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FUNDAMENTOS-DA-ATUAÇÃO-NEUROPSICOPEDAGÓGICA-E-INSTITUCION.-PARA-A-ATUAÇÃO

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1 
 
FUNDAMENTOS DA ATUAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA 
E INSTITUCIONALIZAÇÃO PARA A ATUAÇÃO 
 
 
 
2 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos 
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e 
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de 
comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de 
forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir 
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma 
das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela 
inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Sumário 
FUNDAMENTOS DA ATUAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA E 
INSTITUCIONALIZAÇÃO PARA A ATUAÇÃO .................................................. 1 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
História da Neuropsicopedagogia ............................................................ 4 
O que é Neuropsicopedagogia e qual seu objetivo? ............................... 4 
O aspecto inclusivo da atuação do Neuropsicopedagogo ....................... 5 
A assessoria Neuropsicopedagógica ...................................................... 9 
A atuação do Neuropsicopedagogo frente à educação especial ........... 13 
A ética profissional do Neuropsicopedagogo ......................................... 16 
A INTERCONECÇÃO ENTRE A NEUROPSICOPEDAGOGIA E AS 
PRÁTICAS RESTAURATIVAS NO CONTEXTO ESCOLAR ........................... 19 
INTRODUÇÃO ................................................................................... 19 
NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO ..................................................... 20 
COMPREENDER EMOÇÕES, SENTIMENTOS E NECESSIDADES 23 
PRÁTICAS RESTAURATIVAS: TEORIA E PRÁTICA ........................... 28 
CONSOLIDAÇÃO DE NOVAS APRENDIZAGENS ........................... 30 
AVALIAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA ......................................... 32 
O PROCESSO DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA .......... 36 
A ESCUTA DAS CRIANÇAS COMO INSTRUMENTO QUALITATIVO 
PARA A ATUAÇÃO DO NEUROPSICOPEDAGOGO ...................................... 37 
A ATUAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA E A APRENDIZAGEM 
ESCOLAR ........................................................................................................ 38 
O TRABALHO NEUROPSICOPEDAGÓGICO ...................................... 40 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 45 
 
 
file:///C:/Users/Cliente/Downloads/FUNDAMENTOS%20DA%20ATUAÇÃO%20NEUROPSICOPEDAGÓGICA%20E%20INSTITUCIONALIZAÇÃO%20PARA%20A%20ATUAÇÃO.docx%23_Toc74574693
file:///C:/Users/Cliente/Downloads/FUNDAMENTOS%20DA%20ATUAÇÃO%20NEUROPSICOPEDAGÓGICA%20E%20INSTITUCIONALIZAÇÃO%20PARA%20A%20ATUAÇÃO.docx%23_Toc74574693
 
 
 
4 
 
História da Neuropsicopedagogia 
 
O entendimento sobre os processos cerebrais é cada vez mais preciso e 
acertado. Há mais de cem anos que os pesquisadores buscam aprimorar seus 
estudos sobre o cérebro humano, e, atualmente, já se pode afirmar que temos 
excelentes conhecimentos nessa área. 
E é claro que a Educação se beneficia dessas descobertas, pois é um 
campo que lida inevitavelmente com as particularidades do cérebro humano, 
principalmente no que se refere aos estímulos da aprendizagem. São das 
funções cerebrais que vem as respostas para muitas indagações da 
Pedagogia. Por isso, as Neurociências têm muito a acrescentar a diversas 
áreas do conhecimento, e é dessa fusão que surgiu a Neuropsicopedagogia. 
 
O que é Neuropsicopedagogia e qual seu objetivo? 
 
De modo geral, diz-se que Neuropsicopedagogia é uma ciência que 
estuda o sistema nervoso e sua atuação no comportamento humano, tendo 
como enfoque a aprendizagem. Para isso, a Neuropsicopedagogia busca 
relações entre os estudos das neurociências com os conhecimentos da 
psicologia cognitiva e da pedagogia. Sendo assim, essa é uma ciência 
transdisciplinar que estuda a relação entre o funcionamento do sistema 
nervoso e a aprendizagem humana. 
Seu objetivo é promover a reintegração pessoal, social e educacional a 
partir da identificação, do diagnóstico, da reabilitação e da prevenção de 
dificuldades e distúrbios da aprendizagem. 
 
 
 
 
 
5 
 O aspecto inclusivo da atuação do Neuropsicopedagogo 
 
A educação especial e a questão da inclusão têm sido dois temas que 
estão em voga neste início do século XXI. As propagandas em favor da inclu-
são têm sido persistentes, e observamos que nem todos os educadores e de-
mais profissionais da educação estão preparados para trabalhar com esse pú-
blico cada vez mais crescente tendo em vista a complexidade que se apresen-
tam as dificuldades e necessidades específicas de aprendizagem nos diferen-
tes contextos em que emergem, muito menos os espaços escolares estão 
adaptados para receber esses cidadãos. 
Os direitos humanos não são contemplados em sua totalidade, sessenta 
e um anos após terem sido proclamados, vivemos injustiças em nosso cotidia-
no, todos nós educadores, educandos e cidadãos, enquanto pessoas normais, 
com todos os membros, com todos os neurônios funcionando regularmente. 
Não podemos cometer o grande engano de subestimar as capacidades 
dos alunos portadores de necessidades especiais, escolhendo o caminho 
mais fácil para eles percorrerem, sem deixar que eles próprios se conscienti-
zem da necessidade do aprendizado. O que dizer então das pessoas portado-
ras de alguma necessidade especial, que necessitam de processos inclusivos 
educacionais para que tenham promovidas as suas capacidades de aprendi-
zagem? 
Vale citar Beauclair (2009), quando nos diz que a demanda social pela 
aprendizagem em nosso tempo gerou espaços e tempos institucionais novos, 
onde a atuação do profissional de educação se faz necessária e que novas 
teorias capazes de captar novas dimensões se fazem importantes principal-
mente baseadas na sensibilidade e na intuição das dimensões humanas. 
Em linhas gerais, o trabalho de assessoria neuropsicopedagógica está 
relacionado com o objetivo da psicologia educacional/escolar em auxiliar o de-
senvolvimento global do aprendente através de um trabalho em equipe multi-
profissional juntamente com os gestores, professores, orientadores, pais e co-
 
 
 
6 
ordenadores de maneira que o aprendente tenha a sua necessidade básica de 
aprendizagem desenvolvida. 
Seu trabalho visa à prevenção, avaliação, orientação psicológica e 
acompanhamento, aplicados preferencialmente no contexto institucional com 
vistas ao aspecto da inclusão educacional, em detrimento do atendimento in-
dividual, que só é realizado nos casos pelos quais há realmente essa necessi-
dade. 
A Psicologia Escolar tem como referência conhecimen-
tos científicos sobre desenvolvimento emocional, cogniti-
vo e social, utilizando-os para compreender 
os processos e estilos de aprendizagem e direcionar a 
equipe educativa na busca de um constante aperfeiço-
amento do processo ensino/aprendizagem. Sua partici-
pação na equipe multidisciplinar é fundamental para 
respaldá-la com conhecimentos e experiências científi-
cas atualizadas na tomada de decisões de base, como 
a distribuição apropriada de conteúdos programáticos 
(de acordo com as fasesde desenvolvimento humano), 
seleção de estratégias de manejo de turma, apoio 
ao professor no trabalho com a heterogeneidade pre-
sente na sala de aula, desenvolvimento de técnicas in-
clusivas para alunos com dificuldades de aprendizagem 
e/ou comportamentais, programas de desenvolvimento 
de habilidades sociais e outras questões relevantes no 
dia a dia da sala de aula, nas quais os fato-
res psicológicos tenham papel preponderante (CAS-
SINS et al., 2007, p 17). 
 
Tendo por base o aspecto inclusivo do trabalho do neuropsicopedagogo 
na escola, vale destacar o processo de avaliação e acompanhamento indivi-
dual da escolaridade de alunos socialmente desfavorecidos na forma do traba-
lho em equipe e colaboração com as escolas, no trabalho conjunto com os 
profissionais das escolas para conhecer as situações que propiciam a margi-
nalização e oferecer recursos a fim de vincular os alunos a espaços mais nor-
malizados, assim como a colaboração com as escolas no planejamento de 
atuações dirigidas às famílias com desvantagens sociais. 
Também é importante a assessoria neuropsicopedagógica na forma de 
intervenção na comunidade educativa para que seja inclusiva a fim de favore-
cer a ligação entre a escola e os pais e entre a escola e o bairro, mediante 
programas de prevenção do absenteísmo, de grupos de autoajuda, dos círcu-
 
 
 
7 
los de pais e mestres, dos conselhos escolares colaborativos, dente outros, 
principalmente para os educandos com necessidades educacionais especiais. 
O atendimento educacional para tais alunos deve, portanto, privilegiar 
o desenvolvimento e a superação daquilo que lhe é limitado, exatamente co-
mo acontece com as demais deficiências, como exemplo: para o cego, a pos-
sibilidade de ler pelo Braille, para o surdo a forma mais conveniente de se co-
municar e para a pessoa com deficiência física, o modo mais adequado de se 
orientar e se locomover. Para a pessoa com deficiência mental, por exemplo, 
a acessibilidade não depende de suportes externos ao sujeito, mas tem a ver 
com a saída de uma posição passiva e automatizada diante da aprendizagem 
para o acesso e apropriação ativa do próprio saber. 
Vale destacar que toda e qualquer criança tem o direito a uma educação 
que lhe permita realizar o seu máximo potencial humano, independente da sua 
capacidade de aprendizagem, neste sentido, é tarefa de todos os atores da 
escola transformar as instituições de ensino em espaços de inclusão social 
onde estão presentes a alma e o corpo das crianças especiais. 
[...] Um processo pelo qual a sociedade se 
adapta para poder incluir, em seus siste-
mas sociais gerais, pessoas com necessida-
des especiais e, simultaneamente, estas 
se preparam para assumir seus papéis na so-
ciedade. A inclusão social constitui, então, um 
processo bilateral no qual as pessoas ainda 
excluídas e a sociedade buscam, em parceria, 
equacionar problemas, decidir sobre soluções 
e efetivar a equiparação de oportunidades pa-
ra todos (SASSAKI, 1997, p.41). 
 
É mister sublinhar que é tarefa principal do neuropsicopedagogo o obje-
tivo de promover a assessoria de uma educação de qualidade para todos, com 
foco no trabalho efetivo da educação inclusiva, assim como de prestar o aten-
dimento prioritário às crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem em 
geral. 
 
 
 
8 
O AEE para as pessoas com deficiência mental, por exemplo, deve es-
tar centrado na dimensão subjetiva do processo de conhecimento, comple-
mentando o conhecimento acadêmico e o ensino coletivo que caracterizam a 
escola comum, por isso, o conhecimento acadêmico exige o domínio de um 
determinado conteúdo curricular. O atendimento educacional, por sua vez re-
fere-se à forma pela qual o aluno trata todo e qualquer conteúdo que lhe é 
apresentado e como consegue significá-lo, ou seja, compreendê-lo. 
Neste sentido, o PPP escolar pode realizar adaptações importantes de 
acesso ao currículo no conjunto de modificações dos elementos físicos e ma-
teriais do ensino, bem como aos recursos pessoais do professor quanto ao 
seu preparo para trabalhar com os alunos que apresentam tais dificuldades e 
limitações de aprendizagem, podem ser definidas no planejamento das ativi-
dades como alterações ou recursos espaciais, materiais de comunicação que 
venham a facilitar os alunos com necessidades educacionais especiais a de-
senvolver as suas habilidades e competências num currículo escolar que 
atenda as reais necessidades destes sujeitos aprendentes. 
É importante pontuar que o documento que norteia a educação inclusiva 
é a Declaração de Salamanca, que se apresenta na forma de Declaração de 
Direitos e de uma proposta de ação. Surgiu na Conferência Mundial, patroci-
nada pela UNESCO, em junho de 1994, em Salamanca, na Espanha, tendo 
como objetivo maior a garantia dos direitos a todos os alunos com qual-
quer grau de deficiência ou distúrbio de aprendizagem, ao que comumente 
chamamos de Educação Comum. 
É função do neuropsicopedagogo promover processos inclusivos edu-
cacionais e conscientizar a comunidade escolar que o sentido do termo inclu-
são não significa promover a adequação ou a normatização de acordo com as 
características de uma maioria, seu significado está mais próximo da possibili-
dade de fazer parte, conviver e não se igualar. 
Portanto, é com grande cautela que devemos levantar a bandeira da in-
clusão escolar de crianças com graves problemas de desenvolvimento ao in-
vés de tomarmos o assunto partindo de um ideal, do que diz a lei, é mais 
 
 
 
9 
apropriado levar em consideração a própria criança, verificar o problema que 
ela apresenta e, a partir daí, avaliar a maneira pela qual podemos promover 
processos inclusivos educativos de adaptação no cotidiano da escola, sobre 
isto veremos mais adiante. 
 
A assessoria Neuropsicopedagógica 
A assessoria neuropsicopedagógica é regulamentada pela Sociedade 
Brasileira de Neuropsicopedagogia, explicitando basicamente duas áreas de 
atuação para este especialista, a saber: o campo institucional e o campo clíni-
co. 
Se formos analisar o art. 29 do Código de Ética Técnico Profissional 
do Neuropsicopedagogo com formação no campo institucional, iremos consta-
tar que a sua atuação ocorre exclusivamente em ambientes escolares ou em 
instituições de atendimento coletivo, fazendo parte da equipe técnica-
pedagógica e do corpo de professores visando à construção de projetos de 
trabalho nas áreas de conhecimento formal, formulando a orientação de estu-
dos interdisciplinares, assim como na prevenção da qualidade de vida por 
meio de campanhas internas relacionadas à saúde, à educação e ao lazer. 
Vale destacar que a prática do neuropsicopedagogo centraliza-se na 
metodologia da práxis em fundamentos teóricos e práticos psicopedagógicos. 
Sobre o tratamento e a assessoria psicopedagógicos, 
deve-se identificar a fragmentação dos conhecimentos, 
as atitudes pedagógicas, a construção que o alu-
no reproduz da imagem do professor e vice-versa, sobre 
a ideologia da realidade, dos mitos e símbolos, na dire-
ção da implantação de recursos preventivos no cotidia-
no escolar, assim como da investigação de diferentes 
metodologias sócio pedagógicas, histórico antropológi-
cas e etnológico-educativas (SILVEIRA, 2019, p. 127). 
Nas instituições, o neuropsicopedagogo cumpre a importante função de 
socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cogniti-
vo e a construção de normas de conduta inseridas num mais amplo projeto 
social, procurando afastar, contrabalançar a necessidade de repressão. 
 
 
 
10 
Os procedimentos de adaptação curricular destinados a instituição esco-
lar numa perspectiva inclusiva de educação, sem perder de vista o sentido le-
gislativo da inclusão social, deve constar no PPP escolar, onde podem ser in-
centivadas a relação professor/aluno nas dificuldadesde comunicação do alu-
no, inclusive a necessidade que alguns possuem de utilizar sistemas alternati-
vos de ensino, como (Língua de Sinais, Sistema Braille, Sistema Bliss, den-
tre outros), a relação entre colegas pode ser marcada por atitudes positivas de 
cooperação, os alunos podem ser agrupados de modo que favoreça as rela-
ções sociais e o processo de ensino e aprendizagem, o trabalho do professor 
da sala de aula e dos professores de apoio ou outros profissionais envolvidos 
pode ser realizado de forma cooperativa, interativa e bem definida do ponto de 
vista dos papéis desempenhados no grupo, a organização do espaço e dos 
aspectos físicos da sala de aula em sua funcionalidade, boa utilização e otimi-
zação dos recursos, assim como a seleção, adaptação e a utilização dos 
recursos materiais, equipamentos e mobiliários de modo que favoreça a 
aprendizagem de todos os alunos numa perspectiva inclusiva de educação. 
Historicamente, a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a 
Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com 
distúrbios de aprendizagem, consideradas inaptas dentro do sistema 
educacional convencional. 
No momento atual, à luz de pesquisas psicopedagógicas 
que vêm se desenvolvendo, inclusive no nosso meio, e 
de contribuições da área da psicologia, sociolo-
gia, antropologia, linguística, epistemologia, o campo da 
psicopedagogia passa por uma reformulação. De uma 
perspectiva puramente clínica e individual, busca-se 
uma compreensão mais integradora do fenômeno da 
aprendizagem e uma atuação de natureza mais preven-
tiva (KIGUEL apud BOSSA, 2000, p. 18). 
 
Nos espaços do terceiro setor, como em ONG’s (Organizações Não go-
vernamentais), o neuropsicopedagogo pode atuar de maneira psicopedagógi-
ca, apresentando projetos interdisciplinares relacionados às dificuldades de 
aprendizagem do aprendente, fazendo triagens para encaminhamentos aos 
profissionais da saúde quando necessários, assim como inserindo as crianças 
 
 
 
11 
e os adolescentes em oficinas pedagógicas, a fim de acompanhar o desem-
penho da aprendizagem em relação às dificuldades apresentadas. 
Quanto às intervenções do neuropsicopedagogo clínico, vale destacar 
que a sua avaliação deve ter por objetivo principal identificar no aprendente o 
seu desenvolvimento e a aprendizagem em relação a atenção e as funções 
executivas de expressão do comportamento, o aspecto da linguagem, a com-
preensão leitora, a memória dos processos de ensino e aprendizagem, a moti-
vação intrínseca e extrínseca, as próprias estratégias de aprendizagem, o seu 
desenvolvimento neuromotor, as habilidades matemáticas, assim como as ha-
bilidades sociais de interação interpessoais. 
Portanto, atua em equipe multiprofissional em consultórios, clínicas, pos-
tos de saúde, terceiro setor, dentre outros, fazendo avaliação e intervenção 
em crianças e adolescentes com dificuldades escolares, considerando que 
lidar com o insucesso escolar, com o baixo rendimento, com as múltiplas im-
plicações para a auto avaliação da criança, para a família, professores e co-
munidade constitui-se em tarefa complexa e desafiadora para a qual não se 
tem ainda uma resposta acabada e pronta, o que aponta para a necessidade 
de buscar alternativas que possam minimizar tal situação. 
O arcabouço teórico que sustenta a formação do neuropsicopedagogo 
institucional e clínico está relacionado à neurociência e à educação, principal-
mente, no sentido de que para compreender o mecanismo do aprender é ne-
cessário conhecer um pouco sobre o funcionamento do sistema nervoso, as-
sim como da organização dos nossos comportamentos e emoções a partir da 
compreensão de que os 86 bilhões de neurônios do nosso cérebro intera-
gem entre si formando redes neurais para que possamos aprender o que é 
significativo e relevante para a vida. 
Cada tipo de habilidade ou comportamento pode ser 
bem relacionado a certas áreas do cérebro em particular. 
Assim, há áreas habilitadas a interpretar estímulos que 
levam a percepção visual e auditiva, à compreensão e a 
capacidade linguística, à cognição, ao planejamento de 
ações futuras, inclusive de movimento, e assim por dian-
te (RELVAS, 2010, p. 14). 
 
 
 
12 
Na avaliação neuropsicopedagógica clínica, por exemplo, pode aplicar 
testes e escalas padronizadas para a população brasileira em relação a 
aprendizagem adquirida, utilizar a observação clínica, lúdica e do material es-
colar para a elaboração da hipótese diagnóstica. 
O contato com a escola, com a família, com os demais membros que re-
sidem com o sujeito aprendente, com os demais profissionais que atuam no 
caso, torna-se relevante para a compreensão do quadro e do projeto de inter-
venção que melhor poderá se adequar em cada caso específico na demanda 
apresentada. 
Portanto, vale pontuar que as especificidades da sua atuação, seja no 
campo institucional ou no campo clínico, não perdem de vista a sua objetivida-
de principal do saber-fazer, principalmente em se tratando da avaliação inicial, 
o neuropsicopedagogo deve elaborar as hipóteses diagnósticas centradas no 
próprio sujeito nos aspectos orgânicos e afetivo-cognitivos, nos aspectos psi-
cológicos onde deverá encaminhá-lo a um psicólogo com relatório especifi-
cando a situação encontrada, nos aspectos familiares, em como aprendeu a 
aprender nos vínculos com a construção do conhecimento. Na escola, a avali-
ação poderá estar centrada na relação professor/aluno, da inadequação me-
todológica e na didática do ensino e da sua instrumentalização, ainda que 
consideremos ser mais difícil a análise porque o professor/ensinante está em 
atividade com muitos alunos. 
Assim, pode-se afirmar que as intervenções neuropsicopedagógicas de-
vem prestar a assessoria desenvolvendo um trabalho com o intuito de criar 
possibilidades para que a aprendizagem ocorra satisfatoriamente e desenvol-
ver intervenções com o objetivo de detectar e estimular áreas que estão com-
prometendo o processo de aprender. 
Para tanto, a intervenção inicial deve possuir um caráter preventivo e, 
em seguida ser reeducativa e desenvolvido em clínicas ou consultórios psico-
lógicos para a identificação dos motivos que provocam os problemas de 
aprendizagem como o déficit intelectual, as incapacidades físicas ou sensori-
ais, as inadaptações grupais, a imaturidade psicomotora, a ausência dos pré-
 
 
 
13 
requisitos básicos para a alfabetização, métodos de ensino inadequados, fato-
res emocionais, dislexias entre outros, possibilitando a intervenção com o intui-
to de solucionar os problemas de aprendizagem tendo como eixo norteador o 
aluno, assim como de buscar a realização de um diagnóstico e intervenção 
psicopedagógica, utilizando métodos, instrumentos e técnicas próprias da psi-
copedagogia institucional. 
 
A atuação do Neuropsicopedagogo frente à educação especial 
 
Historicamente, a educação especial tem sido considerada como a edu-
cação de pessoas com deficiência mental, auditiva, visual, motora, física, múl-
tipla ou decorrente de distúrbios invasivos de desenvolvimento geral ou especí-
fico, além das pessoas superdotadas que também têm integrado o conjunto de 
características dos sujeitos que são direcionados para as políticas de educa-
ção especial. 
A mobilização social começa nas décadas de 50 e 60 com o surgimento 
e fortalecimento de algumas organizações e de movimentos socioeducativos 
como ocorreram nos primeiros trabalhos de Paulo Freire, com a Pedagogia 
Progressista. Por isso, tem sido grandes os progressos nas áreas de diversi-
dade e equidade, com melhores oportunidades educacionais e maior disponi-
bilidade de informações necessárias a educadores que ensinam grupos 
de estudantes diversos, entretanto, a promoção de ambientes educacionais 
flexíveis e sensíveis às necessidades singulares de todo alunonão é uma ta-
refa fácil no âmbito da educação tradicional. 
Neste contexto de mudanças de paradigmas socioculturais e políticas 
brasileiras, o governo brasileiro assume em 1961 a educação do deficiente, 
quando promulga a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
nº 4.024/61, em seu título X, nos art. 88 e 89, que fazem referência à educa-
ção dos excepcionais, garantindo a educação aos deficientes. 
Art. 88. A educação de excepcionais, deve, no que for 
possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a 
fim de integrá-los na comunidade; Art. 89. To-
 
 
 
14 
da iniciativa privada considerada eficiente pelos conse-
lhos estaduais de educação, e relativa à educação de 
excepcionais, receberá dos poderes públicos tratamen-
to especial mediante bolsas de estudo, empréstimos e 
subvenções (BRASIL, LDBEN 4024/61). 
 
Em seu contexto histórico, verifica-se que ao longo do tempo, as demais 
legislações educacionais, como as que foram promulgadas em 11 de agosto 
de 1971, na Lei nº 5.692, a Constituição Federal de 1988, assim como a nova 
LDB nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, de alguma forma buscam garantir a 
inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais como direito 
de todos e dever do Estado e da família, na promoção e incentivo com 
a sociedade como um todo, para o pleno desenvolvimento do indivíduo, de sua 
cidadania e qualificação para o mundo do trabalho. 
As mudanças na educação ao longo dos anos assumiram muitas formas 
e progressos graduais foram feitos. Os desenvolvimentos têm sido cada vez 
mais progressistas rumo a critérios educacionais e sociais mais inclusivos, na 
educação, o movimento apresenta-se em mudanças como: da educação dos 
privilegiados para a educação da população geral, para o desenvolvimento de 
classes e escolas especiais, para o enfoque nos direitos de todas as crian-
ças de receber educação, para o reconhecimento da educabilidade e dos ta-
lentos que todos os alunos tem a oferecer às suas comunidades e aos seus 
pares, para o reconhecimento da necessidade de proximidade e interação en-
tre alunos de diferentes características, sem discriminação, em ambientes es-
colares naturais. 
A educação especial e os diferentes tipos de necessidades especiais 
exigem do profissional de Neuropsicopedagogia o planejamento das ações 
pedagógicas, a fim de identificar através do diagnóstico e da avaliação psico-
pedagógicas as necessidades de aprendizagem apresentadas pelo aprenden-
te, que estão basicamente localizadas no âmbito físico, sensorial, mental, na 
paralisia cerebral, no autismo, no TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade), no TDA (Transtorno de Déficit de Atenção), na dislexia e dis-
grafia, na gagueira e na lentidão. 
 
 
 
15 
As ações do profissional de Neuropsicopedagogia, quanto à educação 
inclusiva de portadores de necessidades educacionais especiais, devem preo-
cupar-se com a igualdade de oportunidades ao acesso ao ensino escolar na 
escola regular, como afirma Sahb (2004, p.6), que a escola inclusiva para os 
alunos portadores de necessidades especiais “[...] pressupõe uma nova esco-
la, comum na sua organização e funcionamento, pois adota os princípios de-
mocráticos da educação de igualdade, equidade, liberdade e respeito à digni-
dade que fortalecem a tendência de manter na escola regular os alunos”. 
Assim, o trabalho do neuropsicopedagogo coincide com a política edu-
cacional inclusiva, integradora, propondo um modo de se construir o sistema 
educacional que considere as diferenças e necessidades de todas as crian-
ças, jovens e adultos, sem discriminá-los ou segregá-los nas suas diferenças 
e dificuldades de aprendizagem escolar. 
A defesa da cidadania e do direito à educação das pes-
soas portadoras de deficiência é atitude muito recente 
em nossa sociedade. Manifestando-se através de medi-
das isoladas, de indivíduos ou grupos, a conquista e o 
reconhecimento de alguns direitos dos portadores de de-
ficiência podem ser identificados como elementos inte-
grantes de políticas sociais, a partir de meados deste 
século (MAZZOTA, 1996, p. 15). 
Neste sentido, pode-se constatar que a mobilização da sociedade mo-
derna é um fenômeno recente que busca incluir em praticamente todos os 
ambientes socioculturais, as crianças, jovens, homens e mulheres com defici-
ência ou dificuldades de aprendizagem em geral, na busca da garantia dos 
direitos sociais e humanos, buscando o direito à qualidade de vida dessas 
pessoas, um direito que é muitas vezes negado pelo Estado que não dá conta 
de gesticular políticas de inclusão na efetivação dos direitos da cidadania, 
oportunidade e igualdade para todos. 
Ainda que se considere que o manejo das dificuldades de aprendizagem 
no ambiente escolar não se constitui em tarefa fácil, e muitas vezes, a alterna-
tiva dada envolve a colocação das crianças em programas especiais de ensi-
no como o proposto para as salas de reforço ou de recuperação paralela, des-
tinadas a alunos com dificuldades não superadas no cotidiano escolar. 
 
 
 
16 
Entretanto, a promoção de ambientes educacionais flexíveis e sensíveis 
às necessidades singulares dos educandos, juntamente com a promoção de 
amizades e sistemas de apoio natural entre pares, não será uma tarefa fácil no 
âmbito da educação tradicional, concedendo ao profissional de Neuropsicope-
dagogia o desafio de buscar alternativas interdisciplinares junto a outros pro-
fissionais da área da saúde e educação, em parcerias socioeducativas que ar-
ticulem a busca de uma educação mais igualitária e inclusiva. 
 
A ética profissional do Neuropsicopedagogo 
 
O compromisso ético do neuropsicopedagogo perpassa a sua prática de 
investigação do conhecimento epistêmico das neurociências da educação, no 
sentido de constituir na sua práxis, segundo Ribas (2006), uma visão progres-
siva das complexidades nervosa e comportamental ao longo da evolução das 
espécies, a análise filogenética da própria conceituação de termos co-
mo consciência e psiquismo, principalmente por propiciar especulações sobre 
os possíveis paralelos comportamentais existentes entre as diferentes espé-
cies e o próprio ser humano. 
A partir daí, conceitua-se o reconhecimento das funções essenciais do 
sistema nervoso humano em ajustar o organismo ao ambiente, em perceber e 
identificar as condições ambientais externas, bem como as condições reinan-
tes dentro do próprio corpo, em elaborar respostas que adaptem a essas con-
dições, em integrar as funções sensoriais, integrativas e motoras. 
A prática no campo institucional e clínico deve ter o objetivo principal de 
integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de distintas ciências 
humanas, objetivando adquirir uma ampla compreensão sobre os variados 
processos inerentes ao aprender, no sentido de que o neuropsicopedagogo 
atua com metodologia psicopedagógica num amplo conjunto de tarefas e fun-
ções que prestam assessoramento às escolas, apesar de sua diversidade. O 
trabalho psicopedagógico não se constitui em aula de reforço escolar, é muito 
mais amplo e abrangente, embora seja possível trabalhar também com conte-
 
 
 
17 
údos educacionais, deve envolver as defasagens reais biopsicossociais em 
um trabalho voltado para a vinculação com a aprendizagem e o compromisso 
com o educando e as famílias envolvidas nestes contextos socioeducativos. 
É interessante pontuarmos que na sua atividade prática (antes, durante 
e depois) das intervenções, o neupsicopedagogo deve estar sempre e cons-
tantemente avaliando sua postura ética, os procedimentos realizados e as téc-
nicas utilizadas a fim de favorecer o aprendizado do educando. 
A natureza dos objetivos do assessoramento psicopedagógico em qua-
tro eixos principais, como aponta (COLL; MARCHESI, 2004), o primeiro está 
nos objetivos da intervenção em tarefas quese centram, prioritariamente no 
sujeito e aquelas que têm como finalidade incidir no contexto educacional; o 
segundo está nas modalidades de intervenção que podem ser consideradas 
como corretivas, preventivas ou enriquecedoras; o terceiro está nos modelos 
de intervenção porque enquanto alguns psicopedagogos trabalham diretamen-
te com o aluno de forma individualizada, outros combinam momentos de inter-
venção direta com intervenções indiretas centradas nos agentes educacionais 
que interagem com ele; e por último, o quatro eixo está no lugar preferencial 
de intervenção na diversidade de níveis e contextos, tanto nas tarefas locali-
zadas no nível de sala de aula, em algum subsistema dentro da escola, 
na instituição em seu conjunto, ano, assim como aquelas que se dirigem ao 
sistema familiar, à zona de influência, dentre outras. 
Para a SBNPp, a atuação do neuropsicopedagogo na área institucional, 
de educação especial e de educação inclusiva, deve contemplar observação, 
identificação e análise do ambiente escolar nas questões relacionadas ao de-
senvolvimento humano do aluno nas áreas motoras, cognitivas e comporta-
mentais, deve analisar a criação de estratégias que viabilizem o desenvolvi-
mento dos processos de ensino e aprendizagem do educando, assim como de 
realizar os encaminhamentos dos alunos para outros profissionais quando se 
fizer necessário, sendo a necessidade de assistência de outra área de atua-
ção ou especialização. 
 
 
 
18 
Constitui-se um princípio ético, a realização por parte do neuropsicope-
dagogo sobre testagens, protocolos e estratégias de intervenção como deter-
mina as Normas Técnicas de seu regulamento, observando que no contexto 
escolar deve prestar assessoria em conjunto com toda a equipe técnica e pe-
dagógica da instituição, observando e analisando as demandas que necessi-
tam de avaliação e intervenção, sem perder de vista o desenvolvimento inte-
gral do aprendente. 
O neuropsicopedagogo deverá conhecer as características dos contex-
tos em que irá atuar, no caso institucional, como em ONG’s, deverá atender de 
forma coletiva, e dependendo do caso em análise, deve prestar assessoria 
individual realizando encaminhamentos a outros profissionais especializados 
quando se fizer necessário, assim como de propor o planejamento institucional 
das suas atividades nesses contextos, inclusive considerando a observação e 
a anamnese. 
Cada instituição desempenha atividades em ramos diversificados, assim 
como possuem a cultura própria de atendimento, definindo instrumentos de 
uso coletivo, por isso a necessidade de um diagnóstico institucional para que 
se identifique o que necessita ser trabalhado nesses locais, dentre as neces-
sidades podem surgir as funções executivas, as habilidades sociais, 
a linguagem, as habilidades matemáticas e comportamento motor. 
A execução de projetos de trabalho ou oficinas temáticas devem ser 
previamente planejadas e socializadas com todos os agentes do contexto insti-
tucional, assim como o tempo necessário pelos indicadores dos objetivos pre-
tendidos. 
Em relação a atividade do neuropsicopedagogo clínico, segundo Paín 
(1989), vale destacar a intervenção com o objetivo de levantar e sistematizar o 
perfil do aluno no processo de aprender, em detectar os principais pontos de 
dificuldades e necessidades apresentadas pelo educando nos diferentes mo-
mentos de sua formação, com a finalidade de identificar o seu desenvolvimen-
to em relação a atenção e as funções executivas de expressão do comporta-
mento, o aspecto da linguagem, a compreensão leitora, a memória dos pro-
 
 
 
19 
cessos de ensino e aprendizagem, a motivação intrínseca e extrínseca e as 
próprias estratégias de aprendizagem. 
O olhar clínico neuropsicopedagógico pretende analisar a dinâmica rela-
cional do indivíduo nos processos de ensino e aprendizagem na forma preven-
tiva, diagnóstica e curativa, desenvolvendo atividades e dinâmicas de aprendi-
zagem acadêmicas eficazes para o bom andamento da vida escolar do aluno, 
atendendo-o individualmente nas suas necessidades e dificuldades, de manei-
ra pedagógica e realizando encaminhamentos quando se fizer necessário para 
outros profissionais e especialistas. 
A assessoria neuropsicopedagógica, tanto na equipe gestora de profes-
sores quanto para os alunos, em âmbito institucional ou clínico, torna-se indis-
pensável para a formação da cidadania crítica destes nos seus diferentes con-
textos socioculturais, na participação social, na formação ética, além da prepa-
ração para o mundo do trabalho, no combate ao fracasso escolar e a elevação 
da autoestima. 
 
A INTERCONECÇÃO ENTRE A NEUROPSICOPEDAGOGIA E AS 
PRÁTICAS RESTAURATIVAS NO CONTEXTO ESCOLAR 
 
INTRODUÇÃO 
 
Em pleno século XXI, a cultura da violência ainda se perpetua em nossa 
sociedade e no ambiente escolar exigindo que se ampliem estratégia para que 
a cultura da paz se faça presente. Tendo em vista que, nos deparamos com 
grandes dificuldades em nossas relações intrapessoais e interpessoais, 
questões de conflitos e violências que estão afetando diretamente na questão 
da aprendizagem. 
Percebe-se que os alunos envolvidos em situações de violência e que 
não estão aprendendo de acordo com sua idade/ano estão sendo excluídos do 
contexto escolar, o que gera um obstáculo para o processo de aprendizagem. 
 
 
 
20 
Com o objetivo de agregar os conhecimentos do estudo teórico dos 
conhecimentos da neuropsicopedagogia. 
A seguir, será exposto um pouco do que já se vem fazendo em termos 
de práticas restaurativas no ambiente escolar, bem como o impacto que este 
trabalho agrega aos conhecimentos da neuropsicopedagogia podem trazer no 
restabelecimento de vínculos afetivos e consequentemente a consolidação de 
novas aprendizagens. 
 
NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO 
 
Segundo Cosenza, (2011, p.142) “a educação tem por finalidade o 
desenvolvimento de novos conhecimentos ou comportamentos”, pois 
“aprendemos quando somos capazes de exibir, de expressar novos 
comportamentos que nos permitem transformar nossa prática e o mundo em 
que vivemos, realizando-nos como pessoas vivendo em sociedade”. Cada 
aluno tem a sua história de vida pessoal, sua estrutura genética herdada, o 
meio em que está inserido na família, na comunidade, na escola sendo que 
seu processo de aprendizagem é individual e fruto desta história pessoal. 
Observando o mundo em que vivemos atualmente, um dos grandes 
pontos de interrogação na educação hoje é: Porque muitas criança e 
adolescentes não estão aprendendo, porque existem muitos problemas nas 
relações interpessoais e intrapessoais? Porque os índices do IDEB estão tão 
baixos? Porque tanta distorção idade/ano? Porque adolescentes abandonam a 
escola? Responder a estes questionamentos tem sido um desafio e nossas 
escolas tendo em conta as grandes mudanças estruturais das famílias e da 
sociedade. 
Compreender o ser humano na sua plenitude e entender como se 
processa a aprendizagem no contexto escolar tem sido um grande desafio, 
uma tarefa muito difícil para as mais variadas áreas. Com os avanços na área 
da neurociência entendemos que a aprendizagem é mediada pelas 
 
 
 
21 
propriedades estruturais e funcionais do sistema nervoso, especialmente do 
cérebro, sendo ele o órgão da aprendizagem. 
O cérebro humano é bem mais complexo do que pensamos, é 
abrangente e criativo e se for corretamente conhecido, estudado e estimulado 
poderá aprender muito mais, podendo se expandir, bem como saber lidar 
melhor com as emoções. Segundo Antunes (2005, p.10) “a cada dia, neste 
exato momento, em inúmeros lugares, cientistas se debruçam sobre os 
segredos da mente humana, visando desvendá-los não há mais possibilidade 
de deter o notável avanço das ciências cognitivas na busca dos segredos do 
cérebro.” 
Segundo o autor, estas conquistas cientificas são relativamenterecentes, iniciando na primeira metade do século XIX. Desta última década, 
muito se tem debatido mundialmente sobre esta temática. Porém, segue o 
alerta de Cosenza (2011, p.142) “embora muitas vezes se observe certa 
euforia em relação às contribuições das neurociências para a educação, é 
importante esclarecer que elas não propõem uma nova pedagogia nem 
prometem soluções definitivas para as dificuldades da aprendizagem”. Porém, 
podemos observar no dia a dia que estes conhecimentos colaboram para 
fundamentar as intervenções nas práticas pedagógicas que respeitam a forma 
como o cérebro funciona. 
Os avanços das neurociências possibilitam uma abordagem mais 
científica do processo ensino-aprendizagem, fundamentada na compreensão 
dos processos cognitivos envolvidos. As neurociências são ciências naturais 
que estudam princípios que descrevem a estrutura e o funcionamento neurais, 
buscando a compreensão dos fenômenos observados, já a educação tem outra 
natureza e finalidades, como a criação de condições para o desenvolvimento 
de competências pelo aprendiz em um contexto particular, sendo não apenas 
regulada por leis físicas e biológicas, mas principalmente por aspectos 
humanos. (Cosenza 2011, p.143). 
 
 
 
22 
Neste contexto temos a interface entre as neurociências e a educação, 
onde podemos agregar estes conhecimentos no trabalho do professor no 
ambiente escolar: 
O trabalho do educador pode ser mais significativo e 
eficiente quando ele conhece o funcionamento cerebral. 
Conhecer a organização e as funções do cérebro, os 
períodos receptivos, os mecanismos da linguagem, da 
atenção e da memória, as relações entre cognição, 
emoção, motivação e desempenho, as dificuldades de 
aprendizagem e as intervenções a elas relacionadas 
contribui para o cotidiano do educador na escola, junto 
ao aprendiz e à sua família. (COSENZA, 2011, p.146) 
 
Reforçando este tema, nos diz Russo (2015p.15,) que “o estudo da 
neurociências ajuda a compreender a complexidade do funcionamento cerebral 
e as articulações entre cérebro e comportamento” Agregar conhecimentos 
neurocientíficos a educação vai permitir explorar as potencialidades do sistema 
nervoso de forma criativa e autônoma com intervenções significativas para a 
melhoria do aprendizado escolar e da qualidade nas relações intrapessoais e 
interpessoais dos alunos Entendemos a necessidade transdisciplinar que 
envolve esta temática. 
Segundo Cosenza (2011, p.145) “por meio dessa perspectiva, as 
diversas áreas do conhecimento utilizarão seus pressupostos para avançar em 
direção a um conhecimento novo”. A transdisciplinariedade é um nível que vai 
além da multidisciplinariedade e interdisciplinariedade, nela não existem 
fronteiras e nem saberes mais importantes. Neste contexto de 
transdisciplinariedade a neuropsicopedagogia vem para contribuir para essa 
discussão, pois possui um olhar múltiplo que busca compreender o ser humano 
em sua complexidade, conforme a Sociedade Brasileira de 
Neuropsicopedagogia: 
A neuropsicopedagia é uma ciência transdisciplinar, 
fundamentada nos conhecimentos da Neurociência 
aplicada a educação, com interfaces da Psicologia e 
Pedagogia, que tem como objetivo formal de estudo a 
relação entre cérebro e a aprendizagem humana numa 
perspectiva de reintegração pessoal, social e escolar. 
SBNPp (cap.II art.10) 
 
 
 
23 
Considerando esta perspectiva de reintegração pessoal, social e escolar 
temos que agregar os conhecimentos na área da Justiça Restaurativa, que é 
uma nova abordagem de resolução do conflito, focada nas relações pessoais 
prejudicadas em conflito através de práticas restaurativas que se constituem 
num amplo campo fértil e desafiador de pesquisa e reflexão que poderá trazer 
benefícios e mudanças em nossa sociedade a longo prazo. 
 
 
COMPREENDER EMOÇÕES, SENTIMENTOS E NECESSIDADES 
 
Nosso cérebro tem três funções: a reptiliana, responsável por funções 
vitais; o cérebro límbico pelas emoções e o neocortex, essencial para o 
desenvolvimento da linguagem, raciocínio lógico e pensamento abstrato. 
Percebe-se em nossa cultura um grande emprenho pelo desenvolvimento do 
neocortex relegando em segundo plano as questões relacionadas ao 
emocional. Aristóteles já dizia que educar a mente sem educar o coração, 
definitivamente não é educar. Por isso precisamos resgatar a importância do 
estudo das emoções: 
No estudo da mente humana as emoções e as 
cognições não podem ser analisadas cada uma para o 
seu lado. As emoções afetam as cognições e as 
cognições ampliam o leque e de respostas possíveis e 
adequadas que um organismo pode dar face a uma 
situação. Há mecanismos cerebrais distintos e 
mecanismos comuns no processamento da informação 
(PINTO, p.170) 
Segundo Cosenza (2011, p.75) “o fenômeno emocional tem raízes 
biológicas antigas e foi mantido na evolução exatamente por seu valor para a 
sobrevivência das espécies e dos indivíduos” e na verdade, os processos 
cognitivos e emocionais estão profundamente entrelaçados no funcionamento 
do cérebro evidenciando que as emoções estão presentes em todos os 
momentos importantes da vida dos indivíduos. Sendo assim necessário 
aprender a lidar de forma adequada com elas. 
O autoconhecimento emocional é uma habilidade que pode ser 
aprendida e aperfeiçoada o que pode fazer uma grande diferença na nossa 
vida pessoal e nas nossas relações. A capacidade de conseguir controlar 
 
 
 
24 
adequadamente é o que chamamos de inteligência emocional, e esta contribui 
para o aumento da aprendizagem, a diminuição dos problemas de disciplina e 
para a preparação de indivíduos mais capazes de viver a vida em sociedade e 
de atingir a plenitude de realização pessoal (COSENZA, 2011, p.85) 
Para lidar com as questões de conflito, é preciso empatia, acolher sem 
julgamento, é preciso acolher ambas as partes, o que gera o conflito e o que 
sofre com o conflito. Nesta questão temos que aprender com a linguagem da 
comunicação não-violenta, desenvolvida por Marshall B. Rosemberg, em 
psicologia clínica, mediador internacional e fundador do Centro Internacional da 
Comunicação Não Violenta, que é conhecida por sua capacidade de inspirar 
ação compassiva e solidária. 
A comunicação não-violenta é conhecida como a linguagem do coração 
na prática da paz, por ser uma forma de comunicação que leva a nos entregar 
de coração, e fortalece a nossa capacidade de continuarmos humanos mesmo 
em situações adversas. O enfrentamento deste problema é possível, quando 
descobrimos o que tem por trás destas manifestações, precisamos entender as 
mensagens escondidas, as mensagens explicitas atrás dos atos de violência. 
Escondido em cada ato de violência existe uma necessidade não atendida. 
Podemos dizer que a violência é uma manifestação trágica de uma 
necessidade não atendida (ROSEMBERG, 2006). 
Vivemos em uma sociedade em que não podemos demonstrar nossos 
reais sentimento, nossas emoções e muito menos nossas necessidades. Não 
fomos educados para falar de nossos sentimentos e nem de nossas 
necessidades. Todo ser humano tem em sua programação biológica as 
emoções e necessidades. Nosso cérebro é muito sensível a qualquer violação 
das nossas necessidades. 
Entre as necessidades básicas de todos os seres humanos podemos 
citar: nutrição física (ar, alimento, descanso, abrigo...) autonomia (liberdade, 
sonhos, metas e valores) independência (aceitação, respeito, amor, confiança 
apreciação), lazer ( brincar), celebração (celebrar os sonhos realizados, 
elaborar as perdas), comunhão espiritual (paz, harmonia...) 
 
 
 
25 
Considerando que necessidade é algo do qual não se pode abrir mão e 
não tem cérebro humano que possa eliminá-las podemos nos perguntar: 
Nossos alunos tem estas necessidade básicas atendidas? O contexto escolar 
está propiciando isso? Percebemos que os alunos vão para a escola com 
muitas destas necessidades básicas não atendidas e,além disto, com redes 
neurais para comportamentos negativos: 
Alguns alunos, vem para a escola com redes neurais 
para comportamentos que são os mais úteis para a 
sobrevivência em um lar ou numa comunidade com 
stress tóxico, porém esses mesmos comportamentos 
podem perturbar demais quando apresentados dentro da 
sala de aula. (PRANIS, 015. p.16) 
Em nossa essência, somos seres biologicamente configurados para o 
bem. Segundo Pranis (2010, p. 22) “cada um tem um eu que é bom, sábio, 
poderoso e sempre presente – o eu verdadeiro”. Segundo Rosenberg (2006, 
p.19) é da nossa natureza gostar de dar e receber de forma compassiva. 
Segundo Gandhi “a violência é fruto da cultura, não é da natureza’. Cappelari 
(2012 p.23) nos fala que nosso cérebro originalmente foi “programado pela 
natureza para cooperar, contribuir, compartilhar e conviver, são redes de 
neurônios organizados em função da nossa herança biológica, por isso 
possuímos circuitos cerebrais bem pavimentados para a solidariedade e o 
amor”. Considerando que a nossa biologia não nos abandona, podemos nos 
perguntar: Porque então existe tanta violência em nosso contexto, porque nos 
afastamos da nossa natureza que é compassiva? Aprendemos a ser assim no 
convívio com os outros, pois conforme Jeferson Cappellari: 
A absorção desses comportamentos é feita de maneira 
espontânea, simplesmente pelo fato de estarmos 
inseridos no meio social em que vivemos, numa cultura 
que nos desconecta de nossas necessidades, emoções 
e sentimentos e nos ensina a usar o poder, a maldade e 
os julgamentos. (2012, p.33) 
Considerando que a aprendizagem do ser humano começa no período 
do neurodesenvolvimento, precisamos entender que a nossa cultura e o meio 
 
 
 
26 
em que vivemos, todas as nossas experiências desde a concepção, período de 
gravidez e a nossa infância ficam registrado em nosso cérebro, mas nem tudo 
permanece para sempre. Pois nosso cérebro passa por um processo chamado 
de poda neural: 
A ciência nos diz que a partir dos dois anos começa a 
ocorrer no nosso cérebro um fenômeno biológico, 
chamado poda sináptica... Assim como um jardineiro 
apara os galhos, o cérebro faz o mesmo, eliminando 
suas redes neurais. Esse processo de poda é altamente 
influenciado por estímulos ambientais, mais ou menos 
como a lei do “uso-desuso”. Se determinadas sinapses 
são muito usadas, elas ficam; as que não tem função 
são podadas. Não geram prejuízo para a anatomia do 
cérebro. (CAPPELLARI, 2012 p.28) 
O convívio familiar e na comunidade tem sido complicado e todas as 
experiências vivenciadas e repetidas - sejam de afeto ou de violência - tornam-
se hábitos fazendo com que nosso cérebro se estruture com esses 
comportamentos positivos ou negativos. Crianças com convívios 
razoavelmente afetivos tem vantagens em seu desenvolvimento, mas ainda 
podem apresentar dificuldades em seus relacionamentos, porém as criança 
que vivem com poucos vínculos afetivos, em um ambiente em que a 
comunicação é fundamentada em xingamentos, ameaças, humilhações, que 
sofrem maus tratos, abandono e violência tenderão a ter grandes problemas 
em seu processo de aprendizagem. 
Se com a poda neural, o que permaneceu foram os registros negativos, 
Cappellari coloca que é por meio destes circuitos neurais que ela irá se 
desenvolver. Traumas na infância, abuso sexual, abuso físico, maustratos 
emocionais e negligência podem ter efeitos diferenciais no cérebro que e 
persistem tornando estes sujeitos reprodutores destas atitudes em seu meio. 
Kay Pranis nos chama a atenção para que estes sujeitos não sejam 
abandonados, separados ou excluídos de nosso meio quando cometem 
violências e atos infracionais, porque compartilha do pensamento de Albert 
Einstein quando diz que o ser humano é parte do todo por nós chamado de 
 
 
 
27 
“universo” e acrescenta dizendo que em nossos relacionamentos estamos 
profundamente interconectados. 
A sociedade africana tradicional usa o termo “ubuntu” com a ideia de 
que cada um de nós é, fundamentalmente uma parte do todo. 
Nós acreditamos que este princípio nos faz lembrar que 
não há jovens e pessoas que possamos jogar fora 
desistir, chutar ou nos livrarmos de nada sem, 10 
literalmente, jogar fora uma parte de nós mesmos. Ao 
excluir alguém, nós nos prejudicamos e prejudicamos o 
tecido de nossa comunidade. Pelo fato de estarmos 
conectados, o que fazemos ao outro, fazemos a nós 
mesmos, embora possamos não nos dar conta de que 
isto esteja acontecendo. (PRANIS 2010, p.23) 
A afirmação de que tudo no universo está ligado, e que é impossível 
isolar algo e agir sobre aquilo sem atingir todo o resto nos remete uma grande 
responsabilidade com nossas crianças e jovens que estão em conflitos com a 
lei nos atos infracionais. Para trabalhar no resgate destes alunos a 
neurociência, que busca entender as bases biológicas do comportamento, 
mostra-nos que podemos criar rotas neurais alternativas para criar novos 
caminhos para superar as aprendizagens negativas que tivemos, dizendo: 
Se os comportamentos dependem do cérebro, a 
aquisição de novos comportamentos, importante objetivo 
da educação, também resulta de processos que ocorrem 
no cérebro do aprendiz. As estratégias pedagógicas 
promovidas pelo processo ensino-aprendizagem, aliadas 
às experiências de vida às quais o indivíduo é exposto, 
desencadeiam processos como a neuroplasticidade, 
modificando a estrutura cerebral de quem aprende. Tais 
modificações possibilitam o aparecimento dos novos 
comportamentos, adquiridos pelo processo da 
aprendizagem. (COSENZA,2011 p. 142) 
Sabemos que esta plasticidade é maior nos primeiros anos de vida, mas 
segundo Russo (2015, p.44) “o conhecimento atual do cérebro e de seu 
funcionamento permite afirmar que a plasticidade nervosa, ainda que diminuída 
permanece pela vida inteira, logo a capacidade de aprender é mantida”. 
Considerando que a plasticidade é a capacidade que o cérebro tem de fazer e 
desfazer ligações entre os neurônios através das interações constantes com o 
ambiente interno e externo do corpo, precisamos investir em nossos 
adolescentes e jovens no sentido e que as negativas encontres estas novas 
 
 
 
28 
rotas de que as aprendizagens positivas possam ser consolidadas em seus 
cérebros 
Faz-se necessário que os novos estímulos sejam constantes. Aprender 
dá trabalho, é difícil, gastamos muita energia e tempo, mas é preciso consolidar 
estas novas aprendizagens e novos comportamentos podem ser modulados, 
buscando comportamentos considerados socialmente desejáveis. 
 
PRÁTICAS RESTAURATIVAS: TEORIA E PRÁTICA 
 
As práticas restaurativas podem ser aplicadas nas escolas de forma 
preventiva por meio da construção da Cultura de Paz e dos "Círculos da 
Cultura de Paz". Porém, em situações de crise aplica-se o trabalho de 
mediação de conflitos por meio dos "Círculos Restaurativos" que buscam 
superar a forte lógica de punição. 
Para aquisição de novas aprendizagens, no sentido de resgatar o lado 
bom do eu verdadeiro podemos aprender muito com os ensinamentos de Kay 
Pranis, através dos Círculos de Construção de Paz, que são práticas 
restaurativas inspiradas nos povos indígenas e canadenses que reúnem a 
antiga sabedoria comunitária e o valor contemporâneo do respeito pelos dons, 
necessidades e diferenças individuais num processo que; respeita a presença 
e dignidade de cada participante, valoriza as contribuições de todos os 
participantes, salienta a conexão entre todas as coisas; oferece apoio para a 
expressão emocional e espiritual; dá voz igual a todos. (PRANIS, 2010 ) 
É preciso ajudar as pessoas a reconhecer e buscar alternativas 
saudáveis para suprir suas necessidades. O círculo de construção de paz é um 
lugar para se adquirir habilidades e hábitos para construir relacionamentos 
saudáveis. No círculo as pessoas têm a possibilidade de falar de si, de seus 
sentimentos e necessidades se aproximam dasvidas uma das outras a partir 
da partilha de histórias significativas, elas partilham experiencias pessoais de 
alegria e dor, vulnerabilidade e força luta e conquista. 
 
 
 
29 
Quando alguém conta uma história, mobiliza as pessoas a sua volta nos 
níveis emocional, espiritual, físico e mental. O corpo relaxa, se acalma, fica 
mais aberto e menos ansioso. A filosofia subjacente aos círculos reconhece 
que todos precisam de ajuda e que ajudando os outros, estamos ao mesmo 
tempo ajudando a nós mesmos (PRANIS, 2010) 
Aprendi a trabalhar com Círculos de Construção de Paz em 2015 
através de uma formação na Secretaria Estadual de Educação (SEDUC/Porto 
Alegre/RS) e em 2016 na Promotoria Regional de Educação (PREDUC/ Santa 
Maria/RS). Desde então tenho colocado em prática na resolução de conflitos 
envolvendo aluno, professores, funcionários, pais e comunidade escolar, bem 
como multiplicado estes conhecimentos na formação de orientadoras 
educacionais, profissionais membros da CIPAVE e profissionais da Rede de 
Apoio à escola. 
Socializando com colegas que também realizam os círculos, comumente 
dizemos que o círculo é mágico, tudo pode acontecer nele. As pessoas são 
envolvidos emocionalmente, deixam de lado as máscaras e defesas, para estar 
presente como ser humano inteiro, para revelar suas aspirações mais 
profundas, para reconhecer erros e temores e para agir segundo valores. 
Costumo dizer que se as paredes da minha sala falassem poderiam revelar 
muitas experiências positivas. 
A conexão, o sentimento de pertencimento, o ser ouvido, poder falar 12 
de seus sentimentos e necessidades fazem uma grande diferença na vida das 
pessoas, promovem responsabilidade de todos. 
Segundo MARTINS (2017, p. 11) “as práticas restaurativas na escola 
são como ferramentas de resolução de conflitos que emergem em contexto 
escolar a fim de contribuir para a transformação do ofício docente e a melhoria 
do ambiente escolar de maneira geral”. Precisamos aprender e nos empoderar 
destas práticas e este é o empenho da 24ª Coordenadoria Regional de 
Educação, enquanto entidade educacional, realizar estas práticas em seu 
ambiente e multiplicar com os profissionais da educação e profissionais da rede 
 
 
 
30 
de apoio para que a aprendizagem se efetive no dia a dia das escolas e nos 
demais ambientes da sociedade. 
 
CONSOLIDAÇÃO DE NOVAS APRENDIZAGENS 
 
Segundo Cosenza (2011), as inteligências emocionais estão ligadas ao 
conceito de funções executivas, que embora não exista um consenso sobre a 
conceituação destas, podemos defini-las como o conjunto de habilidades e 
capacidades que nos permitem executar as ações necessárias para atingir um 
objetivo. Elas também asseguram, que as normas sociais sejam respeitadas, 
em um padrão comportamental considerado tendo como essência a 
capacidade de planejar no longo prazo, de medir a consequência dos próprios 
atos, de inibir comportamentos inadequados. Outro aspecto fundamental do 
conhecimento a neurociência é a questão da consolidação da aprendizagem: 
É indispensável para que os registros no cérebro sejam 
retidos por um tempo maior. Na consolidação ocorrem 
alterações biológicas nas ligações entre os neurônios, 
por meio das quais o registro vai se vincular a outros já 
existentes, tornando-se mais permanente. Essas 
alterações envolvem a produção de proteínas e outras 
substâncias que são utilizadas para o fortalecimento ou a 
construção de sinapses nos circuitos nervosos, 
facilitando a passagem do impulso nervoso. Tratase de 
um processo que não ocorre instantaneamente, que 
demora algum tempo para ocorrer. Terminado o 
processo, novas memórias estarão consolidadas e serão 
menos vulneráveis ao desaparecimento do que as 
lembranças recentes. (COSENZA, 2011, p.63) 
Alguns estudos, tem sido realizado e existem evidências que esta 
consolidação ocorra durante o sono, mostrando a importância de termos um 
bom sono pois sua privação pode acarretar grandes prejuízos na questão da 
aprendizagem. Pois segundo o mesmo autor é durante o sono que os 
mecanismos eletrofisiológicos e moleculares envolvidos na formação de 
sinapses mais estáveis estão em funcionamento. É como se o cérebro, durante 
o sono, passasse a limpo as experiências vividas e as informações recebidas 
durante o período de vigília, tornando mais estáveis e definitivas aquelas que 
são mais significativas (COSENZA, p 65). 
 
 
 
31 
Como foi visto na questão das nossas necessidades básicas, o sono é 
considerado uma de nossas necessidades básica. Sendo ele tão importante na 
consolidação da aprendizagem podemos encontrar outro fator para as 
dificuldades de aprendizagem destas criança e adolescentes que vivem em 
situações de violência e de vulnerabilidade social. Então a escola tem este 
grande desafio, enfrentando as mazelas de nosso mundo contemporâneo, não 
desistindo de seus alunos e professores. Reforçando diariamente o seu 
trabalho de acreditar no ser humano, fortalecendo as relações. 
Segundo Pranis (2015 p.16) “Para escolher comportamentos diferentes, 
os alunos têm de, primeiramente aprender novos comportamentos. E aprender 
qualquer coisa nova leva tempo. É preciso praticar”. Não basta apenas 
desenvolver o trabalho das práticas restaurativas, os valores da justiça 
restaurativas, apenas esporadicamente. 
Faz-se necessário um trabalho constante e persistente para que estas 
novas rotas neurais se estabilizem e virem novos hábitos e formas de viver 
para que as aprendizagens aconteçam. Os alunos podem aprender que é 
possível treinar a controlar nossa maneira de ser e manter o autocontrole das 
nossas condutas e praticar com progressiva segurança aprendizagens 
positivas. 
A inclusão de todos os sujeitos na escola com permanência e sucesso é 
o grande desafio da educação. Os estudos das neurociências têm comprovado 
que os mais variados tipos de violências, como maus tratos, negligências... tem 
sido uma das causas do insucesso na aprendizagem. Conhecendo como 
funciona o nosso cérebro podemos avançar nas questões da aprendizagem. 
Através do processo de neuroplasticidade cerebral é possível superar 
aprendizagens negativas. 
O estudo da neuropsicopedagogia entrelaçado com as práticas 
restaurativas pode mostrar caminhos, novas alternativas e estratégias para que 
a cultura da paz esteja presente nas escolas e que nosso aluno esteja em 
relações saudáveis criando vínculos afetivos que favoreçam a aprendizagem 
em todos os seus aspectos. 
 
 
 
32 
O trabalho constante com as práticas restaurativas, através de círculo de 
construção de paz e círculos restaurativo - onde as emoções, sentimentos e 
necessidades podem vir à tona e serem reconhecidos - tem como objetivo 
resgatar valores restaurando relações. Enquanto educação precisamos 
reconhecer que as emoções necessitam ser consideradas nos processos 
educacionais, para que as novas rotas neurais sejam consolidadas. 
Logo, é importante que o ambiente escolar seja planejado e organizado 
com estratégias para a gestão dos conflitos, precisando criar espaços 
humanos. É tarefa da educação preparar as futuras gerações para o mundo 
melhor, criando ambientes seguros de aprendizagem e estimulando o uso de 
soluções criativas e pacíficas para os conflitos. 
 
AVALIAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA 
 
A Neuropsicopedagogia, aos poucos vem conquistando espaço no 
território brasileiro surgindo como uma nova área do conhecimento e pesquisa 
na atuação interdisciplinar, abarcando conhecimentos neurocientíficos e tendo 
seu foco nos processos de ensino aprendizagem. Está pautada em atividades 
que avaliam e intervêm nos processos de aprendizagem procurando obter 
informações de todas as ciências que possam contribuir para formar o 
entendimento mais detalhado da aprendizagem de cada indivíduo. Assim 
sendo, a Neuropsicopedagogia, que agrega conhecimentos da neurociência, 
psicologia e pedagogia realiza um trabalho de prevenção,pois avalia e auxilia 
nos processos didático-metodológicos e na dinâmica institucional para que 
ocorra um melhor processo de ensino-aprendizagem (HENNEMANN, 2015). 
Em entrevista para a Associação Brasileira de Psicopedagogia - ABPb, 
através de Racy e Vieira (s.d.), Dr Marco Tomanick Mercadante, contextualiza 
a Neuropsicopedagogia com as seguintes palavras: “Um campo do 
conhecimento que procura reunir os avanços advindos das neurociências com 
a psicopedagogia. Assim, o profissional com essa perspectiva deve ter 
conhecimento amplo das bases neurobiológicas do aprendizado, do 
 
 
 
33 
comportamento e das emoções, e dominar os elementos clássicos da 
psicopedagogia. Além disso, uma coerência epistemológica que garanta uma 
adequada articulação dessas áreas dispares do conhecimento é fundamental 
para a atuação na área”. 
Nesta perspectiva, faremos um breve relato sobre os conhecimentos 
advindos das neurociências para a atuação e avaliação neuropsicopedagógica. 
O cérebro humano é uma maravilhosa máquina que transforma uma 
simples sensação em pensamento, é um órgão complexo, desvendado 
parcialmente pela ciência, composto por células nervosas e glândulas. 
Dentro desta complexidade é importante ressaltar as funções do 
encéfalo e dos neurotransmissores, o encéfalo diferente do cérebro, é um 
conjunto de estruturas que estão anatomicamente e fisiologicamente ligadas, 
são estruturas especializadas que funcionam de forma integradas, para 
assegurar a unidade ao comportamento humano. 
Possui uma constituição elaborada ao receber mensagens que informam 
ao homem a respeito do mundo que o cerca além de receber um permanente 
fluxo de sinais de outros órgãos que o capacita a controlar os procedimentos 
vitais do individuo, batimento cardíaco, a fome e a sede, as emoções, o medo, 
a ira, o ódio e o amor tudo iniciando no encéfalo tendo o cérebro, a parte maior 
e mais importante. 
Na aprendizagem a criança tem na concentração e atenção aspectos 
importantes e fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e motor, o 
aprendizado depende de alguns outros fatores, estimulo, interesse e da 
funcionalidade adequada das estruturas que irão receber tais estímulos e 
principalmente da atenção desta criança. 
Se a atenção é fundamental para a aprendizagem é através do 
desempenho de uma estrutura complexa localizada na parte central do tronco 
encefálico denominada de formação reticular (age como se fosse um filtro), que 
mantém o córtex em condições para que possa receber novos estímulos, 
decodificá-los e interpretá-los principalmente os sensitivos que devem ser 
 
 
 
34 
selecionados onde somente os estímulos importantes passam por este "filtro", 
chegando ao córtex o que os torna conscientes impedindo que os constantes 
bombardeios não venham atingir o córtex de forma indiscriminada. 
Quanto aos neurotransmissores, são substancias químicas produzidas 
pelos neurônios, as células nervosas, por meio delas podem enviar 
informações a outras células, podem também estimular a continuidade de um 
impulso ou efetivar a reação final no órgão ou músculo alvo, elas agem nas 
sinapses que são o ponto de junção do neurônio com outra célula. 
Os Neurotransmissores possibilitam que os impulsos nervosos de uma 
célula influenciem os impulsos nervosos de outra permitindo assim que as 
células do cérebro por assim dizer, "conversem entre si". O corpo humano 
desenvolve um grande número dessas mensagens químicas para facilitar a 
comunicação interna e a transmissão de sinais dentro do cérebro, são 
substancias que funcionam como combustível cerebral, nos deixam mais 
felizes e são fundamentais para o bom funcionamento do organismo. 
O interesse dos pesquisadores, suas descobertas, tem crescido em 
resposta á necessidade de, não somente entender os processos 
neuropsicobiológicos normais mais principalmente para respaldar a ciência da 
educação.Modernas técnicas estão começando a revelar como o cérebro tem 
conseguido a notável proeza da aprendizagem, as ciências cognitivas 
modernas, estão sendo capazes de estudar objetivamente muitos 
componentes do processo mental tais como atenção, cognição visual, 
linguagem, imaginação mental etc. 
Novos desafios terão pela frente, certamente novas conquistas, 
possivelmente os obstáculos existentes entre neurocientistas e educadores 
serão ultrapassados, novos paradigmas irão impulsionar a ciência 
principalmente a aqueles que se preocupam com a educação sob novos 
olhares (BARBOSA; KOPPE, 2013). 
O neuropsicopedagogo utiliza-se dos processos de metacognição, o 
pensar sobre o pensar, fazendo com que o indivíduo entenda o porquê de res-
ponder "de tal maneira, tal pergunta", de que forma poderia ter feito melhor, 
 
 
 
35 
sendo assim, os processos metacognitivos vão além da cognição, uma vez que 
esta se baseia somente em ensinar o aluno a dar respostas e se possíveis cer-
tas. Aliado aos demais profissionais do contexto educativo ele procura trans-
formar “queixas” em pensamentos, criando espaço para a escuta e observa-
ção, para a partir daí fazer devolutivas. 
Através de estudos de como o cérebro aprende, de modo mais eficiente, 
encontradas em disciplinas voltadas às neurociências, o neuropsicopedagogo 
possui procedimentos e práticas eficazes para lidar com situações de 
dificuldades de aprendizagem. Dificuldades estas, que podem estar 
relacionadas à linguagem escrita, tanto na matemática quanto na 
comunicação, ou talvez defasagem decorrente de déficit visual, motor ou 
transtornos emocionais, bem como desenvolvimento intelectual diferenciado, 
tanto de alunos com incapacidade como dos com altas habilidades. 
 
 Para que seja realizado uma avaliação neuropsicopedagógica adequa-
da, é necessário compreender como funciona na prática o aparelho cognitivo. 
 
 
 
36 
O encéfalo, nosso aparelho cognitivo, forma um todo complexo pouco compre-
endido, entretanto, o pouco sabido é suficiente para incrementar nossas práti-
cas para avaliação. 
Pode-se didaticamente dividi-lo em três partes: o cerebelo (1), o sistema 
límbico (2) e o córtex (3). O cerebelo (1) é a parte do encéfalo responsável por 
estruturar os comandos mecânicos de nosso corpo. Quando aprendemos a 
falar, a escovar os dentes ou andar de bicicleta é este sistema que recebe as 
instruções que programam sua rede de neurônios, instruções estas difíceis de 
serem implantadas mas que depois jamais são esquecidas. O sistema límbico 
(2) se compõe do hipotálamo, tálamo, amígdalas e hipocampo. Pode ser en-
tendido como um cérebro réptico completo em si mesmo. A evolução fez com 
que fosse somado a este cérebro réptil um córtex capaz de dar suporte as 
capacidades humanas superiores e manteve este cérebro primitivo atribuindo-
lhe vários papéis instintivos além da função essencial de reter as informações 
colhidas durante o dia. Instintos básicos como o medo e a decisão de lutar ou 
correr diante de uma ameaça são gerenciados pelas amígdalas e hipotálamo, 
já o hipocampo perfaz a memória que registra os dados colhidos durante o dia. 
É no córtex (3) onde se registram definitivamente o que se aprendeu durante o 
dia. Diversos casos clínicos como o do sujeito acidentado que esquece o que 
aprendeu minutos atrás forneceram as pistas de como funciona a 
aprendizagem. 
 
O PROCESSO DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA 
 
O processo de avaliação inclui numerosas atividades entrelaçadas e 
interdependentes entre si. Vamos iniciar pela anamnese. A palavra anamnese 
tem origem grega e significa – ana= trazer novamente – mnesis= memória. É 
um entrevista que o profissional da área da saúde ou educação vai realizar 
com o responsável pelo aluno, em seu primeiro encontro, tentando relembrar 
fatos ocorridos. 
Os objetivos da anamnese são os seguintes: 
 
 
 
37 
 Saber qual a queixa do pacientes para melhor direcionar o tratamento; 
 Obter informações desde o período intrauterinopara pesquisar 
possíveis causas da patologia atual; 
 Levantar a hipótese diagnóstica (HD); 
 Providenciar os encaminhamentos necessários para avaliações de 
outros especialistas. 
 
A ESCUTA DAS CRIANÇAS COMO INSTRUMENTO QUALITATIVO 
PARA A ATUAÇÃO DO NEUROPSICOPEDAGOGO 
 
Considerando a importância da escuta das crianças para a atuação do 
neuropsicopedagogo dentro do espaço educativo e deste recurso como 
instrumento qualitativo para o desempenho do trabalho deste profissional, 
indaga-se sobre: o que pensam as crianças a respeito de sua escola, de sua 
professora, de seu ensino e de sua aprendizagem? 
Em decorrência, desta inquietação, surgiram diversos questionamentos 
os quais serviram para nortear este estudo, a saber: a) O que as crianças 
gostam na escola? b) O que as crianças aprendem? c) Como as crianças 
sabem que aprenderam? d) Como é a professora? 
A partir desta problematização o objetivo deste artigo é analisar as 
respostas das crianças entrevistadas de modo a conhecer os diversos fatores, 
entre eles, estruturais, emocionais, didático-pedagógico, os quais constituem o 
cotidiano escolar destes sujeitos. 
Logo, procurou-se apreender seus anseios, necessidades e concepções 
referente à todo o contexto da escola. Nesse sentido, conhecer o que pensam 
as crianças a respeito de aspectos importantes relacionados à sua 
aprendizagem e tudo o que norteia o ambiente escolar, tem sido uma prática 
cada vez mais comum por parte de profissionais neuropsicopedagogos que já 
compreenderam a importância da participação destes sujeitos nas ações do 
processo educativo. 
 
 
 
38 
Os sujeitos apresentados a seguir como exemplo para pesquisa, são 
crianças de 6 (seis) anos de idade, matriculadas no primeiro ano do ensino 
fundamental de uma escola pública pertencente à rede municipal de ensino. 
A abordagem empregada foi a qualitativa, haja vista que foram utilizados 
instrumentos de coleta de dados como a entrevista semiestruturada e o 
desenho oralizado como mote para um diálogo espontâneo com as crianças, o 
que contribuiu para que se alcançasse o objetivo que se buscava, qual seja, o 
de conhecer as percepções dos sujeitos da pesquisa. 
 
A ATUAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA E A APRENDIZAGEM 
ESCOLAR 
 
O trabalho do neuropsicopedagogo no espaço escolar torna-se cada vez 
mais relevante haja vista que sua formação está amparada nos conceitos da 
neurociência, o que assegura embasamento teórico diferenciado para lidar com 
as questões que envolvem o funcionamento das estruturas cerebrais, o que 
configura-se indispensável para o emprego de estratégias que corroborem para 
o desenvolvimento da criança nos aspectos relacionados à aprendizagem. 
De acordo com Russo (2015, p.15-16), as normativas da Sociedade 
Brasileira de Neuropsicopedagogia, no artigo 29, estabelece que referente ao 
neuropsicopedagogo institucional, “fica delimitada sua atuação com 
atendimentos neuropsicopedagógicos exclusivamente em ambientes escolares 
e/ou instituições de atendimento coletivo”. Cabendo a este profissional a 
“observação, identificação e análise do ambiente escolar nas questões 
relacionadas ao desenvolvimento humano do aluno nas áreas motoras, 
cognitivas e comportamentais” . 
Ademais, as “neurociências possibilitam uma abordagem mais científica 
do processo ensino-aprendizagem, fundamentada na compreensão de 
processos cognitivos” (RUSSO, 2015, p. 19). Entre eles o raciocínio, a 
capacidade de tomar decisões, de comandar o corpo, e tantos outros em que 
 
 
 
39 
se faz necessário formação específica para o entendimento de questões tão 
complexas relacionadas ao desempenho cognitivo e acadêmico das crianças. 
Nesse contexto, a aprendizagem escolar é orientada por processos 
relacionados ao desenvolvimento de modo a conceber o sujeito como parte 
integrante da escola e esta, por sua vez, como local propício e fundamental 
para seu desenvolvimento intelectual e psíquico. Assim, para Vigotsky (2010, p. 
524) “[...] o próprio ingresso na escola significa, para a criança, um caminho 
interessantíssimo e novo no desenvolvimento de seus conceitos”. Com isso, 
cabe considerar também que: 
A capacidade de raciocínio e a inteligência da criança, as 
suas ideias sobre o que a rodeia, as suas interpretações 
das causas físicas, o seu domínio das formas lógicas do 
pensamento e da lógica abstrata são considerados pelos 
eruditos como processos autônomos que não são 
influenciados de modo algum pela aprendizagem escolar 
(VIGOTSKY, 2005, p. 25). 
Desse modo, conhecer o que pensam as crianças permite-nos maior 
aproximação de seu contexto social e cultural, considerando que o 
desenvolvimento antecede sempre a aprendizagem em razão das experiências 
externas a que estão expostos estes sujeitos. Entrentanto, as abordagens da 
escola quase sempre vão de encontro e não ao encontro das formas de 
expressão das crianças e de suas realidades e experiências pessoais. 
Nessa perspectiva, a educação tem sofrido influências apontando 
caminhos cada vez mais atentos para os meios e recursos didáticos-
pedagógicos em que seja revisto o papel de todos os professionais envolvidos 
neste processo entre eles, o neuropsicopedagogo em seu trabalho de 
observação, identificação e análise para intervenção na aprendizagem, assim 
como também nos conteúdos formais do ensino e na organização curricular da 
escola. 
Portanto, a partir de um espaço de escuta das crianças é possível 
ampliarmos nossos conhecimentos sobre elas. Além disso, um trabalho 
diferenciado nutrido de subsídios qualitativos que visem enriquecer a qualidade 
da avaliação neuropsicopedagógica institucional, tende a promover reais 
benefícios para a formação integral destes sujeitos. 
 
 
 
40 
 
O TRABALHO NEUROPSICOPEDAGÓGICO 
 
Partindo de uma concepção de aprendizagem a partir de um espaço de 
escuta em que os sujeitos atuam também como colaboradores nas tomadas de 
decisão referente à ação pedagógica e ao conteúdo curricular praticado em 
seu espaço educativo, é que registra-se a relevância destas percepções para 
subsidiar o trabalho do neuropsicopedagogo institucional. 
Este por sua vez, tem suas ações ancoradas nas teorias educacionais e 
nos fundamentos da neurociência. Assim, os dados levantados neste estudo, 
apontam para um processo de avaliação de desempenho da aprendizagem 
que ultrapassa os testes padronizados comumente utilizados para este fim. 
Estes dados, oriundos de um processo de escuta, após categorizados, 
apresentam nas vozes das crianças o aparecimento com recorrência de 
palavras como: “fazer tarefa”, “ler” e “escrever”. 
Cada um destes vocábulos evidenciam-se repletos de significados, 
revelando dados de suas experiências escolares e expectativas. O termo “fazer 
tarefa”, aparece de modo repetitivo demonstrando, por meio da motivação por 
fazer as atividades escolares, haver vínculo estabelecido com a escola e com a 
aprendizagem. 
Com isso, “se percebe que certos alunos [...] têm “desejos de aprender, 
enquanto outros não manifestam esse mesmo desejo. Uns parecem estar 
dispostos a aprender algo novo [...] Outros parecem pouco motivados [...]” 
(CHARLOT, 2000, p.15 apud LIRA e ENRICONE, 2011 p.3). 
A expressão utilizada por Charlot (2000) indica que o “desejo por 
aprender” representa para as crianças, neste caso, avanço na aprendizagem, 
pois, “fazer tarefa”, implica em mais oportunidade de aprendizagem dos 
conteúdos formais e uma expectativa de continuidade, de desenvolvimento e 
de avanço no conhecimento. 
 
 
 
41 
Para tanto, quando indagadas acerca do que “as crianças gostam na 
escola”, Emergem as seguintes categorias: tarefa, escrever, desenhar, 
brincadeiras, educação física e brincar. Isso pode ser observado em suas 
repostas, conforme descrições a seguir: M.N: eu gosto de fazer tarefa, de 
escrever, desenhar, só isso!; M: eu gosto de ir pra física; de escrever, 
desenhar, fazer atividade,

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