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VHS - 2022 1 AULA 06 – INFECTO TÉTANO É uma síndrome neurológica causada por toxinas liberadas pela bactéria Clostridium Tetani na lesão. ETIOLOGIA É um bacilo gram (+) móvel, anaeróbico e formador de esporos. No ambiente, está na forma esporulada que é mais resistente (pode durar até anos) e impossível de ser totalmente eliminada do ambiente Precisa de 4h de fervura para ser destruída O esporo é uma forma de resistência e não produz toxina, ele só espera o momento ideal. Quando entra em contato com o organismo, entra na forma vegetativa que começa a se reproduzir, liberando neurotoxina chamada de tetanospasmina EPIDEMIOLOGIA É uma bactéria muito comum, principalmente em áreas rurais de solo cultivado e clima quente, fazendo com que ele se torne um problema global. Principal problema é o tétano neonatal que entra no organismo pelo coto umbilical e tem mortalidade altíssima (de 80-90%) Outra problema comum é pessoas com mais de 60 anos que não se vacinam e adquirem tétano acidental. PATOGÊNESE O mais comum é surgir por uma lesão traumática e perfurocortante que gera necrose tecidual, supuração e presença de corpo estranho. O esporo entre em um ambiente e libera a bactéria que tem tecido para se alimentar, calor e anaerobiose, entrando na fase vegetativa onde se reproduz e libera a neurotoxina. Essa neurotoxina se liga as terminações de nervos periféricos e neurônios espinhais, tendo ali uma função inibitória neural Assim, quando temos um disparo de contração, a toxina inibe – paciente fica todo rígido e duro Casos graves podem gerar disautonomias como sudorese; taquicardia e PA divergente O nosso organismo produz anticorpo somente contra a toxina, não produz contra a bactéria, ou seja, em quem não é vacinado, essa bactéria fica reproduzindo. Além da lesão perfurocortante, o tétano entra em qualquer situação que há um furo que é fechado e abafado, como em feridas cirúrgicas; injeção subcutânea; queimaduras; lesões de pele; cordão umbilical infectado; otite média com perfuração de tímpano e uso de drogas injetáveis TÉTANO GENERALIZADO É o mais comum, atingindo todo o organismo, não apenas onde está sendo produzida a toxina. INCUBAÇÃO.: é em torno de 7-8 dias, mas na investigação procuramos acidentes que aconteceram em até 3 semanas anteriores. EVOLUÇÃO.: a doença piora de forma muito rápida, indo do acidente até o espasmo generalizado em 7 dias MANIFESTAÇÕES PRIMÁRIAS.: rigidez do masseter (não abre a boca); alterações do SNA que geram irritabilidade e confusão; diaforese; disfagia; hidrofobia (não toma água) e espasmos de músculos posteriores (opistotônus é a primeira contração de uma musculatura vertebral – pessoa fica dura). Podemos ter progressão das extremidades onde ocorre flexão dolorosa de algum membro Toque; barulho ou mudanças de luz podem desencadear espasmos e convulsões gerais OUTRAS MANIFESTAÇÕES.: arritmia grave; alteração de PA; sudorese; febre ou hipotermia; rabdomiólise ou insufic. renal; retenção urinária e espasmo laríngeo O espasmo laríngeo é um dos piores sintomas, podendo gerar traqueostomia de emergência Para evitar isso, logo na primeira onda de opistotônus, intubamos eletivamente. Depois, é feita uma traqueostomia, já que o tubo pode estimular mais espasmos e piora do quadro. O paciente normalmente fica lúcido com parte mental preservada, mas fica inquieto; irritado; com medo do barulho da água e tenta fugir todo momento. Esse quadro pode demorar até 2 semanas para ser revertido – independente do tratamento COMPLICAÇÕES.: fraturas; embolia pulmonar; infecção bacteriana e desidratação (não bebe água) TÉTANO LOCALIZADO É mais raro, acometendo apenas a extremidade onde está sendo produzida a toxina – costuma ser mais leve com fraqueza na extremidade e bom prognóstico, mas casos graves tem espasmos doloridos e intensos que podem evoluir para um quadro generalizado. TÉTANO CEFÁLICO.: surge de lesões na cabeça ou de infecções no ouvido médio, com incubação de 1-2 dias. Sintomas.: disfunção isolada ou combinada de nervos motores cranianos (foco no 7º par) Pode ficar localizada ou se torna generalizada TÉTANO NEONATAL.: é o tétano generalizado no RN, ou chamado de “mal do 7º dia”. Tem incubação de 3- 10 dias após o nascimento. Sintomas.: irritabilidade e espasmos severos Taxa de mortalidade muito alta (70%) DIAGNÓSTICO É totalmente clínico, sem nenhuma sorologia, exame ou cultura, porque é difícil de encontrar o agente. DIFERENCIAL.: meningite; abcesso dental; hemorragia subaracnoide; reações distônicas e envenenamento VHS - 2022 2 TRATAMENTO Começamos com suporte, com o principal que é manter a função aérea (manter a ventilação) com uso de intubação seguida de uma traqueostomia. A partir disso, temos controle de espasmos e da dor com bloqueadores neuromusculares de longa duração (ônion, vecurônio e sisacurônio). Para sedação, ansiedade e controle do espasmo muscular com altas doses de benzodiazepínicos (diazepam; lorazepam e midazolam – o diazepam é utilizado com 10mg/h). IMUNIZAÇÃO PASSIVA.: aplicada TIG (imunoglobulina tetânica humana) IM ou IV para neutralizar a toxina o quanto antes (quanto mais cedo mais efeito). Podemos usar soro equino (imunoglobulina heteróloga), mas há muito risco de anafilaxia Geralmente antes de TIG é aplicado um corticoide e um anti-histamínico Se na primeira aplicação o resultado não foi o esperado, há uma 2ª aplicação em 24-48h IMUNIZAÇÃO ATIVA.: é a aplicação da vacina contra o tétano (demora de 10-20 dias para produzir anticorpo). Se o paciente não foi vacinado, a vacina é aplicada junto com a imunização passiva (anticorpo em 7 dias) A vacina é feita 2x na infância e depois é feita novamente a cada 10 anos. Pode ser feito um reforço caso o paciente sofra um acidente e não saiba se tem a vacina ou se já faz mais de 5 anos da última dose. ATB.: é uma forma de eliminar a bactéria, mesmo que na maioria dos casos a toxina já se ligou aos axônios de forma irreversível. É usado penicilina (por ser um bacilo gram positivo) + metronidazol (droga aerobicida) Se temos uma disfunção do SNA com liberação excessiva de catecolaminas, podemos usar dopamina ou dobutamina para controle da PA e dos batimentos CIRURGIAS.: devem ser feitos correções de fraturas e caso surjam feridas necrosadas, essas devem ser debridadas para que o ATB possa chegar na região. PROGNÓSTICO Para o tétano generalizado ¼ dos pacientes vem a óbito, muitas vezes por pneumonia (ficam muito tempo em ventilação mecânica). Se o paciente sobreviver, novas terminações nervosas surgem e impedem que ele tenha consequências da toxina. As consequências normalmente são devido a internação (traqueostomia e trombose) Alguns pacientes desenvolvem problemas psicológicos devido as contraturas e o medo de voltar para aquele estágio – além do medo da água e a confusão mental
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