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Atividade - Imunidade e Hemograma (P1 - MAD - Uni9 Vergueiro) CASO CLÍNICO 1 Mulher, 26 anos, cuidadora de idosos, sofreu um corte profundo com a faca na mão direita, enquanto preparava o almoço do seu paciente. Imediatamente fez a correta antissepsia do ferimento que estava vermelho, quente e muito dolorido. No final do seu expediente, como a ferida estava muito dolorida, foi até a UBS para avaliação médica. O médico solicitou nova antissepsia (que foi realizada pela enfermeira), prescreveu medicação tópica e recomendou que retornasse em sete dias. Após o tempo decorrido, a mulher retornou à UBS e o médico a informou que o ferimento estava com boa evolução, não gerando sequelas futuras. a. Qual o mecanismo desencadeador do processo inflamatório descrito? Explique a importância da correta antissepsia na boa evolução do quadro inflamatório apresentado pela paciente. Resposta: 50% - Trata-se de um caso de lesão tecidual com necrose e geração de processo inflamatório, provocado por agente não infeccioso (agente agressor: objeto perfurocortante - faca). 50% - A antissepsia evita que ocorra infecção da ferida comprometendo sua evolução visto que, em processos inflamatórios infecciosos, deve haver a eliminação do agente infeccioso para b. Neste caso, que componente da resposta imune foi lesado para que ocorresse o processo inflamatório? Explique sua importância na manutenção da homeostase. Resposta: 50% - Pele, que é uma barreira física do sistema imune; 50% - a pele íntegra e seus componentes (ácidos graxos, peptídeos antibacterianos, microbiota) fornece proteção ao organismo, visto que é o órgão que faz o contato direto do organismo com o meio ambiente e agentes invasores. CASO CLÍNICO 2 Recém-nascido gravemente afetado, apresenta infecções necróticas de tecido mole, recorrentes ou progressivas, por estafilococos e microrganismos Gram-negativos, além de periodontite, deficiência na cicatrização de feridas, nenhuma formação de pus, leucocitose e atraso (> 3 semanas) no desprendimento do coto umbilical. A contagem de leucócitos mantém-se alta, mesmo entre infecções. Essas infecções tornam-se, de forma crescente, difíceis de controlar. Exame físico: Abscesso em região de coxa direita sem saída de secreção. Sem nenhuma outra alteração relevante. Exames laboratoriais: Hemograma com leucocitose; dosagem de Imunoglobulinas (IgA/IgM/IgG) = normais, contagem de linfócitos T CD4/CD8 = normal. O diagnóstico nesse paciente foi de deficiência de adesão leucocitária do tipo I (LADA ou LAD), que interfere diretamente no processo inflamatório. c. Qual a relação entre esse diagnóstico e o processo inflamatório? Resposta: Compromete a adesão de alta afinidade dependente de quimiocinas mediada por integrinas o que leva a migração de leucócitos do sangue para um local de infecção extravascular dentro de minutos após a infecção. As deficiências hereditárias em ligantes de integrinas e selectinas levam a defeitos no recrutamento dos leucócitos para os locais de infecção e a aumento da suscetibilidade às infecções. d. Como característica da deficiência de adesão leucocitária do tipo I, a contagem de leucócitos no sangue desse paciente encontra-se aumentada. A maioria das infecções recorrentes desse recém nascido são causadas por bactérias. Nesse caso, qual leucócito estaria aumentado na corrente sanguínea? Qual a função dessa célula na resposta inflamatória? Resposta: As células aumentadas na corrente sanguínea serão os neutrófilos. Os neutrófilos serão as primeiras células a responder na maioria das infecções, particularmente infecções bacterianas e fúngicas e, portanto, são as células dominantes da inflamação aguda. A principal função dos neutrófilos é fagocitar microrganismos, especialmente microrganismos opsonizados e produtos de células necróticas, bem como destruir esse material nos fagolisossomos. Em adição, os neutrófilos produzem conteúdos de grânulos e substâncias antimicrobianas que matam microrganismos extracelulares, mas também danificam tecidos sadios. Os neutrófilos são viáveis por apenas algumas horas nos tecidos, por isso são os primeiros a responder, mas não fornecem 150 de 200 pontos CASO CLÍNICO 3 Menino, 9 anos, foi atendido em unidade de pronto atendimento com queimaduras em ambas as mãos e nas extremidade inferiores do corpo. A mãe da criança relata que o menino sempre brincava sozinho, enquanto ela trabalhava em home office, devido à pandemia. O acidente ocorreu enquanto o menino brincava com fósforos na garagem de casa e, acidentalmente ateou fogo em suas calças. A mãe relata que o menino só percebeu o acidente quando suas calças estavam pegando fogo e desesperadamente, tentou apagá-lo usando as mãos. O mesmo sofreu queimadura em ambas as mãos e extremidades inferiores com muita dor espontânea e ao exame físico (Figura 1). Foram realizados os devidos cuidados tópicos nas áreas acometidas. O paciente também foi medicado com analgésico e antibióticos orais para evitar infecção secundária. Após um mês a criança retorna ao pediatra. Nesta ocasião, foram observadas as lesões apresentadas na figura 2. e. Quais os sinais e/ou sintomas relatados no caso e/ou observados na figura 1 que caracterizam a resposta inflamatória? Explique como esse sinal e/ou sintoma é formado após a queimadura. (Resposta sem explicação não será considerada) 25% (1 sinal) - Sinais: queimaduras em ambas as mãos e nas extremidades inferiores do corpo ou rubor e edema nas palmas das mãos 25% (1 sintoma) - Sintoma: dor espontânea ao exame físico 50% - Mastócitos liberam histamina, gera vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular com a formação do edema e consequentemente a bolha. f. Qual o mecanismo responsável pela alteração das características da lesão ilustrado na figura 2? Qual a célula do sistema imune inato que desempenha um papel fundamental nesse processo? Justifique sua resposta com a função desempenhada pela célula nesse processo. (Resposta sem justificativa não será considerada) Resposta: Mecanismo: Reparo tecidual/cicatrização (0,4) Célula: Macrófagos M2. (0,3) Os macrófagos M2 passam a secretar citocinas antiinflamatorias (IL-10 e TGF-beta) e fatores de crescimento que agem sobre fibroblastos para aumentar a síntese de colágeno e induzir fibrose. Esse tipo de resposta de macrófago é chamado de ativação alternativa de macrófago, para distingui-la da ativação clássica, que aumenta funções microbicidas. A ativação alternativa do macrófago desempenha um papel no reparo de tecidos após lesão e podem contribuir para fibroses em uma variedade de doenças. Macrófagos alternativamente ativados são também chamados de macrófagos M2. (0,3) CASO CLÍNICO 4 Mulher, 19 anos, refere ter apresentado lesões de pele no local de uso de relógio de pulseira metálica por um ano, com intensa piora nos últimos dias de uso. Suspendeu o uso do relógio por conta própria. Há seis meses vem notando aparecimento de lesões semelhantes localizadas nas regiões cervical e abdominal, coincidindo com os locais do botão metálico e da corrente. Em consulta com o dermatologista, foi realizado o teste epicutâneo de leitura tardia que mostrou positividade para o níquel. Foi diagnosticada com dermatite de contato alérgica que é consequência de uma reação imune contra químicos de baixo peso molecular (nesse caso o níquel), denominados haptenos. Os haptenos, devido ao seu baixo peso molecular, penetram pela camada córnea e se difundem em direção à camada basal. Durante esse processo de difusão, ligam-se às proteínas teciduais, tornando-se imunogênicos. Os haptenos lipofílicos podem penetrar nas células de Langerhans e se ligar a componentes citoplasmáticos dessas células que são processados pelos proteossomos e se ligam ao MHC classe I. Já os haptenos hidrofílicos tendem a conjugar-se com proteínas teciduais extracelulares e são captados pelas células de Langerhans, processados e acoplados às moléculas do MHC classe II. Os sinais e sintomas da dermatite de contato são causados principalmente pelos linfócitos queinduzem apoptose nas células da pele. Os linfócitos que liberam grande quantidade de IFN-γ que estimula outras células T, células NK e macrófagos também contribuem para essa patologia. O dermatologista então suspendeu o uso de materiais contendo níquel e prescreveu a utilização de corticosteróide tópico nos locais das principais lesões, com boa evolução, levando ao desaparecimento do quadro. (Ref.: An Bras Dermatol.2011;86(3):419-33) g. Baseado na descrição do caso clínico, quais são os linfócitos ativados pelas células de Langerhans na dermatite de contato? Justifique sua resposta com função desempenhada por cada uma das células incluindo a molécula de MHC usada na apresentação de antígenos. (Respostas sem justificativas não serão consideradas) Diferentes agressões induzem a produção de citocinas diferentes e provenientes de células dentríticas e outras células, e estas citocinas direcionam a diferenciação de células T ativadas para um ou outro subgrupo. Nesse caso há a ativação do linfócito T CD4+ do tipo Th1 através do MHC classe II. A assinatura da citocina das células Th1 é interferon-γ (IFN-γ), a citocina mais potente de ativação de macrófago conhecida. Macrófagos ingerem e tentam destruir microrganismos como parte da resposta imune inata. A influência desse processo é substancialmente aumentada pela interação de células Th1 com os macrófagos. O resultado da ativação mediada pelo CD40 e IFN-γ é que macrófagos se tornam fortemente microbicidas e podem destruir a maioria dos microrganismos ingeridos. (0,5) Os outros linfócitos ativados na dermatite de contato são os linfócitos T CD8+. A diferenciação de células T CD8+ imaturas em linfócitos T citotóxicos (CTL) plenamente ativas, através do MHC classe I, é acompanhada pela síntese de moléculas envolvida na morte celular, dando a estas células T efetoras a capacidade funcional, que é a capacidade de induzir apoptose nas células após o reconhecimento do antígeno. (0,5) h. O tratamento proposto pelo dermatologista foi um sucesso, levando ao desaparecimento do quadro. Porém ocorre a recidiva do quadro sempre que a paciente volta utilizar níquel. Porque isso acontece? Justifique sua resposta baseado nas características da resposta imune. Como a dermatite de contato ocorre devido a uma resposta imune adaptativa, ela vem acompanhada de memória imunológica. Na imunidade adaptativa o sistema imune se lembra da exposição ao antígeno, e essa propriedade da imunidade adaptativa é chamada de memória imunológica. A resposta para a primeira exposição ao antígeno, denominada resposta imune primária, é iniciada pelos linfócitos chamados linfócitos imaturos que estão encontrando aquele antígeno pela primeira vez. Os encontros subsequentes com o mesmo antígeno levam a respostas chamadas de respostas imunes secundárias, que geralmente são mais rápidas, amplas e mais capazes de eliminar o antígeno que as respostas primárias. As respostas secundárias são o resultado da ativação dos linfócitos de memória, que são células de longa vida que foram induzidas durante a resposta imunitária primária. Portanto todas as vezes que a paciente entrar em contato com o níquel, a lesão proveniente da resposta imune acontecerá. (1,0) CASO CLÍNICO 5 Paciente branca, de 32 anos, apresentou placa eritematosa, infiltrada, com uma pústula isolada sobre a lesão, no membro inferior direito (região da coxa), com dor e calor no local. Apresentava lesão semelhante, com tamanho menor, na perna esquerda. Foi realizado exame bacterioscópico e bacteriológico da pústula e iniciado tratamento com cefalosporina de primeira geração por 14 dias. Na primeira semana de tratamento, o eritema regrediu e ficaram realçadas lesões furunculóides (Figura 1). Ao final dos 14 dias, houve regressão total do quadro. O antibiograma mostrou S. aureus resistente à oxacilina e sensível aos demais antibióticos testados (sulfametoxazol-trimetropin, clindamicina, eritromicina, gentamicina, ciprofloxacina e vancomicina). i. Pelo caso acima, indique e explique o mecanismo de reconhecimento do agente etiológico pelas células da imunidade inata. 20% - Reconhecimento através de receptores de reconhecimento de padrões (PRRs). 80% - A partir de padrões moleculares associados ao patógeno (PAMPs) presentes no microrganismo, células da imunidade inata (tais como macrófagos e neutrófilos), reconhecem essas estruturas através de receptores de reconhecimento de padrões, tais com os receptores da família Toll-like receptors (TLRs), iniciando assim a eliminação do patógeno pelo mecanismo de fagocitose. j. Além da fagocitose, explique como a resposta imune inata pode provocar a morte deste patógeno com o auxílio do sistema complemento? Resposta: 50% - A ativação do sistema complemento têm como objetivo principal a formação do complexo de ataque à membrana (MAC), 50% - que leva a formação de poros na membrana/parede do patógeno, provocando descontrole osmótico e consequente morte do microrganismo.
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