Buscar

O Mito da Caverna

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CONFRARIA NOSSA SENHORA DA PIEDADE DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA PIEDADE DE PARÁ DE MINAS – MG
FACULDADE DE PARÁ DE MINAS
CULTURA RELIGIOSA
PROF. PE. EMERSON CUNHA
A ALEGORIA DA CAVERNA: UMA INTERPRETAÇÃO EPISTEMOLÓGICA
Felipe Adaid
O mito da caverna é uma das alegorias mais famosas da filosofia antiga, repleta de metáforas, ela vem sendo estudada e utilizada através dos séculos, traduzindo de forma simples e didática a importância e função da razão científica para o homem.
INTRODUÇÃO
 A alegoria platônica demonstra, de forma clara, como as ideias e concepções do mundo se constroem, segundo o contexto e experiência de cada indivíduo. Desta forma, a construção de realidade de cada pessoa e, consequentemente, de cada grupo social, se forma mediante a percepção do mundo a seu redor. 
 O mito de Platão conta que dentro de certa caverna, pessoas estavam aprisionadas, viradas da entrada, de forma que sua única visão era do fundo. Estes homens não conseguiam ver a luz do Sol, nem qualquer objeto fora da caverna, as únicas imagens que se tornavam nítidas no breu eram as sombras que se projetavam na parede ao fundo. Assim quem passasse pela abertura da caverna tinha sua sombra refletida na parede e era apenas por essas imagens que os homens acorrentados construíam sua realidade de mundo.
O MITO
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.
Como jamais viram outras coisas, os prisioneiros imaginam que a sombra vista são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.
DISCUSSÃO
Em “O Mito da Caverna”, é criada uma metáfora para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. Essa metáfora consiste em propor que todos nós estamos condenados a ver sombras em nossa frente e as imaginarmos como verdadeiras.
Platão descreve a humanidade condenada à seguinte condição: seres-humanos algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar sempre para frente, sem poder girar a cabeça para trás ou para os lados, dentro de uma caverna semi-obscura, onde a luz que entra ali provém de uma imensa fogueira externa. 
Então, Platão indaga: o que aconteceria se um daqueles presos fosse libertado? Estaria dolorido e se movimentaria sem agilidade provocado pelos anos de imobilidade. Em primeiro lugar, observaria a caverna como um todo, os seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira, que na verdade é a luz do sol. Assim, teria bastante dificuldade de enxergar, com os olhos ofuscados pelo imenso brilho proporcionado pela luz, visto que a iluminação da caverna era escassa e, assim, imaginava que aquela intensidade de luz era toda a luminosidade possível existente para todos.
Em seguida, quando seus olhos se acostumassem com a grande claridade, se depararia com os homens transportando as estátuas e, prosseguindo, enxergaria as coisas reais, descobrindo a existência de um mundo totalmente oposto ao que estava habituado. Concluiria que, durante toda sua vida não vira nada se não a sombra das imagens reais, assim contemplando a própria realidade.
Libertado e com o conhecimento do mundo, ao retornar a caverna, estaria desacostumado com a escuridão. Tentando libertá-los, contaria aos outros o que viu fora dali. Seria ridicularizado, ninguém iria crer nas descrições feitas. Se insistisse em contar suas histórias, os demais o fariam parar através de violência, agredindo-o. Se ainda assim não cessasse, acabariam por matá-lo (com o crime de querer mostrar o caminho da luz e da sabedoria).
Ao falar do caminho da ascensão, o filósofo nos remete o conceito da ignorância, a idéia da correção do olhar: o sábio deveria corrigir o olhar dos acorrentados de modo a levá-los a direcionar-se para a luz do saber.
Vivendo num mundo “fictício”, os seres-humanos que ali habitam tomam o seu redor como a única verdade existente, sem abrir suas mentes aos novos conhecimentos, sensações e vivências, excluindo e desmoralizando qualquer um que ali chegue e descreva alguma coisa diferente do que estão familiarizados.
Em sua metáfora, Platão nos mostra como as pessoas se fecham em um mundo de trevas (sem nenhum conhecimento variado) .
Encontramos, então, a questão da natureza e do limite do conhecimento, uma provocação epistemológica: o que é a verdade?
Impressionante é saber que o mito foi escrito há 2.500 anos, e que a teoria de Platão ainda reina, quando pessoas vivem em um mundo alternativo obscuro, tomando que a luz é o conhecimento e a escuridão é a ignorância.
 
CONCLUSÃO
Ao escrever a Alegoria da Caverna, Platão faz referência de forma metafórica aos seus contemporâneos, fazendo uma genial crítica a crendices e superstições da época. Sendo; pois, o filósofo o ser libertado, capaz de fugir dos grilhões da ignorância indo a busca do saber.
Ao analisarmos as características atuais, com as encontradas na época de Platão, vemos uma profunda semelhança. Sobretudo, o conteúdo do mito, pode ser facilmente transferido para a realidade de hoje. Em relação à alienação e a ignorância, pode-se citar o exemplo da mídia, que atualmente atua como grande fator alienante da população, metaforicamente, os meios de comunicação social seriam os grilhões que prendem a grande massa. Outro exemplo é o possível retorno do “Panis et circensis”, política de “Pão e Circo”, conhecida do Imperador César, aplicada ao Antigo Império Romano, uma maneira de contentar a população oferecendo comida e diversão, dessa maneira obliterandoo espírito crítico e a capacidade ativista e contestadora.
A obra de Platão ilustra a necessidade do homem de encontrar a verdade e libertar-se da ignorância, não obstante, para tanto há a necessidade de que “os grilhões sejam quebrados”. Neste caso o único modo de fazê-lo é pela aquisição do conhecimento. Um exemplo desse, é através do ensino formal adquirido na escola. Entretanto, em um mundo dotado de grandes contrastes socioeconômicos, sobretudo na realidade brasileira, observamos a deferência educacional como grande obstáculo.
Por outro lado, podemos analisar o conceito da liberdade em detrimento do saber, como uma busca utópica. Numa comparação metafórica, a busca pela ciência seria como se tentássemos chegar no horizonte, onde o conhecimento total seria o horizonte, e eterna jornada seria a aprendizagem. Neste caso, voltando ao conto, por quê por mais que saibamos o que há ao redor da caverna, nunca saberemos tudo o que há lá fora.
 O mito da caverna representa a constituição da realidade, onde as falsas imagens e sombras se sobrepõem às ideias e conceitos reais. Essa incorreta noção da realidade faz com o que os homens criem pré-conceitos que acabam por nortear sua fantasia e, consequentemente, sua vida. Assim, a mais leviana interpretação mitológica de Platão, demonstra a importância da sabedoria e da busca pelo conhecimento real, na tentativa de se desprender das amarras da ignorância e poder conhecer e desfrutar do mundo real, fora da caverna.
 Analisando os outros elementos míticos, segundo a própria concepção platônica, as correntes simbolizam a força de resistência que os homens tem ao comodismo das ideias e preceitos culturalmente impostos. A quebra das correntes e o caminhar para fora da caverna representam a tomada de consciência crítica, a reflexão das ideias, até então tidas como verdadeiras, e a construção de um novo pensamento.
 É claro que, como na metáfora, o exercício da reflexão e do pensamento crítico representaria certa dificuldade no início, pois a luz do Sol ofuscaria a visão do mundo real no início, sendo necessário que os prisioneiros libertados se acostumassem com a forte luminosidade, para, então, contemplar o mundo a seu redor. A saída da caverna, a observação de todos os detalhes e cores do mundo, e, por fim, seu desfruto, seriam um último estágio de evolução, onde o homem já não estaria mais ofuscado pela luz solar, e poderia contemplar o mundo de forma plena.
 Ora, a primeira vista parece lógico e intuitivo que ao filósofo moderno ou ao estudante que sua situação no mundo já seja aquela dos prisioneiros libertos, com suas plenas capacidades para observar e provar o mundo. Contudo, em que pese todo o conhecimento agregado pela humanidade desde os tempos do primitivismo, será que de fato o homem está hoje liberto dos grilhões da ignorância? Será que o simples fato de estar numa sociedade complexa e desenvolvida, estudar (no sentido mais formal da palavra) e exercer alguma atividade profissional ou intelectual já o torna capaz de entender e conhecer o mundo verdadeiro, livre de preconceitos e ilusões? Ou será que mesmo diante de todo conhecimento e desenvolvimento o homem hodierno ainda permanece como os prisioneiros de Platão?
 Em suma, a filosofia ensina que o homem deve buscar a verdade, por meio da razão, contudo, será que esta realidade pode, de fato, ser alcançada? Utilizando-se da própria metáfora da caverna, sabendo que o homem, acorrentado a um corpo finito e limitado, contando apenas com seus sentidos, sua percepção e sua capacidade cognitiva para pensar o mundo, será que estes meios seriam suficientes para conhecê-lo em sua plenitude? Talvez, nesse argumento, se esteja a caminhar para uma explicação, de certa forma, metafísica ou teológica, entretanto, o que se pretende discutir é se a tomada de consciência e a busca crítica de uma realidade, como papel precípuo da Filosofia, não seja, em realidade, uma utopia. Em outras palavras, não seria a verdade um conhecimento tão puro e amplo, que não seria possível, nem inteligível se chegar a ele? Neste sentido, o importante não seria atingí-lo, e apropriar-se desse excelso conhecimento, mas continuar tentado, buscando e caminhando em sua direção.
*****************************************************************************
UMA POSSÍVEL E BREVE INTERPRETAÇÃO DO MITO DA CAVERNA
A Alegoria da Caverna é uma metáfora, ou como o próprio nome diz, uma alegoria. O que está escrito no texto não deve ser interpretado literalmente, pois Platão não quis apenas contar uma história sobre homens presos em uma caverna, mas quis passar uma mensagem com isso.
Inúmeros elementos metafóricos aparecem na alegoria. Os principais elementos estão dispostos abaixo:
Prisioneiros: os prisioneiros da caverna somos nós mesmos, os cidadãos comuns.
Caverna: é o nosso corpo, que segundo Platão, seria fonte de engano e dúvida, pois ele nos ilude na forma como apreendemos as aparências das coisas, nos fazendo acreditar que essas são as próprias coisas.
Sombras e ecos: as sombras que os prisioneiros veem e os ecos que eles escutam são as opiniões e os preconceitos que trazemos do senso comum e da vida costumeira. Eles são, segundo Platão, conhecimentos errados que adquirimos através dos sentidos de nosso corpo e da vida cotidiana.
Sair da caverna: a libertação do prisioneiro e a sua fuga da caverna simboliza a busca pelo conhecimento verdadeiro.
A luz do Sol: a luz solar no exterior da caverna simboliza o conhecimento verdadeiro, a razão e a filosofia. Quando o prisioneiro sai da caverna, ele sente-se perturbado pela luz intensa, elemento natural que ele nunca havia vivenciado. No início, há uma dificuldade de aceitação dessa luz pelas retinas, até que ele adapta-se e percebe toda a realidade exterior. Metaforicamente, isso simboliza a zona de conforto que as sombras e a caverna representam, pois o engano da vida comum pode ser confortável, enquanto a verdade pode ser, ao menos, inicialmente, dolorosa e sacrificante. Sair da ignorância significa sair da zona de conforto.
*****************************************************************************
4

Continue navegando