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FISIOLOGIA-DO-EXERCÍCIO

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SUMÁRIO 
	 	INTRODUÇÃO ............................................................................................. 3 
	 	ORIGEM HISTÓRICA FISIOLOGIA HUMANA E FISIOLOGIA DO 
EXERCÍCIO .................................................................................................................. 4 
	 	FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO .................................................................... 10 
	 	SISTEMA MUSCULAR ............................................................................... 13 
	4.1 	Massa .................................................................................................. 15 
	4.2 	Capacidade física ................................................................................ 16 
	4.3 	Classificação das capacidades físicas condicionais ............................ 16 
	4.4 	Classificação das capacidades físicas coordenativas ...................... 17 
	4.5 	Capacidade e habilidade ..................................................................... 18 
	 	EXERCÍCIOS FÍSICOS .............................................................................. 18 
	5.1 	Torque ................................................................................................. 21 
	5.2 	Exercícios aeróbios e anaeróbicos ...................................................... 22 
	5.3 	Fadiga muscular .................................................................................. 25 
	 	METABOLISMO ENERGÉTICO ................................................................. 27 
	6.1 	Fonte de energia .................................................................................. 34 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 35 
 	INTRODUÇÃO 
Prezado (a) aluno (a)! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. 
 A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. 
BONS ESTUDOS! 
 
 
 
 
 
 
 
 	ORIGEM HISTÓRICA FISIOLOGIA HUMANA E FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
 
Fonte: clinicadoesportemt.com.br 
A fisiologia estuda as diferentes funções biológicas, físicas e químicas para explicar as relações vitais do organismo e suas adaptações ao ambiente, é caracterizada como um dos ramos da biologia, e sua origem do grego physis significa natureza e/ou funcionamento (FORJAZ & TRICOLI, 2011). 
A fisiologia teve sua base na filosofia, orientada por dois princípios filosóficos: escola teleológica ou finalista e escola determinista ou mecanicista. A teleológica é baseada em princípios de Aristóteles em que o organismo funciona como um todo para uma finalidade, segundo esse princípio, de acordo com a finalidade de um determinado órgão ocorrerá sua função fisiológica. O segundo princípio estabelece que o corpo funciona como uma máquina, com princípios cartesianos definidos por Descartes (DOUGLAS, 1994 apud LEMKE; SCHEID, 2020). 
Segundo Lemke e Scheid, (2020) a fisiologia de Aristóteles baseava-se na nutrição e na refrigeração do corpo, em que discordando de outros pensadores, não considerava o cérebro como núcleo responsável pelo pensamento e a sensibilidade e, sim o coração, no qual a alma estava localizada. Para Aristóteles o pulmão ainda possuía uma função de moderação e nutrição do coração. Apesar, de hoje, esses aspectos da filosofia de Aristóteles sobre o corpo humano e seu funcionamento não constituírem sentido na fisiologia humana, eles foram importantes nas primeiras teorias científicas de circulação de sangue de William Harvey, que discutiremos a frente. 
Hipócrates também é responsável por converter os estudos de Medicina em Ciências, e libertá-la do misticismo religioso, e anos mais tarde constituir o que os gregos chamaram de núcleo do saber que incluíam ideias de anatomia, fisiologia e patologia (TEIXEIRA, 2015). 
Depois de Hipócrates, o nome de Cláudio Galeno aparece frequentemente relacionado a fisiologia, por ser considerado a maior influência histórica da fisiologia na antiguidade e o pai da fisiologia experimental devido aos experimentos com animais. Para além das ideias de seu mentor Hipócrates, no CH, cerca de 600 anos depois, considerou o fígado, o coração e o cérebro como os três principais órgãos do corpo humano (BRASIL, 2013). Os estudos de Galeno, no campo cardiorrespiratório resultaram em “teoria miogênica do batimento cardíaco”, movimento de fluxo e refluxo do sangue, e, ideia inicial de sangue arterial e venoso, no qual o arterial transportaria do coração o espírito vital e o sangue venoso encaminhavam para o fígado o chamado espírito natural (TEIXEIRA, 2015). 
 
Fonte: upload.wikimedia.org 
Nos anos de 1500, especificamente, a partir de 1534, o médico Jean Fernel é quem começou a utilizar o termo “fisiologia” quando se dedicou a reviver antigos estudos gregos (BRASIL, 2013). Fernel foi responsável por uma das ideias que, em 2001, foi comprovada pela Purdue University sobre a gordura das papilas gustativas, contribuindo para que nos cursos de medicina da época alguns assuntos da fisiologia fossem adotados (LEMKE; SCHEID, 2020). 
No ano de 1543, Andreas Versalius publica “A estrutura do corpo humano” (título traduzido) com a introdução da anatomia e fisiologia modernas, baseadas em estudos e dissecações de cadáveres humanos de Leonardo da Vinci e Michelangelo que estabeleceram a escola da anatomia e fisiologia em Pádua na Itália. Por essa obra, Versalius é considerado até os dias atuais como “pai da anatomia moderna” (BRASIL, 2013). Por seus estudos com as dissecações em humanos, diferentemente de Galeno, conectou a anatomia com as produções artísticas e trouxe contribuições para que a anatomia se desenvolvesse solidamente nos séculos seguintes (GOMES, 2015). 
O século XVIII dividiu a fisiologia em duas linhas: eletro-fisiologia e pesquisas sobre metabolismo, no qual a primeira é marcada por estudos dos italianos Luigi Galvani, com a publicação de De Viribus Electricitatis in Motu Musculari Commentarius com pesquisas sobre a contração muscular em rãs. Posteriormente, Alessandro Volta aprimorou as ideias de Galvani. Essas pesquisas da fisiologia sobre o metabolismo humano, mais à frente, com ideias de Bernard e adaptações de Walter Cannon em estudos sobre a homeostasia desencadearam a atual fisiologia do exercício (BRASIL, 2013). 
Aproximando-nos dos tempos atuais, recordamos que, no século XX, Walter Cannon recuperou ideias de Bernard com relação ao termo de homeostasia, um dos conceitos da fisiologia moderna (BRASIL, 2013). Cannon é considerado um dos maiores fisiologistas norte-americanos, em dentre suas contribuições está o livro The wisdom of the body (Tradução: A sabedoria do corpo), publicado em 1932, e que difunde o conceito de homeostase (RODRIGUES, 2013). 
Em continuidade com a origem histórica, temos a fisiologia do exercício, que é uma área ou campo de saber derivado da fisiologia humana, e que estuda os efeitos agudos e crônicos do exercício físico sobre estruturas e funções do corpo humano (WILMORE & COSTILL, 2010). Da mesma maneira que situamos os fatos históricos da fisiologia humana em uma linha do tempo, realizamos essa proposta com a fisiologia do exercício. 
A fisiologia do exercício aponta em seus dados históricos o seu surgimentona Grécia com a preocupação dos gregos com relação a jogos e saúde, porém há registros que civilizações primitivas se preocupavam com os temas pertinentes a área (MCARDLE, KATCH & KATCH, 2003). Para Wilmore & Costill (2010) suas origens confundem-se com o surgimento da medicina e as atividades físicas como tratamentos terapêuticos para doenças e manutenção de saúde. 
A Fisiologia do Exercício começou a surgir como interesse acadêmico e científico no final do século 19, no qual, em 1889, ocorreu a primeira publicação da área e, consequentemente, sua consolidação mundial com o livro Physiology of Bodily Exercise por Fernand LaGrange que apresenta questões sobre fadiga muscular e papel do cérebro frente ao exercício (FORJAZ & TRICOLI, 2011; KENNEY, WILMORE & COSTILL, 2013). A evolução da área da Fisiologia do Exercício teve uma importante contribuição europeia com o recebimento do Prêmio Nobel dos pesquisadores August Krogh (1920), Archibald V. Hill (1922) e Otto Meyerhof (1922) por suas pesquisas no metabolismo energético e a fisiologia da musculatura esquelética (FORJAZ & TRICOLI, 2011). 
 
Fonte: images-na.ssl-images-amazon.com 
No ano de 1927, no porão da Universidade de Harvard, foi construído o laboratório de Fadiga de Harvard, que era responsável em pesquisar os impactos fisiológicos da fadiga em atividades diárias nos trabalhadores da indústria (WILMORE & COSTILL, 2010). Esse laboratório atuou durante 20 anos – 1927 a 1947 –, e foi considerado um marco importante na história da Fisiologia do Exercício. Nele foram realizadas pesquisas com o metabolismo energético, meio ambiente (efeitos do frio e da altitude), envelhecimento, nutrição e aptidão física e saúde, por meio de seu coordenador, o Professor Doutor Dill (LEMKE; SCHEID, 2020). 
Em 1947, após a II Guerra Mundial, o laboratório foi fechado, mas sua contribuição é inegável, visto que nos seus 20 anos de funcionamento, ocorreram mis de 300 estudos que contribuem até os dias atuais com relação ao exercício físico e as respostas metabólicas (LEMKE; SCHEID, 2020). A história da fisiologia do exercício segue até os anos 60, com estudos focados nas respostas do corpo com relação ao consumo de oxigênio, frequência cardíaca e temperatura corporal. Bengt Saltin e Jonas Bergstrom, ao final dessa década, disparam a aplicação das biópsias para estudos com a bioquímica e a estrutura muscular. A partir disso, se permitiu futuramente que os fisiologistas compreendessem o metabolismo energético e o efeito do tipo de fibra muscular (MOOREN & VÖLKER, 2012). 
A partir dos anos 60, cientificamente e mundialmente, a Fisiologia do Exercício se estabeleceu com pesquisas de McArdle, Latch, Costill e Wilmore. Porém, no Brasil, os registros surgem nos anos 70, com o Professor Doutor Maurício Leal Rocha, através da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) com o Laboratório de Fisiologia do Exercício (LABOFISE). Esse laboratório foi crucial para que anos depois surgisse um projeto com buscas de perfil de aptidões físicas dos homens brasileiros, denominado Projeto Brasil (FORJAZ & TRICOLI, 2011). 
Entre os períodos de 1981 e 1985, no Brasil, a fisiologia do exercício teve enfoque na promoção da saúde e em programas de tratamento de reabilitação cardíaca, o que proporcionou a alguns professores de educação física participarem de programas de mestrado e doutorado nos Estados Unidos, surgindo algumas proposições, teses e rotinas de avaliação implantadas em programas nacionais (LEMKE; SCHEID, 2020). 
A partir desses fatos, as áreas da Fisiologia Humana e Fisiologia do Exercício dividiram-se em duas áreas: a da promoção da saúde e prescrição do exercício físico e a área escolar, inserida no contexto inicialmente da graduação, pós-graduação e aos poucos com indícios na educação básica. Na área de prescrição do exercício físico e promoção da saúde, nos anos 2000 em diante, ocorreu um grande passo, com as empresas de informática produzindo softwares de avaliação e acompanhamento da Fisiologia do Exercício e os pesquisadores brasileiros ganhando prestigio e reconhecimento com cerca de 12 milhões de artigos científicos publicados na Biblioteca Nacional de Medicina do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (LEMKE; SCHEID, 2020). 
A fisiologia humana estuda as diferentes funções físicas e químicas vitais do organismo (FORJAZ; TRICOLI, 2011) já a fisiologia do exercício concentra-se no “estudo de como as estruturas e funções do corpo são alteradas quando os indivíduos ficam expostos ao exercício” (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013, p.2). Ambos os conteúdos, conforme Pelissaro e Hermel (2016), estão relacionados com o corpo humano e são tradicionalmente trabalhados no 8º ano do ensino fundamental, baseados em sistemas, funções e órgãos, favorecendo o corpo como um ensino fragmentado. 
Conforme Kenney, Wilmore & Costill (2013) destacam em seu livro, Fisiologia do Esporte e do Exercício, uma das primeiras tentativas em explicar a anatomia e fisiologia humana foi o texto do grego Cláudio Galeno, De fascius publicado no século I d.C. As ideias de Galeno influenciaram os primeiros fisiologistas, anatomistas e professores de higiene e saúde. Cláudio Galeno ensinou e praticou “as leis da saúde”: respirar ar puro (fresco), comer alimentos apropriados, beber as bebidas certas, exercitar-se, dormir por um período suficiente, evacuar diariamente e controlar as emoções. 
Somente no século XVI que vieram as contribuições significativas para a compreensão da estrutura e funcionamento do corpo humano, com destaque para publicação do livro de Andreas Vesalius, sobre o funcionamento do corpo humano. Mais tarde, em 1793, Séguin e Lavosier descreveram sobre o consumo de oxigênio em repouso e na condição de levantamento de peso várias vezes em 15min (McARDLE, KATCH, 2013). 
No texto livro Physiology of Bodily Exercise oferecia basicamente sugestões fisiológicas, mas já com preocupações sobre fadiga, trabalho muscular e o papel do cérebro frente ao exercício. As primeiras tentativas em explicar os processos de funcionamento do organismo ainda eram erradas e vagas, e com a ajuda de equipamentos de pesquisa, pouco a pouco as perguntas que intrigavam foram, e ainda estão sendo elucidadas. Muitos dos grandes cientistas do século XX, voltados ao exercício físico tiveram relação com o laboratório de Fadiga de Harvard, estabelecido por Lawrence J. Henderson, MD (1878-1942), e dirigido por Bruce Dill (1891-1986) (KENNEY, WILMORE, COSTILL, 2013). 
Até o final dos anos de 1960, quase todos os estudos da fisiologia do exercício se concentravam na resposta do corpo como um todo à atividade. A maioria das investigações envolvia medidas de variáveis como consumo de oxigênio, frequência cardíaca, temperatura corporal e intensidade de suor. Pouca atenção era dada às respostas celulares ao exercício. Essa perspectiva foi ampliada quando a bioquímica enzimática se tornou disponível e os processos metabólicos e sua adaptação ao exercício foram mais bem compreendidos (MOOREN, VÖLKER, 2012. Apud KENNEY, WILMORE, COSTILL, 2013). 
 	FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
 
Fonte: Encrypted-tbn0.gstatic.com 
A Fisiologia do Exercício, área de conhecimento derivada da Fisiologia, é caracterizada pelo estudo dos efeitos agudos e crônicos do exercício físico sobre as estruturas e as funções dos sistemas do corpo humano. Ela pode ser considerada uma das disciplinas mais tradicionais relacionadas à prática acadêmica e profissional da Educação Física e do Esporte em função da grande herança biológica destas áreas. Neste artigo, serão abordadas às linhas de pesquisa nessa área, a integração do conhecimento científico com a prática profissional e as perspectivas futuras da Fisiologia do Exercício (FORJAZ; TRICOLI, 2011). 
Para Botelho (2018) quando as fronteiras entre as disciplinas tradicionalmente separadas desaparecem e são substituídas por uma abordagem integrada, abre-se uma nova visão sobre a função e regulação do organismo frente à prática de exercícios físicos. Nesse sentido, os recentes avançosdas técnicas moleculares ampliaram o campo da Fisiologia do Exercício e permitiram aos pesquisadores o estudo dos mecanismos envolvidos em níveis moleculares. Além disso, o melhor entendimento destes processos metabólicos deve colaborar no desenvolvimento de programas de exercícios físicos, com o aprimoramento em programas de treinamento, e sobretudo, com a otimização nos processos capazes de realçar os efeitos do exercício físico no organismo humano. 
As atividades físicas que realizamos em diferentes situações da vida (cotidiana, laboral, recreativa), assim como os exercícios físicos (programas de exercício) com objetivo de saúde e sobretudo o esporte competitivo em diferentes idades e níveis de competição, demandam liberação energética leve, moderada ou intensa, dependendo da duração e da intensidade do exercício e da relação carga do exercício/descanso, estado de saúde, frequência da atividade idade e condição física atuais do praticante. Caso não se consiga um ritmo estável entre a fosforilação oxidativa e as necessidades energéticas da atividade, desenvolve-se um desequilíbrio anaeróbio-aeróbio, acumulase ácido láctico, a acidez nos tecidos aumenta e sobrevém rapidamente a fadiga. A capacidade de manter um alto nível de atividade física sem fadiga demasiada depende de dois fatores (SANDOVAL, 2014): 
· Da capacidade de integração de diferentes sistemas fisiológicos (respiratório, circulatório, muscular, endócrino) para realizar o exercício. 
· Da capacidade das células musculares específicas de gerar ATP de modo aeróbio. 
Regulação e integração do corpo durante o exercício 
Os ajustes químicos, hormonais e neurais que ocorrem antes e durante a prática de exercícios. No início e até antes de começar o exercício, começam as alterações cardiovasculares a partir dos centros nervosos que estão acima da região medular. Tais ajustes adequam um aumento significativo na frequência e na força de bombeamento do coração, bem como promovem alterações previsíveis no fluxo sanguíneo regional, que são ajustados à intensidade do exercício (SANDOVAL, 2014). 
Segundo Sandoval (2014) com a continuidade da atividade física, a saída de informação simpática colinérgica, junto com fatores metabólicos locais que atuam sobre os nervos quimiossensíveis, além de atuar abertamente sobre os vasos sanguíneos, causando a dilatação dos vasos de resistência dentro dos músculos ativos. Essa resistência periférica diminuída permite que as áreas ativas recebam maior irrigação sanguínea. Quando o exercício se prolonga, há ajustes constritores adicionais nos tecidos menos ativos, que, assim, mantêm uma pressão de perfusão adequada, mesmo com uma grande vasodilatação muscular. Essa ação constritora permite a correta redistribuição do sangue para satisfazer às necessidades dos músculos ativos. 
Os fatores que afetam o retorno venoso são tão importantes quanto os que regulam o fluxo sanguíneo arterial. A ação das bombas musculares e ventilatórias e a crescente rigidez das próprias veias aumentam imediatamente o retorno sanguíneo ao ventrículo direito. Ao acrescer o débito cardíaco, os tônus venosos também aumentam proporcionalmente, tanto nos músculos que trabalham como nos que não trabalham. Com tais adaptações, mantém-se o equilíbrio entre o débito cardíaco e o retorno venoso. Os fatores que afetam o fluxo sanguíneo no sistema venoso são especialmente importantes em exercícios realizados de pé, nos quais a força da gravidade tende a se contrapor à pressão venosa nas extremidades (SANDOVAL, 2014). 
Para o autor Sandoval, o sistema cardiovascular proporciona uma regulação rápida da frequência cardíaca, além de uma distribuição eficaz do sangue no circuito vascular, como resposta às necessidades metabólicas e fisiológicas do corpo. As catecolaminas simpáticas (adrenalina ou epinefrina e noradrenalina ou norepinefrina) atuam para acelerar a frequência cardíaca e aumentar a contratilidade do miocárdio. O neurotransmissor parassimpático acetilcolina, por meio do nervo vago, diminui a frequência cardíaca. 
Os fatores extrínsecos (neurais e hormonais) modificam o ritmo inerente do coração, permitindo-lhe acelerar rapidamente em antecipação ao exercício e aumentar até duzentos batimentos por minuto ou mais durante o exercício máximo. Uma grande parte da conformação da frequência cardíaca deve-se, provavelmente, à influência cortical exercida antes e durante as etapas iniciais da atividade. Os nervos, os hormônios e os fatores metabólicos atuam sobre as bandas de músculo liso nos vasos sanguíneos. Isso causa uma alteração de seu diâmetro interno regulando o fluxo sanguíneo: as fibras simpáticas adrenérgicas liberam noradrenalina, que causa vasoconstrição, e os neurônios simpáticos colinérgicos secretam acetilcolina, que produz vasodilatação. O exercício físico produz dois tipos de reação do ponto de vista fisiológico, segundo o tempo de duração em que se desenvolve: um tem ação aguda, como a resposta imediata ao estímulo do exercício, e o outro tem ação cumulativa, progressiva e sistemática no organismo, que age de forma crônica quando a atividade física é realizada por 24 semanas ou mais (SANDOVAL, 2014). 
 
Reação aguda ao exercício 
Sandoval relata que a reação aguda é a resposta biológica às cargas do treinamento. É quando estudamos o modo como o corpo responde a um treinamento individual, como trotar em uma pista, nadar, caminhar, correr sobre uma esteira ergométrica ou realizar uma repetição de força máxima com peso, como no halterofilismo. 
 
Adaptações crônicas durante o exercício 
Ocorrem modificações importantes no organismo quando se realizam seis meses ou mais de treinamento de forma individualizada, sistemática e progressiva como as que ocorrem nos sistemas cardiorrespiratório, endócrino-metabólico, imunológico e musculoesquelético. Tais modificações estão relacionadas aos princípios (SANDOVAL, 2014): 
-Individualidade (incluindo herança genética); 
-Especificidade do treinamento (com predomínio aeróbio, anaeróbio ou misto); 
-Relação entre volume e intensidade; 
-Progressão da carga; 
-Manutenção (a perda é reversível). 
 	SISTEMA MUSCULAR 
 
Fonte: Image.slidesharecdn.com 
 
Os músculos são constituídos por tecido muscular e caracterizam-se pela sua contratibilidade, funcionando pela contração e extensão das suas fibras. A contração muscular ocorre com a saída de um impulso elétrico do sistema nervoso central que é conduzido ao músculo através de um nervo. Esse estímulo elétrico desencadeia o potencial de ação, que resulta na entrada de sódio (necessário à contração) dentro da célula, e a saída de potássio da mesma, assim estimulando a liberação do cálcio que está armazenado no Retículos Sarcoplasmáticos ou RS presentes no sarcoplasma (citoplasma da célula muscular) (APARÍCIO, 2018). 
Os músculos voluntários são os órgãos ativos do movimento, transmitindo movimento aos ossos sobre os quais se inserem. Têm uma variedade grande de tamanho e formato, de acordo com a sua disposição, local de origem e inserção e controlam a postura do corpo do animal. O ser humano possui aproximadamente 512 músculos. Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual divide-se em várias fibras para poder controlar todas as células do músculo, através da placa motora. Ao estudarmos Fisiologia aprendemos que existem dois tipos de contrações musculares: contração isotônica e contração isométrica (APARÍCIO, 2018). 
· A contração isotônica refere-se a uma contração em que um músculo encurta enquanto exerce uma força constante que corresponde à carga que está sendo erguida pelo músculo. Divide-se em concêntrica e excêntrica. Na concêntrica a contração vence a resistência e há o encurtamento muscular e na excêntrica a resistência vence a contração havendo o alongamento muscular. Ex: A corrida é concêntrica pois o velocista vence a barreira do ar Ex: Queda de braço é excêntrica pois a resistência está em seu oponente. 
· A contração isométrica refere-se a uma contração em que o comprimento externo do músculo não se altera, pois, a força gerada pelo músculoé insuficiente para mover a carga à qual está fixado. No corpo, a maioria das contrações é uma combinação de ambas contrações. 
Ações musculares: movimentos isométricos (estrutura do sarcômero): 
 
Fonte: Ide; Lopes; Sarraipa, 2010. 
4.1 Massa 
Segundo Aparício (2018) a massa é frequentemente associada ao peso dos objetos. Esta associação não se mostra na maioria das vezes, entretanto, correta, ou quando correta, não se mostra completamente elucidativa. Em acordo com o paradigma científico moderno, o peso de um objeto resulta da interação gravitacional entre sua massa e um campo gravitacional: ao passo que a massa é parte integrante da explicação para o peso, ela sozinha não constitui a explicação completa. Os trajes espaciais dos astronautas, quando usados aqui na Terra, parecem consideravelmente mais pesados do que quando usados na superfície da Lua, contudo suas massas permanecem exatamente as mesmas. 
É comum também a associação de massa ao tamanho e forma de um objeto. Massa realmente toma parte na explicação para o tamanho dos objetos (densidade), mas não constitui a explicação correta ou completa. O corpo humano é equipado com vários sentidos com os quais estabelecemos a compreensão do mundo que nos cerca. 
Em primeira instância é às sensações que eles nos fornecem que naturalmente associamos certos conceitos e definições, a citar os conceitos intuitivos de temperatura, tamanho, resistência, peso, massa e outros. Mas, o sentido da massa que falaremos aqui é da massa muscular, e compreender as razões que no processo de envelhecimento o ser humano perde massa muscular. O treinamento sistemático da força pode desacelerar a perda da massa muscular e assim manter seus níveis (FLECK; KRAEMER, 2002 apud OKUMA, 2012). 
4.2 Capacidade física 
Capacidades Físicas são definidas como todo atributo físico treinável num organismo humano. Em outras palavras, são todas as qualidades físicas motoras passíveis de treinamento comum (APARÍCIO, 2018). 
Características: 
· São elementos essenciais para o rendimento motor; 
· São determinadas geneticamente; - Desenvolvem-se através do treino. 
Classificação: 
1. Condicionais: são as capacidades determinadas pelos processos energéticos e metabólicos, obtenção e transformação da energia. Por isso, são condicionadas pela energia disponível nos músculos e pelos mecanismos que lhe regulam a distribuição – carácter quantitativo (APARÍCIO, 2018). 
2. Coordenativas: são essencialmente determinadas pelos processos de organização, controle e regulação do movimento. Estas são condicionadas pela capacidade de elaboração das informações por parte dos analisadores implicados na formação e realização do movimento – carácter qualitativo (APARÍCIO, 2018). 
4.3 Classificação das capacidades físicas condicionais 
Segundo Aparício (2018), 
 FORÇA: Habilidade que permite um músculo ou grupo de músculos produzir uma tensão e vencer ou igualar-se a uma resistência na ação de empurrar, tracionar ou elevar. 
a. Força Isotônica (Dinâmica) – É o tipo de força que envolve os músculos dos membros em movimento ou suportando o peso do próprio corpo em movimentos repetidos. 
b. Força Isométrica (Estática) – É o tipo de força que explica o fato de haver força produzindo calor e não havendo produção de trabalho em forma de movimento. 
c. Força Explosiva (Potência) – Habilidade de exercer o máximo de energia em um ato explosivo. O Desenvolvimento da força pode ser: GERAL – quando visamos o desenvolvimento de todos os grupos musculares; consiste na amplitude normal de oscilação das articulações, especialmente nas principais articulações: ombros, anca e coluna vertebral. 
ESPECÍFICA – quando visamos o desenvolvimento de um ou vários grupos musculares característicos dos gestos de cada modalidade. Consiste na amplitude necessária para a realização de movimentos específicos de cada modalidade. 
FLEXIBILIDADE: Pode ser evidenciada pela amplitude dos movimentos das diferentes partes do corpo. É dependente da elasticidade muscular e da mobilidade articular. 
RESISTÊNCIA: Qualidade física que permite um continuado esforço durante um determinado tempo. 
a. Resistência Aeróbica: Permite manter por um determinado período de tempo, um esforço em que o consumo de O2 equilibra-se com a sua absorção, sendo os esforços de fraca ou média intensidade. 
b. Resistência Anaeróbica: Permite manter por um determinado período de tempo, um esforço em que o consumo de O2 é superior à sua absorção, acarretando um débito de O2 e que somente será recompensado em repouso, sendo os esforços de grande intensidade. 
c. Resistência Muscular Localizada (RML): Capacidade individual de realizar num maior tempo possível a repetição de um determinado movimento, em um mesmo ritmo e com a mesma eficiência. É a capacidade de repetir várias vezes uma mesma tarefa utilizando-se baixos níveis de força. É a capacidade do músculo em trabalhar contra uma resistência moderada durante longos períodos de tempo. 
VELOCIDADE: Qualidade física particular do músculo e das coordenações neuromusculares, que permite a execução de uma sucessão rápida de gestos, que em seu encadeamento constitui uma só e mesma ação, de intensidade máxima e duração breve ou muito breve. 
a. Velocidade de Reação: Rapidez com a qual uma pessoa é capaz de responder a um estímulo (visual, auditivo ou tátil). Tempo requerido para ser iniciada a resposta a um estímulo recebido. 
b. Velocidade de Membros: Capacidade de mover membros superiores e ou inferiores tão rápido quanto possível. 
c. Velocidade de deslocamento: Capacidade máxima de uma pessoa deslocarse de um ponto a outro. 
4.4 Classificação das capacidades físicas coordenativas 
COORDENAÇÃO: Capacidade de executar difíceis movimentos de modo adequada, para que possam ser realizados com o mínimo de comprometimento. Constitui-se uma atividade psicomotora indispensável em todas as habilidades desportivas, devendo ser trabalhada em todos os programas de Educação Física desde os primeiros níveis. A melhora gradual da coordenação, depende da repetição contínua de movimentos combinados. 
AGILIDADE: Capacidade que se tem para movimentar o corpo no espaço. Habilidade de um segmento ou do corpo inteiro, em conseguir um movimento, mudando a direção, de forma rápida e precisa. Requer uma combinação de várias qualidades físicas e embora pendente da carga hereditária, pode ser muito melhorada com o treino. 
RITMO: É a arrumação dos movimentos, sequência de movimentos repetidos várias vezes de forma equilibrada e harmonizada. 
4.5 Capacidade e habilidade 
Capacidade refere-se às qualidades físicas de uma pessoa, um potencial, definido geneticamente, que pode ser atingido ou não. Enquanto habilidade se refere a uma tarefa com uma finalidade específica a ser atingida. 
Estimativas da prevalência da incapacidade funcional decorrente das limitações físicas apontam para o fato de que uma grande porcentagem de pessoas tem dificuldade ou incapacidade para realizar as atividades cotidianas, como carregar um peso ou caminhar alguns quarteirões, sendo que tal dificuldade aumenta com a idade. (OKUMA, 2012, p.54) 
 	EXERCÍCIOS FÍSICOS 
 
Fonte: educacaofisica.com.br 
Segundo Wilmore et al., (2013) a demanda energética durante o exercício sofre influências individuais conectadas à alguns fatores como: compleição física, idade, etc., além do grau de intensidade e volume das práticas motoras. Pereira e Souza JR, (2010) relatam que o metabolismo é a soma de reações catabólicas e anabólicas ocorridas no organismo, sendo fatores influenciáveis do exercício físico, pois, se refere ao conjunto de reações celulares durante a prática de algum exercício ou atividade física. 
No transcorrer do exercício são observadas alterações agudas e condições controladas que poderão representar fatores de estímulo às adaptações crônicas e desejáveis acrescidas dos exercícios sistematizados. Para se calcular o gasto energético de uma pessoa, é necessário compreender a taxa metabólica basal (TMB) ou metabolismo de repouso.TMB é o gasto energético relacionado à massa corporal magra e ao estado de repouso dos indivíduos (OLIVEIRA, et al., 2017). 
A TMB é correspondente aos processos metabólicos realizados apenas para absorção de nutrientes e para os processos fisiológicos necessários durante o dia. Desta forma, a TMB figura como uma variável altamente relacionada às características fisiológicas individuais e a compleição física, uma vez que, altos índices de massa muscular poderão apresentar níveis significativamente superiores de consumo calórico mesmo em condição de repouso (MCARDLE et al., 2016). 
Para Mcardle et al., (2016) quanto maior a massa corporal, maior será o índice de taxa metabólica, assim, a taxa metabólica de um homem é geralmente maior do que a de uma mulher a taxa metabólica é comparada com a idade do indivíduo, além de também relacionar a taxa metabólica e a massa corporal sem gordura, sendo observado o declínio da taxa metabólica com o passar dos anos, ou seja, quanto maior a idade, menor a taxa metabólica e menor o gasto energético. Apresentada uma relação entre a sarcopenia (perda de massa muscular) e o envelhecimento, pelo desbalanço hormonal e tal fato pode-se associar ao decaimento da taxa metabólica. 
Aponta-se que os efeitos do treinamento se dividem em dois, sendo eles agudos e crônicos, antes da explicação dos processos fisiológicos que o corpo sofre com o treinamento. O primeiro é correspondente às alterações fisiológicas ocorridas no período do treino e o segundo diz respeito às alterações feitas pelo organismo com a somatória dos treinamentos (WILMORE et al., 2013). 
A capacidade que o indivíduo tem de transportar o Oxigênio (O2), mais popular como Volume de Oxigênio (VO2), tende a aumentar com o treinamento, já que a demanda de O2 no tecido muscular esquelético aumenta no treino. O VO2 max é a capacidade de segurar, transportar e utilizar O2 durante a contração muscular para processos aeróbios. Está diretamente ligada ao efeito crônico do treinamento, o Volume Máximo de O2 (VO2 max), partindo do princípio que o corpo arriscará se adaptar ao aumento do VO2 no momento do treino, fazendo com que aumente gradativamente sua capacidade de suprir, de forma mais rápida, a demanda de O2 nos tecidos (WILMORE et al., 2013). 
Basicamente a Frequência Cardíaca (FC) corresponde à quantidade de vezes que o coração realiza contração e relaxamento, respectivamente sístole e diástole. 
(WILMORE et al., 2013; MCARDLE et al., 2016). 
 
 
Fonte: contrarelogio.com.br 
Esta variável tende a aumentar no momento do treinamento, pois, a demanda de O2 e outros nutrientes utilizados pelo corpo na hora da prática, aumentam. O aumento da FC, dessa forma, Intensificará o fluxo sanguíneo, suprindo as necessidades corporais por nutrientes e oxigênio. Já a Pressão Arterial (PA), obtida pela multiplicação do Débito Cardíaco pela Resistência Periférica Total, refere-se 
a força atingida pelo ventrículo esquerdo para impulsionar o sangue arterial pelo ramo aórtico (MCARDLE et al., 2016). 
Para que ocorrer o aumento da PA, o corpo terá que ao longo dos treinamentos de passar por processos de adaptações. Como a FC, no momento do treinamento, aumentará, o coração se revestirá, com o tempo, de mais camadas de tecido muscular estriado cardíaco, fortalecendo para que, volume sanguíneo bombeado em cada pulsação seja maior no momento da sístole (OLIVEIRA, et al., 2017). Quanto às adaptações do corpo ao treinamento, a FC tende a diminuir quando o indivíduo está em repouso cronicamente, pois a PA estará suprindo a demanda do fluxo sanguíneo tecidual (OLIVEIRA, et al., 2017). 
Wilmore et al., (2013) e Mcardle et al., (2016) afirmam que diferentes exercícios carecem de diferentes fontes energéticas, para isso, os sistemas energéticos são divididos em aeróbio (sistema oxidativo) e anaeróbio (sistema Adenosina Trifosfato – Fosfocreatina e sistema glicolítico, dividido em lático e alático). Assim, os exercícios demandam distintas formas orgânicas de trabalho. 
5.1 Torque 
É conceitualmente definida a força do ponto de vista físico, como a capacidade de mudar o estado de repouso ou movimento de uma matéria. No corpo humano, ao longo do seu eixo longitudinal e produz força, o sistema músculo esquelético quando estimulado se encurta. Essa força geralmente resultada em movimento rotacional. É conhecida como torque, que a tendência de uma força produzir rotação de um objetivo sobre o eixo (BLAZEVICH, 2017), de acordo com a tradição denominamos a força produzida durante um movimento como torque (KNUTTGEN; KRAEMER, 1987 apud VIEIRA, 2020). 
Considerando a relação entre o torque e a força produzida pelo sistema músculo esquelético gerado durante o movimento. Conexo ao fato de que a força gerada pelo sistema músculo esquelético é dependente de estímulos motores a nível cortical, espinhal, e características periféricas dos músculos e tendões (KIRK et al., 2019; OPPLERT, 2019; TRAJANO et al., 2013). Modificações periféricas e centrais que afetam o sistema músculo esquelético influenciariam a produção de torque durante um movimento (BUDINI; TILP, 2016; TRAJANO; NOSAKA; BLAZEVICH, 2017). 
Estudos prévios têm sugerido que intervenções que promovem mudanças nas alterações na rigidez músculo-tendão ou drive central para o músculo também tem apresentado redução de torque em testes máximos (KIRK et al., 2019; OPPLERT; GENTY; BABAULT, 2016; TRAJANO et al., 2013; TRAJANO et al., 2019). Além dos fatores fisiológicos citados, o torque também pode ser influenciado por fatores mecânicos, tais como, a velocidade de deslocamento do membro. A relação entre torque/força e velocidade é inversa, ou seja, a medida que há um aumento progressivamente da velocidade em um movimento haverá a redução do torque do mesmo e vice e versa (CROSS et al., 2017; JARIC, 2015; MORIN; SAMOZINO, 2016; SAMOZINO et al., 2016). 
Uma maneira bem tradicional utilizada em laboratórios de pesquisa para se mensurar o torque produzido durante um movimento dinâmico é por meio da avaliação em um dinamômetro isocinético. Um aparelho isocinético é um dinamômetro eletromecânico onde a resistência imposta pelo aparelho irá se adaptar ao torque realizado pela contração muscular do indivíduo para manter a velocidade do movimento constante. A força do indivíduo uma vez, que apresenta variações durante o arco do movimento, devido ao braço de momento/alavanca, a resistência oferecida pelo aparelho também apresentará variações para manter a velocidade angular constante (VIEIRA et al., 2020). Assim, durante toda a amplitude de movimento articular o dinamômetro isocinético permite a produção de força máxima pelo indivíduo (BOTTARO et al., 2010). 
5.2 Exercícios aeróbios e anaeróbicos 
Os exercícios aeróbicos são os exercícios que consomem oxigênio para produção de adenosina trifosfato (ATP), são geralmente atividades como o ciclismo e as corridas média ou longa distâncias. Durante o exercício físico aeróbio o fluxo do sangue aumenta cerca de 5 vezes mais que no repouso. Evidentemente, quanto maior for a intensidade/velocidade e duração dos movimentos corporais contínuos, maior será a metabolização dos substratos energéticos. Consequentemente, maior será a energia térmica gerada a partir das reações bioquímicas de geração de trifosfato de adenosina. E essa é a principal “moeda” de energia orgânica corrente em nossas células, cuja dissipação térmica é realizada na forma de calor e resfriada pela evaporação para a atmosfera através do suor (BOTELHO, 2018). 
Para Botelho, (2018), progressivamente, as adaptações crônicas da prática regular aumentam a eficiência dos sistemas energéticos e também o gasto tanto durante a atividade quanto apósa atividade, pois as células do corpo continuam “respirando” após o exercício. Assim, o aumento do gasto energético oriundo da otimização da oxidação dos substratos energéticos de reserva promove, entre outras variáveis referentes à composição corporal, redução do tecido adiposo. E isso, por si só, auxilia no emagrecimento. É importante ressaltar que a prática de exercícios físicos é apenas um dos componentes que atuam sobre o balanço energético diário. Ele deve ser sempre energeticamente balanceado levando em consideração as calorias advindas da alimentação. Portanto, o ideal é que as áreas de Educação Física e Nutrição trabalhem juntas. Embora as adaptações da prática de exercícios potencializem a queima de gordura e outros substratos, o balanço energético (relação matemática entre consumo e gasto de energia diária) deve ser sempre modulado ou dependente da energia consumida pela alimentação. É por isso que pensar em gasto energético e emagrecimento deve levar em consideração a alimentação e exercício (BOTELHO, 2018). 
O sistema aeróbio corresponde ao uso de O2 para a degradação de carboidratos, gorduras e em alguns casos pode-se chegar também à degradação de proteínas. Utilizam o sistema oxidativo para geração de energia, sendo este o último grau de produção de energia. Sabe-se que exercícios considerados aeróbios têm a característica de ser contínuos, ou seja, sem pausa para descanso, por este motivo, seu volume tende a ser mais alto do que sua intensidade (WILMORE et al., 2013). 
Como resíduos dessa reação têm duas moléculas de água e outras duas de ácido lático. Esse mecanismo é usado para exercícios de alta intensidade e que duram de 15 segundos até cerca de 2 minutos. Quando a produção de ácido láctico atinge um limite conhecido como o limiar de lactato, que provoca dores musculares, sensação de queimação no músculo e fadiga, tornando difícil manter tal intensidade. Sistema de produção de energia anaeróbio lático, utiliza o glicogênio muscular para a produção de energia, gerando como subproduto o ácido lático. Como essa forma de metabolismo é limitada o indivíduo deve dar tempo ao seu corpo para se recuperar entre os períodos de treino ou reduzir sua intensidade. Assim, o sistema aeróbio assuma o fornecimento de energia (BOTELHO, 2018). 
Exercícios aeróbicos: 
 
Fonte: diabeticool.com 
 
Utilizam principalmente duas vias para obtenção de energia, os exercícios anaeróbicos na forma de adenosina trifosfato: a via fosfagênio ATP-PC, que utiliza a fosfocreatina presente nos músculos e é dispendida principalmente em atividades de força e explosão de curta duração; e a via glicolítica que utiliza o glicogênio presente nos músculos e fígado como fonte energética, e é a principal fornecedora de energia nos exercícios em que se utilizam o suporte com peso. O tipo de metabolismo que é utilizado em cada exercício é dependente da sua duração e intensidade. Enquanto o sistema aeróbico tem como fator limitante a disponibilidade calórica, as vias anaeróbicas somente têm capacidade para fornecer energia para o músculo durante poucos segundos (8 a 10 segundos pela via do fosfagênio e 1,3 a 1,6 minutos pela via glicolítica) (SILVA, 2017). 
Envolve um esforço intenso realizado por um número limitado de músculos e há produção de ácido lático. São exemplos de exercícios anaeróbios os exercícios de velocidade com ou sem carga, de curta duração e alta intensidade, como a corrida de cem metros rasos, os saltos, o arremesso de peso. Exercícios de força ou exercícios resistidos, com peso como a musculação também é considerada um exercício anaeróbio. Os movimentos que realizamos no nosso dia-a-dia são um misto de atividades físicas aeróbicas e anaeróbicas (BOTELHO, 2018). 
Exercícios anaeróbicos: 
 
Fonte: emagrecimentoemfoco.com.br 
Tanto o exercício aeróbio, quanto o anaeróbio acarretam o "after burning". Mas este processo tem maior amplitude após sessões anaeróbias. Os metabolismos aeróbios e anaeróbios não ocorrem separadamente, mas sim se sobrepõem e trabalham em conjunto para permitir que o indivíduo realize seus objetivos de exercício. O valor da contribuição de cada sistema de produção contribuição de energia depende principalmente da intensidade e, em segundo lugar, da duração do exercício (BOTELHO, 2018). 
5.3 Fadiga muscular 
 
Fonte: renataspallicci.com.br 
Segundo Vieira et al., (2020) a fadiga muscular pode ser definida como um declínio de desempenho que é resultado de uma série de adaptações agudas dos sistemas fisiológicos. A fadiga também é definida conceitualmente como a queda de desempenho muscular alterada pelo exercício. Do ponto de vista evolucionário, a fadiga pode ser considerada um mecanismo protetivo, que ocorre com o objetivo de evitar uma falha fatal do organismo (BOULLOSA; NAKAMURA, 2013). 
Diversos modificações fisiológicas são apontadas como a causa da fadiga, ao qual pode levar a diferentes classificações da mesma. Por exemplo, quando a queda de desempenho pode estar relacionada a mecanismos fisiológicos que ocorrem em estruturas distais a junção neuromuscular, a fadiga é classificada como periférica (MÁRQUEZ et al., 2017). 
Ao passo que é denominada como central, a fadiga, quando a queda de desempenho foi originada por transformações fisiológicas em estruturas proximais a junção neuromuscular. A fadiga não é consequência de um único mecanismo fisiológico (BOULLOSA; NAKAMURA, 2013). 
É importante destacar que pode ser relacionado o tipo de atividade realizada durante o treinamento que promoveu a queda de desempenho pode influenciar no mecanismo relacionado a fadiga, ou seja, a tarefa executada (MÁRQUEZ et al., 2017). Trajano et al. (2013) sugerem que a diminuição na capacidade de produzir força acarretada pelo alongamento estático prolongado é conexa a modificações drive central para o músculo e não a mecanismos periféricos. 
Para Márquez et al. (2017) concerniram que o TF realizado em circuito reduz o drive central para o músculo e aumenta a produção de metabólitos danificando a relação entre excitação e contração da fibra muscular. Portanto, indica que uma sessão de TF com método de circuito pode levar a modificações centrais e periféricas que induzem a fadiga. Distintas avaliações podem ser utilizadas para mensurar os mecanismos relacionados a fadiga (VIEIRA et al., 2020). 
Trajano et al., (2013) relata que do ponto de vista de fadiga central, as técnicas frequentemente utilizadas para sua verificação são eletroestimulação neuromuscular para se verificar mudanças na onda H e V, interpolated twitch-technique (BEHRENS et al., 2017; REID et al., 2018), atividade eletromiográfica normalizada pela onda M (TRAJANO et al., 2014) e estimulação magnética transcraniana (KIRK et al., 2019). 
Ao passo que mudanças na concentração de metabólitos como o lactato (MÁRQUEZ et al., 2017; VENTURELLI et al., 2017) e também na relação entre excitação-contração acoplamento (TRAJANO et al., 2019) são estratégias rotineiramente utilizadas para se verificar modificações relacionadas a fadiga periférica. Embora não apresente o mecanismo relacionado, uma maneira simples de mensurar a fadiga em uma sessão de TF e por meio do índice de fadiga (GENTIL et al., 2017; PADILHA et al., 2019). 
Segundo Gentil et al., (2017) esse pode ser calculado por meio do tamanho de queda entre a performance neuromuscular do primeiro set e do último set de cada exercício realizado na sessão de TF (ERNESTO et al., 2009). O índice de fadiga (IF) tem sido vastamente utilizado para se calcular a fadiga durante o TF em indivíduos sedentários, treinados (PADILHA et al., 2019; VIEIRA et al., 2020b), e populações específicas (VIEIRA et al., 2010). 
 	METABOLISMO ENERGÉTICO 
 
Fonte: demo.document.onl 
Podemos dizer que a bioquímica “é a ciência da base da química da vida” (do grego bios, vida), dos constituintes químicos das células e das reações e processos que são submetidos e têm como principal objetivo a compreensão em nível molecular, de todos os processos químicos associadosàs células vivas. (MURRAY ET AL., 2014, P. 1). 
“E a bioenergética, ou termodinâmica bioquímica, estuda as alterações da energia que acompanham as reações bioquímicas, pois os sistemas biológicos são isotérmicos e utilizam a energia química para ativar os processos vivos”. (BOTHAM; MAYES, 2013, p. 109). 
Segundo Vaisberg e Mello,(2010), a intensidade é um dos principais fatores que propiciam uma resposta metabólica ao exercício, no entanto, outros fatores como: condição física, duração do exercício, disponibilidade de substrato, estado nutricional, composição da dieta e suplementação durante o exercício, tipo de exercício, temperatura ambiental, hidratação e altitude podem influenciar essa resposta. 
No que diz respeito às adaptações metabólicas ao treinamento (programa de exercícios físicos), àqueles com características anaeróbicas, como exercícios de força, hipertrofia, dentre outros, gera poucas melhoras na capacidade aeróbica, mas os estudos demonstram um aumento na força muscular, na atividade enzimática glicolítica e nos estoques de ATP-PCr intramuscular. Pode ainda ocorrer até mesmo redução nas densidades capilar e mitocondrial. Entretanto, o programa de exercícios com características aeróbicas, como por exemplo, corridas de longa duração, induzem aumento na densidade capilar e mitocondrial, na quantidade de mioglobina muscular, de enzimas do ciclo de Krebs e cadeia transportadora de elétrons (SIMPLÍCIO; BERTOLA, 2020). 
Por meio de reações metabólicas as células do corpo procuram adequar-se às novas demandas energéticas, sejam em repouso ou durante atividades físicas. O exercício físico pode ser considerado um estímulo estressor ao meio celular, e com isso provocar a perturbação homeostática da célula, que por sua vez, ativará sensores metabólicos intracelulares, que são capazes de desencadear eventos e interações proteicas no sentido de sinalizar a necessidade de adequação e retorno à homeostase (SIMPLÍCIO; BERTOLA, 2020). 
A molécula de proteína denominada adenosina trifosfato (ATP) é a única fonte de energia utilizada pelo nosso corpo para a contração muscular. Para que isso ocorra, as fibras musculares devem se contrair, ativando a enzima ATPase que é responsável por separar um dos fosfatos (P) presentes na molécula liberando, assim, energia durante esse processo. Os estoques de ATP na célula muscular são limitados fazendo com que seja necessário que existem outras vias metabólicas para a produção dessa moeda de energia para que o exercício muscular continue ocorrendo sem interrupções (MAGLISCHO, 2010). 
 
Fonte: todoestudo.com.br 
As vias metabólicas existentes na produção de ATP são: 
(a) através da degradação da fosfocreatina (CP), também conhecido como sistema anaeróbio aláctico de produção de energia; 
(b) através da degradação do glicogênio muscular ou da glicose presente no músculo e/ou no sangue, denominado sistema anaeróbio láctico e 
(c) formação a partir do uso de O2, ou sistema aeróbio de produção de energia. 
Os dois primeiros tipos de metabolismos citados são denominados de anaeróbios por não utilizaram oxigênio durante o processo de formação de ATP. Já o último necessita de um suprimento contínuo de oxigênio para que se torne operacional (MAGLISCHO, 2010). 
Todos os sistemas de produção de energia estarão funcionando durante o início do exercício, porém diferenças na quantidade total de energia disponível (capacidade) e na velocidade de produção (potência) dos metabolismos definem a contribuição de cada um deles dependendo do esforço realizado, ou seja, a duração e intensidade do mesmo. O metabolismo anaeróbio aláctico (ou sistema ATP-CP) é a forma mais simples e rápida de produção de ATP para atividade muscular por ter apenas uma reação química envolvida. A enzima CK (creatina quinase) cataboliza a reação de quebra de fosfocreatina (CP) para que o P se ligue ao ADP presente na célula muscular e forme a molécula de ATP. A participação mais efetiva dessa via metabólica ocorre no início da atividade ou em exercícios de curta duração e alta intensidade, porém devido a baixa quantidade de CP dentro da célula muscular só é capaz de sustentar com predominância uma atividade por volta de 5 s. É importante ressaltar que a restauração dos estoques de CPsó ocorrerá após o exercício (PIRES, 2016). 
Metabolismo Anaeróbio Aláctico: 
 
Fonte: PIRES (2016) 
Após ocorrer a depleção das reservas de fosfocreatina existentes na célula, o glicogênio muscular passa a ser a principal fonte de energia durante a realização do exercício. Essa via metabólica é conhecida como anaeróbia láctica, ou seja, há o aparecimento do lactato ao final do processo metabólico de produção de ATP. O resultado final da glicólise dá um saldo de 2 a 3 moléculas de ATP, dependendo do substrato (glicose ou glicogênio, respectivamente), e 2 moléculas de ácido pirúvico. Durante o processo metabólico, os hidrogênios são removidos dos substratos nutricionais e são transportados pelas moléculas de NAD (nicotinamida adenina nucleotídeo) ou FAD (flavina adenina nucleotídeo), transformando-as em NADH e FAH2 (MAGLISCHO, 2010). 
Metabolismo Anaeróbio Láctico: 
 
 
 
 
 
 
 	 
 
 
 
 
Fonte: Pires (2016) 
A restauração de NADH em NAD pode ocorrer de duas maneiras distintas. A primeira delas ocorre caso haja disponibilidade de oxigênio dentro da célula, que é responsável por “lançar” os hidrogênios para o interior da mitocôndria, contribuindo na produção aeróbia de ATP. A segunda maneira acontece quando não há tal disponibilidade de O2 e o ácido pirúvico recebe os H+, formando o ácido lático. A glicólise pode ser separada em duas fases: (1) fase de investimento de energia e (2) fase de geração de energia (MAGLISCHO, 2010). 
Finalmente, o último metabolismo de produção de ATP existente é o aeróbio, também conhecido como fosforilação oxidativa. A disponibilidade de oxigênio irá determinar se os produtos finais da glicólise (piruvato e íons de hidrogênio) se encaminharão para dentro da mitocôndria (MAGLISCHO, 2010). Além disso, esse sistema refere-se a combustão completa dos carboidratos e gorduras. O sistema aeróbio de produção de ATP envolve duas etapas metabólicas importantes, o ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de elétrons (POWERS; HOWLEY, 2009 apud PIRES, 2016). 
No ciclo de Krebs ocorre a completa oxidação dos carboidratos, gorduras e proteínas por meio do NAD e FAD. Além disso, é nesse momento que o piruvato é metabolizado até CO2. Powers e Howley (2009) explicam que a principal função dessa etapa é a remoção de hidrogênios e a energia associada a eles. É importante ressaltar que, para que o piruvato entre no ciclo de Krebs é necessário que perca um carbono (C), transformando-se e Acetil-CoA. O C que restou é eliminado na forma de CO2 (POWERS; HOWLEY, 2009 apud PIRES, 2016). 
Ciclo de Krebs: 
 
 
Fonte: Powers e Howley (2009) 
Um dos processos energeticamente mais importantes para um organismo aeróbico é a fosforilação oxidativa, pois é a partir dele que a maior parte do ATP celular é obtido. Esse processo em eucariotos é decorrente da ação do transporte de elétrons que ocorre na CR mitocondrial. A CR é composta por cinco complexos proteicos integrais da membrana interna, quatro realizando o transporte de elétrons em sequentes reações de oxirredução, e o quinto realizando o processo de fosforilação do ADP em ATP (CAMARGO et al., 2018). 
Fosforilação oxidativa: 
 
Fonte: upload.wikimedia.org 
Os elétrons provenientes da oxidação de carboidratos, lipídeos e proteínas entram nesse sistema e culminam na redução do pool de quinonas, seja por meio dos complexos I e II ou de outras várias vias de doação de elétrons como, por exemplo, a da glicerol-3-fosfato desidrogenase mitocondrial (SAZANOV, 2015). 
Após as quinonas serem reduzidas, os elétrons seguem um padrão de fluxo que passa pelo complexo III, até que cheguem ao complexo IV, o qual catalisa a redução de O2 a H2O. À medida que esse fluxo de elétrons acontece, prótons são bombeados da matriz mitocondrial para o espaço Intermembranas através dos complexos I, IIIe IV, formando assim um diferencial eletroquímico entre os dois lados da membrana interna. Este diferencial é utilizado pelo complexo V (ATP-sintase) o qual, à medida que os prótons retornam do espaço intermembranas para a matriz mitocondrial, adiciona fosfato inorgânico a uma molécula de ADP, formando então o ATP (CHIODA, 2019). 
 
6.1 Fonte de energia 
Durante a atividade física, nossos músculos utilizam a energia química dos nutrientes para produzir energia mecânica ou trabalho. Este é um processo bioquímico de grande complexidade que é regulado por vários fatores de natureza enzimática e hormonal. Os nutrientes que se constituem nas principais fontes de energia durante o exercício físico são os carboidratos e as gorduras. Os músculos sempre se utilizam de uma mistura desses dois nutrientes na “queima” metabólica com oxigênio. Um dos aspectos que gera maiores controvérsias no entendimento deste processo é a relação entre o tipo, duração e intensidade dos exercícios e o quanto se “queima” de gordura ou carboidratos (BOTELHO, 2018). 
Botelho (2018) explica que a gordura predomina como combustível, nos exercícios de menor intensidade, quando a demanda de energia é menos significativa, ou seja, os músculos se utilizam de uma mistura mais rica em gordura como fonte de energia. Com o aumento da intensidade, por exemplo, no exercício moderado, a mistura se equilibra entre gordura e carboidratos. Nos exercícios intensos, o carboidrato predomina como fonte de energia e, caso a intensidade se torne muito elevada, o carboidrato pode se tornar o único combustível do exercício. 
 O que explica esta mudança de combustível utilizado pelos músculos são os mecanismos reguladores, que seguem certa lógica. Quando o exercício é leve, o prognóstico é que ele possa ter longa duração. Sendo assim, os músculos utilizam as fontes de energia que se acumulam em maior quantidade, ou seja, as gorduras. O metabolismo das gorduras é mais lento, entretanto, como a demanda de energia é menor, não existe necessidade de uma mobilização mais rápida. Na medida em que a intensidade de energia vai aumentando, na transição do exercício leve para o moderado e deste para o exercício intenso, os músculos vão desviando o combustível para o carboidrato, que tem um metabolismo mais rápido, porém apresentam reservas limitadas (BOTELHO, 2018). 
 Este é um dos fatores que limita a duração do exercício intenso. Um dos efeitos do treinamento é a progressiva adaptação metabólica dos músculos, aumentando a utilização das gorduras e preservando os estoques de carboidratos. Esta adaptação possibilita aumentar a tolerância às corridas de longa duração e melhorar o desempenho. Ela proporciona também um grande benefício para os indivíduos que buscam redução de gordura corporal em programas de exercícios para perda de peso, assim, relata Botelho (2018). 
 
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