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AULA 01 Manuella Soussa Braga PPR - 7º período - 2020/1 INTRODUÇÃO À PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL (PPR) A prótese parcial removível (PPR) repõe parcialmente os elementos dentários e é removível. A ideia é reabilitar o paciente, devolvendo função, estética e fonética. Quanto menor o grau de mutilação do paciente, ou seja, quanto menos dentes perdidos, mais direcionado para à prótese fixa será. Além disso, o aspecto funcional sempre prevalece, já que na grande maioria das vezes, a reabilitação também deverá fornecer gengiva e osso para o paciente, além dos dentes perdidos. COMPONENTES Manual de Prótese Parcial Removível - Cláudio Kliemann ● sela serve para suportar os dentes artificiais e gengiva artificial ● apoio serve para direcionar as forças para os dentes ● conector maior serve para conectar as peças, unir as estruturas (contorna o palato ou a lingual) ● conector menor é o mais próximo do apoio ● grampos Essas estruturas são responsáveis pela biomecânica da PPR. A biomecânica consiste na transferência das forças mastigatórias pelos dentes artificiais, seguindo de sua transferência para a sela acrílica e metálica, depois para o conector maior, conector menor, apoio e, por fim, dissipação para o longo eixo do dente. A ideia é que a carga seja direcionada para os dentes. A dissipação para a gengiva causaria reabsorção óssea dos rebordos alveolares de acordo com a área da mastigação. INDICAÇÕES 1. Pacientes com extremidades livres muito extensas (perder mais de 4 dentes posteriores). Nesse caso, é muito caro repor osso, por conta da extensão. Por esse motivo, indica-se a PPR. 2. Pacientes com espaços edentados extensos. 3. Pacientes em que a região anterior apresenta muita reabsorção óssea. É indicado para devolver osso, gengiva e dente, permitindo que o paciente higienize. 4. Pacientes que necessitem de prótese provisória enquanto se planeja e aguarda o enxerto ósseo e implante. 1) EXTREMIDADES LIVRES EXTENSAS Existem dois motivos para se fazer uma PPR com essa indicação. A primeira, de origem biológica, é que nem sempre vai ter osso o suficiente para se fazer um implante. Isso é visto por meio da tomografia. Caso não tenha osso, o paciente pode optar por fazer um implante, porém a colocação de um enxerto ósseo deveria preceder essa cirurgia. Nesse AULA 01 Manuella Soussa Braga PPR - 7º período - 2020/1 último caso, aumentaria-se o custo do tratamento e a dificuldade das cirurgias, que seriam mais complexas. Por isso, uma opção é realizar a PPR. 2) ESPAÇOS EDENTADOS EXTENSOS Também chamado de grandes espaços protéticos. Nesse caso, ainda se tem os dentes pilares na região posterior. O limite para escolher entre a ponte fixa e a prótese parcial removível consiste na quantidade de pilares e pônticos. Para ponte fixa, é aceitável ter o mesmo número de pilares e pônticos. Se colocar mais pônticos do que pilares a biomecânica fica desfavorável e, por isso, opta-se por PPR. Quanto a ponte fica extensa demais pode segmentá-la, através de encaixes ou pode reduzir a mesa oclusal, com o objetivo de diminuir a carga mastigatória em cima daquela região e fornecer mais estabilidade. Assim, força menos os dentes que sobram. A redução da mesa oclusal é feita diminuindo os molares. As PPRs já vem assim. Nas pontes fixas, pede pro laboratório reduzir os molares quando os pilares são desfavoráveis, em uma prótese extensa. Quanto mais dentes tiver nos diferentes planos, melhor o prognóstico da PPR, ou seja, é quanto melhor a distribuição topográfica desses dentes no arco, sem importar a quantidade. Na PPR, fala-se do número de espaços, já que a topografia é mais importante. REGRA DO ARCO REDUZIDO Diz que não é necessário devolver todos os dentes para paciente para que ele possa mastigar bem. Se tivesse de 6 a 8 contatos oclusais posteriores já seria o suficiente. Quando são casos unitários e que faltam poucos dentes, a PPR tem muito mais potencial de dano do que a favor, já que é necessário realizar nichos nos dentes pilares e há uma mudança na flora oral e na sensação de degustação do paciente. O único problema nisso é certificar que o antagonista possui toque oclusal para não extruir. A ideia é fazer superfícies oclusais menores, com o objetivo de reduzir a carga sobre os pilares e pônticos. Para isso, só repõe dente até o primeiro molar. Um dos pontos desfavoráveis da PPR é a distribuição puntiforme ou linear dos dentes - quando se tem apenas um ou dois dentes na arcada ou quando esses dentes estão em um mesmo plano. Sabendo que um dos princípios da PPR é que os dentes segurem a prótese, sabe-se que é improvável que um ou dois dentes suportem mais de 10 dentes, por exemplo. Quanto menos dente, maior será o conector. A ideia é ter uma área de suporte compensada pelo menor número de dentes, então maior será a estrutura da PPR. DENTES SUPORTES COM INSERÇÃO ÓSSEA REDUZIDA Pacientes com problema periodontal em que o dente está com ligeira mobilidade ou pouca AULA 01 Manuella Soussa Braga PPR - 7º período - 2020/1 inserção óssea, deve-se evitar usar a PPR, pois é fator de retenção de placa. 3) REG. ANTERIOR SEM SUPORTE ÓSSEO Quando precisa repor muito volume, contra-indica uma prótese fixa. 4) PPR COMO PRÓTESE PROVISÓRIA A PPR provisória é toda em acrílico. Quando se faz um enxerto, a peça protética não pode pressioná-la, pois há perda desse enxerto, seja ele gengival ou ósseo. A PPR tradicional tem apoios que a impede de pressionar o enxerto. Já a PPR provisória afunda e encosta nesse enxerto. Então, em alguns casos, fazuma PPR definitiva para dar tempo de cicatrizar o enxerto. FRACASSOS EM PPR A PPR só prejudica dente se for mal conduzida ou mal indicada. A responsabilidade pelo sucesso do tratamento também depende do trabalho do técnico e do paciente. Por esse motivo, deve-se ter em mente e passar para o paciente de que (1) a PPR também precisa de manutenção (controle posterior), (2) é necessário realizar a higienização correta e (3) necessita de encaixe adequado (manuseio). É responsabilidade do profissional dar orientação correta ao laboratório e paciente, fazer um planejamento adequado, ter conhecimento científico e realizar um processo diagnóstico com o paciente. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PPR 1) tem que estar estável 2) tem que ter suporte 3) tem que ter retenção Suporte e estabilidade são os mais importantes em uma PPR. Retenção é uma consequência. Todos esses princípios dependem diretamente dos componentes da prótese parcial. COMPONENTES ● selas metálica e acrílica ● grampos de retenção e de oposição ● conectores maior e menor ● dentes artificiais PROBLEMAS EM PPR Toda vez que um dos componentes estiver errado, terá um problema biológico. Normalmente, o problema é a perda do elemento pilar. A PPR tende a gerar mais problema nos dentes pilares do que qualquer outra prótese. Por exemplo, próteses sem apoios fazem com que o grampo entre em contato com a região gengival ao mastigar. Isso faz com que se tenha o desenvolvimento de uma lesão periodontal e, consequentemente, leva à perda do dente por redução de inserção óssea. Também há casos em que não é feito o nicho que recebe o apoio no dente suporte. Nesse caso, durante a biomecânica, as forças são dissipadas para o apoio, porém não há uma dissipação para o longo eixo do dente e sim para qualquer lado, pois não tem o encaixe do apoio no nicho. Essa força para qualquer lado pode movimentar todos os dentes (apinhamento). AULA 01 Manuella Soussa Braga PPR - 7º período - 2020/1 Também se tem o problema de conectores maiores confeccionados próximos da gengiva. O paciente pode perder os dentes nesses casos. PRÓTESE FLEXITE É uma PPR provisória flexível que não possui apoios e, por isso, não apresenta estabilidade, provocando uma reabsorção do rebordo irregular nas áreas de impacto mastigatório. Não pode ser usada como definitiva. PRÉ-REQUISITOS PARA PPR ● Deve-se, primeiramente, realizar a adequação do meio bucal por meio da realização de restaurações, extrações, canais que tenham indicação. ● Enquanto faz essa adequação, inicia-se a confecção da prótese provisória. A PPR provisória é indicada quando vai extrair dentes e isso impede que o paciente continue usando a que ele estava ou quando vai mexer nos dentes pilares e a prótese não encaixaria mais. CLASSIFICAÇÃO DOS REBORDOS Tem finalidade didática, para que sejam idealizados os mesmos tratamentos de acordo com casos parecidos ou iguais (p. ex. classe I são resolvidos da mesma maneira). Utilizamos duas classificações: CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL É a mais básica e mais importante. Divide as próteses em função da distribuição das cargas mastigatórias. 1) PRÓTESES DENTOSSUPORTADAS Próteses em que a carga mastigatória é dividida sobre os dentes. São as próteses fixas e PPRs. 2) PRÓTESES DENTOMUCOSSUPORTADAS Próteses em que a carga mastigatória é dividida entre os dentes e gengiva. São, exclusivamente, as PPRs. O prognóstico não é tão favorável. 3) PRÓTESES MUCOSSUPORTADAS Próteses em que a carga mastigatória é incidida diretamente sobre o rebordo. São, exclusivamente, as próteses totais. Para PPR, é importante saber se vai ter mucosa suportando. O prognóstico da PPR é muito pior quando tem mucosa envolvida e quando tem extremos livre. Quanto maior o extremo livre, pior é o prognóstico. Nos casos de PPR com extremos livres extensos, terá uma báscula, ou seja, a prótese não estará estabilizada, pois a mucosa afunda. As PPRs dentossuportadas são melhores, pois possuem grampos que impedem esse contato com a mucosa durante a mastigação. CLASSIFICAÇÃO DE KENNEDY É feita de acordo com a topografia, ou seja, pelo local que os dentes estão, independe do número. 1) CLASSE I Não tem dentes na região posterior bilateralmente, ou seja, tem extremos livres dos dois lados. São as próteses dentomucossuportadas. Tem o pior prognóstico (canino à canino ou lateral à lateral). AULA 01 Manuella Soussa Braga PPR - 7º período - 2020/1 2) CLASSE II Não tem dentes na região posterior unilateralmente, ou seja, tem extremo livre apenas de um lado. São as próteses dentomucossuportadas. O prognóstico é mais favorável que na classe I. 3) CLASSE III Ausência de dente posterior sem extremo livre. São as próteses dentossuportadas. 4) CLASSE IV Ausência de dente na região anterior envolvendo a linha média. Para se classificar como uma classe IV, tem que ter um único espaço na região anterior, independente se os dentes que estiverem faltando, por exemplo, é de pré-molar à pré-molar. São as próteses dentossuportadas. MODIFICAÇÕES DA CLASSIFICAÇÃO DE KENNEDY Refere-se à classificação de Kennedy mais o número de espaços edentados não-unidos. Classe I Modificação 1 Quando houver um só espaço suplementar devido, por exemplo, à perda do incisivo central, do lateral ou do canino. Classe II Modificação 2 Quando houver dois espaços edentados não-unidos, quer dizer, com dentes entre ambos. Classe I Modificação 3 Quando houver três espaços separados por dentes. Classe I Modificação 4 Quando houver quatro espaços protéticos separados por dentes. O mesmo sucede com as outras classes, classe II e classe III. REGRAS DEAPPLEGATE 1) A classificação deve ser posterior à adequação do meio, visto que novas extrações poderão alterá-la. 2) Não se coloca terceiro molar em PPR 3) Não se coloca o segundo molar na PPR se não tiver antagonista 4) Começa a classificação analisando a região posterior/extremos livres, depois qualquer outro espaço edêntulo se classifica como modificação 5) O número de modificações depende do número de regiões edentadas agregadas às que determinam a classificação primária, não depende do número de dentes 6) Só as classes I, II e III podem ter modificações, ou subdivisões, visto que na classe IV as zonas edentadas adicionais cairia em outras classificações instagram: @studygramodontologia
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