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TECNOLOGIA FARMACÊUTICA E GESTÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA PROFA. MA. ANA CAROLINA GUIDI Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Adão barbosa Camila Cristiane Moreschi Fernando Sachetti Bomfim Patrícia Garcia Costa Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5 1.HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA BRASILEIRA ...........................................................6 2. PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE NOVOS FÁRMACOS ................................................................................ 7 2.1 PRIMEIRA ETAPA: DESENVOLVIMENTO .............................................................................................................8 2.1.1 SÍNTESE .................................................................................................................................................................8 2.1.2 FORMULAÇÃO .....................................................................................................................................................8 2.2 SEGUNDA ETAPA: PESQUISA PRÉ-CLÍNICA ......................................................................................................9 2.2.1 ENSAIOS LABORATORIAIS (IN VITRO) ............................................................................................................ 10 2.2.2 ENSAIOS PRÉ-CLÍNICOS (IN VIVO) ................................................................................................................. 10 2.3 TERCEIRA ETAPA: PESQUISA CLÍNICA .............................................................................................................. 11 INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA FARMACÊUTICA PROFA. MA. ANA CAROLINA GUIDI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: TECNOLOGIA FARMACÊUTICA E GESTÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA 4WWW.UNINGA.BR 2.3.1 FASE I ................................................................................................................................................................... 12 2.3.2 FASE II ................................................................................................................................................................. 12 2.3.3 FASE III ............................................................................................................................................................... 12 2.3.4 DESENHOS E CONTROLES DOS ESTUDOS CLÍNICOS ................................................................................... 13 2.4 REGISTRO DE MEDICAMENTOS ......................................................................................................................... 13 2.5 PÓS-COMERCIALIZAÇÃO - FASE IV ................................................................................................................... 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 15 5WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Um medicamento é definido como um agente destinado a diagnóstico, mitigação, tratamento, cura ou prevenção de doenças em humanos ou animais, e apresenta ampla diversidade de ações e efeitos sobre o organismo, o que torna seu uso seletivo em várias condições patológicas comuns ou raras. O grande número de medicamentos efetivos disponíveis é uma das maiores realizações humanas, tornando capaz o tratamento ou extinção de diversas doenças que trouxeram sofrimento ao longo da história. Novas substâncias com propriedades terapêuticas podem ser obtidas a partir de plantas ou animais, subprodutos do crescimento microbiano, síntese química, modificação molecular ou processos biotecnológicos. O conhecimento das relações entre estruturas químicas e atividades farmacológicas apresenta um papel importante no desenho de novas moléculas. O descobrimento e o delineamento de novos fármacos fazem parte de um processo complexo. Envolve desde a pesquisa básica, com diversos estudos de caracterização físico-química, até testes de informações biológicas e de grande escala em humanos. Para detectar e avaliar a atividade biológica, os bioensaios são usados para diferenciar o efeito e a potência (intensidade do efeito) da substância testada. Esses ensaios iniciais podem ser realizados in vitro, em cultura de células, para testar o efeito sobre sistemas enzimáticos ou células tumorais, por exemplo, enquanto ensaios subsequentes podem ser efetuados in vivo, usando modelos animais mais específicos e mais caros. A indústria farmacêutica é considerada uma das mais inovadoras dentro da cadeia industrial e economia, com altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P & D) para a busca de novos fármacos. 6WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA BRASILEIRA A evolução das empresas internacionais ligadas à indústria farmacêutica impulsionou o fortalecimento do setor nacional. No Brasil, sua origem está ligada ao surgimento das boticas. O profissional boticário realizava a manipulação dos medicamentos na frente do paciente, de acordo com a farmacopeia e a prescrição médica. Com o tempo, esse cenário evoluiu para o surgimento de novos tipos de estabelecimentos, dando lugar às farmácias e aos Laboratórios Industriais Farmacêuticos. Em meados de 1889, na época da Proclamação da República, já havia 35 laboratórios farmacêuticos no Brasil. Alguns de relevante valor nacional, como os Institutos de Patologia de Manguinhos, o Butantan e o Pasteur, que produziam medicamentos de origem vegetal, mineral e até animal. A década de 1930 é considerada o marco inicial da indústria farmacêutica no Brasil, com a implantação de instituições de pesquisa e produção de medicamentos para combater os problemas de saúde pública. Nas décadas de 1940 e 1950, houve a chamada internacionalização da indústria,com a instauração das primeiras firmas multinacionais no país. A indústria farmacêutica moderna surgiu após a segunda guerra mundial, com o desenvolvimento de máquinas e equipamentos e a expansão de grandes corporações farmacêuticas. A necessidade de redução de custos e a entrada da penicilina na terapêutica médica foram marcos nessa época. Na primeira metade do século XX, um grande número de fármacos novos foram sintetizados. Porém, ainda não havia controle na qualidade da fabricação e legislações relacionadas às boas práticas de fabricação. A partir da década de 1950, ocorreu um grande desenvolvimento analítico e os laboratórios de produção foram se adaptando aos avanços tecnológicos. As “Boas Práticas de Fabricação” (BPF) tiveram início em 1963, nos Estados Unidos, e nas décadas seguintes as recomendações foram se difundindo em outros países. A implementação das BPF e legislações vigentes garantem medicamentos seguros e eficazes ao paciente, diminuindo incidentes. No ano de 1999, a criação da Anvisa impulsionou uma nova ação para saúde no Brasil, regularizando e fiscalizando todos os setores diretamente relacionados à saúde no país, especialmente as indústrias farmacêuticas. No mesmo ano, a lei que criou os genéricos no Brasil foi um divisor de águas na indústria farmacêutica brasileira. Além de facilitar o acesso aos medicamentos, fortaleceu as empresas nacionais. 7WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE NOVOS FÁRMACOS O setor de pesquisa e desenvolvimento (P & D) de um medicamento é de extrema importância econômica e, além do elevado custo e longo tempo, possui muitas exigências. Cada etapa conta com uma dinâmica própria, com especificidades e competências diferentes entre si. Novos fármacos podem ser descobertos a partir de várias fontes naturais ou sintetizados em laboratório. Eles podem ser uma descoberta acidental ou o resultado de incansáveis investigações de programas de triagem de pesquisa, modificação molecular e desenhos fundamentados em mecanismos. O processo que conduz uma droga inovadora desde a etapa de P&D até sua introdução no mercado pode ser dividido em etapas, como exposto na Tabela 1. Tabela 1 - O processo de P & D e introdução de um novo medicamento no mercado. ETAPAS DURAÇÃO (anos) TESTES OBJETIVOS PROBABILIDADE DE CHEGAR AO MERCADO (%) Desenvolvimento 4-5 in vitro Encontrar compostos ativos; determinar alvos; testar mecanismos de ação Menos de 1 Testes Pré- Clínicos 1-2 in vitro e em animais Determinar segurança e dosagem 10 Testes Clínicos Fase I 1-2 20 a 100 voluntários sadios Verificar segurança e dosagem 18 Fase II 1-2 100 a 500 pacientes voluntários Avaliar eficácia; investigar efeitos colaterais 28 Fase III 2-3 1000 a 5000 pacientes voluntários Confirmar eficácia; monitorar reações adversas 66 Registro 1-2 - - 91 Pós- Comercialização Fase IV Contínuo 1000 a 5000 pacientes voluntários Verificar efeitos adversos não previstos na população - Fonte: Adaptado de Pieroni (2009). 8WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Primeira Etapa: Desenvolvimento A descoberta de novos fármacos e o desenvolvimento de medicamentos fazem parte do amplo objetivo da indústria farmacêutica. São muitos os profissionais envolvidos em todas as etapas. É a fase em que se procura identificar novos compostos que se mostrem promissores no tratamento de alguma doença, buscando identificar e atingir um alvo da doença. Essa busca pode ocorrer por meio de diversas rotas tecnológicas, como síntese química, prospecção de compostos naturais e biotecnologia. Nesse estágio, são pesquisados milhares de compostos e parte das pesquisas é realizada nas universidades, institutos e fundações de pesquisa, além de estudos desenvolvidos nas pequenas empresas farmacêuticas e de biotecnologia. Os compostos, que se mostram promissores na fase de pesquisa básica, continuam a ser investigados. Após a síntese ou o isolamento da molécula, passa-se à etapa de desenvolvimento do medicamento e formulação. 2.1.1 Síntese Ao longo da história, as plantas serviram de reservatório de potenciais fármacos novos. Após o isolamento e a elucidação estrutural dos constituintes ativos do vegetal, estes podem ser recriados no laboratório, por meio de uma síntese total ou, mais importante, usar a substância de origem natural como material de partida para a obtenção de estruturas modificadas por manipulação molecular. As novas estruturas, denominadas fármacos semissintéticos, podem apresentar atividade farmacológica leve ou muito diferente daquela evidenciada pelo material de partida, dependendo da natureza e da extensão da modificação química. Além das plantas, animais também são usados na produção de vários produtos biológicos, incluindo soros, antitoxinas e vacinas. Atualmente, novas tecnologias podem ser aplicadas no desenvolvimento de produtos farmacêuticos, resultantes do advento da engenharia genética e biotecnologia. Por meio desse processo, são obtidos antibióticos, vacinas, substâncias químicas e produtos biológicos mais puros e abundantes, para combater as doenças humanas. 2.1.2 Formulação Cada substância apresenta características que devem ser consideradas antes do desenvolvimento da formulação farmacêutica. Entre elas, encontram-se a solubilidade, o coeficiente de partição, a velocidade de dissolução, a forma física e a estabilidade. Quando uma substância promissora é caracterizada quanto à atividade biológica, ela é também avaliada em relação às suas propriedades físicas e químicas, que conduzem a estudos de formulação iniciais, e são realizados a fim de conseguir uma forma farmacêutica estável e eficaz, para a execução de ensaios clínicos em humanos. O controle de qualidade e a validação devem ser realizados para cada uma das etapas do processo. A documentação completa sobre a caracterização, a produção e os controles constitui uma etapa essencial para o processo de solicitação de aprovação e registro do novo produto. 9WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.2 Segunda Etapa: Pesquisa Pré-Clínica Antecede os testes em seres humanos. Verifica a segurança e o comportamento das substâncias, identificando mecanismos de ação do novo fármaco. Métodos alternativos podem responder a muitas perguntas e indicar caminhos durante o desenvolvimento de pesquisas científicas. Podem ser realizados usando métodos alternativos como: modelos in silico (simulação computacional), ensaios ex vivo (exemplo: isolamento de um órgão), ensaios in vitro (cultura de células). Contudo, modelos in vivo (animais apropriados) permitem um entendimento mais amplo e integrado da biologia dos organismos. São os testes pré-clínicos, em especial em animais, que oferecem as margens de segurança para o início dos testes em humanos, os chamados testes clínicos. Quais características são buscadas para se desenvolver um medicamento? É possível e como seria um medicamento “ideal”? Quando se desenha ou planeja novos fármacos, buscam-se diversas qualidades, entre elas: deve ser capaz de liberar a substância ativa no órgão alvo, produzir o efeito desejado em sua totalidade com bom início e duração de ação, não apresentar efeitos colaterais ou desconforto ao paciente e ser eliminado sem efeito residual após a ação terapêutica. Além disso, deve apresentar boa estabilidade química e ser produzido a baixocusto. Embora na prática isso não seja alcançado plenamente, essas qualidades são procuradas no desenho de novos fármacos e formas farmacêuticas. 10WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.2.1 Ensaios laboratoriais (in vitro) Um ensaio in vitro é um ensaio realizado fora de um organismo vivo e envolve normalmente culturas de células, tecidos ou órgãos isolados. São usados para diferenciar o efeito e a potência (intensidade do efeito) da substância testada, testar o efeito sobre sistemas enzimáticos, testar a toxicidade da substância sobre um grupo específico de células, definir perfil farmacológico, entre outros, conforme Figura 1. Figura 1 – Ensaio in vitro sendo realizado em Capela de Fluxo Laminar. Fonte: A autora. Os dados obtidos a partir de ensaios in vitro podem fornecer informações relevantes, que seriam obtidos por meio de ensaios em organismos vivos (ensaios in vivo). 2.2.2 Ensaios pré-clínicos (in vivo) No início do século XX, com o avanço da indústria farmacêutica, iniciou-se a experimentação em humanos e animais. Os experimentos foram aumentando durante a Segunda Guerra Mundial e não havia regulamentação sobre as práticas. Em 1934, foi criada a primeira legislação brasileira sobre o bem-estar animal. No ano de 1979, uma lei federal estabeleceu normas para a dissecação de animais com finalidade didática ou científica. Em 1991, o Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) divulgou os Princípios Éticos na Experimentação Animal. A Lei Arouca foi publicada em 2008 e houve a criação do CONCEA (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal), tornando obrigatória a constituição das CEUA’s (Comissão de ética no Uso de Animais) em instituições com atividade de ensino ou pesquisa com animais. A partir daí, resoluções são criadas ou atualizadas frequentemente para garantir o bem-estar animal. Incluindo o reconhecimento de métodos alternativos validados com finalidade de redução, substituição ou refinamento do uso de animais em atividades de pesquisa. 11WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A maioria dos ensaios in vivo é realizada em animais pequenos, geralmente roedores (camundongos, ratos), por várias razões, incluindo custo, disponibilidade, necessidade de quantidade pequena de fármaco, facilidade de administração por várias vias (oral, inalação, IV) e experiência em ensaios com esses animais. Os fármacos são estudados em várias doses para determinar seu perfil farmacológico, perfil toxicológico (efeitos colaterais, carconogenia etc.) e avaliar processos farmacocinéticos. O principal objetivo dos estudos com animais é obter informações básicas que possam ser usadas para prever a segurança e a eficácia em humanos. Isso é uma tarefa difícil, devido à variabilidade entre as espécies, porém, vários modelos animais foram desenvolvidos para mimetizar determinadas doenças humanas e são usados efetivamente. A partir dos dados dos ensaios pré-clínicos, alcança-se uma nova droga experimental, e é possível iniciar os estudos clínicos. 2.3 Terceira Etapa: Pesquisa Clínica Os ensaios clínicos constituem o estágio mais caro e demorado do processo de desenvolvimento e consistem em submeter a droga aprovada na etapa pré-clínica a testes de segurança e eficácia em humanos. Somente com base nos ensaios clínicos é possível a elaboração de um dossiê completo de informações necessárias para a obtenção do registro para comercialização dos medicamentos. É usada para descobrir ou verificar os efeitos clínicos e farmacológicos (farmacocinéticos e farmacodinâmicos) e efeitos indesejáveis. Os estudos são monitorados por clínicos especialistas nesse tipo de investigação, e a segurança dos pacientes não deve ser colocada em risco. O número total de indivíduos incluídos nos estudos pode variar de acordo com o medicamento a ser testado. Os testes clínicos são subdivididos em três fases, de acordo com sua finalidade: Fase I, Fase II e Fase III. Cada fase tem por base os resultados da fase anterior e, embora as fases sejam conduzidas sequencialmente, alguns estudos podem se sobrepor. Uma revisão interessante sobre os estudos clínicos e suas principais características pode ser vista no vídeo: ABRALE Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. O que são Estudos Clínicos? Como eles funcionam? 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lCUCvIg3OCY. Acesso em: 16 jun. 2021. https://www.youtube.com/watch?v=lCUCvIg3OCY 12WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3.1 Fase I • Objetivos: busca-se conhecer a tolerância/segurança do medicamento em um número restrito de voluntário saudáveis; avalia a maior dose tolerável, a menor dose efetiva, a relação e duração dose/efeito e efeitos colaterais; fornece análise preliminar de metabolismo e biodisponibilidade do fármaco. Os resultados criam um perfil farmacocinético e, quando possível, estabelecer um perfil farmacodinâmico. • Voluntários: 20-100 voluntários saudáveis. Em alguns casos, podem ser conduzidos em doentes com patologias graves, tais como: doenças oncológicas ou AIDS. A dose inicial do fármaco é, em geral, baixa, normalmente um décimo da dose mais alta sem efeito observado durante os estudos com animais. Se a primeira dose for bem tolerada, a investigação continua com a administração progressiva de doses maiores (para novos indivíduos), até que alguma evidência dos efeitos do fármaco seja observada. Para isso, os voluntários recebem doses crescentes do medicamento. Se os estudos demonstrarem bons resultados e a toxicidade for baixa, a Fase II é iniciada, com várias centenas de pacientes. 2.3.2 Fase II • Objetivos: avaliar a eficácia terapêutica do novo composto e alcançar a dose ótima, ou seja, aquela que consegue combinar os melhores efeitos terapêuticos ao menor conjunto de reações adversas; confirmação de segurança (toxicidade); biodisponibilidade e bioequivalência de diferentes formulações; avalia a dose e a frequência de administração para os ensaios de fase III; estabelece as relações dose-resposta. • Voluntários: 100 a 500 voluntários portadores da patologia (doentes), ainda em número restrito; selecionados por critérios rigorosos; uso de diferentes formulações e formas farmacêuticas. Durante essa fase, dados adicionais sobre as características farmacocinéticas são coletados, e estudos são realizados para determinar a relação dose-resposta e a faixa de dose. Cada paciente é monitorado quanto ao efeito do fármaco, enquanto a dose é aumentada para determinar a quantidade mínima eficaz. Então, a dose é aumentada além da mínima eficaz, em níveis nos quais os pacientes revelam eventos adversos extremamente indesejáveis ou intoleráveis e efeitos tóxicos. Quanto maior for a faixa entre a dose determinada como mínima eficaz e aquela que causa efeitos colaterais graves, maior é a margem de segurança do fármaco. Esses estudos de determinação de dose resultam nas doses específicas e na faixa de dose a ser usada nos estudos de Fase III. 2.3.3 Fase III • Objetivos: avaliar eficácia e eventos adversos. A avaliação é sempre feita de maneira comparativa, utilizando-se um outro tratamento de referência; visa o estabelecimento do perfil terapêutico: indicações; dose e via de administração; contraindicações; efeitos colaterais; medidas de precaução, interações clinicamente relevantes (idade, peso, sexo etc.). • Voluntários: 1000 a 5000 voluntários portadores de patologia para determinaçãodo risco-benefício do tratamento. 13WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Estudo randomizado: divididos em dois grupos – grupo controle, que recebe o tratamento padrão – e grupo investigacional, que recebe a nova medicação. Demonstrações de vantagens terapêuticas: novo fármaco frente aos de escolha. Com base nos resultados positivos dessas fases (I, II e III), é possível realizar o registro do novo composto. 2.3.4 Desenhos e controles dos estudos clínicos Conforme indicado, alguns estudos de Fases II e III são controlados, ou seja, os efeitos são comparados com outro agente. O segundo agente pode ser um placebo (controle com placebo) ou uma substância ativa (controle positivo), um medicamento padrão ou de comparação. Tanto o placebo quanto a substância ativa podem ser usados como controle no mesmo estudo. Para estudos que são cegos, a identidade do medicamento e dos controles não é revelada para certos participantes, a fim de que eles não sejam influenciados. No desenho dos ensaios clínicos, muitos fatores adicionais são considerados, incluindo o esquema do estudo e a duração do tratamento. Antes de iniciar o tratamento, dados basais são obtidos para cada indivíduo, por meio de procedimentos e testes clínicos laboratoriais. Os indivíduos são selecionados de forma aleatória, em diferentes grupos de tratamento, de modo a permitir a comparação. 2.4 Registro de Medicamentos Para que este produto possa ser comercializado e utilizado pela população, ele deve ser registrado de acordo com a legislação sanitária vigente. Para esse processo, o fabricante deverá apresentar à agência reguladora (Anvisa) os resultados de todas as fases pré-clínicas e estudos clínicos junto com a descrição dos processos de produção do medicamento. Se a Anvisa estiver de acordo com os dados submetidos referentes à qualidade, eficácia e segurança do medicamento, a autorização para lançamento e comercialização é concedida, e o novo medicamento estará disponível aos pacientes. Em geral, esse processo leva de um a dois anos. O produto deve ser registrado em cada um dos países em que será comercializado. Depois do processo de registro, inicia-se a pós-comercialização, na qual os efeitos e reações adversas inesperadas nos usuários do novo medicamento devem ser acompanhados pela empresa e agência reguladora, por meio de testes clínicos. Esta última etapa também é conhecida como farmacovigilância ou testes clínicos Fase IV. A legislação, que dispõe sobre os critérios para a concessão e renovação do registro de medicamentos, é a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 200, de 26 de dezembro de 2017. No processo de aprovação de medicamentos, podem ocorrer regulamentações especiais, para facilitar os testes e acelerar sua aprovação. Essas condições são aplicadas para medicamentos órfãos, direcionados a pacientes que apresentam doenças raras e também para condições patológicas graves, para as quais não há tratamentos alternativos ou satisfatórios, permitindo o uso do medicamento sob investigação antes da aprovação. 14WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para registro de medicamento novo e medicamento inovador, os estudos clínicos realizados no Brasil para fins de registro precisam de aprovação prévia e devem seguir a legislação para pesquisa clínica vigente no país. Para registro de medicamentos genéricos e similares, deve- se consultar o respectivo medicamento de referência na lista disponível no portal da Anvisa. Na ausência deste medicamento, é necessário solicitar a eleição deste medicamento junto à Anvisa. Para cada forma farmacêutica, deverá ser feito um pedido de registro de medicamento individualizado. No caso de solicitação de registro de medicamentos genéricos e similares para a mesma forma farmacêutica em diferentes concentrações, com diferentes medicamentos de referência, o pedido de registro deverá ser o mesmo. 2.5 Pós-Comercialização - Fase IV • Objetivos: são pesquisas realizadas depois da sua comercialização para restabelecer o valor terapêutico, identificar o surgimento de novas reações adversas, confirmar a frequência de surgimento das reações já conhecidas e avaliar as estratégias de tratamento. Somente após 10 anos, será possível observar efeitos crônicos. • Aspectos mercadológicos: estudos de suporte de marketing; estudos adicionais comparativos com produtos competitivos; novas formulações (palatabilidade, facilidade de ingestão). Para receber aprovação para comercialização, o responsável pelo novo medicamento deve demonstrar, por meio de evidências científicas, que o produto é seguro e eficaz para o uso proposto. Deve também provar que os vários processos empregados na obtenção da substância ativa e na produção, na embalagem e na rotulagem do medicamento são adequadamente controlados e validados, de modo a assegurar que o produto final atenda aos padrões de qualidade. O processo e o tempo requerido, desde a descoberta de um fármaco até sua aprovação para comercialização, podem ser longos, mas é bem definido e compreendido pela indústria farmacêutica. As investigações do novo medicamento não acabam necessariamente quando ele recebe a autorização para comercialização. As investigações clínicas de Fase IV contribuem para o entendimento completo dos mecanismos de ação do fármaco, podem indicar possíveis novos usos terapêuticos e/ou demonstrar a necessidade de doses, formas farmacêuticas e vias de administração adicionais. Estudos pós-comercialização também revelam efeitos colaterais adicionais, efeitos adversos inesperados ou graves e/ou interações medicamentosas. Para conhecer o sistema de patentes sobre o ponto de vista da indústria farmacêutica nos países em desenvolvimento, consultar: BESSA ANTUNES, P. C. A patente farmacêutica nos países em desenvolvimento: os efeitos do TRIPS na política brasileira de combate ao HIV. São Paulo: Atlas, 2015. 15WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Certamente, a vasta gama de agentes medicinais efetivos disponíveis é uma das maiores realizações científicas. Muitas doenças, que trouxeram sofrimento ao longo da história, foram extintas. Isso só é possível graças ao incansável trabalho de pesquisas e aos avanços tecnológicos. Desde o planejamento de um novo medicamento até sua chegada ao paciente, há a exigência de ultrapassar várias etapas. Cada qual com suas particularidades e importância, para garantir um medicamento eficaz e seguro. 1616WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 18 1. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ..................................................................................................................................... 19 1.1 VIA ENTERAL........................................................................................................................................................... 19 1.2 VIA PARENTERAL .................................................................................................................................................. 19 1.3 TRANSMUCOSA ..................................................................................................................................................... 19 1.4 TRANSDÉRMICA ....................................................................................................................................................19 2. COMPOSIÇÃO DOS MEDICAMENTOS ..................................................................................................................20 3. OPERAÇÕES BÁSICAS PARA O PREPARO DE FORMULAÇÕES .......................................................................... 21 3.1 MEDIDAS DE PESO E VOLUME ............................................................................................................................. 21 3.2 OPERAÇÕES FÍSICAS E MECÂNICAS.................................................................................................................. 21 TECNOLOGIA DA PREPARAÇÃO DE FORMAS FARMACÊUTICAS NÃO ESTÉREIS PROFA. MA. ANA CAROLINA GUIDI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: TECNOLOGIA FARMACÊUTICA E GESTÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA 17WWW.UNINGA.BR 4. FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS ...................................................................................................................22 4.1 PÓS ..........................................................................................................................................................................22 4.2 COMPRIMIDOS .....................................................................................................................................................23 4.3 CÁPSULAS ............................................................................................................................................................25 4.4 PASTILHAS.............................................................................................................................................................26 5.FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS ..................................................................................................................26 5.1 SOLUÇÕES ..............................................................................................................................................................26 5.2 SUSPENSÕES ........................................................................................................................................................27 5.3 EMULSÕES LÍQUIDAS ..........................................................................................................................................27 6.FORMAS FARMACÊUTICAS SEMISSÓLIDAS ........................................................................................................28 6.1 CREME ....................................................................................................................................................................28 6.2 GEL .........................................................................................................................................................................28 6.3 POMADA ................................................................................................................................................................29 6.4 PASTAS ...................................................................................................................................................................29 7.FORMAS FARMACÊUTICAS DESTINADAS À INSERÇÃO EM ORIFÍCIO ..............................................................29 7.1 SUPOSITÓRIOS .......................................................................................................................................................29 7.2 ADMINISTRAÇÃO POR VIA VAGINAL ..................................................................................................................30 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 31 18WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O delineamento e a formulação adequados de uma forma farmacêutica requerem o conhecimento das características físicas, químicas e biológicas de todas as substâncias ativas e os adjuvantes a serem utilizados na fabricação do medicamento. O fármaco e os excipientes devem ser compatíveis uns com os outros para produzir um medicamento que seja estável, eficaz, atrativo, fácil de administrar e seguro. Deve ser preparado com medidas apropriadas de controle de qualidade e acondicionado em um recipiente que mantenha suas características iniciais. Formas farmacêuticas são as diferentes formas físicas nas quais os medicamentos podem ser apresentados para possibilitar seu uso pelo paciente. Cada uma dessas formas deve conter uma quantidade específica de fármaco de modo a facilitar e permitir a exatidão da dose durante a administração. As formas farmacêuticas adequadas para cada situação possibilitam que o princípio ativo alcance e seja liberado dentro do organismo e durante o tempo necessário para obter a resposta terapêutica. As diversas apresentações do medicamento permitem que ele seja administrado nas diferentes vias existentes em nosso organismo. Cada via de administração tem suas particularidades, e as formas farmacêuticas produzidas devem se adequar a essas particularidades para que o princípio ativo possa ser absorvido e exercer sua ação no organismo. O objetivo de se obter adequadas formas farmacêuticas é garantir que o princípio ativo atinja o local de ação na concentração adequada para exercer sua atividade terapêutica e consiga resistir à degradação metabólica, que possa ocorrer durante as fases de administração, de absorção e de eliminação. 19WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO A via de administração é o lugar utilizado para o acesso do fármaco no organismo, o que permitirá sua entrada ao local onde exercerá seu efeito terapêutico. Cada via de administração tem características próprias de tempo de absorção, e essas variações podem ser úteis na hora de escolher a via a ser utilizada. Entre as principais vias de administração de medicamentos, podemos incluir a via enteral, via parenteral, transmucosa e transdérmica. 1.1 Via Enteral É a via de administração pelo trato gastrointestinal. Após um fármaco ser ingerido, ele é absorvido pelo sistema digestivo e entra no sistema porta-hepático. Durante o metabolismo, somente uma pequena quantidade de fármaco ativo consegue ser absorvida. Essa “primeira passagem” pelo fígado diminui significativamente a biodisponibilidade do fármaco. Exemplos de via de administração enteral: • Oral: podem ser utilizadas formas sólidas ou líquidas. Vantagens: prática, econômica, maior facilidade de reverter efeitos adversos. Desvantagens: absorção lenta e irregular, sofre metabolismo de primeira passagem, dificuldade para certos pacientes (idosos, crianças, pacientes inconscientes). • Retal: supositórios e enemas. Vantagens: pacientes com situações específicas, menor efeito de primeira passagem. Desvantagens: absorção mais lenta, imprevisível e menos completa que a oral. Para evitar efeito de primeira passagem ocasionado pela via enteral, vias de administração alternativas podem ser usadas, pois permitem que o fármaco seja absorvido diretamente na circulação sistêmica. 1.2 Via Parenteral É a via utilizada para a administração de medicamentos injetáveis. As principais vias parenterais são a intravenosa, a intra-arterial, a intramuscular, a intradérmica e a subcutânea. Vantagem: efeito imediato. Desvantagem: risco de infecção. 1.3 Transmucosa A administração do fármaco é realizada via sublingual, ocular, pulmonar, nasal. Vantagens: absorção rápida, evita efeito de primeira passagem, podem ser administrados diretamente no local de ação. Desvantagens: poucos fármacos disponíveis. 1.4 TransdérmicaIncluem os adesivos transdérmicos. Vantagens: simples, indolor, conveniente, liberação prolongada, evita efeito de primeira passagem. Desvantagens: liberação lenta, irritação. https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_digestivo https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_porta_hep%C3%A1tico https://pt.wikipedia.org/wiki/Biodisponibilidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Vias_de_administra%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Circula%C3%A7%C3%A3o_sist%C3%AAmica 20WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. COMPOSIÇÃO DOS MEDICAMENTOS Cada produto farmacêutico em particular é uma formulação específica. Além das substâncias responsáveis pela atividade terapêutica, uma formulação farmacêutica contém várias outras substâncias, denominadas adjuvantes farmacêuticos ou excipientes. É por meio de seu uso que uma formulação apresenta determinada composição, que confere características físicas ao produto. Adjuvantes farmacêuticos ou excipientes incluem materiais como diluentes, espessantes, solventes, agentes suspensores, materiais de revestimento, desintegrantes, promotores de permeação, estabilizantes, conservantes, flavorizantes, corantes e edulcorantes. Para assegurar a estabilidade do fármaco, todos os componentes da formulação devem ser compatíveis, incluindo fármacos, adjuvantes e materiais de embalagem. O medicamento deve oferecer administração eficiente e possuir características atrativas de sabor, odor, cor e textura, que aumentem a aceitação pelo paciente. Os fármacos podem apresentar diversas formas farmacêuticas e ser administrados por diferentes vias. Esses fatores conseguem influenciar na absorção do fármaco? O objetivo de um medicamento é atingir o tecido alvo em concentração adequada, ou seja, chegar ao local de ação em concentração que seja suficiente para produzir o efeito desejado, mas sem produzir reações adversas. A concentração do princípio ativo que atinge o local de ação depende da sua capacidade em atravessar as membranas plasmáticas, e esse processo depende da concentração e da lipossolubilidade do fármaco. Por ser geralmente instável, o princípio ativo é transformado em uma forma farmacêutica elaborada, mais estável, de fácil administração, com características organolépticas favoráveis ao seu uso e numa dose que irá garantir a concentração adequada no local de ação. Para ampliar o conhecimento sobre os adjuvantes farmacêuticos, consultar: BERMAR, K. C. O. Farmacotécnica: Técnicas de Manipulação de Medicamentos. São Paulo: Érica, 2014. Capítulo 3: Composição das fórmulas farmacêuticas. - JULIANI, C. S. R. Medicamentos: noções básicas, tipos e formas farmacêuticas. São Paulo: Érica, 2014. Capítulo 1: Composição dos fármacos. 21WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. OPERAÇÕES BÁSICAS PARA O PREPARO DE FORMULAÇÕES 3.1 Medidas de Peso e Volume A pesagem de princípios ativos e/ou adjuvantes deve ser cercada de procedimentos que garantam a proporção correta do fármaco no medicamento, garantindo, assim, a dose e a sua eficácia. Na manipulação, o equipamento mais utilizado para medidas de pesagem é a balança eletrônica. • Balança semianalítica: precisão para pesagens a partir de 0,001 g, mais utilizada no preparo das formulações. • Balança analítica: alta precisão - 0,0001 g, mais utilizada no controle de qualidade. A medição de volume garante uma proporção correta entre princípios ativos, excipientes e veículos. Diversos instrumentos são utilizados nessa prática: pipetas volumétricas, balões volumétricos e buretas são os mais precisos, enquanto provetas e cálices são menos precisos. 3.2 Operações Físicas e Mecânicas Com a intenção de obter uma forma farmacêutica homogênea, alguns procedimentos de mistura são realizados com os fármacos. Os principais procedimentos são: • Tamisação: separação granulométrica dos pós. O grau de divisão é relacionado à malha do tamis, uma peneira granulométrica constituída por malhas de diferentes aberturas (ver Tabela 1, Tópico 4.1). • Pulverização ou trituração: redução do tamanho das partículas de um produto sólido, fármaco ou excipiente, com o auxílio do gral e pistilo. • Triagem: separação de partes não utilizadas ou inertes de drogas de origem vegetal. • Levigação: trituração realizada a úmido com auxílio do gral e pistilo. • Filtração: separação de partículas sólidas de um líquido por um filtro. O papel de filtro é o material mais utilizado para essa finalidade na prática farmacêutica, juntamente com o funil. • Dissolução: dispersão total de um sólido (soluto) em um líquido (solvente ou veículo), formando uma fase homogênea. • Mistura: procedimento realizado com o objetivo de conferir homogeneidade à forma farmacêutica. Pode ser realizada com substâncias sólidas, líquidas e pastosas. 22WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4. FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS 4.1 Pós Os pós são misturas secas de fármacos e/ou outras substâncias, finamente divididas, que podem ser destinados ao uso interno ou externo. Embora o uso de pós medicamentosos seja limitado, seu emprego na preparação de outras formas farmacêuticas é amplo, como cápsulas e comprimidos. Antes de ser usado na preparação de produtos farmacêuticos, as matérias-primas sólidas são caracterizadas quanto às suas propriedades físico-químicas. Os passos básicos para manipulação de pós são: redução do tamanho das partículas e mistura: Redução do tamanho das partículas: essencial para garantir a biodisponibilidade do fármaco. Pode ser feita por trituração ou tamisação. Neste último caso, o tipo de pó obtido dependerá da malha do tamis utilizado, conforme apresentado na Tabela 1, a seguir. Tabela 1 – Tipos de pó obtidos com diferentes tamises. TAMIS N° ORIFÍCIO DO TAMIS TIPO DE PÓ OBTIDO UTILIZAÇÃO 2 9,5 mm Muito grosso Sais granulados efervescentes e pós para comprimidos.8 2,36 mm 10 2 mm 20 850 µm Grosso Sais granulados efervescentes e pós para comprimidos.30 600 µm 40 425 µm Moderadamente grosso Sais granulados efervescentes e pós para comprimidos. 50 300 µm Pós efervescentes e pós para encapsulação. 60 250 µm Fino Sais granulados efervescentes, pós para comprimidos e pós para encapsulaçao. 80 180 µm Muito fino Sais granulados efervescentes, pós para comprimidos e pós para encapsulação.100 150 µm 120 125 µm 200 75 µm Pós divididos para polvilhar, adsorventes, inalantes e outros. 230 63 µm 270 53 µm 325 45 µm 400 38 µm 500 25 µm Micronizado Pós divididos para polvilhar, adsorventes, inalantes, corticoides, antibióticos e antimicrobianos.635 20 µm Fonte: Bermar (2014). 23WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Mistura Realizada para obtenção de uma forma farmacêutica homogênea. Pode ser executada pelas seguintes técnicas: ─ Espatulação: método utilizado em substâncias que não devem ser trituradas, em razão da incompatibilidade física. Pequenas quantidades dos pós são separadas com espátula farmacêutica e misturadas em uma placa de vidro. ─ Trituração: utilizada tanto para diminuição de partículas quanto para mistura. ─ Tombamento: mistura de pós em vidros, garrafas ou sacos plásticos. ─ Mistura em tambores giratórios: utilização de misturadores de pós, como o misturador em V, ideal para grande quantidade de pós. 4.2 Comprimidos Comprimidos são formas farmacêuticas sólidas, geralmente preparadascom o auxílio de adjuvantes farmacêuticos. Eles podem variar em tamanho, forma, peso, dureza, espessura, características de desintegração e dissolução e outros aspectos, dependendo de sua finalidade de uso e seu método de fabricação. • Comprimidos obtidos por compressão: é a principal forma de preparo dos comprimidos. São fabricados em máquinas de comprimir, capazes de exercer grande pressão para a compactação de pós e grânulos. Os diâmetros e formas dos comprimidos são determinados pelas matrizes e punções usadas na compressão e podem ser revestidos com diversos materiais. • Comprimidos obtidos por múltiplas compressões: o material particulado é submetido a mais de uma compressão. O resultado pode ser um comprimido multicamada (com substâncias diferentes) ou um comprimido inserido em outro. • Comprimidos revestidos com açúcar (drágeas): as drágeas são revestidas com uma camada de açúcar incolor ou colorida. O revestimento é hidrossolúvel e dissolve-se rapidamente após a ingestão. O drageamento fornece uma barreira contra o sabor ou o odor desagradáveis. • Comprimidos revestidos com filme (comprimidos peliculados): apresentam uma fina camada de um polímero. O material empregado no revestimento é selecionado para romper e expor o núcleo do comprimido no local adequado do trato gastrointestinal. • Comprimidos revestidos com gelatina: o revestimento de gelatina facilita a ingestão e são menos suscetíveis à violação do que as cápsulas não seladas. Os granulados são aglomerados de partículas menores, formados por pó umedecido que passa por um tamis ou granulador, secos ao ar ou em estufa. Em geral, têm forma irregular e se comportam como partículas maiores. Possuem como características a boa fluidez e maior estabilidade, sendo utilizados como forma farmacêutica intermediária para produção de comprimidos e cápsulas. O principal produto veiculado nesta forma farmacêutica são os granulados efervescentes, que são misturas de um ou mais ácidos com uma base. 24WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Comprimidos com revestimento entérico: possuem características de liberação retardada. São desenvolvidos para passarem intactos pelo estômago e alcançarem o intestino, onde se desintegram para permitir a dissolução e a absorção e/ou o efeito terapêutico do fármaco. • Comprimidos bucais e sublinguais: são destinados a serem dissolvidos na cavidade bucal ou embaixo da língua, para que ocorra a absorção do fármaco pela mucosa oral. • Comprimidos mastigáveis: se desintegram rapidamente pela mastigação. • Comprimidos efervescentes: são preparados por meio da compactação de sais efervescentes granulados que liberam gás quando entram em contato com a água. • Comprimidos obtidos por moldagem: são pouco resistentes e muito solúveis. Possuem rápida dissolução. • Comprimidos de liberação imediata: desintegram e liberam o fármaco sem que haja o controle da velocidade. • Comprimidos de dissolução ou desintegração instantânea: são caracterizados pela desintegração ou dissolução na boca em até um minuto. São preparados usando excipientes muito solúveis em água. • Comprimidos de liberação prolongada: são desenvolvidos para liberar o fármaco de modo predeterminado, durante um período prolongado. • Comprimidos vaginais: também chamados insertes vaginais, são formas farmacêuticas sólidas não revestidas, ovoides ou em formato de projéteis, inseridos na vagina para exercer efeitos locais. Uma apresentação de como são produzidos os comprimidos, dentro da indústria farmacêutica, pode ser vista no vídeo: Como é feito um medicamento? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DRYvpKRFx2A. Acesso em: 16 jun. 2021. 25WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4.3 Cápsulas As cápsulas encontram-se disponíveis para muitos fármacos em várias dosagens, oferecendo flexibilidade para o prescritor e individualização da posologia para o paciente. São formas farmacêuticas sólidas, nas quais as substâncias são disponibilizadas em um pequeno invólucro de gelatina. Esses invólucros podem ser duros ou moles, dependendo de sua composição, como vemos na Figura 1 a seguir. Figura 1 – Imagem de cápsula gelatinosa dura, comprimido e cápsula mole, formas farmacêuticas sólidas para administração via oral. Fonte: Juliani (2014). • Cápsulas de gelatina dura: Os invólucros das cápsulas são constituídos de gelatina, açúcar e água. Eles podem ser transparentes, incolores, opacos ou coloridos. A maioria das cápsulas medicamentosas disponíveis no comércio contém combinações de corantes e opacificantes para torná-las distintivas, muitas com tampas e corpos apresentando cores diferentes. Existem diversos tamanhos de cápsulas, e elas são formadas por duas porções arredondadas nos extremos: corpo, porção longa e mais estreita; e tampa: porção curta e mais larga. Em formulações secas, os componentes ativos e inativos devem ser misturados completamente para assegurar a uniformidade da mistura dos pós para o preenchimento. As cápsulas de gelatina não são adequadas para líquidos aquosos, pois a água amolece a gelatina e deforma a cápsula, resultando no vazamento do conteúdo. Figura 2 – Exemplos de material de enchimento de cápsulas de gelatina dura. 1. Mistura de pós ou grânulos; 2. Mistura de pellets; 3. Pasta; 4. Cápsula; e 5. Comprimido. Fonte: Allen Jr. (2013). 26WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Cápsulas moles: O principal material dos invólucros desse tipo de cápsula é a gelatina, mas como o nome indica, o invólucro é constituído de um material flexível e mais macio do que aquele utilizado nas cápsulas de gelatina dura. Isso se deve à presença de glicerina e/ou sorbitol, que agem como plastificantes. Essas cápsulas, geralmente, são preenchidas com líquidos. O veículo líquido usado em cápsulas de gelatina mole deve ser aprovado para uso oral. Em geral, utiliza-se um óleo vegetal ou líquido não aquoso e miscível em água, como o polietilenoglicóis. A tecnologia e os equipamentos requeridos para a preparação das cápsulas moles, geralmente, não estão disponíveis em farmácias, então, essa forma farmacêutica é produzida industrialmente. 4.4 Pastilhas As pastilhas são preparações sólidas destinadas a se dissolverem ou se desintegrarem lentamente na boca. Elas contêm um ou mais fármacos em uma base flavorizada e edulcorada. Elas podem ser preparadas por moldagem ou por compressão de comprimidos à base de açúcar. As pastilhas têm sido utilizadas para exercer efeito local, como irritação da garganta acompanhada de tosse e dor, e também para liberar agentes antibacterianos destinados a promover a cura da inflamação ou da irritação dos tecidos da garganta e da boca. Mais recentemente, as pastilhas têm sido usadas como meio de liberar fármacos sistemicamente. À medida que a pastilha se dissolve na boca, o fármaco é liberado para que ocorra absorção bucal ou sublingual, e a fração de fármaco que for ingerida pode ainda ser absorvida no trato gastrointestinal. As pastilhas são preparadas sob altas temperaturas e, por isso, deve-se ter atenção à estabilidade físico-química do fármaco incorporado. 5.FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS 5.1 Soluções Diversas formas farmacêuticas líquidas são preparadas para uso oral. As soluções são preparadas misturando-se um sólido e/ou um líquido com um solvente, que pode ser água, etanol, glicerina, propilenoglicol, além dos óleos. As soluções sãopreparadas tanto para dispensação (xaropes, elixires, colutórios) quanto para uso interno (solução de ácido cítrico a 25%-50%, solução de trietanolamina a 50%). Alguns aspectos exigem atenção para o preparo de soluções: • Solubilidade do fármaco: a parte sólida de uma solução (soluto) deve ser facilmente dissolvida pelo solvente. Cada substância química tem um grau de solubilidade que deve ser consultado e considerado no preparo da solução. • Mistura de líquidos: caso sejam utilizados dois líquidos ou mais na preparação da solução, deve-se observar se eles são miscíveis. Caso os líquidos sejam imiscíveis ou não solúveis, pode ser adicionado um agente emulsificante, transformando a mistura em uma emulsão. • Dissolução dos sólidos: para acelerar o processo de dissolução, pode-se trabalhar com o aumento da temperatura, a diminuição da viscosidade e a diminuição do tamanho da partícula. 27WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Controle microbiológico: as soluções orais e tópicas devem conter excipientes antimicrobianos. 5.2 Suspensões Nos casos de princípios ativos insolúveis, eles podem ser manipulados em forma de suspensões, devendo ser agitados antes do uso por causa de uma possível sedimentação do produto. As suspensões podem ser administradas por via oral, tópica ou injetável. No preparo dessa forma farmacêutica, alguns aspectos devem ser observados: • Tamanho da partícula: interfere diretamente na estabilidade e na velocidade de sedimentação. • Viscosidade do veículo: é inversamente proporcional à velocidade de sedimentação da partícula, ou seja, quanto mais viscoso o líquido, menor a sedimentação. O ideal para uma suspensão é que essa sedimentação seja lenta, podendo ser adicionados agentes suspensores à formulação. • Molhabilidade das partículas: a adição de agentes molhantes à formulação diminui a tensão superficial entre o veículo e as partículas, evitando a agregação. 5.3 Emulsões Líquidas Emulsão é quando se tem duas fases, uma aquosa e outra oleosa, sendo necessário o uso de agente emulsionante para estabilizar a formulação. Essa forma farmacêutica é muito utilizada quando se tem um princípio ativo oleoso e se faz necessária uma emulsão óleo/água para que se possa fazer uso oral dessa substância. O fármaco oleoso será envolto por uma camada de substância aquosa facilitando a deglutição. Na manipulação de emulsões líquidas, sempre utilizaremos um agente emulsificante, que tem a função de transformar em gotículas um líquido, para que se disperse num outro no qual é imiscível, e de diminuir a tensão superficial entre eles. A porção em menor quantidade é considerada fase interna e será dispersa na porção em maior quantidade, denominada fase externa. Levando em consideração as quantidades de óleo e água presentes na formulação, as emulsões podem ser do tipo: água em óleo (A/O); óleo em água (O/A); água em óleo em água (A/O/A); óleo em água em óleo (O/A/O). Entre os problemas mais comuns relacionados à estabilidade da emulsão, podemos destacar: • Floculação: adesão mútua das gotículas da fase interna, que pode ser quebrada com agitação. • Cremeação: ocorre “formação de nata” ou separação das fases em resposta à gravidade, em razão de diferenças na densidade. • Coalescência: agregação irreversível das gotículas da fase interna. 28WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6.FORMAS FARMACÊUTICAS SEMISSÓLIDAS 6.1 Creme Os cremes são formas farmacêuticas semissólidas que contêm um ou mais fármacos dissolvidos ou dispersos em uma base adequada. O nome tem sido tradicionalmente aplicado a preparações semissólidas que possuem uma consistência relativamente fluida, formulada como emulsão. Os cremes são destinados ao uso externo e podem ser utilizados para fins terapêuticos ou cosméticos. A permeabilidade dos ativos utilizados nos cremes depende dos excipientes e dos tensoativos utilizados, assim como da origem dos componentes da fase oleosa, já que os de origem animal permitem maior penetração em relação aos de origem vegetal e aos derivados do petróleo. Assim como as emulsões líquidas, os cremes podem ser diferenciados em: • Cremes hidrofílicos: emulsões do tipo óleo em água (O/A), de absorção rápida e que proporcionam sensação de frescor (em razão de a fase externa aquosa estar em contato com a pele). • Cremes lipofílicos: emulsões do tipo água em óleo (A/O), que proporcionam sensação mais oleosa. 6.2 Gel Géis são sistemas semissólidos constituídos por suspensões de pequenas partículas inorgânicas ou macromoléculas orgânicas interpenetradas por um líquido. A formulação básica de um gel é composta por agente gelificante ou espessante (para fornecer firmeza a uma solução ou a uma dispersão coloidal), veículo, conservantes, antioxidantes, quelantes e umectantes. Um gel pode conter partículas suspensas. Os agentes gelificantes são substâncias químicas que transformam o líquido em gel. Sua ação decorre, em geral, dos polímeros que os compõem, pois estes têm alta capacidade de solvatação e hidratação, ou seja, quando em solução aquosa, aumentam a viscosidade do sistema, logo após sua adição ou após neutralização. No processo de produção dos géis, a fase mais crucial é a de manuseio e hidratação do agente gelificante, para garantir um gel homogêneo. Entre os principais agentes gelificantes, destacam-se: Carbômero (Carbopol®), CMC-Na (Carboximetilcelulose), Hidroxietilcelulose (Natrosol®) e Metilcelulose. 29WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6.3 Pomada As pomadas são preparações semissólidas destinadas à aplicação externa na pele ou em mucosas. As formulações devem ser de fácil aplicação, ter boa espalhabilidade, ser pegajosa, conferir emoliência, ter poder oclusivo, ter aspecto homogêneo, não irritar ou sensibilizar a pele, não ter odor e ser inerte. Assim, as substâncias básicas que devem estar presentes no preparo de pomadas são: ativo farmacêutico, excipientes para pomadas, antioxidantes (previnem a oxidação das matérias-primas oleosas) e conservantes. Podem ser utilizados diversos excipientes para formar a base das pomadas: • Bases oleaginosas: constituídas de gordura animal, óleos vegetais, hidrocarbonetos ou silicones. Incluem: Vaselina sólida, Parafina sólida, cera branca. • Bases de absorção: encontradas em duas formas: anidras (não contêm água) e hidratadas (contêm água). Incluem: Lanolina e Lanolina hidratada • Bases solúveis em água: bases de polietilenoglicol, não oleosas e miscíveis em água. Além de serem boas bases para pomadas, podem ser utilizadas como plastificantes, solventes ou lubrificantes. 6.4 Pastas Pastas são formas farmacêuticas semissólidas que contêm um ou mais fármacos destinados à aplicação tópica. Pode ser preparada a partir de um gel aquoso monofásico (pasta de carboximetilcelulose sódica) ou pode ser uma pasta graxa (pasta de óxido de zinco), mais espessa e consistente atuando como uma camada protetora sobre as áreas nas quais são aplicadas. A formulação básica das pastas deve apresentar: fármacos, excipientes graxos ou hidrofílicos e agente levigante. 7.FORMAS FARMACÊUTICAS DESTINADAS À INSERÇÃO EM ORIFÍCIO 7.1 Supositórios Supositórios são corpos sólidos de vários pesos e formas, adaptados para introdução no orifício retal, vaginal ou uretral do corpo humano, porém o termo é mais utilizado para as formas farmacêuticas de administraçãoretal. Um supositório pode agir como protetor ou paliativo dos tecidos no local administrado ou como carregador de agentes terapêuticos para exercer ação sistêmica ou localizada. Para preparo dos supositórios, em geral, um ou mais componentes ativos encontram-se dispersos em uma base adequada, moldada em um formato aceitável para inserção no reto. Os excipientes utilizados nessas apresentações devem ser sólidos, estar em temperatura ambiente e serem capazes de liberar o princípio ativo após a administração, quando a base de excipiente deve se liquefazer, devido ao contato com a temperatura do corpo humano (aproximadamente 36°C). 30WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 7.2 Administração por Via Vaginal Além dos supositórios, utilizam-se óvulos, comprimidos vaginais, pomadas, cremes, géis e aerossóis para aplicação local. A via é utilizada principalmente para o tratamento local de infecções, mas também existem usos direcionados à contracepção, como a colocação de diafragmas e do anel contraceptivo, que libera o medicamento de maneira contínua e controlada, quando inserido no local. O uso de plantas para fins medicinais é uma prática muito antiga e de extrema importância para o homem. A fitoterapia é vista como uma importante prática médica. Além das formas farmacêuticas tradicionais usadas na fitoterapia, também são utilizadas as formas farmacêuticas descritas nesta unidade, como cápsulas, comprimidos, soluções, géis, suspensões, pomadas, cremes, entre outros, obtidos a partir das drogas vegetais e extratos. 31WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS As diferentes formas farmacêuticas servem para facilitar a administração, garantir a precisão da dose, proteger a substância da degradação de agentes externos e, durante o percurso pelo organismo, garantir a presença no local de ação, além de facilitar a ingestão da substância ativa, entre outros. Para cada via de administração, são desenvolvidas e utilizadas formas farmacêuticas adequadas para se administrar o princípio ativo e alcançar sucesso na terapia. 3232WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................34 1. FORMAS FARMACÊUTICAS ESTÉREIS..................................................................................................................35 1.1 INJETÁVEIS ..............................................................................................................................................................35 1.1.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO PARENTERAL ..........................................................................................................35 1.1.2 SOLVENTES E VEÍCULOS PARA OS INJETÁVEIS ..............................................................................................36 1.1.3 MÉTODOS PARA ESTERILIZAÇÃO .....................................................................................................................37 1.2 SOLUÇÕES OFTÁLMICAS ......................................................................................................................................38 1.3 SOLUÇÕES NASAIS ...............................................................................................................................................39 1.4 SOLUÇÕES PARA INALAÇÃO ................................................................................................................................39 TECNOLOGIA DE PREPARAÇÃO DE FORMAS FARMACÊUTICAS ESTÉREIS E GESTÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA PROFA. MA. ANA CAROLINA GUIDI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: TECNOLOGIA FARMACÊUTICA E GESTÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA 33WWW.UNINGA.BR 2. GESTÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA .................................................................................40 2.1 GUIAS DE REFERÊNCIA PARA GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM INDÚSTRIA FARMACÊUTICA .........40 2.2 PRÁTICAS APLICADAS AO GERENCIAMENTO DA QUALIDADE ....................................................................... 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................43 34WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Algumas formas farmacêuticas necessitam ser estéreis para o uso. A obtenção de uma forma farmacêutica estéril e segura, livre de microrganismos e partículas, é um componente essencial da tecnologia farmacêutica. Dentre as formas farmacêuticas estéreis, encontram-se as várias soluções, produtos biológicos e preparações injetáveis, de pequeno e grande volumes. A esterilidade dessas preparações é essencial, por entrarem em contato direto com fluidos ou tecidos do organismo, em que infecções podem facilmente surgir. Após a determinação da formulação do produto, incluindo a seleção dos adjuvantes e solventes ou veículos, são seguidos diversos procedimentos assépticos rígidos para a preparação das fórmulas. Na maioria das indústrias, a área na qual esses produtos são produzidos é mantida livre de bactérias pelo uso de luzes ultravioletas, filtração do ar, emprego de equipamentos de fabricação estéreis (como frascos, tubos de conexão e filtros) e uso de vestimentas estéreis. Para o bom funcionamento de uma indústria, é imprescindível que haja sistema de gestão da qualidade. Entre muitos fatores que indicam sua importância, podemos destacar o controle de todos os processos e a garantia de que as normas exigidas estão sendo seguidas. A implantação de um sistema de gestão da qualidade eficaz é realizada de acordo com as necessidades do ambiente organizacional para traçar estratégias e buscar melhorias contínuas. A qualidade deixou de ser um aspecto do produto e responsabilidade de um departamento de forma individualizada e passou a ser um desafio da empresa, abrangendo todos os aspectos de sua operação e de como todas elas são coordenadas. Entre outras particularidades, implantar qualidade em todos os níveis da empresa é necessário para disciplinar as atividades dentro da empresa, continuar a estabilidade da empresa no mercado e reduzir custos com melhoria da eficiência e produtividade. 35WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. FORMAS FARMACÊUTICAS ESTÉREIS 1.1 Injetáveis Os injetáveis são preparações estéreis, livres de pirogênios. Os pirogênios, ou endotoxinas bacterianas, são produtos metabólitos orgânicos, originados de bactérias gram-negativas, que podem causar febre e hipotensão em pacientes que recebem quantidades excessivas nas preparações intravenosas. As vias parenterais são utilizadas quando é necessária a rápida ação do medicamento, como em casos de emergência, quando o paciente está inconsciente ou impossibilitado de aceitar ou tolerar medicamentos por via oral ou quando o próprio medicamento não é eficaz por outras vias. A forma como um fabricante prepara determinado medicamento para uso parenteral depende da natureza do fármaco, em relação a suas características físicas e químicas, e também de certas considerações terapêuticas. Os injetáveis podem conter tampões, conservantes ou outros adjuvantes e ser classificados quanto aos tipos: • Injeção: preparações líquidas, constituídas por soluções do fármaco(por exemplo, insulina injetável). • Para injeção: pós, que, com a adição de veículos adequados, geram soluções que se encontram em conformidade com as exigências referentes aos injetáveis (por exemplo, Cefuroxima para injeção). • Emulsão injetável: preparação líquida de um fármaco dissolvido ou disperso em um sistema emulsionado adequado (por exemplo, Propofol). • Suspensão injetável: preparação líquida de sólidos suspensos em um líquido adequado (por exemplo, Suspensão de Acetato de Metilprednisolona). • Para suspensão injetável: pós, que, com a adição de veículos adequados, geram suspensões que estão em conformidade com as exigências referentes às suspensões injetáveis (por exemplo, Imipenem e Cilastatina para Suspensão Injetável). 1.1.1 Vias de administração parenteral Os medicamentos podem ser injetados em diversos órgãos ou áreas do corpo. As vias mais utilizadas estão descritas a seguir e apresentadas na Figura 1. • Intramuscular (IM): injeção na massa muscular, que pode ser no deltoide (braço), glúteo máximo (nádegas) ou vasto lateral (parte superior da perna). Pode ser administrado por essa via qualquer fármaco não irritante. • Intravenoso (IV): injeção nas veias. Essa via é usada para reposição de fluidos, eletrólitos e nutrientes. É usada para a administração de qualquer medicamento que precise entrar na circulação sistêmica imediatamente, para fármacos irritantes e que necessitem de controle cuidadoso dos níveis sanguíneos. • Subcutânea: injeção no tecido adiposo subcutâneo, localizado abaixo da pele, entre a derme e o músculo. Na administração, a pele pode ser pinçada para evitar que atinja o músculo. Essa via é principalmente usada para administração de insulina e de medicamentos para dor. 36WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Intradérmica (ID): injeção abaixo da superfície da pele (entre a epiderme e a derme). Usada com mais frequência para testes cutâneos nos quais a absorção sistêmica não é desejada, podendo causar reações alérgicas. Figura 1 – Vias de administração parenteral. Fonte: Allen Jr., Popovich e Ansel (2013). 1.1.2 Solventes e veículos para os injetáveis - Veículos aquosos: • Água para injeção: é o solvente usado com maior frequência. Pode ser purificada por destilação ou processo equivalente ou superior. Embora não se exija que a água para injeção seja estéril, ela deve ser livre de pirogênios. Deve ser usada na preparação de produtos injetáveis que serão esterilizados posteriormente. • Água estéril para injeção: água para injeção que foi esterilizada, livre de pirogênio e sem agente antimicrobiano. É usada como solvente, veículo ou diluente para medicamentos injetáveis já acondicionados e esterilizados. • Água bacteriostática para injeção: água estéril para injeção, contendo um ou mais agentes antimicrobianos, usada para preparo de pequenos volumes. A presença do agente bacteriostático permite utilizar frascos de múltiplas doses. • Injeção de Cloreto de Sódio: solução isotônica estéril de cloreto de sódio em água para injeção (concentração aproximada de 154 mEq por litro). Não contém agente antimicrobiano. A solução pode ser usada como veículo estéril na preparação de soluções ou suspensões de fármacos para administração parenteral. • Injeção de Cloreto de Sódio Bacteriostático: solução isotônica estéril de cloreto de sódio em água para injeção. Contém um ou mais agentes antimicrobianos. • Injeção de Ringer: solução estéril de cloreto de sódio, cloreto de potássio e cloreto de cálcio em água para injeção. Apresenta concentração semelhante aos líquidos fisiológicos. Usada como veículo para outros medicamentos ou sozinha, como repositora de eletrólitos e diluentes. 37WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - Veículos não aquosos: Embora os veículos aquosos geralmente sejam preferidos para injetáveis, seu uso pode ser impedido em determinadas formulações devido à limitada solubilidade em água de um fármaco ou à sua suscetibilidade à hidrólise. Nesses casos, são utilizados um ou mais veículos não aquosos. O veículo selecionado não deve ser irritante e tóxico nas quantidades administradas, nem pode ser sensibilizante. Devem ser avaliadas as propriedades físicas e químicas do solvente. Exemplos são: óleos vegetais fixos, glicerina, polietilenoglicol e propilenoglicol. 1.1.3 Métodos para esterilização O termo esterilização, conforme aplicado às preparações farmacêuticas, significa a destruição completa de todos os organismos vivos e seus esporos ou sua remoção total da preparação. O método utilizado é selecionado, em grande parte, pela natureza da preparação e de seus ingredientes. Porém, independentemente do método usado, o produto resultante tem de passar por um teste de esterilidade, como prova da eficácia do processo de esterilização e do desempenho do equipamento e do pessoal. • Esterilização por vapor: a esterilização por vapor é realizada em autoclaves e emprega vapor sob pressão. É o método de escolha na maioria dos casos se o produto for capaz de resistir a tal tratamento. Os microrganismos são destruídos pelo calor úmido. Devido à presença de água, permite a utilização de temperaturas mais baixas (como 115,5o C por 30 minutos) do que as utilizadas na esterilização por calor seco. Esse método é aplicável a soluções aquosas prontas (lacradas) que sejam termoestáveis, objetos de vidro e instrumentos cirúrgicos. Não é aplicável a preparações oleosas, pós e substâncias termolábeis. • Esterilização por calor seco: é realizada em estufas específicas. As estufas podem ser aquecidas por meio de gás ou eletricidade e são controladas por um termostato. Como o calor seco é menos eficaz do que o calor úmido para matar microrganismos, temperaturas mais altas e períodos mais longos de exposição são necessários (como 170° C por não menos de 2 horas). Geralmente, é empregada para materiais que não são esterilizados com eficiência por calor úmido (como óleos fixos ou glicerina). Dependendo da temperatura e do tempo de exposição, é possível eliminar pirogênios. • Esterilização por filtração: consiste na remoção física de microrganismos e outros materiais particulados por adsorção sobre um meio filtrante ou por mecanismo de peneiramento. É usada para esterilizar soluções termossensíveis. Não pode ser empregada para suspensões ou emulsões. As preparações farmacêuticas esterilizadas por esse método devem passar por rígidos processos de validação e monitoramento, pois a eficácia do produto filtrado pode ser influenciada pela carga microbiana da solução. • Esterilização por gás: alguns materiais sensíveis ao calor e à umidade podem ser mais bem esterilizados por exposição ao óxido de etileno ou gás de óxido de propileno, misturados com gás inerte. A esterilização por esse processo exige equipamento especializado, semelhante à autoclave. Acredita-se que o mecanismo de esterilização seja por interferência no metabolismo das células bacterianas. • Esterilização por radiação ionizante: a aplicação dessas técnicas é limitada devido à necessidade de um equipamento altamente especializado e aos efeitos da radiação sobre os produtos e suas embalagens. A combinação de efeitos da radiação é letal aos microrganismos. 38WWW.UNINGA.BR TE CN OL OG IA F AR M AC ÊU TI CA E G ES TÃ O DA Q UA LI DA DE N A IN DÚ ST RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Soluções Oftálmicas São preparações estéreis, livres de partículas estranhas,
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