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Manejo de feridas

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Clínica de Pequenos Animais 3 Camilla Teotonio Pereira 
 MANEJO E TRATAMENTO DE FERIDAS 
EVENTOS CELULARES LOCAIS E FASES EVOLUTIVAS 
DA FERIDA 
Fase inflamatória aguda pode ser ferida aberta ou 
fechada (hematomas). Ferida aberta tem lesão vascular 
com sinais de inflamação, sangramento, coágulos, 
eventualmente coágulos de fibrinas. 
Evento instalado até as primeiras 48 horas pós trauma. 
Temporariamente alteração coloração do tecido 
esbranquiçado ou azulado. 
 
No tecido lesionado, os neutrófilos são as primeiras 
células a chegarem no tecido e fundamental formação 
barreia imunidade nata do local. 
 
Fase necrótica evento instalado nas 60 horas pós 
trauma, nem todas feridas passam por esta fase, 
depende do tipo do trauma, energia e extensão do 
golpe. Presença colonização de bactérias e grau maior 
de lesão. 
Isquemia do tecido importante para migração de 
macrófagos - começo da limpeza e fundamental 
processo cicatricial da ferida. Inicia processo de 
proliferação/granulação. 
Nas fases inflamatória aguda e necrótica é indicado 
ATB via oral e anti-inflamatória. 
 
Fase granulação/proliferação encontra-se fibroblastos, 
macrófagos e endoteliócitos para formação de tecido de 
granulação, neovasculação e resistente a infecção. 
Essa fase pode iniciar de forma incorreta, se houver 
permanência de tecido necrótico na pele. 
Também ocorre a proliferação e migração epitelial 
(epitelização dos bordos da ferida) é chamado de fase 
contração 3 a 6 dias após a lesão, 0.6 - .7 mm/dia. 
Presença de fibroblastos (plicatura das fibras colágenas) 
e miofibroblastos. 
Nessa fase não é indicado ATB via oral e anti-inflamatório. 
 
Fase de retração dos bordos da ferida com perda da 
elasticidade. Localização da ferida próximas as 
articulações pode atrapalhar a movimentação. 
CLASSIFICAÇÃO 
 
QUANTO AO GRAU DE EXTENSÃO 
 
Abrasão perda da epiderme e porções da derme. É 
sensível a pressão/toque e sangram pouco. 
 Ex: trauma rombo-áspero. 
 
Avulsão separação de tecidos de seus pontos de 
inserção/fixação + formação de retalhos de pele. 
Os locais mais acometidos são extremidades do corpo 
(mandibular, cauda) e membros. 
Prognóstico ruim, devido à grande destruição de vasos 
sanguíneos no local da lesão e tendem a tecido necrótico. 
Desluvamento é avulsão em membros. 
 
Laceração lesão superficial ou profunda de grau variável 
em locais da pele e tecidos adjacentes com bordos 
irregulares (espaço morto). 
Lesões de origem brigas, atropelamentos ou maus 
tratos. 
Prognóstico ruim. 
 
Incisões objeto cortante ou com extremidade aguda, 
bordas da ferida uniforme e trauma tecidual mínimo no 
tecido adjacente. Normalmente são feridas superficiais. 
 
Perfuração, penetrante e puntiforme causada por 
projétil de arma de fogo, arma branca como objeto 
pontiagudo e mordedura. 
Lesão mínima de pele + lesões das estruturas mais 
profundas. 
 
Queimaduras 
 
 
QUANTO A CONTAMINAÇÃO 
Ferida asséptica cirurgia em ambiente controlado. 
Classe 1 limpa-contaminada de 0 a 6 horas com 
contaminação mínima de lesão superficial. Envolve 
cirurgias sistema respiratório, urogenital e gastrointestinal. 
Possibilidade de suturar os bordos da lesão. 
 
Classe 2 contaminada ferida traumática recente 6 a 12 
horas com contaminação significativa, debris celulares 
sem exsudato. 
Inflamação ou cirurgia que envolva sistema respiratório, 
urogenital e gastrointestinal. Ex: mordedura e 
atropelamento. 
Primeiro alvo de tto é combater a contaminação e depois 
pensar em suturar. 
 
Classe 3 ferida traumática com mais de 12 horas com 
contaminação grosseira ou infecção, presença de CE, 
exsudato, tecido desvitalizado, víscera perfurada, pus. 
Ex: evisceração e abscesso prostático. 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS NO TRATAMENTO DAS 
FERIDAS CUTÂNEAS 
Controle da contaminação. 
Debridamento dos tecidos mortos, sujidades e debris. 
Promoção de drenagem adequada. 
Manutenção do leito vascular viável. 
Escolha de método adequado de tratamento. 
CUIDADOS COM A FERIDA 
Proteger durante o transporte. 
Avaliar as condições gerais do paciente. 
Avaliar a ferida quanto o tipo de lesão e grau de 
contaminação. 
Avaliar integridade vascular, neural e ortopédica. 
Proteger a ferida durante a preparação da pele 
circunjacente. 
FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE 
CICATRIZAÇÃO 
Fatores predispõe à infecção 
 
FATORES SISTÊMICOS E A INFECÇÃO 
Doenças sistêmicas DM, anemia, uremia, viroses 
felinas. 
Agentes farmacológicos corticosteroides e 
quimioterápicos. 
SOLUÇÕES PARA LAVAGEM DAS FERIDAS 
Intensa lavagem nas fases inflamatória aguda e 
necrótica. 
Contraindicado lavagem da ferida com detergentes na 
fase granulação, pois mata fibroblastos. Lavagem 
somente com solução fisiológica. 
 
 
 
Água corrente 
 
Solução salina (todas as fases) e RL 
 
Clorexidine (solução 0,05% ou 1:40) 
 
Iodo povidine (solução 0,1% a 1% ou 1:40 ou 
1:100) 
 
Peróxido de hidrogênio (3%) – água oxigenada 
 
Líquido de Dakin (hipoclorito de sódio) 0,5% 
 
Lavagem terapêutica com antibióticos 
São mais eficazes em lesões com até 3 horas que 
serão suturadas. 
 
ANTIBIOTICOTERAPIA 
Bactérias mais encontradas nas feridas são 
Staphylococcus intermedius, Streptococcus sp e 
Pasteurella (mordidas). 
 
INDICAÇÕES ATB SISTÊMICOS 
Amplo espectro como amoxicilina + ác. clavulônico, 
enrofloxacina, ampicilina, cefalosporinas e 
betalâcitamicos. 
Mordidas ampicilina ou amoxicilina. 
Lesões profundas em fáscias e musculatura. 
Presença de tecido necrótico após o debridamento. 
Animais imunossuprimidos. 
Sinais de infecção local instalada ou sistêmica. 
DEBRIDAMENTO 
Remoção de material estranho e tecido necrótico na 
fase inflamatória aguda, mais principalmente na fase 
necrótica da ferida. 
 
Depois realizar hemostasia e lavar abundantemente. 
TIPOS DE FECHAMENTO DE FERIDAS 
Primeira intenção ou fechamento primário suturas 
aposicionais ou cirurgias reconstrutivas. 
 
Fechamento primário retardo tratar primeiro a ferida e 
48 a 72 horas após a lesão e antes da formação de 
tecido granulação pode suturar (fase inflamatória aguda 
ou início da necrótica). 
Serve para feridas contaminadas, que não houve grande 
perda tecidual. Necessário bordos de pele viáveis. 
Fechamento secundário suturar após a formação de 
tecido de granulação com mais de 5 dias após a lesão. 
Serve para feridas profundas contaminadas. 
Segunda intenção (“cicatrização de dentro para 
fora”) retração, epitelização (bordos invertidos) e maior 
retração cicatricial. 
Serve feridas com grande perda tecidual, contaminadas. 
Feridas abertas sempre devem ser cobertas por 
bandagens. 
Reavaliar: excesso de tecido de granulação, inversão 
dos bordos da ferida, fibrose e tecido de granulação 
pálido e liso. 
 
BANDAGENS 
Objetivos 
 
 Comporta por 3 camadas 
1° camada de contato aderente ou não aderente 
(produto oleosa) 
 Não 
aderente oclusiva é usada em exsudação mínima, 
feridas limpas e fase de reparo. Não necessário de 
troca diária. 
Os materiais são polietileno, espuma de poliuretano e 
hidrocolóides. 
 
 
 
 
2° camada intermediária funções de proteção, 
absorção, redução de movimento e redução de espaço 
morto e edema. 
Composição de algodão hidrofílico ou fraldas. Em casos 
de fraturas associadas utilizar talas. 
3° camada externa faixa de crepe ou elástica; 
esparadrapo.

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