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Apg 17 – Tireoide 1- Compreender a morfofisiologia da tireoide; 2- Entender a embriologia da tireoide. Anatomia A glândula tireoide é uma glândula endócrina bilobada, localizada na região anterior do pescoço, que consiste em dois grandes lobos laterais conectados por um istmo, uma fina faixa de tecido tireoidiano. Os dois lobos, medindo, cada um deles, aproximadamente 5 cm de comprimento, 2,5 cm de largura e 20 a 30 g de peso, estão situados em cada lado da laringe e parte superior da traqueia. O istmo cruza a superfície anterior da segunda e terceira cartilagens traqueais. Com frequência, um lobo piramidal estende-se superiormente a partir do istmo. A glândula é circundada por uma cápsula fina de tecido conjuntivo. A cápsula envia trabéculas para dentro do parênquima, que contornam parcialmente os lobos e lóbulos irregulares. Os folículos da tireoide constituem as unidades funcionais da glândula. O folículo tireoidiano constitui a unidade estrutural e funcional da glândula tireoide. E é um compartimento aproximadamente esférico, semelhante a um cisto, com uma parede formada por epitélio simples cuboide ou colunar baixo, o epitélio folicular. Centenas de milhares de folículos, cujo diâmetro varia de cerca de 0,2 a 1,0 mm, constituem quase toda a massa da glândula tireoide humana. Os folículos contêm massa gelatinosa, denominada coloide. As superfícies apicais das células foliculares estão em contato com o coloide, enquanto as superfícies basais repousam sobre uma lâmina basal típica. Histologia O parênquima da glândula tireoide é composto de epitélio contendo dois tipos de células: As células foliculares (células principais) são responsáveis pela produção dos hormônios tireoidianos T4 e T3. Essas células variam quanto ao formato e tamanho, de acordo como o estado funcional da glândula. Em preparações de rotina coradas pela hematoxilina e eosina (H&E), as células foliculares exibem um citoplasma basal ligeiramente basófilo com núcleos esféricos que contêm um ou mais nucléolos proeminentes. O complexo de Golgi exibe uma posição supranuclear. Podem ser identificadas gotículas de lipídios e gotículas PASpositivas com coloração apropriada. Em nível ultraestrutural, as células foliculares revelam organelas comumente associadas a células tanto secretoras quanto absortivas, incluindo complexos juncionais típicos na extremidade apical da célula e microvilosidades curtas na superfície apical. Na região basal, observa-se a existência de numerosos perfis de retículo endoplasmático rugoso (RER). Pequenas vesículas presentes no citoplasma apical são morfologicamente semelhantes às vesículas associadas ao complexo de Golgi. No citoplasma apical, observase também a existência de quantidades abundantes de vesículas endocitóticas, identificadas como gotículas de reabsorção coloidal, e lisossomos. As células parafoliculares (células C) estão localizadas na periferia do epitélio folicular e situam-se dentro da lâmina basal dos folículos. Essas células não estão expostas ao lúmen do folículo. Secretam calcitonina, um hormônio que regula o metabolismo do cálcio. Em preparações de rotina coradas pela H&E, as células C apresentam coloração pálida e ocorrem como células solitárias ou pequenos agrupamentos de células. É difícil identificar as células parafoliculares humanas à microscopia óptica. Ao microscópio eletrônico, as células parafoliculares revelam numerosas vesículas secretoras pequenas, cujo diâmetro varia de 60 a 550 nm, e um complexo de Golgi proeminente. Uma extensa rede de capilares fenestrados, derivados das artérias tireóideas superior e inferior, circunda os folículos. Observase a existência de capilares linfáticos de extremidade cega no tecido conjuntivo interfolicular, que também podem proporcionar uma segunda via para o transporte dos hormônios a partir da glândula. Hormônios: A glândula tireoide produz três hormônios, que são essenciais para o metabolismo normal e a homeostasia: A tiroxina (3,3′,5,5′tetraiodotironina, T4) e a 3,3′,5triiodotironina (T3) são sintetizadas e secretadas pelas células foliculares. Ambos os hormônios regulam o metabolismo basal celular e tecidual e a produção de calor e influenciam o crescimento e o desenvolvimento do corpo. A secreção desses hormônios é regulada pelo TSH liberado da adenohipófise A calcitonina (tireocalcitonina) é sintetizada pelas células parafoliculares (células C) e atua como antagonista fisiológico do paratormônio. A calcitonina desempenha importante papel na regulação dos níveis séricos de cálcio nos animais inferiores; no entanto o seu papel fisiológico nos humanos ainda não foi inteiramente definido. A calcitonina reduz os níveis sanguíneos de cálcio ao suprimir a ação reabsortiva dos osteoclastos. Adicionalmente, promove o depósito de cálcio no osso, aumentando a taxa de calcificação do osteoide. A 1. 2. secreção de calcitonina é diretamente regulada pelos níveis sanguíneos de cálcio. Os níveis elevados de cálcio estimulam a secreção, enquanto baixos níveis a inibem. A secreção de calcitonina não é afetada pelo hipotálamo nem pela hipófise. A calcitonina é secretada por vários tumores endócrinos (p. ex., carcinoma medular de tireoide); por conseguinte, é usada como marcador tumoral para monitorar o progresso da recuperação após ressecção cirúrgica do tumor. Embora a calcitonina seja usada para tratar pacientes com vários distúrbios associados à reabsorção óssea excessiva (p. ex., osteoporose e doença de Paget), nenhuma doença clínica foi associada à sua deficiência ou até mesmo à sua ausência após tireoidectomia total. Síntese dos hormônios A síntese dos hormônios da tireoide ocorre nos folículos tireoideanos (também chamados de ácinos), estruturas esféricas cujas paredes são compostas por uma camada única de células epiteliais. O centro oco de cada folículo é preenchido com uma mistura pegajosa de glicoproteínas, denominada coloide. O coloide mantém um suprimento de 2 a 3 meses de hormônios da tireoide. As células foliculares que cercam o coloide sintetizam uma glicoproteína, chamada de tireoglobulina, e enzimas para a síntese dos hormônios da tireoide. Essas proteínas são empacotadas em vesículas e secretadas no centro do folículo. As células foliculares também concentram ativamente o iodo da dieta, I , usando o simporte sódio-iodo 2 . O transporte de I para o coloide é mediado por um transportador de ânions, chamado de pendrina (SLC26A4). Conforme o I entra no coloide, a enzima tireoide peroxidase remove um elétron do iodo e adiciona o iodo à tirosina na molécula de tireoglobulina 3 . A adição de um iodo à tirosina cria a monoiodotirosina (MIT). A adição de um segundo iodo cria a di-iodotirosina (DIT). MIT e DIT, então, sofrem uma reação de acoplamento. Uma MIT e uma DIT combinam-se para formar o hormônio da tireoide tri-iodotironina, ou T3 (observe a mudança de tirosina para tironina no nome). Duas DIT unem-se para formar a tetraiodotironina (T4, também conhecida como tiroxina). Neste ponto, os hormônios ainda estão ligados à tireoglobulina. Quando a síntese hormonal está completa, o complexo tireoglobulina-T3/T4 é recapturado pelas células foliculares em vesículas 4 . As enzimas intracelulares liberam os hormônios T3 e T4 da proteína tireoglobulina 5 . Por muitos anos, os cientistas acreditavam que a natureza lipofílica do T3 e do T4 permitia que os hormônios de difundissem para fora das células foliculares e então para o plasma, mas evidências atuais indicam que os hormônios da tireoide se movem através das membranas por proteínas carreadoras 6 . O transportador da glândula tireoide que exporta T3 e T4 ainda não foi completamente identificado, mas pareceser uma isoforma do transportador monocarboxilato (MCT8, do inglês, monocarboxylate transporter). T3 e T4 possuem solubilidade limitada no plasma por serem moléculas lipofílicas. Consequentemente, os hormônios da tireoide ligam-se a proteínas do plasma, como a globulina liga-se dora de tiroxina (TBG). Grande parte dos hormônios da tireoide no plasma estão na forma de T4. Nos tecidos-alvo, os transportadores de captação para os hormônios da tireoide variam de tecido para tecido. Eles incluem os transportadores de monocarboxilato MCT8 e MCT10, assim como um membro da família de transportadores de ânions orgânicos. Por anos pensou-se que o T4 era o hormônio ativo, porém, hoje, sabemos que o T3 é de 3 a 5 vezes biologicamente mais ativo, e que o T3 é o hormônio ativo nas células-alvo. As células-alvo produzem cerca de 85% do T3 ativo por meio de enzimas, chamadas de deiodinases, que removem um iodo do T4. A ativação do hormônio no tecido-alvo acrescenta outro nível de controle, pois os tecidos-alvo individualmente podem controlar a sua exposição ao hormônio ativo, regulando sua síntese enzimática tecidual. Os receptores dos hormônios da tireoide, com múltiplas isoformas, estão no núcleo das células-alvo. A ligação do hormônio inicia a transcrição, a tradução e a síntese de novas proteínas. O TSH controla a glândula tireoide O controle da secreção dos hormônios da tireoide segue o padrão hipotalâmico- hipofisário-glândula endócrina periférica típico. O hormônio liberador de tireotrofinas (TRH, do inglês, thyrotropin-releasing hormone) do hipotálamo, controla a secreção do hormônio da adeno-hipófise, tireotrofina, também conhecida como hormônio estimulador da tireoide (TSH, do inglês, thyroid-stimulating hormone). O TSH, por sua vez, atua na glândula tireoide para promover a síntese hormonal. Os hormônios da tireoide geralmente atuam como um sinal de retroalimentação negativa para evitar a hipersecreção. A ação principal dos hormônios da tireoide nos adultos é prover substrato para o metabolismo oxidativo. Os hormônios da tireoide são termogênicos e aumentam o consumo de oxigênio na maioria dos tecidos. O mecanismo exato não está claro, mas é parcialmente relacionado às mudanças no transporte de íons através das membranas mitocondrial e celular. Os hormônios da tireoide também interagem com outros hormônios para modular o metabolismo das proteínas, dos carboidratos e dos lipídeos. Nas crianças, os hormônios da tireoide são necessários para a expressão plena do hormônio do crescimento, ou seja, eles são essenciais para o crescimento e o desenvolvimento normais, principalmente do sistema nervoso. Nos primeiros anos após o nascimento, a mielina e a formação de sinapses requerem T3 e T4. Estudos citológicos sugerem que os hormônios da tireoide regulam a montagem dos microtúbulos, uma parte essencial do crescimento neuronal. Os hormônios da tireoide também são necessários para o crescimento ósseo adequado. As ações dos hormônios da tireoide são, em grande parte, observáveis nas pessoas que secretam muito ou pouco hormônio. Os efeitos fisiológicos que são sutis em pessoas que apresentam secreção hormonal normal se tornam exagerados nos pacientes com disfunções endócrinas. Pacientes com excesso ou deficiência dos hormônios da tireoide podem apresentar diminuição da tolerância ao calor ou ao frio e distúrbios de humor, além de outros sintomas. Embriologia da tireoide A glândula tireoide é a primeira glândula endócrina a se desenvolver no embrião. Sob a influência de vias de sinalização do fator de crescimento do fibroblasto, ela começa a se formar aproximadamente com 24 dias após a fecundação a partir de um espessamento endodérmico mediano no assoalho da faringe primitiva. Esse espessamento rapidamente forma uma pequena evaginação, o primórdio da tireoide. À medida que o embrião e a língua crescem a glândula tireoide em desenvolvimento desce pelo pescoço, passando ventralmente ao osso hioide a as cartilagens laríngeas em desenvolvimento. Por um curto tempo, a glândula está ligada à língua por um tubo estreito, o ducto tireoglosso. A princípio, o primórdio da tireoide é oco, mas logo se torna uma massa sólida de células. Ele se divide em lobos, direito e esquerdo, que são ligados pelo istmo da glândula tireoide, que se encontra anterior ao segundo e terceiro anéis traqueais em desenvolvimento. Em 7 semanas, a glândula tireoide assume sua forma definitiva e está geralmente localizada em seu local final no pescoço. Nessa altura, o ducto tireoglosso normalmente já degenerou e desapareceu. A abertura proximal do ducto persiste como uma pequena fosseta no dorso (superfície posterossuperior) da língua, o forame cego. Um lobo piramidal da glândula tireoide estende- se superiormente, a partir do istmo, em aproximadamente 50% das pessoas. Esse lobo pode estar anexado ao osso hioide por tecido fibroso ou músculo liso, ou ambos. Histogênese da Glândula Tireoide O primórdio da tireoide consiste em uma massa sólida de células endodérmicas. Esse agregado celular posteriormente se rompe em uma rede de cordões epiteliais conforme é invadido por mesênquima vascular circundante. Com 10 semanas, os cordões dividem-se em pequenos grupos celulares. Um lúmen rapidamente se forma em cada aglomerado celular, e essas células ficam dispostas em uma única camada em torno dos folículos tireoidianos. Durante a 11ª semana, o coloide (material semifluido nos folículos) começa a aparecer; depois disso, a concentração de iodo e a síntese de hormônios da tireoide podem ser demonstradas. Por volta da 20ª semana, os níveis do hormônio estimulante da tireoide e a tiroxina começam a aumentar, alcançando níveis adultos com 35 semanas.
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