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Tétano: uma doença infecciosa grave

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Beatriz G. Luciano – MED 52 Uncisal 
Tétano
INTRODUÇÃO: 
▪ É uma doença infecciosa não contagiosa, 
provocada pela bactéria Clostridium tetani. 
▪ Não proporciona imunidade (a toxina tetânica ou 
não vai para corrente sanguínea ou vai por muito 
pouco tempo, o que impossibilita a formação de 
anticorpos). 
▪ Possui vacina eficiente e segura. 
▪ Medidas profiláticas serão sempre necessárias, 
pois o Clostridium tetani tem como reservatório 
do solo. 
▪ No mundo, há cerca de 1 milhão de casos de 
tétano por ano. 
ETIOPATOGENIA: 
Agente etiológico: 
▪ Clostridium tetani → Bacilo gram positivo. 
▪ Anaeróbio. 
▪ Forma esporulada → forma de resistência (resiste 
centenas de anos em locais com oxigênio, como 
o solo). 
Obs: a tendência é que a forma esporulada seja 
fagocitada e destruída, entretanto pode 
acontecer do ferimento se fechar, tornar o 
ambiente anaeróbio e gerar a doença. 
▪ Forma vegetativa → produz toxinas. 
 
Toxinas: 
1. Tetanolisina: 
o Provoca lise nos rins. 
o Forma poros nas membranas que 
permitem a passagem de pequenas 
moléculas para dentro da célula (peso 
molecular, 55kDa) 
o É responsável por provocar insuficiência 
renal em pacientes com tétano (minoria 
dos casos) 
2. Tetanoespasmina 
o É a que provoca o tétano clássico. 
o Bloqueia os neurotransmissores 
inibitórios e facilita os excitatórios. 
o Bloqueia a acetilcolinesterase, o que faz 
com que a acetilcolina não seja destruída 
e continue estimulando os 
neurotransmissores excitatórios. 
o Inibe a Sinaptobrevina II, que é a 
responsável pela liberação de glicina e 
GABA nos neurotransmissores 
inibitórios. 
A forma esporulada do reservatório (solo ou objetos 
cortantes contaminados por poeira) não consegue 
atravessar a pele íntegra, necessitando de solução de 
descontinuidade da pele para que haja uma porta de 
entrada* para penetração do C. tetani. 
A partir daí, o ferimento pode ser: 
▪ Aeróbio: geralmente a bactéria é fagocitada e 
destruída (pode acontecer de o corte se fechar e 
tronar-se anaeróbio). 
▪ Anaeróbio: dentro de 6 horas da penetração, o 
C. tetani passa para a forma vegetativa. → Se o 
médico entra com antibiótico antes de 6 horas do 
ferimento, consegue matar o C. tetani antes de 
ele evoluir para forma vegetativa. (O antibiótico 
precisa combater bacilos gram positivos e ter um 
nível hemático rápido e alto). 
Se não combatida, a forma evolutiva passa a produzir 
as toxinas que inibem os neurotransmissores inibitórios 
(inibição da Sinaptobrevina II e do GABA) e estimulam os 
excitatórios (bloqueando a acetilcolinesterase). 
 
*Obs: Importância de saber a porta de entrada: 
Quando a porta de entrada é na cabeça, existe a 
possibilidade de o paciente desenvolver tétano cefálico 
(mais leve). 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
 
▪ Reservatório → solo ou objetos contaminados 
por poeira. 
▪ Transmissão → contato com o C. tetani do solo 
ou de objetos contaminados. Exs.: aborto, tétano 
umbilical (neonatal), “todo ferimento é 
potencialmente tetanígeno”. 
▪ Distribuição → principalmente nos não 
vacinados. 
▪ Faixa etária → mais frequente em adulto jovem, 
porém mais grave em extremos de idade. 
▪ Estação do ano → verão. 
▪ Gênero→ masculino (o homem se expunha). 
▪ Etnia → não há predileção. 
▪ Profissão → agricultores. 
Obs: Imunidade naturalmente adquirida para o tétano. 
 
QUADRO CLÍNICO: 
▪ Período de incubação (da contaminação ao 
primeiro sintoma – trismo) → 7 dias. 
Se: 
> 7 dias → melhor prognóstico. 
< 7 dias → prognóstico mais grave. 
 
 Beatriz G. Luciano – MED 52 Uncisal 
▪ Período de progressão ou invasão (da primeira 
manifestação, até a primeira convulsão) → 48 
dias. 
Se: 
> 48 h → melhor prognóstico 
< 48 h → prognóstico mais grave. 
 
❖ Tétano Clássico: 
 
Ordem de aparecimento dos sintomas: 
1. Trismo (dificuldade em abrir a boca por 
contratura do masseter) 
2. Rigidez de nuca. 
3. Opistótono. 
 
4. Rigidez abdominal. 
5. Contratura dos membros. 
6. Fácies tetânica (contratura das musculaturas 
periorbital, perioral – riso sardônico -, e 
desaparecimento de expressão da musculatura 
mímica). 
 
7. Disfagia. 
8. Equinismo. 
9. Convulsões tônico-clônicas (durante essas 
convulsões, há a parada da musculatura 
respiratória, que faz o paciente evoluir para 
óbito). → Essas convulsões acontecem 
espontaneamente por conta de estímulos. Por 
isso, o paciente precisa ser mantido isolado, com 
a temperatura controlada, com pouco acesso à 
luz e com pouco contato durante o tratamento. 
 
*Geralmente, o paciente fica apirético (sem febre), 
além de não apresentar alterações de consciência. 
 
❖ Tétano umbilical: 
 
▪ A contaminação ocorre quando se corta o 
cordão umbilical. 
▪ Conhecido como “mal dos 7 dias”, devido ao 
período de incubação. 
▪ O primeiro sintoma é a criança ter dificuldade 
de mamar, prosseguindo com os sintomas do 
tétano clássico. 
 
❖ Tétanos Atípicos: 
 
1. Tétano cefálico: 
o Simples: é semelhante ao tétano clássico, 
entretanto, restrito à cabeça. O paciente 
apresenta trismo, riso sardônico, disfagia e 
rigidez nucal, mas sem manifestações 
generalizadas, como convulsões e 
opstótono. Deve ser internado, pois pode 
generalizar. 
o De Rose: mesmos sintomas do simples mais 
paralisia facial periférica. 
o De Worms: é semelhante ao simples, 
somado com ptose palpebral e da 
musculatura extrínseca do olho → paciente 
tem diplopia. 
 
2. Tétano Monoplégico: 
o O paciente tem o quadro neuromuscular 
restrito à um membro, o de porta de entrada. 
O paciente deve ser internado, pois o quadro 
pode generalizar. 
DIAGNÓSTICO: 
O diagnóstico de tétano é clínico. 
 
TRATAMENTO: 
 
a) Eliminar a fonte produtora de toxina: usando 
antibióticos e desbridamento. 
b) Neutralizar a toxina circulante: usando soro 
antitetânico homólogo/heterólogo. (Usar o 
homólogo é preferível, pois os antígenos do 
cavalo presentes no heterólogo podem provocar 
reações de hipersensibilidade tanto do tipo I 
quanto do tipo III). Existe, ainda, o soro de fração 
FAB. 
c) Tratar os sinais e sintomas: usar sedativos 
(Diazepan, pois não provoca depressão 
respiratória), anticonvulsionantes, miorelaxantes, 
intubação e medidas correlatas. 
 
ESCOLHA DO ANTIBIÓTICO: 
Penicilina G Cristalina → Escolha para o paciente 
internado. 
- Apenas por IV – via hemática rápida. 
- Vida média de apenas 3 horas. 
 
 Beatriz G. Luciano – MED 52 Uncisal 
Obs.: Não usa P. Benzatina pois demora a ter o nível 
hemático necessário, nem a tetraciclina, pois, por ser de 
VO, dificulta seu uso em pacientes com trismo. 
PROFILAXIA: 
a) Medidas de saúde pública: 
o Vacinação → Toxoide tetânico associado 
a um adjuvante (alúmen), que retém o 
antígeno no local de aplicação, sendo 
liberado aos poucos. 
3 DOSES COM INTERVALO DE 2 MESES 
(aos 2. 4 e 6 meses) E DOSE DE REFORÇO 
A CADA 10 ANOS. 
o Ferimentos: 
▪ Ferimentos limpos em 
devidamente vacinados→ 
desbridamento e higiene do 
local com soro e substâncias 
oxidantes. 
▪ Ferimentos limpos em 
indevidamente vacinados → 
além da higiene e 
desbridamento, o calendário 
deve ser atualizado. 
▪ Ferimentos sujos → atualiza-se 
as vacinas, usa-se soro e vacina 
caso haja vacinação incerta e a 
conduta é expectante se reforço 
há menos de 5 anos.

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