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: Zugaib 2020; MEDCURSO 2020 Conceito Gestação cuja implantação e desenvolvimento do ovo ocorrem fora da cavidade corporal do útero. Perceba que gestação ectópica não define apenas as gestações que ocorrem fora do útero, mas sim todas as gestações que ocorrem fora da cavidade endometrial, incluindo aqui as gestações cervicais e intersticiais, além da gravidez em cicatriz de cesárea. A tuba uterina (principalmente na ampola) representa o local mais frequente de ocorrência de gravidez ectópica, sendo responsável por cerca de 95 a 98% dos casos. Outros locais mais comuns são ovários, cavidade abdominal e colo do útero. +As gestações heterotópicas são a presença de concomitância entre gestação intrauterina e gestação ectópica. Incidência A prevalência de GE é de cerca de 2% e vem aumentando ao longo dos anos, provavelmente pelo maior acesso às técnicas de fertilização assistida e maior diagnóstico. Etiologia Associada a fatores de risco que causam lesão tubária ou alteração no transporte ovular. Veja bem, qualquer alteração que torne lento o trânsito do ovo para o útero, ou ainda alterações que antecipem a capacidade de implantação, aumenta o risco de ocorrência de GE. Fatores de risco Cirurgia tubária anterior Como salpingostomia, reanastomose, fimbrioplastia e lise de aderências. Autores apontam também o risco de gravidez ectópica se relaciona diretamente com a técnica utilizada na esterilização tubária, sendo maior na esterilização com uso de energia bipolar; Exposição ao dietilestilbestrol Exposição intraútero ao dietilestilbestrol aumenta em nove vezes o risco de gestação ectópica; Uso de DIU O DIU diminui o risco de uma gestação quando comparado a mulheres que não usam quaisquer métodos anticoncepcionais. Mas, em caso de falha do método, a chance da gravidez se instalar fora da cavidade uterina é maior, pois o mecanismo de ação do DIU se restringe à alteração da função tubária, do muco cervical e do endométrio, não interferindo na atividade ovulatória. Gravidez ectópica anterior Muitas variáveis envolvidas, como o estado da tuba contralateral, tipo de tratamento (salpingectomia, salpingostomia, metotrexato), se o tratamento cirúrgico foi realizado por laparotomia ou laparoscopia e a presença de esterilidade antes do evento. Doença inflamatória pélvica Infecções genitais causadas principalmente por Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae podem causar obstrução tubária, diminuição no número e no movimento dos cílios, aglutinação das dobras da mucosa com estreitamento da luz tubária, formação de microdivertículos e destruição das fímbrias. Alterações anatômicas da trompa Endometriose Infertilidade tratada com indutores da ovulação especialmente o citrato de clomifeno; Infecção pélvica prévia Como tuberculose genital; Múltiplos parceiros sexuais Cirurgias abdominais prévias Por exemplo, apendicectomia Uso frequente de duchas vaginais; Tabagismo Pode ser classificado como fator de moderado ou baixo risco, dependendo da intensidade do hábito; Início da atividade sexual com menos de 18 anos de idade; Reprodução assistida O aumento dos valores sanguíneos de estrógeno, produto do efeito das drogas indutoras de ovulação, pode interferir no mecanismo de transporte tubário por alterar a motilidade nas tubas, facilitando a retenção do ovo em sua extensão. Anticoncepção de emergência O mecanismo provável pelo qual o levonorgestrel contribui para a ocorrência de gestação ectópica seria a alteração da motilidade tubária, que causa retardo na chegada do ovo à cavidade endometrial. São também citados como fatores associados a aumento do risco de gravidez ectópica: idade aumentada (> 35 anos); raça negra; Classificação Primária: aquela em que a nidação se faz e prossegue em um único sítio do aparelho genital. wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar Secundária: ovo se desprende do local de implantação e se desenvolve em outro sítio. Gestação ectópica tubária Localização É mais frequente na ampola, seguida da região ístmica. As gestações na porção intersticial correspondem apenas a 2% dos casos de GE e as infundibulares são bem mais raras. Os sintomas iniciais de gravidez tubária são inespecíficos e o diagnóstico pode não ser realizado em um primeiro momento. Com sua evolução, a gestação tubária pode se manifestar por rotura tubária ocorre intensa hemorragia interna. Sintomas Os sintomas clássicos de gravidez ectópica são: Dor abdominal (mais frequente); Amenorreia; Sangramento vaginal (de intensidade variável). Tais sintomas podem ocorrer tanto na presença de rotura tubária ou na sua ausência. Manifestações clínicas Aguda Associadas aos casos de rotura tubária, o que ocorre em cerca de 30% dos casos. Pode ocorrer em qualquer porção da trompa, mas é mais comum no istmo. A rotura se associa a abundante hemorragia intraperitoneal, dor aguda e intensa na fossa ilíaca ou no hipogástrio e choque. Vários sinais de irritação peritoneal e hemorragia abdominal podem estar presentes e costumam ser cobrados em prova, a saber: ● Sinal de Laffon: dor no ombro devido à irritação do nervo frênico; ● Sinal de Blumberg: descompressão dolorosa do abdome; ● Sinal de Cullen: equimose periumbilical; ● Sinal de Proust: dor à mobilização do colo uterino e abaulamento e dor no fundo de saco de Douglas, decorrente do acúmulo de sangue no fundo de saco. As alterações hemodinâmicas encontradas geralmente são mais graves do que o sangramento exteriorizado, ou seja, a paciente pode apresentar sinais de choque sem apresentar sangramento externo importante. Subaguda Corresponde a 70% dos casos de gestação tubária, geralmente na porção ampular. Nestes casos, não ocorre rotura tubária, e a separação parcial do trofoblasto e da placenta decorrente da distensão da trompa ocasiona perda sanguínea para a cavidade abdominal. O crescimento do saco gestacional ectópico e distensão da trompa provocarão o desconforto abdominal. Gestação ectópica não tubária Ovariana Representa de 0,5 a 3% das gestações ectópicas. A implantação pode ser superficial ou profunda. Na maior parte dos casos, ocorre rotura precoce do órgão (pouca capacidade de distensão do útero), com a passagem do ovo fecundado para a cavidade peritoneal e hemorragia, que geralmente não é grave. Pode também o ovo permanecer in situ, envolvido por um coágulo sanguíneo (mola ovárica) ou ainda pode ocorrer à reabsorção total do mesmo. Classicamente, a conduta diante dessa gestação é a ooforectomia ou cistectomia por laparotomia. Entretanto, nos dias atuais, muitos casos têm sido tratados com laparoscopia ou tratamento medicamentoso. Intersticial Também chamada de angular ou cornual, representa cerca de 2 a 3% das gestações ectópicas. A nidação ocorre em um dos cornos uterinos. Em virtude da grande capacidade de distensão miometrial, a rotura uterina em geral ocorre entre a nona e a 12ª semanas de gravidez. O tratamento segue as mesmas orientações da gestação tubária. Em casos de sangramentos profusos, a ressecção de tecido miometrial e até a histerectomia pode ser necessária. Em casos de gestação intersticial íntegra em pacientes com desejo reprodutivo, pode-se optar por condutas conservadoras, tanto clínicas quanto cirúrgicas. A administração local ou sistêmica de metotrexato parece ser boa alternativa. Cervical É a implantação do ovo no canal cervical. É a forma menos comum de gestação ectópica. A manifestação clínica mais frequente é sangramento indolor no primeiro trimestre da gravidez. Outras características clínicas são orifício externo do colo entreaberto, orifício interno fechado e alargamento desproporcional da cérvix. No passado, o tratamento consistia sempre na histerectomia. Atualmente, este procedimento cirúrgico só deve ser usado após fracasso da terapia medicamentosa com metotrexato ou em casos de hemorragia de grande monta e gestaçãoadiantada. Abdominal Pode ser primária ou secundária à implantação inicial do embrião na trompa seguida de abortamento para a cavidade abdominal, com posterior reimplantação do saco gestacional geralmente no ligamento largo, no fundo de saco de Douglas ou omento. A gestação pode ocorrer até o termo. Os sintomas mais comumente encontrados são amenorreia, dor abdominal agravada pelos movimentos fetais nos casos de gestação avançada, sangramento vaginal. O diagnóstico é confirmado pelos exames de imagem, com o USGe ressonância magnética. Frequentemente, observam-se malformações fetais. Em gestações iniciais, o tratamento medicamentoso é preferível. Após esta idade gestacional, a laparotomia é o procedimento de escolha, devendo-se manter intacta a placenta para retirada em um segundo momento, após a utilização de metotrexato, visando sua involução. Tentativas intempestivas de retirada da placenta pode levar a hemorragia intensa. wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar Antes de se efetuar a laparotomia, devem ser instituídos preparo intestinal, antibioticoprofilaxia e adequada reserva de sangue. O tratamento conservador é extremamente controverso, mas pode ser tentado em casos selecionados de estabilidade hemodinâmica materna, na presença de feto vivo e gravidez avançada, com mais de 26 semanas, ausência de grandes malformações e sofrimento fetal, placenta localizada no abdome inferior (distante do fígado e baço) e saco amniótico íntegro. A hospitalização está sempre indicada e a aceleração da maturidade pulmonar é preconizada, visando à interrupção precoce da gestação. Cicatriz de cesárea Implantação e no desenvolvimento dos produtos da concepção na intimidade do miométrio de um a cicatriz de cesárea. Esse raro tipo de gravidez ectópica representa uma condição de risco iminente e, caso não seja rapidamente solucionado, pode resultar em rotura uterina, hemorragia e morte materna.O tratamento é variável, pois não há consenso: inclui conduta expectante, administração sistêmica ou local de metotrexato, cloreto de potássio associado a metotrexato, dilatação e curetagem, histeroscopia, laparoscopia e histerectomia. Gravidez heterotópica Ou combinada, é a coexistência de gravidez ectópica e tópica. Decorre da associação entre fator tubário como causa de esterilidade, uso de drogas indutoras de ovulação e transferência de vários embriões. O tratamento cirúrgico, ainda que envolva riscos anestésicos para a mãe e o feto, é o p referível, entretanto há casos tratados com sucesso com a aplicação de injeção de glicose hipertônica ou cloreto de potássio no saco gestacional ectópico. Havendo morte do produto conceptual localizado fora da cavidade uterina, desde que a paciente se encontre assintomática, a conduta expectante é uma possibilidade. Diagnóstico Anamnese Tríade: Dor abdominal (mais frequente), sangramento vaginal e atraso ou irregularidade menstrual; - Outros locais de dor que podem ser mencionados incluem abdome superior, região lombar, região cervical e escápula (sinal de Laffont); - Sangramento vaginal: devido à descamação endometrial pela produção irregular de hCG. Na maioria da vezes é um sangramento discreto. - A incidência de atraso menstrual em casos de gravidez ectópica varia de 75 a 95%. Exame físico Podem-se encontrar desde pacientes com exame físico normal até mulheres com evidente instabilidade hemodinâmica; - Em situações nas quais não ocorre choque hemorrágico, as variações de pressão arterial e pulso com a posição da paciente, sentada ou deitada (variação ortostática), são importantes sinais de sangramento. - Comumente, à palpação do abdome, verifica-se dor localizada em um dos quadrantes em caso de gravidez ectópica íntegra, ou generalizada, após a rotura tubária. - O exame tocoginecológico pode revelar a presença de sangramento vaginal, geralmente em pequena quantidade, escuro, acompanhado de coágulos e restos de decídua; - o exame do fundo de saco posterior pode ser extremam ente doloroso (sinal de Proust). Exames subsidiários - concentração sérica de beta-hCG: em casos de gestação ectópica tende a ter menor concentração sérica do que a observada na gestação tópica evolutiva de mesma idade gestacional; No caso de imagem suspeita de gestação ectópica, utiliza-se o valor discriminatório de beta-hCG de 2.000 mUI/mL e aumento mínimo de beta-hCG sérica em 48 horas de 50% - concentração sérica de progesterona: Valores inferiores a 10 ng/mL estão associados a gestação não evolutiva. Por outro lado, concentrações superiores a 20 ng/ mL são consistentes com gestações viáveis. No entanto não existe um valor de referência que seja indicativo de gravidez ectópica; - USG: antes de o saco gestacional se tornar visível, um achado é que a espessura endometrial em pacientes com gravidez ectópica é significativamente menor do que a observada na gestação tópica; O saco gestacional pode ser visto por USG transvaginal a partir de 2,5 a 3 seman as após a implantação (4,5 a 5 semanas a partir do primeiro dia da última menstruação). Ele aparece como estrutura em forma de anel, com centro anecoico (líquido) e contorno hiperecoico. Imagens ecográficas sugestivas de gravidez ectópica são: anel tubário (anel apresentando centro anecoico e periferia com ecogenicidade aumentada), sinal do halo (halo anecoico ao redor do anel tubário, que representa edema da subserosa da tuba uterina). - Dopplerfluxometria: pode trazer informações para o diagnóstico da gestação ectópica como aumento do fluxo à artéria tubária, causado pela implantação do trofoblasto na trompa uterina, fluxo trofoblástico periférico ao saco gestacional, fluxo de baixa resistência na artéria tubária do lado supostamente acometido; - é importante lembrar a possibilidade do emprego de exames invasivos, como a culdocentese (avaliar o conteúdo líquido presente na pelve), a curetagem uterina e a laparoscopia. wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar wales Destacar Diagnóstico Tratamento A conduta na gestação ectópica depende de algumas variáveis: Estabilidade hemodinâmica; Integridade da trompa; Desejo de nova gravidez; Características do saco gestacional; Acesso a diferentes terapias. Tratamento cirúrgico Radical – Salpingectomia: Retirada da trompa acometida. Pode ser necessária em mulheres com sangramento incontrolável, gravidez tubária rota, com gravidez ectópica recorrente na mesma tuba, com trompa uterina muito lesada, Saco Gestacional (SG) maior do que 5 cm ou falha de salpingostomia. Pode ser efetuada por laparotomia, por laparoscopia, ou ainda por colpotomia. Conservador Alguns critérios devem ser respeitados: a paciente deve manifestar desejo reprodutivo, o tamanho da massa anexial não deve exceder 5 cm no seu maior diâmetro, a gravidez ectópica deve ser íntegra e é preciso haver estabilidade hemodinâmica. Salpingostomia por laparoscopia: padrão ouro para paciente com gravidez tubária íntegra que quer preservar o futuro reprodutivo. Salpingectomia parcial: ressecção segmentar da tuba uterina nos casos em que o local de implantação da gravidez ectópica se encontra muito danificado ou necrosado, ou ainda na persistência de sangramento posterior à salpingostomia. Existem controvérsias, mas alguns cirurgiões recomendam essa técnica quando a GE ocorre na região ístmica. Ordenha tubária: reservada aos casos em que o tecido trofoblástico está sendo eliminado espontaneamente pelo infundíbulo,ou seja, somente no abortamento tubário manifesto. Gravidez ectópica persistente: ocorre como consequência da remoção incompleta do tecido trofoblástico funcionante após cirurgia conservadora (salpingostomia), sendo mais frequente depois da laparoscopia. Após a cirurgia conservadora, deve-se monitorizar semanalmente a beta-hCG sérica, até a sua negativação. Não existe consenso sobre o melhor tratamento nesse caso. Geralmente, pacientes que apresentam sintomas clínicos de dor abdominal, sangramento e títulos de beta-hCG estáveis ou em ascensão são submetidas a tratamento com dose única intramuscular de metotrexato (50 mg/m2 ) ou a nova abordagem cirúrgica. Tratamento Laparotomia ou laparoscopia? Instabilidade hemodinâmica: não há muito o que pensar: o tratamento é laparotomia (cirurgia abdominal aberta) é indicada quando a mulher está hemodinamicamente instável ou a laparoscopia não está prontamente disponível, quando a GE é não tubária, quando existem massas anexiais maiores que 5cm e múltiplas aderências. Como geralmente ocorreu a ruptura da massa tubária, a cirurgia a ser realizada deve ser salpingectomia, ou seja, a retirada da trompa acometida, com conservação da porção intersticial da trompa. Estabilidade hemodinâmica: posso escolher a técnica, mas a cirurgia laparoscópica indubitavelmente é mais benéfica do que a cirurgia laparotômica, e deve ser preferida sempre que houver condições clínicas para sua realização, pois possibilita menor manipulação, evitando a formação de aderências, acarreta dor pós- operatória menos intensa e promove uma recuperação mais rápida. Vale salientar, ainda, que os limites para a indicação da laparoscopia dependem principalmente da habilidade do cirurgião e da equipe. Cirurgia radical ou conservadora? Até o momento, existem poucos estudos prospectivos bem controlados que comparam o futuro reprodutivo das pacientes submetidas a diferentes formas de tratamento cirúrgico de gravidez ectópica. Alguns estudos retrospectivos sugerem que a taxa de gravidez intrauterina futura posterior à cirurgia conservadora é semelhante ou levemente superior à verificada após a salpingectomia. O que sabemos é que o prognóstico de uma futura gestação após episódio de gravidez ectópica parece depender principalmente dos antecedentes da paciente e do estado da tuba contralateral. Uma vez optando-se pela cirurgia conservadora, estando a trompa íntegra, a melhor abordagem é a salpingostomia linear, consiste na incisão superficial na parede tubária sobre o saco gestacional, que deve ser removido por sucção. Além disso, não deve ser realizada a sutura da parede da tuba acometida, a qual cicatrizará por segunda intenção. Quando o saco gestacional se encontra em porção ístmica, a melhor abordagem consiste na ressecção tubária segmentar. Tratamento medicamentoso Tem a vantagem de ser mais barato e de poder ser utilizado em situações onde a cirurgia poderia ser arriscada, como em gestações ectópicas não usuais e em gestações ectópicas persistentes (após cirurgia conservadora). Porém, o tratamento medicamentoso não pode ser administrado para todos os casos de gestação ectópica. De forma geral, condições associadas a melhores resultados com o uso da terapia medicamentosa: Saco gestacional < 3,5 cm; Embrião sem atividade cardíaca; Beta-hCG < 5.000 mUI/ml. Gestações que não se enquadrem nos critérios sugeridos não são contraindicações à terapia medicamentosa, porém terão menor chance de sucesso. (MEDCURSO 2020). Medicamento de escolha Metotrexato: antagonista do ácido fólico, interfere na produção de purinas e pirimidinas, interferindo na síntese do DNA e RNA. Esquema de administração Metotrexato intramuscular Dose única: Administra a dose de 50 mg/m2. Na Clínica Obstétrica do HC-FMUSP, dá-se preferência ao esquema de dose única para os casos de gravidez intersticial com valores de beta-hCG de até 5.000 mUI/m. Usar quando gravidez íntegra de até 4 cm, estabilidade hemodinâmica. O metotrexato pode, ainda que raramente, ocasionar efeitos colaterais importantes, como leucopenia, pneumonite e alopecia. Dia 1: dosagem de beta-hCG sérica + normalidade de exames laboratoriais: (hemograma completo, enzimas hepáticas e creatinina) + administração de MTX intramuscular 50 mg/m2; - Caso a dosagem não tenha caído pelo menos 15% entre o quarto e o sétimo dia, repete-se a dose de 50 mg/m2. Caso uma segunda dose não se mostre eficaz, pode-se utilizar uma terceira dose. Após uma terceira dose sem a regressão dos níveis hormonais, declara-se o fracasso da terapia e uma outra abordagem deve ser instituída. Múltiplas doses: Administra-se 1 mg/kg de peso de metotrexato no primeiro, terceiro e quinto dias e uma dose de ácido folínico (fator citrovorum) de 0,1 mg/kg no segundo, no quarto e no sexto dia. A dosagem de beta-hCG deve ser realizada diariamente até que se obtenha uma queda de pelo menos 15% em duas dosagens diárias consecutivas. Caso não se verifique a queda, o esquema pode ser repetido por quatro vezes, sempre respeitando um intervalo de sete dias entre os esquemas. Na Clínica Obstétrica do HC-FMUSP, preconiza-se o esquema de múltiplas doses em casos de gravidez intersticial com valores de beta-hCG acima de 5.000 mUI/mL. Metotrexato local Injeção local de metotrexato, guiada por ultrassonografia transvaginal, na dose de 1 mg/kg. Atualmente, na Clínica Obstétrica do HC-FMUSP, utiliza-se o tratamento local com metotrexato ( 1 mg/kg) guiado por ultrassonografia transvaginal em casos de gravidez cervical e gravidez em cicatriz de cesárea. Tratamento Outros fármacos - Prostaglandinas: causam vasoconstrição e contração da musculatura tubária. Apesar da alta taxa de sucesso, essa prática tem sido abandonada em virtude dos limitados critérios para seu uso e dos efeitos colaterais; - Glicose hipertônica: administrada por laparoscopia ou ultrassonografia transvaginal. Ela age causando necrose asséptica do tecido trofoblástico. Pela literatura, mostra-se eficaz no tratamento da gravidez ectópica incipiente. Precisa de mais estudos. - Cloreto de potássio: o cloreto de potássio tem sido utilizado com o objetivo de causar assistolia no produto conceptual. Usado como único fármaco na gravidez heterotópica, como adjuvante no tratamento com metotrexato em casos de gravidez cervical e de gravidez em cicatriz de cesárea. - Gefitinibe: estudos preliminares mostram possibilidade de uso em associação com metotrexato no tratamento de formas não tubárias de gravidez ectópica como a gestação intersticial e gravidez em cicatriz de cesárea ou em casos de gravidez tubária com títulos altos de beta-hCG. Tratamento expectante A conduta expectante está reservada para um grupo seleto de pacientes (10-15%), com quadro clínico estável, beta-hCG declinante e com nível inicial de 1.000 a 1.500 mUI/ml.