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Pneumonia Adquirida Na Comunidade Introdução: A pneumonia adquirida na comunidade inclui casos de pneumonia infecciosa em pacientes que vivem independentemente na comunidade. De uma forma geral a pneumonia é uma doença inflamatória aguda do parênquima pulmonar, de causa infecciosa (vírus, bactérias ou fungos), que tem limites bem definidos, correspondendo a um ou ma is lobos pulmonares. No passado, eram classificadas em pneumonia adquirida na comunidade (PAC), pneumonia adquirida no hospital (PAH) ou pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM). Classificação: ❖ Pneumonia Atípica: síndrome respiratória que pode ser provocada por vários agentes e que não acompanha as manifestações clínicas típicas da pneumonia. ❖ Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC): é aquela que ocorre em pacientes fora do ambiente hospitalar ou de unidades especiais de atuação à saúde ou, ainda, se manifesta nas primeiras 48h de internação. Pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos. ❖ Pneumonia Adquirida no Hospital (PAH): é aquela que ocorre após 48h da admissão hospitalar ou que ocorre até 48h após alta hospital e não se relaciona a intubação endotraqueal e VM. Não é produzida por germes previamente incubados no momento da admissão. A PAH precoce é a que ocorre até 4º dia de internação, sendo considerada tardia a que se inicia após 5 dias da hospitalização. ❖ Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM): é aquela que surge 48 a 72h após intubação endotraqueal e instituição da VM invasiva. De modo similar, a PAVM também é classificada em precoce (ocorre até 4º dia de intubação e início da VM) e tardia (se inicia após 5º dia de intubação e VM). ❖ Pneumonia Relacionada a Cuidados de Saúde: ocorre em pacientes residentes em asilos ou tratados em sistema de internação domiciliar; paciente que receberam antimicrobianos por via intravenosa, ou quimioterapia, nos 30 dias precedentes à atual infecção; pacientes em terapia renal substitutiva; e aqueles que foram hospitalizados em caráter de urgência por 2 ou mais dias, nos últimos 90 dias antes da infecção. ❖ Pneumonia por Aspiração: processo inflamatório do parênquima pulmonar com características clínicas de pneumonia ou broncopneumonia, causada pela aspiração de secreções exógenas (substâncias oleosas, derivados do petróleo) ou refluídas do esôfago ou estômago (endógenas). ❖ Pneumonia Viral: processo inflamatório causado por vírus. ❖ Pneumonia Fúngica: processo inflamatório do parênquima pulmonar causado por fungos. ❖ Pneumonia Bacteriana: processo inflamatório causado por bactérias. ❖ Pneumonia Eosinofílica: processo inflamatório do parênquima pulmonar de diversas etiologias, tendo em comum filtração eosinofilica e, geralmente, eosinofilia periférica. ❖ Pneumonia por Agentes Físicos: causada por radiação ionizante e aspiração de ar superaquecido durante incêndios. Patologia: Resulta da proliferação dos patógenos microbianos nos espaços alveolares e da resposta do hospedeiro a esses agentes patogênicos. A fonte mais comum é a aspiração das secreções orofaríngeas. Em casos raros, a pneumonia ocorre por disseminação hematogênica ou por extensão contígua dos espaços pleural ou mediastinal infectados. Os fatores mecânicos (de defesa) são extremamente importantes para a defesa do hospedeiro (pelos, conchas nasais, arquitetura ramificada da árvore traqueobrônquica, atividade mucociliar). Macrófagos alveolares são responsáveis pela eliminação dos patógenos que superam essa barreira. A pneumonia evidencia-se apenas quando a capacidade dos macrófagos alveolares ingerirem ou destruírem os microrganismos é suplantada. A resposta inflamatória do hospedeiro, mais do que a proliferação dos microrganismos, desencadeia a síndrome clínica da pneumonia. A partir do momento que todas as barreiras anatômicas e celulares forem vencidas, haverá a liberação de mediadores inflamatórios com IL-1 e o TNF provoca febre. Além disso, as quimiocinas, como a IL- 8, estimulam a liberação dos neutrófilos e sua atração ao pulmão e isso causa leucocitose periférica e secreções purulentas amareladas. Os mediadores inflamatórios liberados acarretam extravasamento alveolocapilar, que é responsável pelos infiltrados radiográficos e pelos estertores detectáveis à ausculta, enquanto a hipoxemia é atribuída ao preenchimento dos espaços alveolares. O aumento do drive respiratório na síndrome da resposta inflamatória sistêmica causa alcalose respiratória. Durante a ausculta pulmonar, o paciente apresentará estertores criptantes, sendo um sinal indicativo de infecção. Etiologia: A lista numerosa de agentes etiológicos potenciais das PACs inclui bactérias, fungos, vírus e protozoários. Entre os patógenos identificados recentemente estão os metapneumovírus, os coronavírus responsáveis pela síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e pela síndrome respiratória do Oriente Médio e as cepas de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA) adquiridas na comunidade. Entretanto, a maioria dos casos de PAC é causada por um número relativamente pequeno de patógenos. Embora o Streptococcus pneumoniae seja mais comum, outros microrganismos também devem ser considerados em vista dos fatores de risco e da gravidade da doença do paciente. A separação dos agentes potenciais em patógenos bacterianos “típicos” ou microrganismos “atípicos” pode ser útil. ❖ Típicos: S. pneumoniae, Haemophilus influenzae e (em determinados casos) S. aureus e bacilos Gram-negativos, como Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. ❖ Atípicos: Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae e as espécies de Legionella (nos pacientes internados), assim como os vírus respiratórios, como influenza, adenovírus, metapneumovírus humano e vírus sinciciais respiratórios. Os vírus podem ser responsáveis por uma grande proporção de casos de PAC que necessitam de hospitalização, mesmo em adultos. Os microrganismos atípicos não podem ser isolados pelas técnicas de cultura em meios convencionais e nem podem ser detectados pela coloração de Gram. A frequência e a importância dos patógenos atípicos têm implicações terapêuticas significativas. Esses microrganismos são intrinsecamente resistentes a todos os antibióticos β-lactâmicos e devem ser tratados com um macrolídeo, uma fluoroquinolona ou uma tetraciclina. Em mais de 50% dos casos, não é possível identificar os agentes etiológicos. Quadro Clínico: A possibilidade de pneumonia deve ser considerada em qualquer paciente com novos sintomas respiratórios, incluindo tosse, expectoração ou dispneia, particularmente quando esses sintomas são acompanhados de febre ou anormalidades no exame físico do tórax, como roncos e estertores. A apresentação inicial é frequentemente mais sutil em pacientes idosos ou que tenham um estado imune alterado; nesses pacientes, sintomas inespecíficos, como perda de apetite, confusão mental, desidratação, agravamento dos sintomas ou sinais de outras enfermidades crônicas, podem ser as manifestações iniciais da pneumonia. A pneumonia é cada vez mais prevalente em pacientes com comorbidades específicas, que incluem tabagismo, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), diabetes melito, malignidade, insuficiência cardíaca, doenças neurológicas, uso de substâncias narcóticas e bebidas alcoólicas e doença hepática crônica. Os sintomas e os sinais na apresentação frequentemente variam de paciente para paciente e não podem ser confiavelmente usados para estabelecer um diagnóstico específico (microbiológico). Achados físicos clássicos de pneumonia lobar incluem a evidência de consolidação com transmissão alterada dos murmúrios vesiculares, egofonia, crepitações e alterações no frêmito tátil. Entretanto, em muitos pacientes, os achados físicos são mais sutis e podem ser limitados a roncos esparsos. Um examefísico detalhado, uma radiografia de tórax em incidência posteroanterior e em perfil e a leucometria diferencial devem ser realizados na suspeita de pneumonia. Uma avaliação das trocas gasosas (oximetria ou gasometria arterial) deve ser realizada em todos os pacientes hospitalizados. O médico precisa ter em mente os diagnósticos diferenciais que podem mimetizar a apresentação de pneumonia, como a embolia pulmonar, carcinoma broncogênico e bronquioloalveolar, doenças pulmonares induzidas por drogas e doenças pulmonares intersticiais idiopáticas. Pode ser indolente ou fulminante e sua gravidade pode variar de leve a casos fatais. O paciente frequentemente tem febre e taquicardia, ou pode apresentar calafrios e/ou sudorese. A tosse pode ser seca ou produtiva com escarro mucoide, purulento ou sanguinolento. O padrão do escarro não é fator diagnostico nem prognostico. Dependendo da gravidade, o paciente pode apresentar dispneia. Se houver acometimento da pleura, também pode apresentar dor torácica pleurítica. Outros sintomas podem incluir fadiga, cefaleia, mialgias e artralgias. No exame físico as anormalidades podem variar com a gravidade da condensação pulmonar e a existência ou ausência de derrame pleural significativo. Nota-se aumento da FR e utilização dos músculos acessórios da respiração. Durante a palpação, pode-se detectar acentuação ou atenuação do frêmito toracovocal, e a percussão pode evidenciar submacicez e macicez, que refletem a condensação pulmonar ou o líquido pleural subjacente respectivamente. Na ausculta, encontra-se estertores, sopros brônquicos e possivelmente atrito pleural. Fator de Risco: Idade maior ou igual à 70 anos, alcoolismo, asma, imunossupressão, institucionalização, demência, distúrbios convulsivos, insuficiência cardíaca, doença vascular encefálica, tabagismo, DPOC, infecção pelo HIV. Diagnóstico: Diante de um caso potencial de PAC, o médico deve fazer duas perguntas: o paciente tem pneumonia? Em caso afirmativo, qual é sua etiologia provável? Em geral, a primeira pergunta é respondida com base nos exames clínicos e radiográficos, enquanto a última depende de técnicas laboratoriais complementares. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: O diagnóstico diferencial inclui distúrbios infecciosos e não infecciosos, como bronquite aguda, exacerbações agudas da bronquite crônica insuficiência cardíaca, embolia pulmonar, pneumonite de hipersensibilidade e pneumonite pós-radiação. A história detalhada tem importância fundamental. Por exemplo, uma doença cardíaca diagnosticada pode sugerir agravamento do edema pulmonar, enquanto um carcinoma preexistente pode indicar lesão pulmonar secundária à radioterapia. Infelizmente, a sensibilidade e a especificidade das alterações detectadas pelo exame físico ficam aquém do que seria ideal e, diante da confusão que inicialmente pode ser mostrado por idosos, as radiografias de tórax geralmente são necessárias para ajudar a diferenciar entre PAC e outros distúrbios. Os achados radiográficos servem como parâmetro para comparações futuras e podem incluir fatores de risco sugestivos de maior gravidade (p. ex., cavitações ou padrão multilobar). Em alguns casos, os resultados das radiografias sugerem o diagnóstico etiológico. Por exemplo, pneumatoceles indicam infecção por S. aureus, enquanto lesões cavitárias nos lobos superiores sugerem tuberculose. A tomografia computadorizada (TC) pode ser útil nos casos suspeitos de pneumonia obstrutiva causada por um tumor ou corpo estranho ou suspeita de doença cavitaria. Para os pacientes ambulatoriais, a avaliação clínica e radiológica geralmente é suficiente antes de iniciar o tratamento para PAC, porque a maioria dos resultados dos exames laboratoriais não fica disponível a tempo, de forma a influenciar significativamente o tratamento inicial. Em determinados casos, a disponibilidade dos testes diagnósticos rápidos realizados ambulatorialmente pode ser muito importante (p. ex., o diagnóstico rápido da infecção pelo vírus influenza pode indicar o uso de fármacos específicos para esse microrganismo e a profilaxia secundária). Diagnóstico Etiológico: Os benefícios da identificação da etiologia microbiana podem ser questionados, condiserando os custos dos exames diagnósticos e que não existem dados demonstrando que o tratamento dirigido a um patógeno específico seja estatisticamente superior ao tratamento empírico. Entretanto, algumas razões podem ser citadas para justificar a tentativa de chegar ao diagnóstico etiológico. A identificação de um patógeno inesperado pode restringir o uso do esquema empírico inicial, reduzir pressão seletiva dos antibióticos e diminuir o risco de resistência. ✓ COLORAÇÃO DE GRAM E CULTURA DE ESCARRO: O objetivo principal da coloração do escarro pelo Gram é confirmar que uma amostra é apropriada para cultura. Entretanto, a coloração pelo Gram também pode ajudar a identificar alguns patógenos (p. ex., S. pneumoniae, S. aureus e bactérias Gram- negativas) por seu aspecto característico. Para que uma amostra de escarro seja apropriada para cultura, ela deve conter > 25 neutrófilos e < 10 células epiteliais escamosas por campo de pequeno aumento. A sensibilidade e a especificidade da coloração pelo Gram e da cultura do escarro são muito variáveis. Muitos pacientes, principalmente os idosos, podem não conseguir fornecer amostras adequadas de escarro expectorado. Outros podem já ter iniciado o tratamento com antibióticos por ocasião da coleta das amostras e isso pode interferir nos resultados. A incapacidade de fornecer escarro pode resultar de desidratação e a sua correção pode aumentar a expectoração de escarro e acentuar o aspecto de um infiltrado na radiografia de tórax. Nos pacientes internados em UTI e intubados, o material obtido por aspirado traqueal ou lavado broncoalveolar (obtido por broncoscopia ou por outras técnicas) tem positividade alta na cultura quando a amostra é enviada ao laboratório de microbiologia no menor tempo possível. Como as etiologias da PAC grave são um pouco diferentes das que se observam na doença mais leve, as vantagens principais da coloração e da cultura das secreções respiratórias são alertar o médico para patógenos insuspeitos e/ou resistentes e permitir a modificação apropriada do tratamento. Outras técnicas de coloração e cultura (p. ex., colorações específicas para M. tuberculosis ou fungos) também podem ser úteis. ✓ HEMOCULTURAS: Apenas cerca de 5 a 14% das hemoculturas dos pacientes hospitalizados com PAC são positivas, e o patógeno isolado mais comumente é o S. pneumoniae. Como todos os esquemas empíricos recomendados conferem cobertura contra o pneumococo, as hemoculturas positivas para esse patógeno têm pouco ou nenhum efeito no desfecho clínico. Entretanto, os resultados dos testes de sensibilidade podem permitir a restrição do tratamento antibiótico aos casos apropriados. Em razão da positividade baixa e da inexistência de impacto significativo, as hemoculturas não são mais consideradas obrigatórias para todos os pacientes hospitalizados com PAC. Alguns pacientes de alto risco – incluindo aqueles com neutropenia secundária à pneumonia, asplenia, deficiências de complemento, doença hepática crônica ou PAC grave – devem fazer hemoculturas. ✓ TESTE DE ANTÍGENOS URINÁRIOS: Existem dois testes disponíveis no comércio para detectar antígenos pneumocócicos e de Legionella na urina. O teste para L. pneumophila detecta apenas o sorotipo 1, mas esse sorotipo é responsável pela maioria dos casos da doença dos legionários adquirida na comunidade nos Estados Unidos. A sensibilidade e a especificidade do teste para antígeno da Legionella na urina podem chegar a 70 e 99%, respectivamente. O teste para antígeno pneumocócico na urina também é muito sensível e específico(70 e > 90%, respectivamente). Embora possam ser obtidos resultados falso- positivos com amostras fornecidas pelas crianças colonizadas por pneumococos, o teste geralmente é confiável. Esses dois testes podem detectar os antígenos mesmo depois de ter sido iniciado o tratamento antibiótico apropriado. ✓ REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE: Os testes de PCR, que amplificam o DNA ou o RNA dos microrganismos, estão disponíveis para alguns patógenos. O PCR de swabs de nasofaringe, por exemplo, se tornou o padrão para diagnóstico de infecções respiratórias virais. Além disso, a PCR pode detectar o ácido nucleico de espécies de Legionella, M. pneumoniae, C. pneumoniae e micobactérias. Porém, a custo- efetividade da PCR ainda não foi definitivamente estabelecida. Nos pacientes com pneumonia pneumocócica, a carga bacteriana aumentada no sangue total documentada pela PCR está associada a um risco mais alto de choque séptico, à necessidade de ventilação mecânica e à morte. A disponibilidade clínica desse teste poderia ajudar na identificação de pacientes para a internação em UTIs. ✓ SOROLOGIA: A elevação de quatro vezes no título dos anticorpos IgM específicos entre as amostras de soro das fases aguda e de convalescença geralmente é considerada diagnóstica da infecção pelo patógeno em questão. ✓ BIOMARCADORES: Várias substâncias podem servir como marcadores de inflamação grave. Os dois mais comumente usados são a proteína C-reativa e a procalcitonina (PCT). Os níveis desses reagentes de fase aguda aumentam na presença de uma resposta inflamatória, particularmente com patógenos bacterianos. A proteína C-reativa pode ser útil na identificação de piora da doença ou falha do tratamento, e a PCT pode ajudar para diferenciar entre infecções bacterianas e virais e determinar a necessidade de terapia antibacteriana, ou ainda para decidir quando suspender o tratamento. O teste de PCT pode reduzir o uso de antibióticos na PAC sem aumento concomitante no risco de falha terapêutica ou de morte. Esses testes não devem ser usados sozinhos, mas, quando interpretados em conjunto com outros achados da história, exame físico, radiologia e exames laboratoriais, podem ajudar na escolha da antibioticoterapia e manejo adequado de pacientes gravemente enfermos com PAC. Gravidade e Internação: Os recursos que permitem avaliar objetivamente o risco de desfechos desfavoráveis, inclusive doença grave e morte, podem reduzir as internações hospitalares desnecessária. Embora existam várias regras para essa previsão, as duas mais frequentemente usadas são o Índice de Gravidade da Pneumonia (IGP), um modelo prognóstico utilizado para identificar os pacientes com risco baixo de morte, e os critérios do CURB-65, que avaliam a gravidade da doença. Índice de Gravidade da Pneumonia (IGP ): Para determinar o IGP, o médico atribui pontos a 20 variáveis, inclusive idade, doença coexistentes e anormalidades do exame físico e das análises laboratoriais. Com base no escore resultante, os pacientes são classificados em cinco grupos com as seguintes taxas de mortalidade: o grupo 1: 0,1%; o grupo 2: 0,6%; o grupo 3: 2,8%; o grupo 4: 8,2%; o grupo 5: 29,2%. A determinação do IGP costuma não ser possível em um setor de emergência lotado devido ao número de variáveis. Porém, experiências clínicas demonstraram que a utilização rotineira do IGP possibilita a redução dos índices de hospitalização dos pacientes dos grupos 1 e 2. Os pacientes no grupo 3 poderiam idealmente ser internados em unidade de observação até que se possa tomar novas decisões. Critérios do Curb-65: Os critérios CURB-65 incluem cinco variáveis: o confusão (C); o ureia > 7 mmol/L (U); o frequência respiratória ≥ 30/minuto (R); o pressão arterial, sistólica ≤ 90 mmHg e diastólica ≤ 60 mmHg (B); o idade ≥ 65 anos. Os pacientes com escore 0, entre os quais a taxa de mortalidade em 30 dias é de 1,5%, podem ser tratados ambulatorialmente. Com um escore de 1 ou 2, o paciente deve ser hospitalizado a menos que o escore seja totalmente ou em parte atribuível a uma idade ≥ 65 anos. Em tais casos, a hospitalização pode não ser necessária. Entre os pacientes com escores ≥ 3, a taxa de mortalidade global é de 22% e esses indivíduos podem necessitar de internação em UTI. Nem o IGP nem o CURB-65 são ideais para determinar a necessidade de cuidar do paciente em uma UTI. O choque séptico ou a insuficiência respiratória no setor de emergência são indicações óbvias para cuidados em UTI. Porém, as taxas de mortalidade são maiores em pacientes menos doentes internados em enfermaria geral e que depois pioram do que em pacientes igualmente enfermos monitorados na UTI. Tratamento: Como o médico raramente conhece a etiologia da PAC antes de iniciar o tratamento, o esquema antibiótico inicial geralmente é empírico e tem como propósito cobrir os patógenos mais prováveis. Em todos os casos, o tratamento inicial deve ser iniciado o mais rapidamente. Na abordagem americano-canadense, a cobertura sempre deve incluir pneumococos e patógenos atípicos. A cobertura para patógenos atípicos oferecida pelo acréscimo de um macrolídeo a um β-lactâmico ou pelo uso isolado de uma fluoroquinolona foi associada claramente à redução expressiva das taxas de mortalidade, quando comparadas com os pacientes tratados apenas com β- lactâmicos. A duração do tratamento pode ser diferente conforme a gravidade da PAC. Tratamentos de 5 a 7 dias parecem ser suficientes na maior parte das vezes, especialmente em caso de infecções não graves. Além da terapia antimicrobiana adequada, é importante a hidratação adequada, oxigenioterapia para hipoxemia e ventilação assistida quando necessárias para que o tratamento seja bem-sucedido. Medicamentos: Penicilinas: ✓ MECANISMO DE AÇÃO: Todos os antibióticos B-lactâmicos interferem na síntese da peptideoglicana da parede celular bacteriana. Depois de conectar- se as proteínas ligadoras da penicilina na bactéria (pode haver sete ou mais tipos nos diferentes microrganismos), eles inibem a enzima de transpeptidação que faz a ligação cruzada das cadeias peptídicas conectadas ao esqueleto da peptídeoglícana. O evento bactericida final é a inativação de um inibidor das enzimas autolíticas na parede celular, levando à lise da bactéria. Alguns microrganismos, referidos como "tolerantes", apresentam enzimas autolíticas defeituosas e são inibidos, porém não lisados na presença do fármaco. A resistência à penicilina pode resultar de várias causas diferentes. ✓ EFEITOS ADVERSOS: As penicilinas são relativamente livres de efeitos tóxicos diretos (além do seu efeito pró-convulsivante quando administradas intratecalmente). Os principais efeitos adversos são as reações de hipersensibilidade causadas pelos produtos de degradação da penicilina, que se combinam a proteína do hospedeiro e se tornam antigênicos. As erupções. cutâneas são comuns; um tipo retardado de doença do soro ocorre raramente. Muito mais sério é o choque anafilático agudo, que, embora raro, pode ser fatal. Quando administradas por via oral, as penicilinas, particularmente as de amplo espectro, alteram a flora bacteriana intestinal. Isso pode estar associado a alterações gastrintestinais e, em alguns casos, a superinfecção por outros microrganismos insensíveis à penicilina, levando a problemas como colite pseudomembranosa (causada pelo C. dzjffidle). Cefalosporinas: ✓ MECANISMO DE AÇÃO: As cefalosporinas N e C, que estão quimicamente relacionadas com a penicilina, e a cefalosporina P, um antibiótico esteroide que se assemelha ao ácido fusídico, foram inicialmente isoladas do fungo (Íephtzlozrpoñum. As cefamiczinas são antibióticos B- lactâmicos produzidos pelos microrganismos Streptomytes, e estão intimamente relaciona as com as cefalosporinas.Possuem o mesmo mecanismo de ação que as penicilinas. Possui 5 gerações, sendo a cefalosporina de 3ª geração é muito utilizada por ter alto espectro: ✓ EFEITOS ADVERSOS: Semelhantes às descritas com a penicilina, e pode haver alguma sensibilidade cruzada; cerca de 10% dos indivíduos sensíveis à penicilina apresentarão reações alérgicas às cefalosporinas. Foi relatada nefrotoxicidade (especialmente com cefradina), bem como intolerância ao álcool induzida pelo fármaco.Diarreia é comum e pode ser devida ao C. drfjficile. Macrolídeos: ✓ MECANISMO DE AÇÃO: Os macrolídeos inibem a síntese proteica bacteriana por efeito na translocação. Os fármacos ligam-se à mesma unidade 50s do ribossomo bacteriano que o cloranfenicol e a clindamicina, e quaisquer desses fármacos podem competir, se administrados conjuntamente. ✓ EFEITOS ADVERSOS: As alterações gastrintestinais são comuns e desagradáveis, porém não são graves. Com a eritromicina, também foram relatadas: reações de hipersensibilidade, como as erupções cutâneas e febre, alterações transitórias da audição e, raramente, depois de tratamento por mais de 2 semanas, icterícia colestática. Podem ocorrer infecções oportunistas do trato gastrointestinal ou na vagina. Referências Bibliográficas: • Schafer AI, Goldman.L. Cecil Tratado de Medicina Interna. 26ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2018. • Porto CC, Porto AL. Semiologia médica. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2019. • Rang. Rang & Dale Farmacologia. 9ª Ed. Elsevier; 2020 • Porto CC, Porto AL. Clínica médica na prática diária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. • Resumos da med: https://www.passeidireto.com/arquivo/96113292/pneumonia- adquirida-na-comunidade https://www.passeidireto.com/arquivo/96113292/pneumonia-adquirida-na-comunidade https://www.passeidireto.com/arquivo/96113292/pneumonia-adquirida-na-comunidade
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