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Cirurgias de cabeça e pescoço

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Clínica de Pequenos Animais 3 Camilla Teotonio Pereira 
CIRURGIAS DE CABEÇA E PESCOÇO 
ORELHAS 
Indicação de cirurgia otológica, principalmente da orelha 
externa, quando há alteração estrutural importante. Ex: 
estenose de conduto auditivo, calcificação, pólipos 
inflamatórios, neoplasias. 
Estas alterações anatômicas prejudicam a aeração do 
conduto auditivo como drenagem do cerúmen e 
transição de ar. 
As otites são extremamente prevalentes, alta morbidade. 
Se não tratadas corretamente ou não tratar a causa de 
base, pode causar otite média a longo prazo com 
manifestações neurológicas. 
A otite externa é a doença mais comum do conduto 
auditivo. 
Comum atender 50% dos cães com otite crônica – otite 
média com sintomatologia de sintomas neurológicos, 
vestibulopatias, doenças periféricas, paralisia de nervos 
e etc. Tendem a comprometer vias periféricas do sistema 
nervoso periférico ou central. 
A otite crônica recorrente, tem uma causa dermatológica 
e sua diagnosticada. 
ANATOMIA 
A orelha do cão e do gato compõe-se de três porções: a 
orelha externa, média e a interna. Juntos, esses 
componentes são responsáveis pela identificação e 
localização da direção do som e percepção constante da 
posição da cabeça em relação à gravidade, permitindo 
detectar sua aceleração e rotação durante o movimento. 
 
ORELHA EXTERNA 
O meato auditivo externo serve para conduzir as ondas 
sonoras até o tímpano, e se insere nas porções vertical e 
horizontal do canal auditivo externo. 
Composta de uma porção vertical e outra horizontal 
unida em forma de “L” para formar um tubo 
cartilaginoso cônico que conduz as ondas sonoras até 
o tímpano. O conduto auditivo externo inicia sua porção 
horizontal proximamente junto ao osso temporal e 
termina distalmente sua porção vertical nos 
componentes cartilaginosos da base do pavilhão 
auricular. O limite externo é a bula timpânica. 
Glândulas ceruminosas produção do cerúmen, 
funciona como barreira física, que impedi partículas 
dispersar pelo ar ficam aderidas na membrana 
timpânica. 
ORELHA MÉDIA 
Formada pela cavidade ou bula timpânica, delimitada 
em sua porção ventral pela cúpula óssea da bula 
timpânica (porção cavitária do osso temporal) protegida 
pela região petrosa e em sua porção dorsal por uma 
pequena câmara óssea tubular, o processo epitil 
timpânico. A tuba auditiva insere-se na região rostral da 
bula e estende-se até a nasofaringe. 
O tímpano é uma membrana fina, semitransparente, 
com um contorno arredondado, elíptico, com tamanho 
médio. A membrana timpânica (MT) divide a orelha 
externa da orelha média e está localizada na câmara 
dorsal da bula timpânica (BT). Essa membrana divide-
se em duas porções: a pars flácida (porção dorsal) e 
pars tensa. O martelo tem a sua inserção na pars tensa 
da bula timpânica. 
 
Na orelha média, são encontrados os três ossículos 
timpânicos (martelo, bigorna e estribo), distribuídos 
lateromedial, respectivamente, e a janela da cóclea, 
estrutura que divide a orelha média da interna. 
Existem dois pequenos músculos na orelha média, o 
tensor do tímpano e o estapédio, que podem alterar as 
relações dos ossículos auditivos, através da fixação 
destes à parede do recesso epitimpânico por vários 
ligamentos. 
A inervação desses músculos é através dos nervo 
trigêmeo e nervo facial, esse fato pode explicar as 
alterações neurológicas evidenciadas em otites médias. 
 
ORELHA INTERNA 
Responsável por receber os sinais auditivos, manter o 
equilíbrio e a posição dos olhos, tronco e membros. Está 
localizada no labirinto da porção petrosa do osso 
temporal e é composta pela cóclea (responsável pela 
audição), vestíbulo e canais semicirculares. 
Os três órgãos contidos no labirinto ósseo são: a cóclea, 
os canais semicirculares e o vestíbulo. 
 
Em casos de otite média pode ser necessário 
procedimento de meningotomia, consiste na 
perfuração na pars tensa da bula timpânica e distância 
do martelo para drenar conteúdo da orelha média. 
Possível aparecimento de sinais neurológicos como 
paralisia do nervo facial, síndrome de Horner. 
Exame triagem para otite média é radiografia crânio 
ou tomografia. 
A raça bulldog comum formações benignas 
colesteatoma, que compromete a orelha média. 
 
CONFORMAÇÃO DE PAVILHÃO AURICULAR 
Cães de guarda orelhas levantadas e pontiagudas. 
Cães farejadores orelhas caídas. 
As dobras do pavilhão auricular tem a função de 
conduzir as ondas mecânicas para os ramos verticais 
até a bula timpânica. 
 
FISIOLOGIA 
Migração fisiológica do cérumen para eliminar na 
orelha externa. 
 
OTITES EXTERNAS 
FATORES PREDISPONENTES 
 
CLASSIFICAÇAÕ 
 
Quadro de hiperplasia em casos de cronicidade de 
otite. 
PATOLOGIA 
 
TRATAMENTO CIRURGICO 
Cirurgia invasiva, contaminada e dor intensa no pós 
operatório. 
INDICAÇÃO 
Casos sem resposta ao tratamento clínico. 
Casos redicivantes com estenose e calcificação. 
COMO TRIAR OS CASOS CIRURGICOS 
Otites externas que não respondem ao tratamento 
medicamentoso (otite hiperplásica). 
Alterações morfológicas benignas por hiperplasia ou 
proliferação inflamatória. 
Casos redicivantes com estenose, calcificação ou 
neoplasias. 
PREPARO DO PACIENTE 
ATB amplo espectro e terapia anti-inflamatória não 
esteroidal agressivas. 
Tricotomia extensa. 
Lavagem ótica com N-acetilcisteína (Flumucil®) e 
ceruminolitico. Lavem com solução fisiológica 0,9% e 
PVP diluído (1:10). Recomentado em casos de 
patologias que acomete orelha externa. 
EXAMES DE IMAGEM 
Radiografia do crânio baixa sensibilidade, usado em 
casos de otite crônica e redicivantes, sintomas de otite 
média/interna. Projeções dorsoventral, laterolaterais 
obliquas e rostrocaudal. 
 Bula timpânica tem radiopacidade 
ar. 
 BT radiopacas (secreção) 
Tomografia do crânio alta sensibilidade. 
Fibroscopia para biopsia e histopatológico. 
RESSECÇÃO DA PAREDE LATERAL DO CONDUTO 
AUDITIVO 
Técnia ZEP ou Lacroix ou aeração. 
Indicações em comum a diminuição do diâmetro da 
entrada do ramo vertical do conduto auditivo. 
 
Objetivo de ampliar abertura do ramo vertical, através 
da ressecção da parede do ramo vertical – aumento 
de abertura do conduto auditivo. 
Manter tratamento clínico. 
 
Delimitar o ramo vertical - incisão na base do pavilhão 
auricular e perpendicular em direção maxilar (forma T) 
– sutura fio não absorvível (nylon) com padrão ponto 
simples separado. 
O fio de nylon monofilamentado, as bactérias ficam 
aderidas no fio e antibiótico consegue eliminar. 
 
ABALAÇÃO DO CANAL VERTICAL 
Indicações 
 
Incisão na base do pavilhão auricular e perpendicular 
em direção maxilar (forma T) – exposição e cortar o 
ramo vertical – suturar com fio de nylon o ramo 
horizontal na pele. 
Última imagem: colocação de dreno no espaço morto 
para drenar o seroma e eventualmente formar 
abcesso. 
 
ABALAÇÃO TOTAL DO CONDUTO AUDITIVO EXTERNO 
Cirurgia otológica mais comum. Extração do ramo 
vertical e horizontal, mais permanece o pavilhão 
auricular. 
Indicações 
 
Incisão T – exposição do ramo vertical – soltar o ramo 
horizontal – tem abertura do meato acústico externo 
(estrutura óssea) – osteotomia da bula timpânica 
(evitar contaminação) – curetagem/lavagem do meato 
– colocação de dreno máximo 3 dias – sutura fio nylon 
A remoção do ramo horizontal, quando palpar o osso 
meato acústico externo. Nunca deixar um pedaço do 
ramo, pois causa abcesso e dor intensa. 
O nervo facial passa ventrolateral ao ramo ventral. 
Cuidado para não seccionar. Se lesionar pode causar 
paralisia facial persistente. 
 
Complicações 26 a 82% dos casos. 
 
 
 
OTITE MÉDIA 
Todo o tratamento anterior + meringotomia. 
OTOHEMATOMA 
Distensão do pavilhão auricular, devido ao acúmulo de 
sangue. 
Palpação tem consistência flutuante. 
CAUSA 
Otite (mais comum) ou fragilidade capilar. 
TRATAMENTOTratar sempre a otite. 
Punção drenagem do líquido + Bandagem por 15 
dias com a orelha dobrada para cima junto a cabeça. 
Objetivo da pele e cartilagem justapostas com redução 
de espaço morto. 
ATB e AINE ou corticoide. 
 
Inserção de dreno duas incisões paralela, passagem 
tesoura por baixa do tecido para retirada de coagulo e 
lavagem. Posição do dreno no formato de brinco ou 
longitudinal com duração de 10 a 15 dias. 
O dreno pode ser a sonda uretral e padrão de sutura 
em U ou botão (ajuda não rasgar a pele). 
Sempre mexer o brinco para evitar cicatrização. 
 
GLANDULAS SALIVARES 
ANATOMIA 
Glândula mandibular abaixo do conduto auditivo 
externo, abaixo do ramo horizontal da mandíbula e 
cranial entre os ramos da bifurcação da jugular. Única 
glândula salivar palpável. 
Glândula sublingual continuação da glândula 
mandibular de forma mais profunda e não palpável. 
Ducto mandibular localizada na parte mais rostral, na 
parte de submucosa em baixo da língua. Tem a junção 
da glândula mandibular e sublingual. 
 
MUCOCELE SALIVAR OU SALIALOCELE 
É uma coleção de saliva no SC ou submucosa, em volto 
por uma cápsula fibrosa. Ocasiona processo inflamatório 
local, como proteção organismo de gerar cápsula fibrosa. 
Não são cistos. 
Mais frequente nas glândulas mandibulares e 
sublinguais. 
ETIOLOGIA 
Desconhecida, porém há estudos que indicam fatores 
traumáticos na região cervical, ducto mandibular. Também 
fator sialolitos (cálculo), devido à alta concentração de 
minerais na saliva. 
 
PREVALÊNCIA 
Espécie canina, as raças mais predispostas são poodle e 
dachshunds. 
Sem predileção sexo e idade. 
SINAIS CLÍNICOS 
Aumento de volume cervical ventral indolor, flutuante. 
Rânula (sublingual) observa-se aumento de volume 
em baixo da língua e pode apresentar desconforto 
local. 
DIAGNÓSTICO 
Paracentese punção do conteúdo. As características do 
conteúdo é viscoso, tendência coloração transparente, 
porém pode ser mais escurecido, devido acumulo de 
sangue há bastante tempo. 
 
Sialografia método pouco utilizado na rotina, devido 
desequilíbrio de custo e benefício do procedimento. 
Necessário sedação do animal e canular para injetar 
contraste. Vantagem é identificar que região o ducto está 
rompido. 
Biópsia do material excisado avaliação histopatológico 
para fechar diagnóstico. 
 
TRATAMENTO 
 
SIALOCELE CERVICAL 
Sialoadenectomia da gl. Mandibular e sublingual 
unilateral ou bilateral + drenagem da mucocele. 
A grande maioria a mucocele salivar localizada na região 
ventral da mandíbula, que dificulta a localização da 
glândula acometida. 
A glândula parótida consegue compensar a produção de 
saliva, ou seja, não tem dificuldade de mastigar e 
deglutir. 
Etapa 1 posição lateral com exposição ventral da 
pescoço. Localização da glândula mandibular e incisão 
do SC até expor a glândula. 
A glândula mandibular está entre a veia lingofacial, 
maxilar e ramo horizontal da mandíbula. 
Etapa 2 pinça hemostática no ducto mandibular e retirar 
a totalidade das glândulas. 
 
Etapa 3 drenagem da mucocele para primeiramente 
cicatrizar a cápsula fibrosa e depois a pele. 
 
SIALOCELE RÂNULA 
Marsupialização é a drenagem contínua através de 
uma abertura para o meio externo. Objetivo é 
cicatrizar primeiramente a cápsula fibrosa e por último 
a pele. 
 
ESÓFAGO 
CORPO ESTRANHO 
PREVALÊNCIA 
Predisposição animais jovens e raças pequenas. 
Cães ossos. 
Gatos anzóis e agulhas. 
Locais na entrada do tórax, base do coração ou 
esôfago caudal. 
 
 
 
SINAIS CLÍNICOS 
 
Perfuração do esôfago 
 
Pneumonia aspirativa 
DIAGNÓSTICO 
Rx simples CE radiopacos. 
 Esofagograma CE radiotransparentes. 
 Esofagoscopia fornece condição da parede 
esofágica. 
TRATAMENTO 
Endoscopia auxilio da pinça jacaré. 
Gastrotomia técnica cirúrgica tem o objetivo de 
empurrar o CE para estômago. Cautela, precisa 
identificar o tipo de CE e se existe a possibilidade de 
perfuração. 
Esofagotomia cervical 
Etapa 1 incisão cervical ventral, afastar músculos 
esternotireóideo e deslocar a traqueia para direita. 
Etapa 2 incisão longitudinal do esôfago caudal ao CE 
Etapa 3 esofagorrafia em dois planos de padrão ponto 
simples separado. O primeiro plano incluem as 
camadas mucosa e submucosa. O último plano 
incluem as camadas muscular e adventícia. 
 
Ressecção de até 3 a 5 cm e anatomose suturar 
primeiramente na parte mais profunda (adventícia e 
sobe). 
PÓS OPERATÓRIO 
Endoscopia sem perfuração 2 dias de jejum e dieta 
pastosa. 
Esofagostomia ou endo com perfuração 3 a 7 dias 
sem ingestão de alimentos, partir para gastrostomia 
ou jejunostomia para passagem da sonda alimentar. 
Tratamento suporte fluidoterapia, protetor de 
mucosa, ATB e outros. 
Esofagostomia abertura do esôfago para passagem 
da sonda esofágico. 
 
Etapa 1 decúbito lateral direito. 
Etapa 2 medir e marcar o tamanho da sonda. 
Referência de terço final do esôfago no 7° e 8° EIC 
(13 pares de costela). 
 
Etapa 3 introduzir a pinça Kelly curva na cavidade oral 
e passar a orofaringe. Pressionar a pinça contra a 
parede esofágica cranial. 
Etapa 4 incisionar a pele até exteriorizar a ponta da 
pinça. 
 
Etapa 5 introduzir sonda de uretral ou foley, puxar até 
a cavidade oral. 
Etapa 6 dobrar a ponta da sonda em direção caudal 
do esôfago até virar para sentido correto e terminar de 
empurrar até a marcação da sonda. 
 
Etapa 7 fixar a sonda com o padrão de sutura chinesa 
ou sandália romana ou bailarina. 
 
 
 
 
TRAQUEIA 
TRAQUEOSTOMIA 
Objetivo é restabelecer uma via respiratória para 
pacientes com obstrução de via respiratória alta. Ex: 
edema de glote. 
 
TRAQUEOSTOMIA TEMPORARIA 
Indicações são cirurgias bucais ou craniais na 
traqueia, obstruções de vias aéreas superiores. 
Etapa 1 incisão cervical ventral sob traqueia afastar 
músculos esternotireóideo e incisionar a traqueia no 3° 
e 4° ou 4° e 5° anéis traqueais. 
Etapa 2 passar um fio na parte cranial e outro causal 
da traqueia. 
 
 
TRAQUEOSTOMIA DEFINITIVA 
Indicações são de obstruções respiratórias superiores 
que não podem ser corrigidas com êxito. 
Comum em animais terminais com prognóstico ruim. 
Etapa 1 incisão cervical ventral sob traqueia afastar 
músculos esternotireóideo. 
Etapa 2 sutura em U por baixo da traqueia. No 
momento de fechar a sutura em U automaticamente 
puxa o músculo esternotireóideo por baixo da 
traqueia, descolando a traqueia mais superficial 
próxima da pele. 
Etapa 3 incisionar 3° e 4° com o diâmetro 4 e 5 anéis 
traqueias um terço da traqueia. Suturar a mucosa na 
pele.

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