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Sociedade Brasileira de CardiologiaBOLETIM DO DEPARTAMENTO DE CARDIOPATIA E GRAVIDEZ DA SBC. VO LUME 3 EDIÇÃO 1 As modificações fisiológicas ocorridas durante o período gestacional devem ser compreendidas no sentido � da adequada implementação de exercícios, sendo o comportamento da freqüência cardíaca considerado o � índice mais aproximado � de capacidade funcional. � A faixa ideal para a definição do nível de atividade a ser implementada é calculada � a menor, em torno de 25% a 30%, quando outras situações são comparadas. Dentro do fenômeno de redistribuição sangüínea(8), situação fisiológica que ocorre como resposta de adaptação à realização de trabalho físico, com redirecionamento de sangue de órgãos esplâncnicos para os sistemas solicitantes (músculos) e manutenção percentual para o coração e absoluta para o cérebro. Especula-se, a partir de estudos animais, qual o percentual de desvio de sangue do útero para os músculos em atividade, � que poderia ser considerado deletério, estimado aproximadamente em � 50%(4). Considerando-se � que a variabilidade da resposta cardiovascular é maior durante a gestação � e o período pós-parto, limites mais rígidos de freqüência cardíaca, dentro da faixa de prescrição do exercício, devem ser seguidos. Fatores coexistentes como anemia (prejudicando a capacidade � do transporte de oxigênio), sedentarismo e obesidade, limitam sobremaneira a capacidade funcional, com respostas anormais, mesmo em intensidades leves de esforço. Após o quarto mês � de gestação, o aumento uterino pode levar à compressão mecânica da � veia cava inferior, com conseqüente diminuição do retorno venoso e hipotensão (síndrome hipotensiva supina), além de alterações no débito cardíaco e na circulação uterina, podendo desencadear descolamentos � da placenta. Adicionalmente, o diafragma é deslocado para cima, observando-se diminuição das cavidades pleurais e conseqüente sensação de dispnéia em algumas gestantes, mesmo sem modificações da função pulmonar, na condição de repouso, uma vez que pode existir expansão lateral compensatória do gradeado costal e aumento do "Tidal Volume". Já com quadro hiperventilatório em � repouso, o exercício de pequena intensidade ocorre concomitante à elevação proporcional do consumo de oxigênio, que não progride � de forma esperada quando elevadas intensidades são realizadas, atingindo valores inferiores aos estimados. � Tal fato justifica a dificuldade da gestante em manter altos níveis de atividade aeróbia, demonstrando-se também diminuição da reserva pulmonar e inabilidade de utilização do metabolismo anaeróbio para compensação, com conseqüente e maior lactidemia sangüínea, especialmente em exercícios prolongados. Fatores de risco durante a gestação – OS programas de exercício devem ser individualizados, objetivando primordialmente a segurança da mãe e do feto. Os riscos potenciais podem ser elevados para ambos, mesmo sem a comprovação científica para suportar tais afirmações, mas considerando-se especialmente as profundas modificações no sistema cardiovascular e músculo esquelético. O corolário, "maior nível de capacidade funcional, com a maior segurança possível", leva � à situação real de que não é possível alcançar a mesma condição da mulher não grávida, com menor consumo máximo de oxigênio alcançado (VO2 máx), mesmo no período imediato � e mediato ao pós-parto, quando o recém-nascido deixa de representar problema adicional. Os programas ideais incluem larga variedade de opções, como caminhadas, bicicleta estacionária, formas modificadas de dança, natação, hidroginástica e Atividade física na gravidez Riscos x benefícios Matér ia da capa . Tabela 1 – Respostas cardiovasculares na gestação normal e no período pós-parto (quatro semanas), nas condições de repouso e de exercício(4). Tabela 2 – Modificações hemodinâmicas fisiológicas durante a gestação normal(7). REPOUSO A TIVIDADE Volume sangüíneo materno 30% Freqüência cardíaca Débito cardíaco Hematócrito Tendência à hemoconcentração ( >10%/15% em exercícios vigorosos) Reserva cardíaca Fluxo uterino * ** *** **** TRIMESTRE 1 TRIMESTRE 2 TRIMESTRE 3 Volume sangüíneo Freqüência cardíaca "Stroke volume" Débito cardíaco R. Vascular sistêmica Pressão do pulso PAS-pressão arterial sistólica PAD-pressão arterial diastólica * Menor resposta de elevação em comparação à não grávida; ** 20% < em comparação à � não gestante; *** reduzido em torno de 25% no terceiro trimestre, quando são considerados exercícios moderados(5); **** o aumento do volume plasmático em até 50% e de hemácias em até 20% leva ao efeito dilucional, com "anemia fisiológica" ao fim da gestação(6). Obs.: modificado de Braunwald.
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