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Introdução A prótese parcial removível possui um conector maior, que liga uma parte da arcada à outra, criando um monobloco. Os dentes vizinhos aos espaços protéticos são os retentores diretos. Além deles, são criados retentores indiretos, que também serão responsáveis por distribuir as tenções, até mesmo longe do espaço protético. É por conta disso que a prótese removível pode ser indicada para grandes espaços protéticos e a prótese fixa não. No caso da prótese parcial removível dentomucosossuportada, perde-se um pilar dessa “ponte”. Como é possível observar na imagem a seguir, a prótese fica apoiada em um dente e, no lado que chamamos de “extremo livre” ou “desdentado”, a prótese não se acopla mais a nenhum dente. Ela simplesmente se apoia através da gengiva artificial – chamada de sela – na região de mucosa ou fibromucosa. Com isso, o suporte passa a ser dental (porção anterior, no caso) e mucoso. Como acabamos de ver, uma das indicações clássicas da prótese parcial removível (PPR) é para o caso de espaços protéticos grandes, onde já não seria indicado uma prótese fixa. Além disso, a PPR também é indicada para quando se perde um pilar da prótese, passando a ser denominada como dentomucosossuportada. Em um caso onde o espaço existente fica entre dois pilares (dois dentes), a prótese parcial removível passa a ser denominada como dentossuportada. Neste capítulo iremos estudar os conceitos, indicações e contraindicações da PPR. Essas informações são importantes para localizar a prótese parcial removível entre as outras próteses. Conceitos Segundo Todescan, “são os aparelhos (aparelho dá a ideia de temporário, o que não é o objetivo da PPR) protéticos dentossuportados ou dentomucososuportados destinados a substituir em um ou ambos os maxilares (superior ou inferior) um ou mais dentes ausentes, podendo ser removidos da boca, com relativa facilidade, tanto pelo paciente quanto pelo próprio profissional”. Uma definição um pouco mais completa é a de Di Fiore. Segundo ele, “são próteses dentárias que têm a finalidade de substituir, funcional e esteticamente, os dentes naturais ausentes em pacientes parcialmente dentados, e que podem ser removidos e recolocados na boca, sempre que necessário, sem causar quaisquer danos na sua estrutura ou na dos elementos biológicos com os quais se relaciona diretamente”. A PPR é uma prótese que pode ser retirada e recolocada com facilidade, diferente da prótese fixa, que é cimentada na região. Ela necessita de dentes remanescentes (dentes pilares/suportes) para a sua fixação. O seu objetivo é repor dentes e tecidos ósseos- mucoso que muitas vezes são reabsorvidos. Ela não irá substituir o osso, mas irá repor localmente através da resina acrílica. Ela é semelhante à prótese fixa por serem dentossuportadas. Porém, a PPR se distingue pelo fato de permitir a remoção e recolocação. Sinonímia Pontes Móveis – Antigamente as próteses parciais removíveis (PPR) eram chamadas de pontes móveis. Mas elas não são pontes, pois para isso há a necessidade de dois pilares, o que não é o caso das próteses dentomucossuportadas. Além disso, essas próteses também não devem ser chamadas de móveis, pois elas são removíveis, mas a partir do momento em que ela é posta em posição ela deve ficar fixa na região em questão (ela pode ser retirada, mas ela não é móvel). Aparelhos Parciais Móveis – Apesar de saber que as PPRs possuem um tempo útil, com a parte metálica estabilizando bem a prótese e a parte removível mantendo uma boa oclusão e estética, o termo “aparelho” remete à ideia de temporário, o que não é adequado. Próteses Parciais Removíveis – Essa é a termologia correta, pois resume que se trata de próteses (caráter mais definitivo) que são parciais (pois Introdução ao Estudo da Prótese Parcial Removível ainda há dentes) e são removíveis (pois quando são postas na boca elas ficam fixas, mas é possível removê-las e repô-las com facilidade). Perereca – De forma geral, as próteses parciais removíveis serão chamadas de PPRs e geralmente essas próteses possuem grampos (estrutura metálica). Mas elas também podem ser chamadas de “pererecas”, que são as próteses parciais removíveis provisórias, que não possuem essa estrutura metálica. O termo “perereca” decorre da facilidade que essas próteses possuem de ser movimentadas (elas não param na boca). Aparelho de Roach – Roach é o autor com mais trabalhos publicados sobre as próteses parciais removíveis. Aparelho de Attachments – Termo mais utilizado para encaixes. Dentaduras Parciais. Indicações Todescan descreve que “os limites para a indicação das PPRs são muito amplos, não possíveis de sujeição a regras, já que a medida que a via de suporte dental vai se escasseando, os recursos propiciados pelo suporte mucoso vão sendo recrutados no planejamento do aparelho, com o intuito de poupar os dentes remanescentes em boca. Entre as principais indicações, temos: Espaços edentados sem pilar posterior, ou seja, em extremidade livre. Se torna exceção para a esta indicação quando houver a ausência dos molares, houver presença de pré- molares com boas condições periodontais e o arco oponente é composto por: 1. Prótese total; 2. Ou segundo molar ausente e substituição não inclusa no planejamento; 3. Ou segundo molar contido por uma prótese fixa. Existe essa indicação clássica, que é para quando se perde os pilares posteriores (parte esquerda da primeira imagem), produzindo-se uma prótese dentomucosossuportada. Mas existem algumas situações que são denominadas de oclusão reduzida (oclusão que vai até os pré-molares). Os critérios para se fazer uma oclusão reduzida são, por exemplo, quando o antagonista é uma prótese total ou uma prótese fixa onde um pré-molar já se apoia no dente. Esse tipo de oclusão deixa de ser indicado quando se é possível observar o espaço desdentado no sorriso do paciente, assim como quando não se obtêm uma oclusão estável e nos casos de problemas funcionais, ou seja, problemas gastrointestinais (o paciente tem que conseguir mastigar bem).. Também existe a indicação para uma prótese chamada de em cantiléver (indicada para a região mais anterior), que consiste em uma prótese fixa apoiada em dois dentes, criando um dente suspenso. Mas esse tipo de prótese pode deslocar um pilar anterior com muita facilidade durante a mastigação, pois se cria uma espécie de gangorra quando uma força é exercida sobre o dente suspenso. Espaços edentados extensos. Embora hajam dentes limitando a brecha protética, sua extensão é fator absoluto para a contraindicação das PPFs. A prótese parcial fixa não pode ser grande. Assim, a opção de reabilitação recai sobre a PPR. No caso a seguir, o espaço protético presente entre canino a canino já é consideravelmente grande. Com isso, o somatório do ligamento periodontal desses dentes perdidos pode ser maior do que os dentes suportes, o que é um indicativo para a prótese parcial removível. Dentes suportes com sustentação periodontal reduzida. Ao utilizar a lei de Ante, observa-se que se trata de um espaço periodontal reduzido. Dentes de suporte com o ligamento periodontal bastante reduzidos implicam em um mau prognóstico para sua inclusão no planejamento de uma prótese fixa. A lei de Ante afirma que: " a área total da membrana periodontal dos dentes pilares deve ser igual ou superior à dos dentes a serem substituídos ." Posteriormente, foram feitas afirmações de que: “ o comprimento da fixação da membrana periodontal do dente pilar deve ser de pelo menos metade a dois terços do comprimento da fixação normal da raiz ”. Nesses casos, a prótese fixa teria a necessidade de envolver diversos elementos de suporte ou a necessidade https://stringfixer.com/pt/Periodontal_ligament de ter uma barra de contenção. A solução simplificada é encontrada através daPPR. Antes indicar um dente para suporte ele deve passar por um tratamento de dentística e periodontal. Dentes com sustentação reduzida muitas vezes não são utilizados como suporte de prótese, seja removível ou fixa. Para facilitar o entendimento pensemos no caso de um espaço protético grande com dente com problema periodontal (retração gengival). A soma do suporte desses dentes seria menor do que a soma do ligamento periodontal dos dentes perdidos. Por conta disso, é mais aconselhável que se faça uma PPR e não uma PF. Considerável perda de tecido ósseo. Se uma região anterior, por exemplo, tivesse uma considerável perda de tecido ósseo, a prótese fixa iria repor somente os dentes, o que não é estético. Com a utilização da PPR se ganha um suporte labial, o que faz com que o paciente não fique com a boca murcha. Esse suporte também pode ser feito no caso da prótese fixa, por meio de uma gengiva de porcelana, que é muito mais difícil de higienizar. Além disso, também pode- se fazer um enxerto de tecido ósseo ou gengival (mucoso) (muitas vezes são vários procedimentos de enxerto). Mas a alternativa mais simples continua sendo a PPR. Ao pensar em questões estéticas, é evidente que a primeira opção não é a PPR, visto que há a presença de grampos. Mas muitas vezes o paciente não quer fazer outros procedimentos cirúrgicos, como implantes e enxertos, e acaba recorrendo à PPR, que também pode ser uma prótese estética. Necessidade de recolocação imediata de dentes anteriores. Em casos, por exemplo, em que os dentes anteriores estão condenados, pode-se programar a extração dos dentes e fazer anteriormente, através da moldagem e preparo protético, uma prótese para uso imediato. Essa prótese seria uma PPR provisória (a perereca), que não possui estrutura metálica (pode ter alguns grampos de ortodontia). Ela é utilizada durante o período de cicatrização. Próteses bucodentoalveolares e bucomaxilofaciais. Quando o paciente possui uma comunicação buco- sinusal, o cirurgião pode realizar procedimentos cirúrgicos de correção ou confeccionar uma PPR que irá vedar a região, de forma que, ao tomar água, por exemplo, ela não invada a região do nariz e do trato respiratório do paciente. Auxiliar para a contenção de fraturas maxilares. Quando o paciente recebe uma fratura, muitas vezes é necessário deixa-la fixa. Com isso, proporciona-se uma contenção que não e totalmente fixa, visto que o paciente precisa deglutir. Portanto, esse tipo de prótese proporciona a imobilização dos maxilares para casos de traumas acidentais e cirurgias ortognáticas, o que possibilita a reparação óssea em correta oclusão. Pequenas movimentações ortodônticas. Essa utilização é feita para desinclinar dentes (colocar dentes girovertidos na posição correta). No entanto, essa aplicação é limitada. Hoje em dia existem vários outros recursos que podem ser utilizados, como os mini implantes. Caráter transitório. Em alguns casos o paciente precisa passar por um período enfermo ou acamado. Ao entrar em um centro cirúrgico, todas as próteses removíveis são retiradas, mas no quarto, para o convívio com outros entes, é importante proporcionar esse tipo de prótese provisória para reerguer a autoestima do paciente. Essa PPR é feita com o preparo em boca o mais simples possível, visando somente aguardar o período em que o paciente está acamado. Aparelhos temporários e orientadores nas reabilitações bucais. Em casos de próteses sobre implantes ou de grandes reabilitações orais, necessita-se criar uma condição onde o paciente possa vislumbrar uma prótese futura definitiva. Nesses casos, a PPR possui caráter provisório. Protetor para implantes dentários. Ao colocar os implantes, essas estruturas passam primeiro por uma faze de osteointegração ou cicatrização. Para passar por essa fase, indica-se a utilização de uma prótese parcial removível. Uso na odontopediatria. Na odontopediatria a utilização de PPRs se dá principalmente na região anterior. Pode-se utilizar uma PPR para ocupar o espaço dos dentes decíduos perdidos enquanto os dentes permanentes não erupcionam. Esse tipo de prótese é indicado para perda precoce de dentes decíduos, servindo como um mantedor de espaço. Limitação econômica. Hoje em dia o valor de uma prótese fixa já diminuiu bastante, mas como o custo ainda é maior do que o da PPR, o paciente pode optar por ela. Contraindicações Problemas motores. Para pacientes com problemas motores fica difícil utilizar a PPR, demandando que o cuidador a coloque, visto que ocorre a perda da capacidade de manipulação. Além disso, esses pacientes apresentam uma má higiene em decorrência de suas limitações. Por conta disso, é importante que o cuidador seja muito bem treinado. Deficiência intelectual. Para esses pacientes uma PPR pode até mesmo ser uma arma, visto que ele pode removê-la e utilizar o seu grampo como uma arma perfurocortante. Pacientes negligentes com a sua saúde bucal. Ao fazer a indicação de uma PPR deve-se fornecer os recursos para que o paciente à higienize e higienize a boca e deve-se informar ao paciente que ele deve intensificar a higienização da prótese e dos dentes para que não sirva como fonte de acúmulo de bactérias. Além disso, deve-se fazer os acompanhamentos posteriores do paciente.
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