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ESTUDOS SOCIAIS AULA 2 Prof. Guilherme Carvalho Prof.ª Maira Nunes CONVERSA INICIAL Os Estudos Sociais configuram o conteúdo da nossa aula, a qual foi dividida em cinco temas, organizados de acordo com os objetivos que queremos atingir. Leia os textos de cada um dos temas, analise e faça anotações. Ao final da leitura, você deverá realizar as atividades. Para se aprofundar mais no assunto, não deixe de consultar os materiais complementares indicados. CONTEXTUALIZANDO Você acompanha as notícias veiculadas na mídia? Em caso positivo, já deve ter percebido que muitos dos conteúdos que circulam nos produtos midiáticos abordam o tema das mudanças sociais. E a aceleração do ritmo das mudanças é uma característica do momento em que vivemos, seja na economia, política, cultura, entre outros. Sabemos que o sistema capitalista promove a inovação constante dos meios tecnológicos e da ciência, o que gera impactos no modo como vivemos. As formas de comunicação modernas — rádio, TV, internet e celular — e os seus usos passaram a influenciar a forma como percebemos o mundo à nossa volta. Da mesma forma, os processos de mudança social são influenciados por fatores culturais. Assim, cada vez mais nosso modo de vida se baseia em fatores racionais, tendo o desenvolvimento da ciência imprimido um caráter crítico à forma como nos relacionamos em sociedade. Nesta aula estudaremos como o caráter de nossas relações sociais se transformou e como têm se dado as muitas mudanças sociais, a partir do desenvolvimento tecnológico e da internet. Lembramos também que esse processo de desenvolvimento das sociedades contemporâneas traz consigo novas formas de desigualdade e exclusão, que precisam ser levadas em conta quando analisamos as estruturas sociais e suas relações com a comunicação. Os temas abordados nesta aula serão: 1. Estruturas da sociedade contemporânea; 2. Relações e práticas sociais; 3. Regimes econômicos e trocas sociais; 4. Redes sociais; 5. Desigualdade e conflitos sociais. 3 TEMA 1 – ESTRUTURAS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA Podemos considerar uma estrutura social como a base na qual se sustenta toda uma sociedade. Se usarmos a analogia da construção de um edifício, sabemos que ela depende da presença de alicerces que o sustentem. Da mesma forma, toda a nossa organização social se dá a partir de estruturas que a sustentam e que se consistem como regras, entidades e práticas socialmente estabelecidas por meio de ações, pensamentos e crenças humanas. Desde o início da contemporaneidade temos organizado a sociedade a partir de instituições, associações e atores. É sobre esse conjunto de fatores que falaremos agora. Família, religião, leis, economia, política e classes são estruturas sociais que se configuram historicamente. Ao analisarmos a formação da sociedade contemporânea, podemos afirmar que as revoluções burguesas, a revolução industrial e o avanço do capitalismo, ao longo do século XIX, resultaram em importantes mudanças nessas estruturas. O crescimento econômico, o progresso tecnológico e o desenvolvimento científico marcaram a formação do que ficou conhecido como modernidade e trouxeram profundas transformações sociais. Figura 1 – Modelo de imagem de estrutura social Crédito: Magnon de Oliveira Almeida. 4 Já no século XX, a democracia liberal e a cidadania transformaram as formas de participação, apoiando-se na racionalidade individualista. As estruturas das classes sociais sofreram um processo de evolução nas sociedades industrializadas, ampliando as camadas das chamadas classes médias. Presenciamos também o amplo desenvolvimento da técnica e da tecnologia, que, com a industrialização, impulsionaram a comunicação de massa e os meios de comunicação. A chegada do século XXI, marcada pela pós-modernidade, trouxe novas mudanças nas estruturas sociais. Os avanços tecnológicos, cada vez mais presentes, alteraram nosso modo vida, nossa forma de pensar, consumir e comunicar. Sua principal característica é a velocidade, a hiperexposição a imagens e signos, “a velocidade com que o avanço da ciência se estabeleceu desenhou uma nova cartografia contemporânea comandada pela transitoriedade e pela efemeridade” (Maroun; Vieira, 2008). Compreendemos a noção de estrutura social como uma relação entre diferentes entidades ou grupos, organizados a partir de um conjunto de regras, com diferentes funções, significados e propósitos. Um exemplo de estrutura social é a ideia de estratificação social, ou seja, de que muitas sociedades são separadas em diferentes estratos (níveis) guiados pelas estruturas do sistema social. A estrutura social representa arranjos que são determinantes nas ações dos indivíduos e compreende o sistema de estratificação socioeconômica presente na estrutura de classes. Uma classe social pode ser definida como “um número de pessoas que comungam, em suas oportunidades de vida, um mesmo componente causal específico” (Lemos, 2012, p. 119). O nosso pertencimento a uma estrutura social se dá por fatores históricos e geográficos, uma vez que as sociedades se organizam de maneira específica em diferentes tempos e espaços. Podemos considerar como principais características das estruturas sociais: o capital econômico (renda, salários, imóveis), o capital cultural (saberes e conhecimentos reconhecidos por diplomas e títulos), o capital social (relações sociais que podem ser revertidas em capital, relações que podem ser capitalizadas) e por fim, mas não por ordem de importância, o capital simbólico (o que vulgarmente chamamos prestígio e/ou honra) (Setton, 2008). Giovanna Realce Giovanna Realce 5 TEMA 2 – RELAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS A nossa vida em sociedade é marcada pelo fato de nos organizarmos a partir de relações sociais. Atualmente, o fenômeno da globalização tem intensificado a interdependência, as relações e práticas sociais no mundo todo, gerando profundas mudanças. Para entendermos as características de nossas relações sociais e a forma como elas se dão na nossa sociedade, podemos pensá-las sob três aspectos: 1. Permanência: relacionam-se às tradições e produzem a manutenção da ordem social; 2. Mudança: relacionam-se às forças de transformação que produzem avanços sociais; 3. Tensão: valores e ideais opostos estão presentes nas relações e embasam a visão de mundo de determinado grupo social. Nossos comportamentos se revelam no que se chama de ação social, isto é, uma atitude voltada para a ação quando damos sentido à nossa conduta. Atores sociais atribuem sentido às suas ações, que se relacionam com o comportamento de outras pessoas. “A ação social se organiza em relação social. Há uma relação social quando o sentido de cada ator, de um grupo de atores que age, se relaciona com a atitude do outro, de modo que suas ações são mutuamente orientadas” (Aron, 2002, p. 803). As relações sociais também pressupõem a manutenção de costumes. Nossos hábitos diários, nossa rotina, permitem que possamos interagir com outras pessoas. Nesse sentido, a relações sociais originam as atividades exercidas na sociedade e podem ser definidas como “relações significativas segundo as quais os indivíduos orientam reciprocamente seu comportamento uns com os outros. Sem um mínimo de reciprocidade, não poderia haver relação social nem orientação significativa de um comportamento: esta noção é, pois, característica e fundamental” (Freund, 2003, p. 92). Essas relações de reciprocidade não são apenas positivas, pois não mantemos apenas relações de amizade, afeto e confiança. Muitas vezes nossas relações são negativas, conflituosas ou violentas. Da mesma forma, a natureza positiva ou negativa pode sofrer alterações ao longo do tempo. A formação dos grupos sociais também pressupõe um sentimento de pertencimento atodos os integrantes. Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 6 Aron (2002) apresenta alguns conceitos importantes para compreendermos as relações e práticas sociais: • Associação: a regulamentação da ação social é aceita consciente e voluntariamente pelos participantes; • Instituição: a regulamentação da ação social é imposta por decretos aos quais os participantes devem submeter-se; • Poder: probabilidade de um ator impor a sua vontade a outro, mesmo contra a resistência deste. Indica uma relação de desigualdade; • Dominação: situação em que há um senhor que deve ser obedecido. Obediência fundamentada no reconhecimento. Outro aspecto importante para analisarmos as práticas sociais é a relação entre as tecnologias da comunicação e os espaços urbanos. A internet é, atualmente, a principal tecnologia direcionada a comunicação e informação, e a configuração do ciberespaço permite que o usuário deixe de ser apenas um receptor de informações e possa também as produzir. A reconfiguração das relações sociais se dá na interatividade, na produção de conteúdo e na disseminação da informação. Surgem, assim, novas formas de participação e interação social que interferem diretamente nas relações e práticas sociais. TEMA 3 – REGIMES ECONÔMICOS E TROCAS SOCIAIS Desde o surgimento das primeiras sociedades, podemos identificar a presença de regimes econômicos que regulam as relações de trabalho, o sistema produtivo e as práticas sociais. O sociólogo Raymond Aron (2002) afirma, a partir das leituras de Marx, que no processo histórico configuraram-se quatro tipos de regimes, chamados de modos de produção: o asiático, o antigo, o feudal e o burguês. os sistemas sociais fazem a transição e um modo social a outro - algumas vezes gradualmente e algumas vezes através da revolução - como resultado de contradições em suas economias. [Marx] destacou a progressão de estágios históricos, que começou com primitivas sociedades comunais de caçadores e coletores e passou através de antigos sistemas escravistas e sistemas feudais baseados na divisão entre proprietários de terras e servos. O aparecimento de comerciantes e artesãos marcou o início de uma classe comercial ou capitalista que veio para substituir a nobreza proprietária de terras. (Giddens, 2005, p. 32) Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 7 Os modos de produção antigo, feudal e burguês compreendem diferentes momentos sucessivos da nossa história ocidental e são caracterizados pelas relações de trabalho: • Modo de produção antigo: escravidão; • Modo de produção feudal: servidão; • Modo de produção burguês: trabalho assalariado. O modo de produção burguês deu origem ao sistema capitalista, base da economia mundial contemporânea. Definimos o capitalismo como um sistema econômico baseado na troca monetária (dinheiro), na propriedade privada (bens) e no lucro (riqueza). Desde o início do seu desenvolvimento, na Idade Moderna, esse sistema é marcado pela grande produtividade e velocidade de inovação. O capitalismo contemporâneo se desenvolveu a partir da industrialização e, atualmente, compreende as atividades econômicas na maior parte do mundo. A globalização empreendeu uma maior dinamização ao sistema capitalista e regula o mercado internacional, compreendendo a interdependência entre povos, regiões e países em todo o mundo. Outro aspecto relevante que devemos levar em consideração são as trocas sociais, cujas bases “não são apenas de caráter material ou econômico, mas, sobretudo simbólicas, isto é, não redutíveis apenas aos aspectos materiais ou aos valores utilitaristas baseados nos cálculos, necessidades e preferências” (Martins, 2008, p. 36). Podemos afirmar que a lógica das relações econômicas não substitui antigas formas de vínculos e alianças entre os indivíduos. As trocas sociais são influenciadas pela cultura e possibilitam desenvolver o pensamento, pois o conhecimento é construído pelo sujeito nas suas interações. A ordem social deve ser compreendida a partir de um conjunto de fatores complexos, não apenas como uma totalidade ou um conjunto de indivíduos, mas como fenômeno no qual circulam pessoas e coisas, condicionados pelas trocas sociais. É na construção e na negociação permanente de uma estrutura de valores e comportamentos que se organiza a ordem social. Leitura obrigatória Para compreender melhor esse debate, leia o capítulo “Cultura, modernidade e capitalismo”, p. 27-32, do livro a seguir: Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 8 SOUZA, M. Sociologia de consumo e indústria cultural. Curitiba: InterSaberes, 2017. (Disponível na biblioteca virtual). TEMA 4 – REDES SOCIAIS As diferentes mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais resultantes do processo de globalização constituíram a chamada sociedade em rede, cujas características envolvem um sistema de comunicação global que possibilita a conexão das pessoas a partir da integração dos meios de comunicação na internet. Cada vez mais podemos nos conectar mutuamente, compartilhando e consumindo diferentes mídias. Podemos entender uma rede como um conjunto de conexões e relações sociais entre diferentes atores e grupos sociais. Segundo Tomaél e Marteleto (2006, p. 75), redes sociais referem-se a um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades sociais) conectadas por relacionamentos sociais, motivados pela amizade e por relações de trabalho ou compartilhamento de informações e, por meio dessas ligações, vão construindo e reconstruindo a estrutura social. Dessa forma, as redes sociais compreendem um conjunto de grupos sociais e de indivíduos que se conectam por laços pessoais, de trabalho ou de interesses comuns e, por meio dessas conexões, reorganizam a estrutura social. A lógica de redes sociais pode, inclusive, interferir nos fluxos de poder e dominação. Raquel Recuero (2011) explica que as redes sociais são definidas pelo conjunto de dois elementos: • Atores: pessoas envolvidas na rede; • Conexões: constituídas pelos laços sociais formados nas interações entre os atores. Com o desenvolvimento da internet, as redes sociais possibilitaram o surgimento de locais virtuais de conexão, denominados de sites de redes sociais (SRS). Estes compreendem os espaços utilizados para a expressão das relações sociais a partir da apropriação das ferramentas de comunicação mediadas por computador por parte dos atores sociais. Podemos definir SRS como “uma categoria dos grupos de softwares sociais, que seriam softwares com aplicação direta para a comunicação mediada por computador” (Recuero, 2011, p. 102). Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 9 A presença dos SRS permite a manutenção dos laços sociais, das interações e conexões, potencializando a circulação de informações e os processos comunicacionais. Tornam também as interações entre os indivíduos mais complexas, a partir da circulação de informações e do capital social, relacionado ao pertencimento a um determinado grupo dentro da rede. No que se refere à internet e às redes sociais online, vários estudos já trataram sobre como o capital social é construído e mobilizado pelos atores. Esses estudos parecem reforçar a perspectiva de que a internet, por proporcionar uma maior participação e um maior controle das informações que circulam na rede social, principalmente através da capacidade de rastreamento, permite que o capital social seja mais facilmente mobilizado pelos atores (Recuero, 2009). Figura 2 — Formas de conexão estabelecidas em rede Crédito: Mert Toker/Shutterstock. Podemos afirmar, então, que a internet proporciona aos atores sociais um maior controle de suas redes e da mobilizaçãodo capital, gerando ganhos pessoais, pois a partir da consolidação das conexões em rede, cada ator desenvolve ações tendo como base as informações compartilhadas. Leitura obrigatória Leia o capítulo “Redes sociais e redes digitais”, p.103-112. 10 PLÜMER, E.; SANTOS, E. R.; NERY, M. C.; MOURA, P. G. Sociedade e contemporaneidade. Curitiba: InterSaberes, 2018. (Disponível na biblioteca virtual). TEMA 5 – DESIGUALDADE E CONFLITOS SOCIAIS O processo de globalização das economias, iniciado na segunda metade do século XX e ampliado a partir dos anos 1980, estabeleceu uma nova ordem no padrão de relacionamento econômico entre os países, o aumento da competitividade global e a abertura das fronteiras do comércio mundial. Nesse processo, a inovação tecnológica e a internacionalização de bens de produção e de consumo e a força de trabalho intensificaram os problemas sociais existentes, ao mesmo tempo em que promoveram novas contradições e desigualdades. Uma das características da globalização é a política neoliberal, que pressupõe o desenvolvimento capitalista por meio da independência do mercado a partir da competitividade. O neoliberalismo tem origem no pensamento liberal do século XVIII que, a partir da obra de Adam Smith, defende a garantia da liberdade política, individual, por meio da liberdade econômica. A autorregulação do mercado deveria ser garantida pelo Estado e permitiria uma melhor organização do capital e do trabalho. É somente com a crise econômica dos anos 1970 que as condições econômicas, políticas e sociais para o desenvolvimento do neoliberalismo se manifestam. Desse modo, as formas específicas de capitalismo, outrora reguladas pelos Estados nacionais e particularizadas pelos diferentes processos históricos, políticos, sociais e culturais vividos por cada país, acabam por se submeter às regras pretensamente "objetivas" de um capitalismo que se dispõe global pela via do regionalismo de mercado. Impondo novos padrões socioculturais e políticos aos povos, o fetiche do mercado global sem barreiras é engendrado em concomitância aos esforços do neoliberalismo pela hegemonia político- econômica no Ocidente, reordenando a estrutura de poder mundial. Sua palavra de ordem é: desregulamentar, liberar e privatizar (Souza, 1996). Uma das principais consequências da política neoliberal é a desigualdade social. Atualmente, cada vez mais são ampliados os contrastes entre polos de desenvolvimento e zonas de exclusão e de miséria. As políticas nacionais têm contribuído, historicamente, na manutenção dos fatores de desigualdade e 11 exclusão. No caso do Brasil, temos uma aliança da burguesia com o capital internacional que, juntamente com a falta de uma indústria nacional consolidada, faz com que sejamos compradores/consumidores de produtos industrializados, e não produtores. Essa estrutura, presente desde os tempos da colonização, resultam na manutenção das desigualdades. Leitura complementar Para compreender melhor a relações entre mercado, globalização e desigualdade, leia o capítulo “Consumo e cidadania”, p. 196-205. SOUZA, Milena. Sociologia de consumo e indústria cultural. Curitiba: InterSaberes, 2017. (Disponível na biblioteca virtual). Outro fator importante nesse cenário é o processo de urbanização acelerada, principalmente nos países periféricos, a partir dos anos 1960. Resultado do desenvolvimento capitalista, o desenvolvimento urbano ocorreu de forma desordenada, sem preocupação com a oferta de habitações, infraestrutura e equipamentos urbanos adequados à qualidade de vida da população. As cidades tornam-se os principais instrumentos da expansão econômica globalizada. De acordo com Ferreira (2000, p. 12), “Sedes de grandes corporações transnacionais e de instituições financeiras, redes de informação, teleportos e sistemas de telefonia celular e de comunicação por cabo, bens de consumo sofisticados e atividades de serviços são elementos da "modernidade" associada à globalização”. Dessa forma, o desenvolvimento urbano nas grandes metrópoles é feito de maneira desigual e cria grandes áreas de periferia, reforçando o quadro de pobreza. Falta de saneamento básico, acesso aos equipamentos públicos, desemprego e violência também são fatores que fortalecem a condição de pobreza, junto à questão da oferta de habitações. Temos uma taxa alta de pessoas que moram em habitações subnormais (favelas, cortiços e loteamentos clandestinos) em todo o mundo. Saiba mais A reportagem a seguir aponta que em 2018, no Brasil, 11,4 milhões de pessoas viviam em favelas. O conteúdo também traz um retrato destes locais, resultantes das desigualdades sociais no país. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de- 12 noticias/noticias/20080-retratos-favelas-resistem-e-propoem-desafios-para- urbanizacao>. A desigualdade gerada pelo processo de desenvolvimento econômico, social e urbano faz com que exista uma pequena parcela da população, a elite, que se distancia cada vez mais da grande massa de pessoas que são excluídas dos benefícios do progresso, da cidadania e da igualdade social. Nasce, então, o “conflito social”, entendido como parte constituinte do sistema social. Os conflitos devem ser compreendidos sempre a partir das relações sociais. Podemos caracterizar as mudanças sociais a partir de três formas de conflito social (Miranda, 2009): • Comportamento coletivo, defensivo e reativo, para atingir uma reforma específica (ex.: ação coletiva para exigir igualdade salarial); • Lutas sociais com o objetivo de interferir/modificar decisões (ex.: ação coletiva para alcançar papel maior na tomada de decisões); • Movimentos sociais voltados para a transformação das relações de poder. Entendemos, então, que os conflitos sociais são resultado da desigualdade e se constituem como espaço de luta por mudança social, distribuição de recursos materiais e/ou culturais, bem como disputas pela hegemonia ideológica e de poder. Saiba mais O vídeo a seguir apresenta um importante debate sobre cidadania e desigualdade social. Não deixe de assistir. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=evREJYrd3vk>. TROCANDO IDEIAS Ao analisarmos os fundamentos das relações sociais e suas relações com o campo da Comunicação Social, compreendemos que a sociedade contemporânea está organizada a partir de estruturas — sociais, políticas, econômicas e culturais — que influenciam diretamente nas nossas práticas sociais. Vimos, também, a partir do estudo dos regimes econômicos e trocas sociais, que a globalização e o neoliberalismo — bases do capitalismo pós- industrial — geraram crescente desigualdade social. Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 13 NA PRÁTICA Na sociedade distribuída, as articulações em rede, principalmente as virtuais, têm o poder de provocar grandes transformações. Até onde o poder dos indivíduos levará à mudança? Silvio Meira aborda tecnologias de informação e comunicação e as mudanças provocadas no mundo contemporâneo. Assista ao vídeo, leia o texto complementar e compare os principais pontos apresentados. • Invenção do contemporâneo: O poder do indivíduo na sociedade em rede – Silvio Meira: <https://www.youtube.com/watch?v=6E7aD3NsTPU>. • Efeitos da globalização e da sociedade em rede via Internet na formação de identidades contemporâneas. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 98932004000400006>. FINALIZANDO Nesta aula abordamos as principais transformações ocorridas na contemporaneidade e a influência dessas mudanças nas relações sociais. A comunicação tem um papel fundamental de amálgama das relações sociais, relacionando-se com aspectos econômicos, políticos e culturais presentes nas diferentes sociedades ocidentais. Passamos a nos organizar,na sociedade em rede, por meio da interconexão entre atores, o que também contribui para o surgimento de novos laços sociais. No entanto, o avanço do sistema capitalista, ao mesmo tempo em que promove a inovação dos meios tecnológicos e da ciência, gera também desigualdades e conflitos. 14 REFERÊNCIAS ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002. FERREIRA, J. S. W. Globalização e urbanização subdesenvolvida. São Paulo Perspec, v. 14, n. 4, São Paulo. out./dez. 2000. p. 10-20. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 88392000000400003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 abr. 2019. GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. LEMOS, M. R. Estratificação social na teoria de Max Weber: considerações em torno do tema. Revista Iluminart, ano IV, n. 9, nov 2012. Disponível em: <http://revistailuminart.ti.srt.ifsp.edu.br/index.php/iluminart/article/view/143>. Acesso em: 25 abr. 2019. MAROUN, K.; VIEIRA, V. Corpo: uma mercadoria na pós-modernidade. Psicol. rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 14, n. 2, dez. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677- 11682008000200011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 25 abr. 2019. MARTINS, P. H. As redes sociais, o sistema da dádiva e o paradoxo sociológico. In: MARTINS, P. H.; FONTES, B, (Org.). Redes sociais e saúde: novas possibilidades teóricas. Recife: Ed. UFPE; 2004. p. 21-48. PLÜMER, E.; SANTOS, E. R.; NERY, M. C.; MOURA, P. G. Sociedade e contemporaneidade. Curitiba: InterSaberes, 2018. RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2011. _____. Redes sociais na internet, difusão de informação e jornalismo: elementos para discussão. In: SOSTER, D. de A.; FIRMINO, F. (Org.). Metamorfoses jornalísticas 2: a reconfiguração da forma. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2009. p. 39-55. SETTON, M. da G. J. Uma introdução a Pierre Bourdieu. Cult, ed. 128, set. 2008. Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/uma-introducao-a-pierre- bourdieu/>. Acesso em: 25 abr. 2019. SOUZA, D. B. 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