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@poli.canuto 
 
 
Adultos 
Introdução 
Apesar dos avanços tecnológicos, a comunicação continua 
sendo a ferramenta primária e indispensável com a qual 
médico e paciente trocam informações. Elementos como a 
empatia, compreensão, interesse, desejo de ajuda e bom 
humor são indispensáveis para conseguir um ambiente de 
conforto emocional, no qual o paciente terá um conhecimento 
de sua doença e diagnóstico, e o médico agirá segundo seus 
conhecimentos, experiência clínica e suas capacidades 
humanas (VICTORINO,2007) 
O termo “má notícia” designa qualquer informação transmitida 
ao paciente ou a seus familiares que implique, direta ou 
indiretamente, alguma alteração negativa na vida destes 
(LINO,2010) 
É importante que seja definido do ponto de vista do paciente: 
a notícia recebida por este é considerada desagradável em 
seu contexto (LINO,2010) 
Dessa forma, embora normalmente associada à transmissão 
de diagnóstico de doenças terminais, a má notícia pode tratar 
de patologias menos dramáticas, mas também traumatizantes 
para o paciente. Por exemplo, inclui um diagnóstico que imporá 
mudanças na vida do paciente, como diabetes num 
adolescente ou cardiopatia num atleta, uma resposta 
inadequada a determinada terapêutica, uma necessidade de 
tratamento ou procedimento em momento inoportuno na 
vida do paciente (LINO,2010) 
A “má notícia” não se refere apenas à morte, mas também 
às perdas, sejam elas físicas, sociais, emocionais ou 
psicológicas. Estas perdas podem ser devidas à própria doença 
ou ao tratamento, levando à ruptura de um estilo de vida 
(KONISHI, 2020). 
A vivência dessa comunicação é vista como uma situação 
limite para o médico que, muitas vezes, sem saber lidar com 
o sofrimento emocional do paciente, pode fazer promessas 
falsas de cura, a mentira piedosa, ou uma transmissão abrupta 
e sem muitas explicações ou perspectivas de futuro, 
prejudicando toda a relação terapêutica (CRUZ,2016) 
A comunicação deve não apenas abarcar o que o paciente 
precisa saber, mas ser realizada de forma apropriada, 
assegurando que ele compreendeu a informação, 
preocupando-se com sua reação afetiva e com a retenção 
da informação. Porém, os receios dos próprios médicos 
podem interferir na relação estabelecida, ou a forma como 
essa notícia afetaria a vida do paciente, o que coloca em foco 
o modelo paternalista de cuidado, em que, mesmo de forma 
 
 
inconsciente, o médico considera-se o único responsável por 
seu paciente e, apesar de dividir as informações, carrega a 
responsabilidade da decisão (CRUZ,2016) 
É necessário que se trabalhe em dois pólos: verificar que a 
informação seja compreendida corretamente e se necessário 
corrigi-la (com ênfase na tarefa) e preocupar-se com a reação 
afetiva envolvida na passagem da informação. Esta última 
implica em considerar os sentimentos e expectativas que o 
paciente tem em relação ao profissional de saúde 
(transferência), bem como com os sentimentos e expectativas 
que o profissional de saúde tem do paciente 
(contratransferência) (VICTORINO,2007) 
Uma comunicação de qualidade estabelecida entre o médico 
e o paciente possibilita que o doente se sinta mais encorajado 
e faça mais perguntas sobre sua situação, diminuindo o 
sofrimento causado pelo medo de uma doença e um 
tratamento desconhecido (CRUZ,2016) 
Quando o médico explica mais detalhadamente e instrui 
melhor o paciente, ele tem uma compreensão melhor e 
torna-se mais colaborativo, com uma melhor adesão 
terapêutica. (CRUZ,2016) 
Novos protocolos foram estabelecidos, porém todos seguem 
uma mesma ideia: começar com uma preparação inicial, em 
que o próprio médico deve se preparar, ter em mente o que 
sabe da doença e de possibilidades de cuidado, encontrar um 
espaço reservado e calmo para que essa conversa ocorra; 
identificar quem o paciente quer que esteja presente, 
apresentar-se e saber até onde ele e sua família entendem o 
que está acontecendo; falar de forma franca e com 
compaixão, tocar as pessoas, lidar com o silêncio e as lágrimas, 
se ocorrerem; ter um plano de metas; revisar a compreensão 
do que foi falado e manter-se à disposição para futuras dúvidas 
ou novas conversas (CRUZ,2016) 
Dificuldades em comunicar más notícias 
Uma preocupação comum é a de como a má notícia irá afetar 
o paciente, sendo esta uma justificativa para o fato de 
escondê-la (VICTORINO,2007) 
Um dos fatores que podem contribuir para a dificuldade em 
se conseguir uma boa comunicação das más notícias são os 
próprios medos dos médicos. Estes estariam relacionados ao 
receio de causar dor ao paciente, de sentir incômodo no 
momento de comunicar uma má notícia, de ser culpado pelo 
paciente e familiares (culpar o mensageiro), de falha 
terapêutica, de problema judicial, do desconhecido, de dizer 
“não sei”, de expressar as emoções e, por fim, da própria 
morte. (VICTORINO,2007) 
 @poli.canuto 
Ademais a falta de habilidade de comunicação dos médicos 
pode afetar a satisfação, adesão ao tratamento, qualidade de 
vida e o resultado do tratamento de seus pacientes 
(VICTORINO,2007) 
Recomendações para uma boa comunicação 
 Estabelecer uma relação médico-equipe de saúde 
paciente adequada: a construção de uma interação 
adequada entre estes, desde o primeiro contato, 
causa uma pratica a capacidade de empatia, 
compreensão e desejo de ajuda. A conduta e o 
comportamento dos profissional são essenciais para 
que o paciente se sinta bem. (VICTORINO,2007) 
 
 Conhecer cuidadosamente a história médica: Isto dará 
consistência às decisões clinicas e permitirá uma 
comunicação mais clara e fluída. Neste sentido, quem 
irá revelar as más notícias deverá ser 
preferencialmente o médico responsável pelo caso. 
(VICTORINO,2007) 
 
 Ver o paciente como pessoa: É importante que se 
vá além do conhecimento formal e saber quem é a 
pessoa a quem se oferece os cuidados. 
(VICTORINO,2007) 
 
 Preparar o setting :Deve se buscar um lugar com 
privacidade e conforto, onde não haja possibilidade 
de interrupção - e evitar comunicar uma má notícia 
no corredor. Uma outra informação importante é 
saber se o paciente deseja a presença de outras 
pessoas durante a entrevista. Por parte da equipe 
médica, é recomendável a presença de outro 
membro da equipe (outro médico ou enfermeiro 
familiarizado com o caso) durante a comunicação. A 
pessoa que for comunicar a má noticia deverá 
manter contato visual com o paciente e usar o toque 
apropriadamente. (VICTORINO, 2007) 
 
 Organizar o tempo: É necessário que se garanta 
um tempo razoável para preparar o paciente, 
comunicar a informação, permitir um breve espaço 
para reflexão e possibilitar um intercambio entre 
perguntas e respostas programando, 
apropriadamente, o seguimento e abordando os 
procedimentos terapêuticos por fazer, antes de 
concluir a entrevista. (VICTORINI,2007) 
 
 Aspectos específicos da comunicação :É muito 
importante compreender o paciente, ter uma 
expressão neutra e, em seguida, informar as más 
notícias de maneira clara e direta. Usar um tom de 
voz suave, pausado e usar uma linguagem sincera. O 
profissional deverá assegurar-se que o paciente 
tenha compreendido a mensagem com clareza. A 
maioria dos autores sugere o uso de uma linguagem 
simples, sem muitos termos médicos 
(VICTORINO,2007) 
 
 Reconhecer o que e quanto o paciente quer saber: 
Existe discordância entre o que o profissional quer 
dizer e o que o paciente quer saber. Perguntar ao 
paciente o que ele quer saber dará a oportunidade 
deste colocar sua vontade (VICTORINO,2007) 
 
 Encorajar e validar as emoções: Mesmo que se 
possa identificar algumas expressões emocionais é 
importante que o profissional verifique 
continuamente com o paciente como ele se sente, 
não antecipando a reação emocional do mesmo. 
Oferecer períodos de silêncio permite que os 
pacientes processem a má notíciae ventilem 
emoções. È importante também questionar sobre as 
necessidades emocionais e espirituais do paciente e 
quais os sistemas de suporte que ele tem 
(VICTORINO,2007) 
 
 Atenção e cuidado com a família: Face à 
comunicação de uma má noticia o profissional 
deverá ficar atento à situação familiar do paciente e 
levar em conta as necessidades particulares da família 
em função de seus antecedentes culturais e 
religiosos. A presença de um membro da família 
geralmente serve de apoio e suporte para o 
paciente. No caso de más notícias previstas 
(antecipadas), pergunte antes quem ele quer que 
esteja presente e o quanto ele gostaria que os 
outros fossem envolvidos (VICTORINO,2007) 
 
 Planejar o futuro e o seguimento: Após ter recebido 
a má notícia, um paciente pode experimentar 
sentimentos de isolamento e incerteza. O profissional 
pode minimizar a ansiedade do paciente resumindo 
as áreas discutidas, verificando se houve a 
compreensão e formulando um planejamento ou 
“próximos passos” com o paciente 
(VICTORINO,2007) 
 
 Trabalhar os próprios sentimentos: Estar consciente 
das próprias reações, preocupações e sentimentos é 
extremamente importante para que o profissional 
possa manter uma boa relação com o paciente, 
quando se comunica más notícias. (VICTORINO,2007) 
 
 
 
 
 @poli.canuto 
Protocolo spikes 
 
É um mnemônico de seis passos que pode proporcionar mais 
segurança ao médico e que apresenta quatro objetivos 
principais: saber o que o paciente e seus familiares estão 
entendendo da situação como um todo (ajuda o médico a 
saber por onde começar); fornecer as informações de acordo 
com o que o paciente e sua família suportam ouvir; acolher 
qualquer reação que pode vir a acontecer e, por último, ter 
um plano (CRUZ,2016) 
a) Setting up (S): preparando-se para o encontro - 
Treinar antes é uma boa estratégia. Apesar de a 
notícia ser triste, é importante manter a calma, pois 
as informações dadas podem ajudar o paciente a 
planejar seu futuro. Procure por um lugar calmo e 
que permita que a conversa seja particular. Mantenha 
um acompanhante com seu paciente, isso costuma 
deixá-lo mais seguro. Sente-se e procure não ter 
objetos entre você e seu paciente. Escute 
atentamente o que o paciente diz e mostre atenção 
e carinho (CRUZ,2016) 
 
b) Perception (P): percebendo o paciente, Investigue 
o que o paciente já sabe do que está acontecendo. 
Procure usar perguntas abertas. (CRUZ,2006) 
 
c) Invitation (I): convidando para o diálogo, 
Identifique até onde o paciente quer saber do que 
está acontecendo, se quer ser totalmente informado 
ou se prefere que um familiar tome as decisões por 
ele. Isso acontece! Se o paciente deixar claro que não 
quer saber detalhes, mantenha-se disponível para 
conversar no momento que ele quiser (CRUZ,2006) 
 
d) Knowledge (K): transmitindo as informações: 
Introduções como “infelizmente não trago boas 
notícias” podem ser um bom começo. Use sempre 
palavras adequadas ao vocabulário do paciente. Use 
frases curtas e pergunte, com certa frequência, 
como o paciente está e o que está entendendo. Se 
o prognóstico for muito ruim, evite termos como 
“não há mais nada que possamos fazer”. Sempre 
deve existir um plano (CRUZ, 2016) 
 
 
e) Emotions (E): expressando emoções- Aguarde a 
resposta emocional que pode vir, dê tempo ao 
paciente, ele pode chorar, ficar em silêncio, em 
choque (CRUZ,2016) 
 
f) Strategy and summary (S): resumindo e 
organizando estratégias- É importante deixar claro 
para o paciente que ele não será abandonado, que 
existe um plano ou tratamento, curativo ou não. 
(CRUZ,2016) 
 
Crianças 
 
Destaca-se como problema no contexto de pediatria que a 
comunicação de tais notícias é ainda mais complexa, pois 
envolve tanto a família quanto a criança. Demanda uma 
avaliação acerca da quantidade e qualidade de informações 
que serão comunicadas e o modo de desenvolvê-las, 
considerando a singularidade intelectual, cultural e psicológica 
da criança (ZANON 2019). 
A comunicação de más notícias às crianças se torna mais 
desafiadora, pois o entendimento das crianças varia de acordo 
com a sua capacidade cognitiva, que se modifica tanto com a 
sua idade quanto com as suas experiências, fato que aumenta 
os riscos de ocorrer má compreensão, por parte das crianças, 
do assunto a ser discorrido (KONISHI, 2020). 
Convidar as crianças a compartilharem seus sentimentos 
permite que elas possam expressar suas angústias e tristezas, 
possibilitando a construção de um espaço aberto onde a 
criança possa sentir a segurança de que receberá acolhimento 
e empatia. Caso esta abertura de comunicação não seja feita, 
a criança pode interpretar o silêncio como uma evidência de 
que os adultos desconhecem os problemas pelos quais ela 
está passando ou considerar que a sua perda não tem 
importância suficiente para ser comentada ou abordada 
(KONISHI, 2020). 
Os profissionais da saúde são aqueles que possuem o domínio 
da informação técnica e deveriam ser capazes de incentivar, 
esclarecer, mediar ou se encarregar da comunicação na tríade 
 @poli.canuto 
de relações envolvendo a família, as crianças e os profissionais 
da saúde (KONSHI,2020) 
Não abordar a morte de forma clara e adequada com a criança 
dificulta a maneira como ela lidará com as perdas e o processo 
de luto (KONISHI, 2020). 
Ainda em relação ao tema da morte, é importante atentar-se 
aos 4 princípios que a constituem: irreversibilidade, finalidade 
(não-funcionalidade), inevitabilidade (universalidade) e 
causalidade, pois caso a criança não seja capaz de 
compreender de modo concreto e claro estes princípios, a 
probabilidade dela recorrer ao “pensamento mágico” para 
compreender o assunto é extremamente alta, acreditando 
que a morte é uma punição que pode ter sido causada por 
um mau comportamento ou um pensamento negativo dela 
(KONSHI,2020) 
Protocolo spikes junior 
A adaptação brasileira do protocolo Spikes, o Spikes Junior, 
apropria-se dos pontos já desenvolvidos no primeiro e sugere 
escutar a criança ou adolescente antes de qualquer 
comunicação considerada ND, para avaliar seu grau de 
compreensão sobre o próprio estado de saúde. E, sempre 
que possível, na presença dos pais ou responsáveis (AFONSO; 
2013). 
Quanto à equipe, o protocolo sugere identificar o profissional 
com melhor vínculo com o paciente, ou mesmo com um 
familiar, para a tarefa de comunicar as ND. Quem se incumbir 
desse papel deve sempre atualizar o restante da equipe sobre 
como ocorreu o encontro e as decisões tomadas a partir daí, 
para evitar ao máximo a desinformação e a fragmentação do 
cuidado (AFONSO; MINAYO, 2013). 
A informação deve adaptar-se às possibilidades cognitivas e 
emocionais, necessidades e desejos dos pacientes, além de 
reforçar a importância da participação familiar, também 
garantindo a esta o apoio psicossocial. No plano terapêutico e 
em todos os seus ajustes ao longo do processo de cuidado, a 
informação deve levar em conta as contribuições do paciente 
(AFONSO; MINAYO, 2013). 
O protocolo adverte que deve ser respeitado o direito do 
paciente de querer saber – ou não – sobre seu estado. No 
primeiro caso, o profissional (ou o familiar) não deve mentir 
para a criança ou adolescente. (AFONSO; MINAYO, 2013). 
 
Estratégias de comunicação com as crianças 
De modo geral, alguns princípios são indispensáveis de modo 
que se possa acolher e respeitar a criança durante todo o 
processo da comunicação. Contudo, é igualmente importante 
estar ciente de que estes princípios são apenas orientações 
e guias. Cada ser humano é único e, portanto, a comunicação 
a ser desenvolvida também (KONISHI et. al., 2020) 
 Preparar-se. Estar emocionalmente preparado para a 
conversa. Embora possa haver limitação detempo 
devido às demandas do trabalho, é preciso que o 
profissional compreenda as próprias emoções, além 
de garantir que, no encontro com a família e/ou a 
criança, ele esteja calmo, focado e emocionalmente 
disponível para acolher e confortar. 
 
 Estabelecer acordos com a família. A família deve 
estar ciente da importância da comunicação com a 
criança. Nesse sentido, é papel dos profissionais 
esclarecerem possíveis dúvidas da família, 
explorarem as dificuldades que a família encontra na 
comunicação, além de os apoiarem e os orientarem 
para este processo 
 
 Planejar o que será dito. É necessário saber quais 
informações deverão ser abordadas na conversa, 
tendo em mente o que se espera com essa 
comunicação, recordando sempre que a 
comunicação é um processo. 
 
 Dispor de um ambiente adequado. Verificar se há um 
espaço tranquilo e com maior privacidade. Se não for 
possível este ambiente, o profissional deve garantir 
que o tempo de conversa será valorizado. Para isso, 
desligar o celular, se possível, reafirma o estado de 
se estar presente durante a conversa 
 
 Escutar e convidar à conversa. Antes de informar a 
notícia, procurar entender primeiramente o que a 
criança compreende e sabe da situação é 
importante. Para tal, perguntas abertas podem auxiliar 
bastante no processo. 
 
 Permitir o silêncio. O silêncio abre espaço para que 
família e criança absorvam a informação dita, além 
de permitir que pensamentos e emoções sejam 
sentidos e bem mais compreendidos 
 
 Ser natural e sincero. Para isso, é necessário que o 
profissional da saúde tenha conhecimento das 
próprias emoções e sentimentos. É importante que 
o profissional esteja presente e expresse suas 
preocupações com a criança e a família. É 
fundamental permitir-se ter empatia com as 
emoções da criança e da família; além de deixar que 
a criança expresse seus sentimentos e emoções e 
validá-los 
 
 Encorajar e assegurar. Não minimizar as 
preocupações da criança, mas sim, certificar a 
 @poli.canuto 
disponibilidade do profissional para ouvi-la e dar lhe 
suporte. 
 
 Dar esperança. Prover esperança à criança e à 
família é uma das maneiras mais potentes de 
encorajá-las. Isto não quer dizer que as informações 
negativas serão omitidas. 
 
 Recapitular. Com o propósito de evitar equívocos e 
discordâncias, verificar se todos os envolvidos na 
comunicação (criança, familiares e equipe de saúde) 
entenderam o que foi comunicado. Para isso pode 
ser necessário: esclarecer termos, repetir a 
mensagem, perguntar-lhes se está claro o que lhes 
foi comunicado, pedir que repitam o que foi 
entendido e sumarizar o conteúdo da conversa. 
 
 Estar disponível. Por fim, estar à disposição da criança 
e família, providenciando suporte ao longo do tempo. 
Explicar os próximos passos do cuidado, sempre 
assegurando a presença e disponibilidade do 
profissional da saúde. 
 
Ferramentas auxiliares na comunicação com a criança 
Juntamente com os princípios gerais que devem guiar e 
auxiliar uma comunicação de notícias difíceis às crianças há 
ferramentas que podem contribuir no processo a fim de 
facilitar conversas e discussões acerca de temas complexos e 
delicados. Nesse sentido, algumas ferramentas podem ser úteis 
e bons aliados tanto no processo de comunicação quanto no 
início de uma conversa de notícias difíceis. Dentre estas 
ferramentas, destacam-se: (KONISHI et. al., 2020) 
 ‘Biblioterapia’, termo utilizado por Sigmund e Anna 
Freud para se referir a materiais que podem ser lidos 
utilizados para um benefício terapêutico. Trata-se de 
um instrumento bastante útil que pode auxiliar a 
comunicação 
 
 Filmes infanto-juvenis como os da Disney oferecem 
uma oportunidade de discutir não só o que é real e 
fantasioso, mas também sobre a morte e a sua 
permanência. Além disso, criam ambiente favorável e 
conveniente para a abordagem de assuntos como o 
luto, a importância de uma rede de apoio e o valor 
de expressar seus sentimentos 
 
 
 Artes, principalmente os desenhos e a arte terapia, 
não apenas como uma valiosa ferramenta de 
comunicação, mas como forma de diminuição de 
estresse da criança, pois é uma das maneiras que ela 
pode utilizar para extravasar seus medos e 
ansiedades, além de poder transmitir emoções e 
sentimentos que muitas vezes não são expressos 
através da comunicação verbal 
 
Referências: 
KONISHI et. al. Comunicação de notícias difíceis para crianças, 2020 
AFONSO; MINAYO. Notícias difíceis e o posicionamento dos oncopediatras: 
revisão bibliográfica, 2013 
Victorino, AB, Nisenbaum, EB, Gibello, J, Bastos, MZN, & Andreoli, PBA. 
(2007). Como comunicar más notícias: revisão bibliográfica. Revista da SBPH, 
10(1), 53-63. LINO, Carolina 
Arcanjo et al. Uso do protocolo Spikes no ensino de habilidades em 
transmissão de más notícias. Revista Brasileira de Educação Médica, 
v. 35, p. 52-57, 2011. 
CRUZ, Carolina de Oliveira; RIERA, Rachel. Comunicando más notícias: o protocolo 
SPIKES. Diagn. tratamento, p. 106-108, 2016.

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