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Aula 2

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ESTUDOS SOCIAIS 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Guilherme Carvalho 
Prof.ª Maira Nunes 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Os Estudos Sociais configuram o conteúdo da nossa aula, a qual foi 
dividida em cinco temas, organizados de acordo com os objetivos que queremos 
atingir. 
Leia os textos de cada um dos temas, analise e faça anotações. Ao final 
da leitura, você deverá realizar as atividades. Para se aprofundar mais no 
assunto, não deixe de consultar os materiais complementares indicados. 
CONTEXTUALIZANDO 
Você acompanha as notícias veiculadas na mídia? Em caso positivo, já 
deve ter percebido que muitos dos conteúdos que circulam nos produtos 
midiáticos abordam o tema das mudanças sociais. E a aceleração do ritmo das 
mudanças é uma característica do momento em que vivemos, seja na economia, 
política, cultura, entre outros. 
Sabemos que o sistema capitalista promove a inovação constante dos 
meios tecnológicos e da ciência, o que gera impactos no modo como vivemos. 
As formas de comunicação modernas — rádio, TV, internet e celular — e os seus 
usos passaram a influenciar a forma como percebemos o mundo à nossa volta. 
Da mesma forma, os processos de mudança social são influenciados por fatores 
culturais. Assim, cada vez mais nosso modo de vida se baseia em fatores 
racionais, tendo o desenvolvimento da ciência imprimido um caráter crítico à 
forma como nos relacionamos em sociedade. 
Nesta aula estudaremos como o caráter de nossas relações sociais se 
transformou e como têm se dado as muitas mudanças sociais, a partir do 
desenvolvimento tecnológico e da internet. Lembramos também que esse 
processo de desenvolvimento das sociedades contemporâneas traz consigo 
novas formas de desigualdade e exclusão, que precisam ser levadas em conta 
quando analisamos as estruturas sociais e suas relações com a comunicação. 
Os temas abordados nesta aula serão: 
1. Estruturas da sociedade contemporânea; 
2. Relações e práticas sociais; 
3. Regimes econômicos e trocas sociais; 
4. Redes sociais; 
5. Desigualdade e conflitos sociais. 
 
 
3 
TEMA 1 – ESTRUTURAS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
Podemos considerar uma estrutura social como a base na qual se 
sustenta toda uma sociedade. Se usarmos a analogia da construção de um 
edifício, sabemos que ela depende da presença de alicerces que o sustentem. 
Da mesma forma, toda a nossa organização social se dá a partir de estruturas 
que a sustentam e que se consistem como regras, entidades e práticas 
socialmente estabelecidas por meio de ações, pensamentos e crenças 
humanas. Desde o início da contemporaneidade temos organizado a sociedade 
a partir de instituições, associações e atores. É sobre esse conjunto de fatores 
que falaremos agora. 
Família, religião, leis, economia, política e classes são estruturas sociais 
que se configuram historicamente. Ao analisarmos a formação da sociedade 
contemporânea, podemos afirmar que as revoluções burguesas, a revolução 
industrial e o avanço do capitalismo, ao longo do século XIX, resultaram em 
importantes mudanças nessas estruturas. O crescimento econômico, o 
progresso tecnológico e o desenvolvimento científico marcaram a formação do 
que ficou conhecido como modernidade e trouxeram profundas transformações 
sociais. 
Figura 1 – Modelo de imagem de estrutura social 
 
Crédito: Magnon de Oliveira Almeida. 
 
 
4 
Já no século XX, a democracia liberal e a cidadania transformaram as 
formas de participação, apoiando-se na racionalidade individualista. As 
estruturas das classes sociais sofreram um processo de evolução nas 
sociedades industrializadas, ampliando as camadas das chamadas classes 
médias. Presenciamos também o amplo desenvolvimento da técnica e da 
tecnologia, que, com a industrialização, impulsionaram a comunicação de massa 
e os meios de comunicação. 
A chegada do século XXI, marcada pela pós-modernidade, trouxe novas 
mudanças nas estruturas sociais. Os avanços tecnológicos, cada vez mais 
presentes, alteraram nosso modo vida, nossa forma de pensar, consumir e 
comunicar. Sua principal característica é a velocidade, a hiperexposição a 
imagens e signos, “a velocidade com que o avanço da ciência se estabeleceu 
desenhou uma nova cartografia contemporânea comandada pela transitoriedade 
e pela efemeridade” (Maroun; Vieira, 2008). 
Compreendemos a noção de estrutura social como uma relação entre 
diferentes entidades ou grupos, organizados a partir de um conjunto de regras, 
com diferentes funções, significados e propósitos. Um exemplo de estrutura 
social é a ideia de estratificação social, ou seja, de que muitas sociedades são 
separadas em diferentes estratos (níveis) guiados pelas estruturas do sistema 
social. A estrutura social representa arranjos que são determinantes nas ações 
dos indivíduos e compreende o sistema de estratificação socioeconômica 
presente na estrutura de classes. 
Uma classe social pode ser definida como “um número de pessoas que 
comungam, em suas oportunidades de vida, um mesmo componente causal 
específico” (Lemos, 2012, p. 119). 
O nosso pertencimento a uma estrutura social se dá por fatores históricos 
e geográficos, uma vez que as sociedades se organizam de maneira específica 
em diferentes tempos e espaços. Podemos considerar como principais 
características das estruturas sociais: o capital econômico (renda, salários, 
imóveis), o capital cultural (saberes e conhecimentos reconhecidos por diplomas 
e títulos), o capital social (relações sociais que podem ser revertidas em capital, 
relações que podem ser capitalizadas) e por fim, mas não por ordem de 
importância, o capital simbólico (o que vulgarmente chamamos prestígio e/ou 
honra) (Setton, 2008). 
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5 
TEMA 2 – RELAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS 
A nossa vida em sociedade é marcada pelo fato de nos organizarmos a 
partir de relações sociais. Atualmente, o fenômeno da globalização tem 
intensificado a interdependência, as relações e práticas sociais no mundo todo, 
gerando profundas mudanças. Para entendermos as características de nossas 
relações sociais e a forma como elas se dão na nossa sociedade, podemos 
pensá-las sob três aspectos: 
1. Permanência: relacionam-se às tradições e produzem a manutenção da 
ordem social; 
2. Mudança: relacionam-se às forças de transformação que produzem 
avanços sociais; 
3. Tensão: valores e ideais opostos estão presentes nas relações e 
embasam a visão de mundo de determinado grupo social. 
Nossos comportamentos se revelam no que se chama de ação social, isto 
é, uma atitude voltada para a ação quando damos sentido à nossa conduta. 
Atores sociais atribuem sentido às suas ações, que se relacionam com o 
comportamento de outras pessoas. “A ação social se organiza em relação social. 
Há uma relação social quando o sentido de cada ator, de um grupo de atores 
que age, se relaciona com a atitude do outro, de modo que suas ações são 
mutuamente orientadas” (Aron, 2002, p. 803). 
As relações sociais também pressupõem a manutenção de costumes. 
Nossos hábitos diários, nossa rotina, permitem que possamos interagir com 
outras pessoas. Nesse sentido, a relações sociais originam as atividades 
exercidas na sociedade e podem ser definidas como “relações significativas 
segundo as quais os indivíduos orientam reciprocamente seu comportamento 
uns com os outros. Sem um mínimo de reciprocidade, não poderia haver relação 
social nem orientação significativa de um comportamento: esta noção é, pois, 
característica e fundamental” (Freund, 2003, p. 92). 
Essas relações de reciprocidade não são apenas positivas, pois não 
mantemos apenas relações de amizade, afeto e confiança. Muitas vezes nossas 
relações são negativas, conflituosas ou violentas. Da mesma forma, a natureza 
positiva ou negativa pode sofrer alterações ao longo do tempo. A formação dos 
grupos sociais também pressupõe um sentimento de pertencimento atodos os 
integrantes. 
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Aron (2002) apresenta alguns conceitos importantes para 
compreendermos as relações e práticas sociais: 
• Associação: a regulamentação da ação social é aceita consciente e 
voluntariamente pelos participantes; 
• Instituição: a regulamentação da ação social é imposta por decretos aos 
quais os participantes devem submeter-se; 
• Poder: probabilidade de um ator impor a sua vontade a outro, mesmo 
contra a resistência deste. Indica uma relação de desigualdade; 
• Dominação: situação em que há um senhor que deve ser obedecido. 
Obediência fundamentada no reconhecimento. 
Outro aspecto importante para analisarmos as práticas sociais é a relação 
entre as tecnologias da comunicação e os espaços urbanos. A internet é, 
atualmente, a principal tecnologia direcionada a comunicação e informação, e a 
configuração do ciberespaço permite que o usuário deixe de ser apenas um 
receptor de informações e possa também as produzir. A reconfiguração das 
relações sociais se dá na interatividade, na produção de conteúdo e na 
disseminação da informação. Surgem, assim, novas formas de participação e 
interação social que interferem diretamente nas relações e práticas sociais. 
TEMA 3 – REGIMES ECONÔMICOS E TROCAS SOCIAIS 
Desde o surgimento das primeiras sociedades, podemos identificar a 
presença de regimes econômicos que regulam as relações de trabalho, o 
sistema produtivo e as práticas sociais. O sociólogo Raymond Aron (2002) 
afirma, a partir das leituras de Marx, que no processo histórico configuraram-se 
quatro tipos de regimes, chamados de modos de produção: o asiático, o antigo, 
o feudal e o burguês. 
os sistemas sociais fazem a transição e um modo social a outro - 
algumas vezes gradualmente e algumas vezes através da revolução - 
como resultado de contradições em suas economias. [Marx] destacou 
a progressão de estágios históricos, que começou com primitivas 
sociedades comunais de caçadores e coletores e passou através de 
antigos sistemas escravistas e sistemas feudais baseados na divisão 
entre proprietários de terras e servos. O aparecimento de comerciantes 
e artesãos marcou o início de uma classe comercial ou capitalista que 
veio para substituir a nobreza proprietária de terras. (Giddens, 2005, p. 
32) 
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Os modos de produção antigo, feudal e burguês compreendem diferentes 
momentos sucessivos da nossa história ocidental e são caracterizados pelas 
relações de trabalho: 
• Modo de produção antigo: escravidão; 
• Modo de produção feudal: servidão; 
• Modo de produção burguês: trabalho assalariado. 
O modo de produção burguês deu origem ao sistema capitalista, base da 
economia mundial contemporânea. Definimos o capitalismo como um sistema 
econômico baseado na troca monetária (dinheiro), na propriedade privada (bens) 
e no lucro (riqueza). Desde o início do seu desenvolvimento, na Idade Moderna, 
esse sistema é marcado pela grande produtividade e velocidade de inovação. 
O capitalismo contemporâneo se desenvolveu a partir da industrialização 
e, atualmente, compreende as atividades econômicas na maior parte do mundo. 
A globalização empreendeu uma maior dinamização ao sistema capitalista e 
regula o mercado internacional, compreendendo a interdependência entre 
povos, regiões e países em todo o mundo. 
Outro aspecto relevante que devemos levar em consideração são as 
trocas sociais, cujas bases “não são apenas de caráter material ou econômico, 
mas, sobretudo simbólicas, isto é, não redutíveis apenas aos aspectos materiais 
ou aos valores utilitaristas baseados nos cálculos, necessidades e preferências” 
(Martins, 2008, p. 36). 
Podemos afirmar que a lógica das relações econômicas não substitui 
antigas formas de vínculos e alianças entre os indivíduos. As trocas sociais são 
influenciadas pela cultura e possibilitam desenvolver o pensamento, pois o 
conhecimento é construído pelo sujeito nas suas interações. 
A ordem social deve ser compreendida a partir de um conjunto de fatores 
complexos, não apenas como uma totalidade ou um conjunto de indivíduos, mas 
como fenômeno no qual circulam pessoas e coisas, condicionados pelas trocas 
sociais. É na construção e na negociação permanente de uma estrutura de 
valores e comportamentos que se organiza a ordem social. 
Leitura obrigatória 
Para compreender melhor esse debate, leia o capítulo “Cultura, 
modernidade e capitalismo”, p. 27-32, do livro a seguir: 
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SOUZA, M. Sociologia de consumo e indústria cultural. Curitiba: 
InterSaberes, 2017. (Disponível na biblioteca virtual). 
TEMA 4 – REDES SOCIAIS 
As diferentes mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais 
resultantes do processo de globalização constituíram a chamada sociedade em 
rede, cujas características envolvem um sistema de comunicação global que 
possibilita a conexão das pessoas a partir da integração dos meios de 
comunicação na internet. Cada vez mais podemos nos conectar mutuamente, 
compartilhando e consumindo diferentes mídias. 
Podemos entender uma rede como um conjunto de conexões e relações 
sociais entre diferentes atores e grupos sociais. Segundo Tomaél e Marteleto 
(2006, p. 75), 
redes sociais referem-se a um conjunto de pessoas (ou organizações 
ou outras entidades sociais) conectadas por relacionamentos sociais, 
motivados pela amizade e por relações de trabalho ou 
compartilhamento de informações e, por meio dessas ligações, vão 
construindo e reconstruindo a estrutura social. 
Dessa forma, as redes sociais compreendem um conjunto de grupos 
sociais e de indivíduos que se conectam por laços pessoais, de trabalho ou de 
interesses comuns e, por meio dessas conexões, reorganizam a estrutura social. 
A lógica de redes sociais pode, inclusive, interferir nos fluxos de poder e 
dominação. Raquel Recuero (2011) explica que as redes sociais são definidas 
pelo conjunto de dois elementos: 
• Atores: pessoas envolvidas na rede; 
• Conexões: constituídas pelos laços sociais formados nas interações 
entre os atores. 
Com o desenvolvimento da internet, as redes sociais possibilitaram o 
surgimento de locais virtuais de conexão, denominados de sites de redes sociais 
(SRS). Estes compreendem os espaços utilizados para a expressão das 
relações sociais a partir da apropriação das ferramentas de comunicação 
mediadas por computador por parte dos atores sociais. 
Podemos definir SRS como “uma categoria dos grupos de softwares 
sociais, que seriam softwares com aplicação direta para a comunicação mediada 
por computador” (Recuero, 2011, p. 102). 
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A presença dos SRS permite a manutenção dos laços sociais, das 
interações e conexões, potencializando a circulação de informações e os 
processos comunicacionais. Tornam também as interações entre os indivíduos 
mais complexas, a partir da circulação de informações e do capital social, 
relacionado ao pertencimento a um determinado grupo dentro da rede. 
No que se refere à internet e às redes sociais online, vários estudos já 
trataram sobre como o capital social é construído e mobilizado pelos atores. 
Esses estudos parecem reforçar a perspectiva de que a internet, por 
proporcionar uma maior participação e um maior controle das informações que 
circulam na rede social, principalmente através da capacidade de rastreamento, 
permite que o capital social seja mais facilmente mobilizado pelos atores 
(Recuero, 2009). 
Figura 2 — Formas de conexão estabelecidas em rede 
 
Crédito: Mert Toker/Shutterstock. 
Podemos afirmar, então, que a internet proporciona aos atores sociais um 
maior controle de suas redes e da mobilizaçãodo capital, gerando ganhos 
pessoais, pois a partir da consolidação das conexões em rede, cada ator 
desenvolve ações tendo como base as informações compartilhadas. 
Leitura obrigatória 
Leia o capítulo “Redes sociais e redes digitais”, p.103-112. 
 
 
10 
PLÜMER, E.; SANTOS, E. R.; NERY, M. C.; MOURA, P. G. Sociedade e 
contemporaneidade. Curitiba: InterSaberes, 2018. (Disponível na biblioteca 
virtual). 
TEMA 5 – DESIGUALDADE E CONFLITOS SOCIAIS 
O processo de globalização das economias, iniciado na segunda metade 
do século XX e ampliado a partir dos anos 1980, estabeleceu uma nova ordem 
no padrão de relacionamento econômico entre os países, o aumento da 
competitividade global e a abertura das fronteiras do comércio mundial. Nesse 
processo, a inovação tecnológica e a internacionalização de bens de produção 
e de consumo e a força de trabalho intensificaram os problemas sociais 
existentes, ao mesmo tempo em que promoveram novas contradições e 
desigualdades. 
Uma das características da globalização é a política neoliberal, que 
pressupõe o desenvolvimento capitalista por meio da independência do mercado 
a partir da competitividade. O neoliberalismo tem origem no pensamento liberal 
do século XVIII que, a partir da obra de Adam Smith, defende a garantia da 
liberdade política, individual, por meio da liberdade econômica. A autorregulação 
do mercado deveria ser garantida pelo Estado e permitiria uma melhor 
organização do capital e do trabalho. É somente com a crise econômica dos 
anos 1970 que as condições econômicas, políticas e sociais para o 
desenvolvimento do neoliberalismo se manifestam. 
Desse modo, as formas específicas de capitalismo, outrora reguladas 
pelos Estados nacionais e particularizadas pelos diferentes processos históricos, 
políticos, sociais e culturais vividos por cada país, acabam por se submeter às 
regras pretensamente "objetivas" de um capitalismo que se dispõe global pela 
via do regionalismo de mercado. Impondo novos padrões socioculturais e 
políticos aos povos, o fetiche do mercado global sem barreiras é engendrado em 
concomitância aos esforços do neoliberalismo pela hegemonia político-
econômica no Ocidente, reordenando a estrutura de poder mundial. Sua palavra 
de ordem é: desregulamentar, liberar e privatizar (Souza, 1996). 
Uma das principais consequências da política neoliberal é a desigualdade 
social. Atualmente, cada vez mais são ampliados os contrastes entre polos de 
desenvolvimento e zonas de exclusão e de miséria. As políticas nacionais têm 
contribuído, historicamente, na manutenção dos fatores de desigualdade e 
 
 
11 
exclusão. No caso do Brasil, temos uma aliança da burguesia com o capital 
internacional que, juntamente com a falta de uma indústria nacional consolidada, 
faz com que sejamos compradores/consumidores de produtos industrializados, 
e não produtores. Essa estrutura, presente desde os tempos da colonização, 
resultam na manutenção das desigualdades. 
Leitura complementar 
Para compreender melhor a relações entre mercado, globalização e 
desigualdade, leia o capítulo “Consumo e cidadania”, p. 196-205. 
SOUZA, Milena. Sociologia de consumo e indústria cultural. Curitiba: 
InterSaberes, 2017. (Disponível na biblioteca virtual). 
Outro fator importante nesse cenário é o processo de urbanização 
acelerada, principalmente nos países periféricos, a partir dos anos 1960. 
Resultado do desenvolvimento capitalista, o desenvolvimento urbano ocorreu de 
forma desordenada, sem preocupação com a oferta de habitações, infraestrutura 
e equipamentos urbanos adequados à qualidade de vida da população. As 
cidades tornam-se os principais instrumentos da expansão econômica 
globalizada. De acordo com Ferreira (2000, p. 12), “Sedes de grandes 
corporações transnacionais e de instituições financeiras, redes de informação, 
teleportos e sistemas de telefonia celular e de comunicação por cabo, bens de 
consumo sofisticados e atividades de serviços são elementos da "modernidade" 
associada à globalização”. 
Dessa forma, o desenvolvimento urbano nas grandes metrópoles é feito 
de maneira desigual e cria grandes áreas de periferia, reforçando o quadro de 
pobreza. Falta de saneamento básico, acesso aos equipamentos públicos, 
desemprego e violência também são fatores que fortalecem a condição de 
pobreza, junto à questão da oferta de habitações. Temos uma taxa alta de 
pessoas que moram em habitações subnormais (favelas, cortiços e loteamentos 
clandestinos) em todo o mundo. 
Saiba mais 
A reportagem a seguir aponta que em 2018, no Brasil, 11,4 milhões de 
pessoas viviam em favelas. O conteúdo também traz um retrato destes locais, 
resultantes das desigualdades sociais no país. Disponível em: 
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-
 
 
12 
noticias/noticias/20080-retratos-favelas-resistem-e-propoem-desafios-para-
urbanizacao>. 
A desigualdade gerada pelo processo de desenvolvimento econômico, 
social e urbano faz com que exista uma pequena parcela da população, a elite, 
que se distancia cada vez mais da grande massa de pessoas que são excluídas 
dos benefícios do progresso, da cidadania e da igualdade social. Nasce, então, 
o “conflito social”, entendido como parte constituinte do sistema social. Os 
conflitos devem ser compreendidos sempre a partir das relações sociais. 
Podemos caracterizar as mudanças sociais a partir de três formas de 
conflito social (Miranda, 2009): 
• Comportamento coletivo, defensivo e reativo, para atingir uma reforma 
específica (ex.: ação coletiva para exigir igualdade salarial); 
• Lutas sociais com o objetivo de interferir/modificar decisões (ex.: ação 
coletiva para alcançar papel maior na tomada de decisões); 
• Movimentos sociais voltados para a transformação das relações de 
poder. 
Entendemos, então, que os conflitos sociais são resultado da 
desigualdade e se constituem como espaço de luta por mudança social, 
distribuição de recursos materiais e/ou culturais, bem como disputas pela 
hegemonia ideológica e de poder. 
Saiba mais 
O vídeo a seguir apresenta um importante debate sobre cidadania e 
desigualdade social. Não deixe de assistir. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=evREJYrd3vk>. 
TROCANDO IDEIAS 
Ao analisarmos os fundamentos das relações sociais e suas relações com 
o campo da Comunicação Social, compreendemos que a sociedade 
contemporânea está organizada a partir de estruturas — sociais, políticas, 
econômicas e culturais — que influenciam diretamente nas nossas práticas 
sociais. Vimos, também, a partir do estudo dos regimes econômicos e trocas 
sociais, que a globalização e o neoliberalismo — bases do capitalismo pós-
industrial — geraram crescente desigualdade social. 
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13 
NA PRÁTICA 
Na sociedade distribuída, as articulações em rede, principalmente as 
virtuais, têm o poder de provocar grandes transformações. Até onde o poder dos 
indivíduos levará à mudança? Silvio Meira aborda tecnologias de informação e 
comunicação e as mudanças provocadas no mundo contemporâneo. Assista ao 
vídeo, leia o texto complementar e compare os principais pontos apresentados. 
• Invenção do contemporâneo: O poder do indivíduo na sociedade em rede 
– Silvio Meira: <https://www.youtube.com/watch?v=6E7aD3NsTPU>. 
• Efeitos da globalização e da sociedade em rede via Internet na formação 
de identidades contemporâneas. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932004000400006>. 
FINALIZANDO 
Nesta aula abordamos as principais transformações ocorridas na 
contemporaneidade e a influência dessas mudanças nas relações sociais. A 
comunicação tem um papel fundamental de amálgama das relações sociais, 
relacionando-se com aspectos econômicos, políticos e culturais presentes nas 
diferentes sociedades ocidentais. Passamos a nos organizar,na sociedade em 
rede, por meio da interconexão entre atores, o que também contribui para o 
surgimento de novos laços sociais. No entanto, o avanço do sistema capitalista, 
ao mesmo tempo em que promove a inovação dos meios tecnológicos e da 
ciência, gera também desigualdades e conflitos. 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. 6. ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2002. 
FERREIRA, J. S. W. Globalização e urbanização subdesenvolvida. São Paulo 
Perspec, v. 14, n. 4, São Paulo. out./dez. 2000. p. 10-20. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
88392000000400003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 abr. 2019. 
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. 
LEMOS, M. R. Estratificação social na teoria de Max Weber: considerações em 
torno do tema. Revista Iluminart, ano IV, n. 9, nov 2012. Disponível em: 
<http://revistailuminart.ti.srt.ifsp.edu.br/index.php/iluminart/article/view/143>. 
Acesso em: 25 abr. 2019. 
MAROUN, K.; VIEIRA, V. Corpo: uma mercadoria na pós-modernidade. Psicol. 
rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 14, n. 2, dez. 2008. Disponível em: 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
11682008000200011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 25 abr. 2019. 
MARTINS, P. H. As redes sociais, o sistema da dádiva e o paradoxo sociológico. 
In: MARTINS, P. H.; FONTES, B, (Org.). Redes sociais e saúde: novas 
possibilidades teóricas. Recife: Ed. UFPE; 2004. p. 21-48. 
PLÜMER, E.; SANTOS, E. R.; NERY, M. C.; MOURA, P. G. Sociedade e 
contemporaneidade. Curitiba: InterSaberes, 2018. 
RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2011. 
_____. Redes sociais na internet, difusão de informação e jornalismo: elementos 
para discussão. In: SOSTER, D. de A.; FIRMINO, F. (Org.). Metamorfoses 
jornalísticas 2: a reconfiguração da forma. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2009. p. 
39-55. 
SETTON, M. da G. J. Uma introdução a Pierre Bourdieu. Cult, ed. 128, set. 2008. 
Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/uma-introducao-a-pierre-
bourdieu/>. Acesso em: 25 abr. 2019. 
SOUZA, D. B. Globalização: a mão invisível no mercado mundializada nos 
bolsões da desigualdade social. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 
 
 
15 
22, n. 2, p. 3-12, maio/ago. 1996. Disponível em: 
<http://www.legado.senac.br/BTS/222/boltec222a.htm>. Acesso em: 25 abr. 
2019. 
SOUZA, M. Sociologia de consumo e indústria cultural. Curitiba: 
InterSaberes, 2017. 
TOMAÉL, M. I.; MARTELETO, R. M. Redes sociais: posições dos atores no fluxo 
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