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DIP – DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA • Infecção dos órgãos genitais superiores por ascensão de patógenos da vagina com base polimicrobiana da infecção aguda. • Fator predisponente geral: infecção pelo Gonococo e Clamídia (60%), Mycoplasma genitalium e vaginose bacteriana em graus menores. • Outros possíveis causadores: Ureaplasma urealyticun, Micoplasma hominis. • Patógenos secundários: bactérias aeróbicas e anaeróbicas, Gram + ou – da vagina. • Usuárias de DIU possuem um risco de 2 a 9x maior, porém dependente de exposição a fatores de risco. • Teorias de fisiopatologia: ascensão direta, linfática e hematogênica. CLÍNICA DA DIP AGUDA • Dor pélvica: hipogástrica, de aparecimento recente (<15 dias), geralmente pós-menstrual, piora com coito e Valsalva e depois até a deambulação, irradiação da dor para face medial da coxa. • Corrimento vaginal variável em quantidade de aparecimento concomitante à dor, ao exame predomina secreção endocervical. • 40% dos casos têm polimenorreia (endometrite). Em 25% dos casos, as pacientes apresentam náuseas, vômitos, anorexia e até íleo adinâmico = acometimento peritoneal. CLASSIFICAÇÃO • Tipo 1: endometrite e salpingite agudas sem peritonite. Pode não ter febre ou alteração no hemograma. • Tipo 2: salpingite com peritonite. • Tipo 3: salpingite aguda com oclusão tubária = abscesso tubo-ovariano íntegro. • Tipo 4: abscesso tubo-ovariano roto com secreção purulenta cavitaria. DIAGNÓSTICO CLÍNICO - PROVA • Dor abdominal baixa + dor a lateralização do colo ao toque + dor à palpação anexial ao toque. • Fecha-se o diagnóstico com a associação de um dos fatores menores: o Febre (acima de 38°C). o Leucocitose (acima de 10550/mm3). o Culdocentese com conteúdo purulento. o Tumoração pélvica ao toque combinado ou US. o Hemossedimentação > 15mm. o Coloração de Gram positiva para Gonococo ou Clamídia em endocérvice. o 5 ou mais leucócitos em microscopia de grande aumento de material endocervical. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Apendicite. • Prenhez ectópica. • Tumoração ovariana. • Pielonefrite. • Rutura de cisto ovariano. • Gastroenterocolite. • Litíase renal. • Cistite. • Endometriose. • Doenças proctológicas. • Colecistite. • Úlcera perfurada. EXAMES COMPLEMENTARES • Beta-HCG: para diagnóstico diferencial. • Hemograma: leucocitose com desvio à esquerda. • VHS acima de 15mm ou PCR elevada. • Urina I: uretrite associada. • Culturas: endocervical para Gonococo e possível Clamídia. • NAAT para Gonococo e Clamídia se possível. • US pélvico: abscesso e diferencial com outras patologias. • Laparoscopia: diagnóstica e coleta de material para cultura. TRATAMENTO AMBULATORIAL (DIPA I LEVE A MODERADA) • Critério essencial: paciente passível de controle, consciente de risco e rápida remoção em caso de complicação. • Esquema semelhante à gonococcia não complicada (Ceftriaxona 500mg, IM, dose única), porém com Doxiciclina estendida a 14 dias e Metronidazol 500mg, VO de 12/12 horas por 14 dias. • Esquema alternativo: Cefoxitina 2g, IM, em dose única associada à Probenecid 1g, VO, em dose única (com Doxiciclina e Metronidazol iguais ao anterior). TRATAMENTO HOSPITALAR (DIPA II SEVERA, III, IV) • Ceftriaxone 1g, EV, diário ou Cefoxitina 2g, EV de 6/6h + Doxiciclina 100mg, VO, de 12/12h e Metronidazol 500mg, VO, de 12/12h. • Após melhora clínica e laboratorial por 48 horas, mantem-se apenas a Doxiciclina e Metronidazol até completar 14 dias. • Esquemas alternativos: o Ampicilina-sulbactan 3g, EV, 6/6h associado a Doxiciclina. o Clindamicina 900mg, EV, 8/8h + Gentamicina 1,5mg/kg peso de 8/8h. ASPECTOS DO TRATAMENTO HOSPITALAR • Monitoramento da paciente: curva térmica rigorosa e leucograma diário, suspensão de dieta na fase inicial (risco de exploração cirúrgica) e reposição hidroeletrolítica venosa. • Tratamento cirúrgico: abscesso tubo-ovariano roto, abscesso tubo-ovariano íntegro sem controle em 48 horas de terapia e pelve- peritonite sem resposta clínica. • Abordagem cirúrgica: salpingostomia ou salpingectomia, salpingo-ooforectomia e histerectomia ampliada. DIP CRÔNICA • Evolução de quadros agudos ou forma direta de quadros assintomáticos. • Aderências pélvicas e lesão irreversível de trompas. • Alto risco de prenhez ectópica. • Hidrossalpinge ou obstrução tubária. • Quadro clínico = dor pélvica crônica, dispareunia e infertilidade. • Tratamento limitado com baixa eficácia para o uso de antibióticos por período prolongado.
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