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PANCREATITE AGUDA ANATOMIA/FISIOLOGIA • O pâncreas é um órgão retroperitoneal, localizado anterior à coluna vertebral, atrás do estômago e entre o duodeno e o baço. Faz parte do grupo das glândulas mistas, exercendo função endócrina (ilhotas de Langerhans) e exócrina (ácinos). As ilhotas de Langerhans são divididas em alfa (produzem glucagon) e beta (produzem insulina). • Composição da secreção pancreática: o Componente aquoso: concentração de sódio e potássio semelhantes às do plasma, bicabornato (níveis elevados) e cloro. o Componente enzimático: Tripsina, quimiotripsina e elastase, carboxipeptidases, lipases pancreáticas, amilase pancreática, ribonucleases e outras. Possuem a função de quebrar ligações. • A secreção serosa pancreática: a ativação das pró-proteases pancreáticas no intestino delgado pela enteroquinase (da borda-em- escova). DEFINIÇÃO • Processo inflamatório agudo do pâncreas com envolvimento variável de outros tecidos regionais ou sistemas orgânicos. • Acometimento variável das estruturas peripancreáticas. • O processo inflamatório se inicia pela lesão das células acinares (enzimas). Ocorre ativação prematura das enzimas digestivas no interior da glândula. • Quando o tripsinogênio é convertido em tripsina, ela ativa outras proteases ainda no interior do órgão, essas enzimas ativadas provocam injúria e morte celular, causando uma autodigestão tecidual. • Marco da doença = necrose gordurosa → parênquima, tecido peripancreático, mesentério e omento. • É a 2ª patologia do TGI diagnosticadas em hospitais nos EUA. • Após surto agudo, com a resolução do quadro desencadeador, há recuperação completa da estrutura e da função do órgão. • Quando há dano celular importante, pode não existir uma recuperação completa e, com recorrências das crises, pode haver inflamação crônica e fibrose, que são características da pancreatite crônica. DIAGNÓSTICO – CRITÉRIOS DE BANKS • Clínica (dor abdominal consistente em andar superior do abdome) + elevação das enzimas pancreáticas + imagem (TC de abdome). Precisa de 2 desses 3. • A dor geralmente é epigástrica ou quadrante superior esquerdo, com irradiação para as costas ou flancos. É constante. A intensidade não está correlacionada com a severidade. ENZIMAS • Amilase: elevação de 2 a 3x o normal, possui sensibilidade de 70 – 95% e especificidade de 20 – 60%. Pode ser encontrada na saliva, e em casos de parotidite estará aumentada. • Lipase: elevação 3x o normal, possui sensibilidade de 50 – 99% e especificidade de 85 a 100%. LITÍASE BILIAR • Pancreatite aguda biliar: refluxo biliar para o ducto pancreático, desencadeando ativação enzimática. Não se associa à pancreatite crônica. A incidência é maior, no sexo feminino (2:1), em obesos e na faixa etária de 50 – 70 anos. • O tratamento é realizado com colecistectomia. ÁLCOOL • Pancreatite alcoólica: mais de 5 anos de ingestão (média de 15), com uma média de 5 a 9 drinques/dia (a maioria dos indivíduos com esse nível de ingestão não desenvolve a doença). • Cofatores: dieta rica em gorduras, alterações genéticas e tabagismo. • Ocorre aumento de enzimas pancreáticas ativadas, contração transitória do esfíncter de Oddi e lesão direta do etanol e seus metabólitos. EXAME FÍSICO • Taquicardia. • Abdome: frequentemente distendido, com diminuição de RHA. • Sensibilidade a palpação do abdome (Blumberg). • Icterícia (10%) pode estar presente se houver obstrução biliar por um cálculo. Não afirma. • Em casos graves, já necrosante → hipotensão, taquipneia, dispneia, confusão, febre, delírio e coma. COMPLICAÇÕES POTENCIAIS DA PANCREATITE AGUDA • Hipovolemia. • Necrose pancreática. • Necrose extra-pancreática. • SARA. • IRA. • Íleo adinâmico. • Choque. • SIRS. • Adematosa, intersticial ou leve: 80 -90%, edema do pâncreas, sem necrose extensa, sem complicações e com curso autolimitado em 3 – 7 dias. • Necrosante, Necrohemorrágica ou grave: 10 – 20%, necrose extensa, hemorragia retroperitoneal, quadro sistêmico grave e curso de 3 – 6 semanas. CRITÉRIOS DE GRAVIDADE • Critérios de atlanta – 1992. • Critérios de Atlanta revisada – 2013. • Critérios de Petrov. • Critérios tomográficos: Balthazar. • Scores (avaliação de gravidade): Ranson, Apache II, SIRS, Marshall, Sofa, Glasgow, PCR. • Critérios de Petrov: o Pancreatite leve: sem complicação sistêmica e sem complicação local. o Pancreatite moderada: falência orgânica transitória e/ou necrose estéril. o Paciente grave: falência orgânica permanente ou necrose infectada. o Paciente crítico: insuficiência orgânica persistente e necrose infectada. MANEJO INICIAL • Hidratação vigorosa deve ser instituída: 250 – 500ml/hora, exceto cardiopatas, renais crônicos ou alguma outra comorbidade que contraindique a reposição vigorosa. • Reposição por 12 a 24 horas, com pouco benefício após esse período. • Se hipotensão ou choque, uma reposição mais agressiva deve ser instituída. NUTRIÇÃO • Em pancreatites leves, a dieta oral pode ser iniciada imediatamente após melhora de náuseas e vômitos e resolução da dor abdominal. • Iniciar com dieta pobre em lipídios ou líquida sem resíduos. • Em pancreatites severas, possibilidade de realização de dieta enteral (SNE) ou, se não houver tolerância, dieta parenteral. ANTIBIÓTICOS • Sem evidências científicas para uso profilático. CPRE – COLANGIOPANCREATOGRAFIA RETRÓGRADA ENDOSCÓPICA OBSERVAÇÕES • A identificação do fator etiológico responsável pela PA é fundamental no tratamento. • A apresentação clínica da PA é variada. • Os critérios de gravidade podem prever a gravidade da manifestação da PA, ajudando na condução clínica. • Uma hidratação vigorosa é fundamental no manejo inicial da PA. • Não é indicado o uso de ATB profilático, sendo que a infecção de uma necrose somente ocorre 7 dias após apresentação da PA. • Se possível, reiniciar a dieta VO o mais precoce possível.
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