adolescentes: carcinoma embrionário. - Idosos: linfoma. TUMORES GERMINATIVOS - Seminomatosos: tumores de células germinativas primordiais (gonócitos iniciais). Subtipos: - Clássico (85%): não produz marcadores tumorais. - Anaplásico (5-10%). - Espermatocítico (5-10%). - Não-seminomatosos: - Células indiferenciadas: carcinoma embrionário. - Células diferenciadas. TUMORES NÃO GERMINATIVOS - Tumores mistos. - Tumores do cordão sexual e do estroma: - TU de c. de Leydig. - TU de c. de Sertoli. - Sarcomas. - Linfomas. - Tumores variados. - Tumores paratesticulares: mesoteliomas. PATOLOGIA - Seminomas: - Tipo mais comum (50%), com pico na 4ª década de vida. - Produzem grandes massas testiculares, 10x maior que dos testículos normais. Lembrar que qualquer massa palpável paratesticular dificilmente é maligna! As neoplasias agressivas costumam ser menores e com focos de hemorragia. - Comum associada com hidrocele: lembrar de sempre pedir USG para avaliar presença de TU em casos de hidrocele. - Carcinoma embrionário: - Comum dos 20 aos 30 anos. - Mais agressivos e menores (50%). Possuem focos de sangramento e necrose. - Tumores de saco vitelino (Yolk Sac): - Carcinoma embrionário mais comum em crianças até 3 anos. - Bom prognóstico. - Tumores de aspecto mucinoso, não homogêneos e não encapsulados. - Produtores de alfa fetoproteína (AFP), um marcador tumoral que pode ser pedido em caso de massa testicular em criança. - Teratomas: - Tumores complexos: camadas de células germinativas em vários estágios de maturação e diferenciação. - Macroscopicamente heterogêneos e lobulados. - Coriocarcinomas: - Extremamente agressivo, pequeno. - Se propagam por via hematogênica. - Tumores de células mistas: frequentes. - Associação de tipos de tumores, o mais frequente é o teratocarcinoma. - Prognóstico ruim. - Carcinoma in situ: - Compromete testículos contralaterais. - Associada com atrofia testicular. - Alta incidência. DIAGNÓSTICO - Clínica: - Aumento de volume testicular (50%). - Dor local (30%). - Nódulo testicular (30%). - Hidrocele (10%). - Dor lombar/abdominal. - Antecedente de trauma escrotal. - Massa abdominal. - Gânglios supraclaviculares ou inguinais palpáveis. - Ginecomastia. - Marcadores tumorais: - Oncofetais: AFP, BHCG. - Enzimas: DHL, fosfatase alcalina placentária. - Obs: lembrar que seminomas e teratomas não têm marcadores tumorais! Se tiverem, se trata de um tumor misto. - Tumores pequenos subclínicos podem apresentar marcadores. Por outro lado, a não elevação não exclui neoplasia. - Alterações do BHCG podem ocorrer por reação cruzada com LH ou uso de maconha. Também aumenta no CA primário gástrico. - Resultados falso-positivos para AFP pode ser encontrados em hepatopatias. - DHL não é indicador sensível ou específico de recorrência, sendo mais util no acompanhamento pós-tratamento. - Embrionários: - BHCG elevado: coriocarcinoma, carcinoma embrionário. - AFP elevada: tumor de saco vitelino (Yolk sac). - Imagem: - Lesão primária: USG. - Lesões secundárias: Rx/TC de tórax; TC abdominal; cintilo óssea; RNM; Bx de nódulo supraclavicular; PET scan. - Dx diferencial: - Orquiepididimite. - Orquite. - Hidrocele. - Torção de testículo. - Tuberculose. - Hérnia encarcerada. ESTADIAMENTO - Pesquisar avaliação de massas testiculares, e servem para estadiar os tumores de células germinativas e a carga tumoral. - Permitem seguimento de resposta ao tratamento. - Avaliar lesão primária: - Linfonodos presentes. - Metástasesà distância. - Marcadores. - Estágios: - I: apenas testículo. - II: linfonodos retroperitoneais. - III: doença acima do diafragma ou em outros órgãos. - Estadiamento TNM. TRATAMENTO - Tratar inicialmente a lesão primária. - Em massas testiculares jamais fazer biópsia transicional, pois isso muda a via de drenagem da bolsa escrotal. A anatomopatológico deve ser feito após a orquiectomia inguinal. - Abre-se a região inguinal, clampeia-se o cordão espermático e puxa-se por manipulação o testículo. Faz-se a excisão longe do saco escrotal, que não é manipulado. - Arsenal terapêutico: - Ressecção cirúrgica. - QT: bleomicina + etoposide + cisplatina. - RT abdominal. - Linfadenectomia retroperitoneal. - Tratamento do estágio I pós-orquiectomia: - Seminomas: - < 4cm e baixo risco: vigilância. - > 4cm e alto risco (invasão da rede testis): RT, QT (se recidiva pós-RT). - Obs: lembrar que os seminomas são radiossensíveis, ao contrário dos não seminomas, nos quais a RT não é uma opção. - Não-seminomas: - Baixo risco: vigilância. - Alto risco: linfadenectomia + QT. - Sinais de alto risco para tumores não-seminomas: - Invasão da albugínea, epidídimo ou cordão espermático. - Invasão linfovascular. - Carcinoma embrionário puro ou presença de CEA > 40%. - Marcadores séricos inicias > 500. - Tratamento do estágio II e III: - Seminomas: - Massa < 5cm: RT ou QT se alto risco. - Massa > 5cm: QT. - Não-seminomas: - Massa < 5cm: linfadenectomia + QT. - Massa > 5cm: QT. - Fazer PET scan para avaliar presença de massas residuais pós-tratamento em tumores não seminomatosos. - Em geral são tumores quimio-resistentes, por isso é importante tentar garantir a remoção completa. TUMORES DE CÉLULAS NÃO GERMINATIVAS - TU de células de Leydig: - Raros, e malignidade de 10%. - Suspeitar quando há manifestações endócrinas: virilização em crianças (pseudopuberdade), ginecomastia e aumento do estradiol em adultos. - Dx: USG ou RNM. - Tratamento: orquiectomia radical, RT. - Estadiamento semelhante aos germinativos. - TU de células de Sertolli: - Pensar em caso de virilização em crianças e ginecomastia em adultos. - Tratamento igual ao de Leydig. - Doença sistêmica responsiva à QT. - Tumor secundário de testículo: - 5% das neoplasias testiculares. - Pensar em linfoma, leucemia e tumores metastáticos.
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