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CADERNO DE DIREITO PENAL II Prof. Dra. Daniela Portugal Aluna: Ana Beatriz de Morais 2021.2 Todos os apontamentos foram retirados das aulas da professora Dani e do livro Direito Penal parte geral de Cirino dos Santos. SUMÁRIO CONCEITO DE CRIME: ............................................................................................................................................................. 3 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CRIME: .................................................................................................................................. 5 NEOKANTISMO: ................................................................................................................................................................... 5 FINALISMO: HANS WELZEL ............................................................................................................................................... 5 FUNCIONALISMOS: ............................................................................................................................................................. 6 SUJEITOS DO CRIME ............................................................................................................................................................... 7 SUJEITO ATIVO: .................................................................................................................................................................. 7 SUJEITO PASSIVO: ............................................................................................................................................................. 7 CRIMES COMUNS X CRIMES PRÓPRIOS: ......................................................................................................................... 7 CRIMES UNISSUBJETIVOS E PLURISSUBJETIVOS: ........................................................................................................ 8 PESSOA JURÍDICA COMO SUJEITO DE CRIME: ............................................................................................................... 8 CONSUMAÇÃO X TENTATIVA ............................................................................................................................................... 12 CRIME CONSUMADO (ART. 14, I, CP): ............................................................................................................................. 15 CRIME TENTADO (ART. 14, II, CP): ................................................................................................................................... 16 ESPÉCIES DE TENTATIVA: .......................................................................................................................................... 17 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ: ........................................................................................ 19 ARREPENDIMENTO POSTERIOR: .................................................................................................................................... 21 CRIME IMPOSSÍVEL: ......................................................................................................................................................... 22 NEXO DE CAUSALIDADE: ................................................................................................................................................. 26 TIPICIDADE: ............................................................................................................................................................................ 29 ESTRUTURA DO TIPO INCRIMINADOR: ........................................................................................................................... 30 OMISSÃO IMPRÓPRIA (PENALMENTE RELEVANTE): .................................................................................................... 32 CRIMES DOLOSOS: ........................................................................................................................................................... 34 ELEMENTOS DO DOLO: ............................................................................................................................................... 34 TEORIAS DO DOLO: ..................................................................................................................................................... 37 TIPICIDADE. TIPOS CULPOSOS E PRETERDOLOSOS: .................................................................................................. 38 CRIME CULPOSO .......................................................................................................................................................... 38 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO: ........................................................................................................................... 38 ESPÉCIES DE CULPA: .................................................................................................................................................. 39 DOLO EVENTUAL X CULPA CONSCIENTE ................................................................................................................. 40 ERRO DE TIPO ................................................................................................................................................................... 42 ERRO DE TIPO ESSENCIAL: ........................................................................................................................................ 43 ERRO DE TIPO ACIDENTAL: ........................................................................................................................................ 44 Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ANTIJURIDICIDADE/ILICITUDE .............................................................................................................................................. 49 ESTADO DE NECESSIDADE ............................................................................................................................................. 50 LEGÍTIMA DEFESA: .......................................................................................................................................................... 51 CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: .................................................................................................................................. 52 CULPABILIDADE: ................................................................................................................................................................... 53 O ERRO NO DIREITO PENAL: ................................................................................................................................................ 58 CONCURSO DE PESSOAS ..................................................................................................................................................... 62 AUTORIA X PARTICIPAÇÃO: ............................................................................................................................................ 64 Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG TEORIA GERAL DO DELITO: EVOLUÇÃO CONCEITO DE CRIME: - Material: conduta que ofende um bem jurídico relevante. Claus Roxin: a partir de estudos político-criminais. Roxin: “o conceito material de crime é prévio ao código penal e fornece ao legislador um critério político- criminal sobre o que o direito penal deve punir e o que deve deixar impune.” (Derecho penal, parte general, t.i, p. 51). - Formal: conduta que se enquadra em um tipo incriminador (subsunção). - Legal: conceito legal de crime definido na LICP. ART. 1: Considera-se crime a infração penalque a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. INFRAÇÃO PENAL: (conceito BIPARTIDO)- Não há uma diferença ontológica entre crime e contravenção, a essência é a mesma (“infração penal”). A diferença está na consequência jurídica e não na conduta. ● Crimes/delitos (BRASIL): pena de reclusão ou detenção. OBS: reclusão- regime inicial F, A, SA. OBS: detenção- regime inicial SA ou A (possível a regressão para ● Contravenção: pena de prisão simples. OBS: prisão simples- sem rigores penitenciários SA ou A (sem a possibilidade de uso de F). - Analítico: (estratificado) conceito científico, conceito que subdivide/fragmenta o crime. Há várias teorias, com diferentes propostas analíticas de crime. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG CONCEITO ANALÍTICO/FRAGMENTADO/ESTRATIFICADO: - Teoria BIPARTIDA: crime= fato típico + antijuridicidade. OBS: a culpabilidade é um mero pressuposto de aplicação da pena. Teoria minoritária= os chamados “finalistas dissidentes brasileiros” (Cleber Masson, Andre Estefam). Teve influência no processo de escrita do Código Penal. - Teoria TRIPARTIDA: crime= FT + A + C. Teoria majoritária. Ela é representada tanto por finalistas, como: Juarez Tavares, Raúl Zaffaroni, Cezar Bittencourt, quanto por causalistas, como: Jiménez de Asúa e Baumann. - Teoria QUADRIPARTIDA: crime= FT + A + C + P. (inclusão da punibilidade como elemento analítico do crime). Teoria minoritária. FATO TÍPICO “TIPICIDADE” ANTIJURIDICIDADE = “ILICITUDE” CULPABILIDADE CONDUTA; RESULTADO; NEXO DE CAUSALIDADE; TIPICIDADE. (EXCLUDENTES DE ILICITUDE): ESTADO DE NECESSIDADE; LEGÍTIMA DEFESA; ESTRI. CUMP. DE UM DEVER LEGAL; EXER. REGU. DE UM DIREITO; * CONSENTIMENTO DO OFENDIDO (não tem previsão no CP, mas a doutrina aceita). IMPUTABILIDADE; POTENCIAL CONSCIÊNCIA DE ILICITUDE; EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CRIME: CAUSALISMO: (Liazt e Beling): ● Crime: causa e efeito; ● O conceito de crime era desprovido de valoração; ● Tipificava-se com base no que o sujeito efetivamente causou; ● DOLO e CULPA como elementos de culpabilidade (teoria psicológica da culpabilidade); ● Não sabiam explicar bem a questão da tentativa criminosa, nem os crimes omissivos. (não considerava a intenção) NEOKANTISMO: ● Introdução da valoração na construção do conceito analítico de crime; ● Introdução de um elemento normativo/valorativo na culpabilidade: exigibilidade de conduta diversa. ● Explicam melhor os crimes omissivos; ● Não rompem com o paradigma anterior (causalismo), pois DOLO e CULPA continuam sendo elementos de culpabilidade, ao lado da EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA (“teoria normativa- psicológica da culpabilidade”); ● Não explicam bem a questão da tentativa criminosa. ● (Frank, Mezger, Mayer - sistema neoclássico). FINALISMO: HANS WELZEL ● Introdução de um novo paradigma, rompendo definitivamente com o causalismo; ● DOLO e CULPA são retirados da culpabilidade, e inseridos na tipicidade, quando passamos a falar em “tipos dolosos” e “tipos culposos”. A intenção passa a ser considerada. ● Resolve de vez a questão da tentativa criminosa; Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ● Ação passa a ser entendida como o exercício de uma atividade final. Ação é um comportamento humano voluntário, dirigido a uma finalidade qualquer. FUNCIONALISMOS: - SISTÊMICO OU NORMATIVO: Gunther Jakobs A função do DP é a proteção do próprio sistema normativo, é proteger a validade de suas normas; Tipicidade formal; Se uma conduta típica acontece, ela deverá ser punida, como forma de reafirmação da validade da norma violada, garantindo a estabilidade do sistema normativo (TEORIA DA PREVENÇÃO GERAL POSITIVA - TEORIAS DA PENA); Perspectiva funcionalista radical. - TELEOLÓGICO: Roxin Perspectiva funcionalista moderada (tipicidade = tipicidade formal + tipicidade material); Tipicidade material = efetiva/significativa lesão ao bem jurídico tutelado pela norma; A função do DP é proteger bens jurídicos (olhar político-criminal para o DP). Princípio da insignificância (a lesão é materialmente insignificante, não justificando/legitimando a intervenção penal); Teoria dialética da pena. PENA COMINADA PENA APLICADA PENA EXECUTIVA Prevenção geral Prevenção especial Prevenção especial Ideia de proporcionalidade Culpabilidade Humanidade das penas Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Função da pena/ Limite - REDUCIONISTA: Zaffaroni Não há nada que justifique a pena a partir de uma perspectiva racional; A pena é sempre um ato irracional de violência, ainda que aplicada pelo Estado; Teoria agnóstica da pena; Ainda assim, ele admite a pena (ele não é abolicionista, mas sim minimalista deslegitimador); A função do DP é reduzir a si próprio; O minimalismo como um caminho para o abolicionismo. (Criam-se cada vez mais mecanismos que restringem o âmbito de incidência do DP). SUJEITOS DO CRIME Art. 129 Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. SUJEITO ATIVO: Quem pratica a infração penal (“autor do crime”) - animais e coisas não são sujeitos ativos (podem ser um instrumento). SUJEITO PASSIVO: Quem sofre a infração penal (“vítima do crime”). CRIMES COMUNS X CRIMES PRÓPRIOS: ● Comuns: qualquer um pode praticar, ex.: lesão corporal. ● Próprios: não pode ser praticado por qualquer pessoa. Ex.: Art. 123, CP: Infanticídio: Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos.” Art. 312, CP: Peculato. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. OBS: CRIMES DE MÃO PRÓPRIA: só podem ser praticados por determinados sujeitos, não permitindo a co-autoria. Ex.: falso testemunho ou falsa perícia. Art. 342, CP: Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: CRIMES UNISSUBJETIVOS E PLURISSUBJETIVOS: ● Unissubjetivos: concurso eventual (pode existir ou não). ● Plurissubjetivos: concurso necessário. Ex.: art. 288, CP: Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. PESSOA JURÍDICA COMO SUJEITO DE CRIME: ● PJ como sujeito PASSIVO de crime: sempre possível, desde que haja compatibilidade com a natureza do crime: ex.: supermercado furtado. ● PJ como sujeito ATIVO do crime: divergência doutrinária; Teoria da realidade (OTTO GIERKE): Teoria da ficção jurídica (SAVIGNY): “Societas delinque non potest.” Não seriam sujeitos capazes de gozar de vontade própria. RESPONSABILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA FAVORÁVEIS DESFAVORÁVEIS Teoria da realidade Teoria da ficção jurídica Existem Pjs que são criadas p/ cometerem crimes PJ não comete crime, mas sim a PF que a dirige p/ o fim criminoso Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Adaptar o DP à nova realidade O DP estaria na contramão da história(no DC, diante de fraudes, passa-se à desconsideração da personalidade jurídica, punindo-se os sócios Necessidade proteção de bens jurídicos Punição penal da PJ, é meramente simbólica (simples: cria-se nova PJ), portanto a PJ não protege bens jurídicos Combate a impunidade Necessidade de se identificar as PFs responsáveis (vontade e conduta criminosa) A responsabilização da PJ não impede a respon. das PFs envolvidas Dificuldade de identificação de PFs responsáveis DP trabalha com outras penas além das privativas de liberdade (ex.: multa, restritiva de direito etc. Responsabilidade penal da PJ viola o princípio da intranscendência das penas A responsabilidade da pessoa jurídica no Brasil: A CRFB admitiu em seus dispositivos a responsabilização penal da PJ? Inconstitucional ou Constitucional. Art. 173 § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Art. 225 § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. PREVISÃO LEGAL (INFRACONSTITUCIONAL) L. 9605/98: Art. 3: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. POSSIBILIDADES LCA: I. Punir só a PF II. Punir PF + PJ (art. 3°, p.u.) III. Punir só a PJ (requisitos para punir a PJ (art. 3°, L. 9.605/98): - Crime ambiental - O crime foi fruto de decisão de representantes ou órgão colegiado. - Crime praticado no interesse/benefício da PJ. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: Furto: Art. 155, CP: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Preceito PRIMÁRIO: Preceito SECUNDÁRIO: descrição da pena. NORMAS PENAIS: Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Incriminadoras: “tipo penal incriminador”: descrevem uma infração penal (p. primário + p. secundário). CONDUTA: - SISTEMA CLÁSSICO, CAUSALISTA OU CAUSAL-NATURALISTA: (Liszt e Beling): conduta como movimento que produz modificação no mundo exterior. - SISTEMA NEOCLÁSSICO OU NEOKANTISTA (paz aguado): conduta como movimento que produz modificação no mundo exterior. Passam a valorar a conduta, abarcando tanto a conduta positiva (ação) quanto a conduta negativa (omissão). - SISTEMA FINALISTA (Hans Welzel): A conduta passa a ser vista como ação final. Conduta como um comportamento voluntário (humano) voltado para um determinado fim. MAJORITÁRIO - SISTEMA SOCIAL (Wessels): a conduta como comportamento humano e juridicidade relevante. ● DOLOSA: o agente quis ou assumiu o risco do resultado. ● CULPOSA: o agente não quis o resultado, provocando-o em virtude da inobservância de um dever de cuidado. Não incriminadoras Explicativas: explicam conceitos, ex.: art. 327 C.P. Complementares: normas sobre aplicação da lei penal, ex.: art. 59, CP. Permissivas: Justificantes: excluem ilicitude, ex.: art 25 C.P. Exculpantes: excluem a culpabilidade, ex.: art. 26 C.P. autorizam uma conduta não descrevem uma infração penal, pois cumprem outra função. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ➔ COMISSIVAS: ação, conduta positiva. ➔ OMISSIVAS: omissão, conduta negativa. ★ CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA: não haverá conduta: - Força irresistível: a) Natureza: força da natureza sobre a qual o agente não possui absolutamente nenhum controle, nenhuma margem voluntária de escolha. b) Humana: força humana sobre a qual o agente não possui absolutamente nenhum controle, nenhuma margem voluntária de escolha. Somente…. (Coação moral irresistível -coação psicológica exclui culpabilidade). - ATOS REFLEXOS: imprevisíveis, fruto de reflexo incontrolável do organismo humano. - ATOS DE INCONSCIÊNCIA: produto exclusivo do inconsciente humano. OBS: embriaguez - possível excludente de culpabilidade. CONSUMAÇÃO X TENTATIVA 1. ITER CRIMINIS - percurso do crime (só se refere a crimes dolosos, às vezes um crime não reúne todas as fases) A) Cogitação: fase interna/mental (uma fase inalcançável pelo DP, é necessário externalizar. cogitação preparação execução consumação exaurimento Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG B) Preparação (“atos preparatórios”): atos para viabilizar a ocorrência futura de um crime. Ex.: alugar um veículo para a prática de um crime. Em regra, não são puníveis, serão quando estiverem expressamente tipificados. Ex.: Associação criminosa- art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Ex.: Petrechos para falsificação de moeda- Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa Ex.: Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido - art. 14, L 10.826/2003 - Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. C) Execução (“atos executórios”): início da prática criminosa. Uma divergência doutrinária é “quando começa a execução do crime?” Atos preparatórios X Atos executórios: - Teoria subjetiva: o começo se dá quando o sujeito exterioriza em forma de conduta a sua vontade. Não diferencia atos preparatórios de atos executórios, não é majoritariamente aplicada. - Teoria objetivo-formal: o começo se dá quando o agente pratica o verbo nuclear descrito no tipo incriminador, ex.: matar alguém, subtrair coisa móvel alheia. Deixa de fora uma série de condutas relevantes, como p. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ex., amarrar uma pessoa antes de matar, jogar gasolina antes de atear fogo na vítima. Já foi muito trabalhada, hoje, não mais. - Teoria objetivo-material: todas as condutas que produzirão imediato risco ao bem jurídico estão abarcadas, tanto o verbo nuclear, tanto o que antecedeu a prática do verbo nuclear do tipo incriminador. hoje, majoritária, permeando a teoria da hostilidade ao bem jurídico. - * Teoria da hostilidade ao bem jurídico (p. lesividade/ofensividade): lesão ou perigo concreto ao bem jurídico. Se de alguma maneira é afetado, já teria o começo dos atos executórios. Uma vez iniciada a execução, e o crime não se consuma por circunstâncias alheias, tem-se a tentativa. D) Exaurimento: tudo aquilo praticado após consumação delitiva. Em regra, é um “post factum” impunível. A depender da previsão legal, poderá representar um novo delito ou um aumento de pena, uma qualificadora, ex.: art. 317 p. 1(..), ocultação de cadáver. 2. CONCEITOS: Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I -consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG 2.1: CRIME CONSUMADO (ART. 14, I, CP): Ex.: estelionato - art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. OBS: - CRIMES MATERIAIS, OMISSIVOS IMPRÓPRIOS, CULPOSOS: Consumam-se quando há a produção do resultado naturalístico, ou seja, a modificação no mundo exterior. *Materiais: o crime material só se consuma com a produção do resultado naturalístico (altera a natureza das coisas), como a morte no homicídio (morte). *Omissivos impróprios: os delitos omissivos impróprios são praticados por meio de uma abstenção, um não fazer, mesmo diante de um tipo incriminador comissivo (ex.: mãe que mata o filho por não alimentá-lo). *Culposos: o agente não desejou nem assumiu o risco de ocorrência do resultado. Ex.: homicídio culposo. - CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS: consumam-se com a abstenção do comportamento imposto ao agente. *Omissivos próprios: os delitos omissivos próprios são praticados por meio de uma abstenção, um não fazer, diante de um tipo incriminador necessariamente omissivo. Ex.: omissão de socorro - Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG - CRIMES DE MERA CONDUTA: consumam-se com o simples comportamento previsto no tipo, não se exigindo qualquer resultado naturalístico. *Mera conduta: aquele crime em que o tipo penal descreve apenas a conduta humana, não havendo sequer a possibilidade de ocorrência de um resultado naturalístico. Ex.: violação de domicílio - Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. - CRIMES FORMAIS: consumam-se com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo, independentemente da obtenção do resultado esperado pelo agente, que, caso aconteça, será considerado mero exaurimento do crime. *Formais: nos crimes formais a lei descreve uma ação e um resultado, no entanto, o delito estará consumado no momento da prática da ação, independentemente do resultado, que se torna mero exaurimento do delito. Os crimes formais têm sua consumação independentemente da existência de um resultado, ainda que este venha a acontecer. Ex.: ameaça; extorsão. - CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO: consumam-se com a ocorrência do resultado agravador. Ex.: lesão corporal seguida de morte. - CRIMES PERMANENTES: consumam-se enquanto durar a permanência, vez que o crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo. Ex.: sequestro e cárcere privado. 2.2: CRIME TENTADO (ART. 14, II, CP): Tentativa: iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. CASO 1: X comprou uma faca para matar Y, e revelou a compra e o seu objetivo para Z, que contou tudo para o delegado. Em seguida, antes mesmo de Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG encontrar com Y, X foi preso sob acusação de tentativa de homicídio. (não houve início de execução, a acusação está errada). CASO 2: X ligou para Y exigindo que este lhe transferisse a quantia de mil reais ou mataria a filha deste. Y ordena a ordem de depósito para o gerente de seu banco. Ocorre que, antes de o dinheiro entrar na conta de X, este é preso e a operação é suspensa pelo banco. X deverá ser denunciado por crime de extorsão consumada ou tentada? (vide sum. 96, STJ c/c art. 158, CP). (extorsão é um crime formal, se consuma independente da obtenção da vantagem). CASO 3: X atirou em Y com o objetivo de matar. Ao ver a vítima atingida e agonizando, arrependeu-se e levou a vítima para o hospital, salvando-lhe a vida. X deverá responder por tentativa de homicídio. (não poderá ser tentativa de homicídio, não se deu por circunstâncias alheias). ESPÉCIES DE TENTATIVA: Perfeita (acabada, “crime falho”) o agente executou todo o seu plano de autor, fez tudo o que queria, mas ainda assim o crime não se consumou X Imperfeita (inacabada): o agente sofreu uma interrupção externa do plano do autor, não conseguiu fazer tudo o que queria. Vermelha (cruenta) atingiu o bem jurídico X Branca (incruenta) o bem jurídico não foi atingido ART. 14: pena de tentativa - Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. CASO 4: X, com o objetivo de matar Y, disparou inúmeros tiros contra a vítima. X deixou o local supondo que Y estava morto, mas depois tomou conhecimento de que a vítima sobreviveu. Uma tentativa perfeita e vermelha. INFRAÇÕES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA: - Contravenções penais: Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Art. 4°, LCP: “Não é punível a tentativa de contravenção”. - Crimes habituais: são delitos em que, para se chegar à consumação, é preciso que o agente pratique, de forma reiterada e habitual, a conduta descrita no tipo. O que se criminaliza não é o ato, mas sim o HÁBITO DO ATO. Se não há o hábito, estamos diante de uma conduta atípica, se há o hábito, a conduta é típica na sua forma consumada. Ex.: Exercício ilgeal da medicina, arte dentária ou farmacêutica: Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. (o que está sendo tipificado é a habitualidade). - Crimes preterdolosos: crimes qualificados pelo resultado, marcados ou caracterizados pela existência de DOLO na conduta antecedente + CULPA no resultado consequente. (não admitem a tentativa) Ex.: Art. 129, CP: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal seguida de morte : § 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. Pena - reclusão, de quatro a doze anos. - Crimes culposos: não admitem a tentativa, pois esta se dá quando o resultado não se consuma por circunstâncias alheias à VONTADE do agente. - Crimes em que a tentativa é punida com a pena da forma consumada: Art. 352, CP: Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. - Crimes unissubsistentes: unissubsistente é o crime no qual a conduta do agente se produz num único ato, não sendo possível vislumbrar, nem em tese, a forma tentada, ex.: injúria verbal. (Portanto, “crimes unissubsistentes" são aqueles que não admitem tentativa, em oposição aos “crimes plurissubsistentes”, que admitem, em tese, tentativa). - Crimes omissivos próprios: *Omissivos próprios: os delitos omissivos próprios são praticados pormeio de uma abstenção, um não fazer, diante de um tipo incriminador necessariamente omissivo. Ex.: omissão de socorro - Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. (se não prestou assistência o crime se consumou, “deixar de”, pouco importa se a pessoa abandonada morreu ou não). 3. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ: - Não se confundem com o conceito de tentativa criminosa. Na tentativa, a não ocorrência da consumação se dá por circunstâncias alheias à vontade do agente. - Desistência voluntária e arrependimento eficaz: *Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. - Ou seja, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz, em vez de o agente responder pela forma tentada (do crime mais grave), responderá pela forma consumada dos atos até então praticados (mais leves). Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG - CASO 1: X comprou uma faca para matar Y, e revelou a compra e o seu objetivo para Z, que contou tudo para o delegado. Em seguida, antes mesmo de encontrar com Y, X foi preso sob acusação de tentativa de homicídio. X deverá responder por lesão corporal consumada (muito mais benéfico que responder por tentativa de homicídio). Arrependimento eficaz. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ - ART. 15, CP - INÍCIO DE EXECUÇÃO SEM CONSUMAÇÃO - RESPONDE SÓ PELOS ATOS JÁ PRATICADOS - ATO VOLUNTÁRIO (basta que ele não tenha sido forçado a nada) - DURANTE A EXECUÇÃO DO PLANO DO AUTOR (ABANDONO DA EXECUÇÃO) - ART. 15, CP - INÍCIO DE EXECUÇÃO SEM CONSUMAÇÃO - RESPONDE SÓ PELOS ATOS JÁ PRATICADOS - ATO VOLUNTÁRIO (basta que ele não tenha sido forçado a nada) - APÓS A EXECUÇÃO DO PLANO DO AUTOR (CONDUTA ATIVA) - CASO 02: X atira em Y com o objetivo de matar. No curso da execução, muda de ideia e decide não ir adiante, deixando a vítima viva e ensanguentada. Y sobrevive. (Desistência voluntária, responderá por lesão corporal) - CASO 3: X atira em Y com o objetivo de matar. No curso da execução, muda de ideia e decide não ir adiante, deixando a vítima viva e Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ensanguentada. Y morre em decorrência da hemorragia. (Homicídio doloso consumado) - CASO 04: X atira em Y com o objetivo de matar, depois muda de ideia e leva a vítima para o hospital. Y sobrevive. (Arrependimento eficaz, lesão corporal). - CASO 05: X atira em Y com o objetivo de matar, depois muda de ideia e leva a vítima para o hospital. Y morre em razão da gravidade dos ferimentos. (Homicídio doloso consumado art. 15) - CASO 06: X atira em Y com o objetivo de matar. Supondo que Y estava morto, X abandona a vítima ensanguentada no local. Y sobrevive. (Tentativa perfeita/vermelha, tentativa de homicídio) - Caso 07: X dispara vários tiros contra Y, nenhum atinge a vítima, todos acertam a parede. (Tentativa branca (não tem como saber se é perfeita ou imperfeita) responde por tentativa de homicídio). - Caso 08: X dispara vários tiros contra Y, nenhum atinge a vítima, pois, na verdade a arma estava completamente desmuniciada. (Tentativa inidônea = crime impossível) OBS: nas diversas espécies de tentativa idônea (punível), existe um PERIGO CONCRETO de lesão, o que não ocorre na tentativa inidônea (o risco real não existe). 4. ARREPENDIMENTO POSTERIOR: Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. - CRIME SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA - REPARAÇÃO DO DANO OU RESTITUIÇÃO DA COISA - ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA/QUEIXA - VOLUNTARIEDADE (ainda que não seja espontâneo) - NATUREZA JURÍDICA: o arrependimento posterior é causa de diminuição de pena Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Ex.: X furtou 1.000,00 de Y, o delegado instaurou inquérito para investigar o ocorrido e, concluído o IP, o MP promoveu oferecimento de denúncia. Antes de o juiz apreciar a denúncia, X resolveu pagar a Y a quantia de 1.000,00 pois foi convencido por seu melhor amigo de que seria o melhor a fazer. X responderá por furto consumado, com pena diminuída em virtude do arrependimento posterior. IDÔNEAS: são aquelas condutas aptas que não chegaram a produzir a consumação delitiva, mas geraram um risco concreto na ocorrência da consumação. Potencialidade lesiva. Puníveis INIDÔNEAS: condutas que não geraram a consumação delitiva, como também jamais poderiam gerar. São condutas incapazes pela própria natureza das circunstâncias de provocar um risco real de consumação delitiva. O risco real de lesão não existiu, essa tentativa não é punível. CRIME IMPOSSÍVEL: - Será uma causa de exclusão da tipicidade. Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. - É impossível consumar-se o crime, inaptidão para gerar um risco concreto de lesão (tentativa inidônea) CRIME IMPOSSÍVEL = TENTATIVA INIDÔNEA TEORIAS: - SUBJETIVA: basta que o agente tenha exteriorizado sua vontade criminosa para que sua conduta seja punível. Não diferencia tentativa crime Autoridade policial: inquérito MP: Oferecimento de denúncia X pedido de arquivamento Juiz: recebimento da denúncia x rejeição da denúncia possibilidade temporal do arrependimento posterior Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG idônea e inidônea (“crime impossível”), ambas são puníveis. (não foi adotada no BR) - OBJETIVA PURA: para esta teoria, basta a ocorrência de uma NÃO CONSUMAÇÃO, em virtude de uma ineficácia do meio ou impropriedade do objeto, para que a conduta não seja punível. POUCO IMPORTA se essa ineficácia/impropriedade foram ABSOLUTAS ou RELATIVAS. (ex.: usei uma arma quebrada, durante uma tentativa de homicídio ela não funciona, na perícia, comprova-se que não disparou mas poderia ter disparado, uma ineficácia relativa. A teoria pura só vai levar em consideração que não houve assassinato, assim, não houve uma conduta que seja punível, pouco importa a ineficácia). - OBJETIVA TEMPERADA (BRASIL): a impunidade do crime impossível se impõe somente diante dos casos de ineficácia ou impropriedade ABSOLUTAS, mantendo-se a tipicidade e punibilidade para os casos de ineficácia/impropriedade relativas. (ex.: Uma mulher quer abortar, para Por ineficácia absoluta do meio Por impropriedade absoluta do objeto Crime impossível meio inócuo e inofensivo, assim, não possui NENHUMA aptidão para produzir o resultado lesivo pretendido.Ex.: placebo no lugar de “ibuprofeno” Aquele que não se enquadra no tipo, seja porque inexiste bem jurídico a se lesionar, seja porque a lesão já se exauriu de forma absoluta antes da conduta do agente. Ex.: atirar em uma pessoa que já está morta “meio” é tudo o que se utiliza para viabilizar a execução de um delito. “objeto” é tudo aquilo contra o qual se volta a conduta do agente, é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta. É impossível consumar-se o crime, inaptidão para gerar um risco concreto de lesão (tentativa inidônea) Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG isso compra um remédio vencido, chega a gerar um sangramento, mas não aborta.Esse único comprimido, se estivesse dentro da validade, conseguiria abortar. A eficácia diminuída é suficiente para tornar a conduta punível, já que o risco de lesão existe. Aqui não existe ineficácia absoluta). SÚMULA 145 -NÃO HÁ CRIME, QUANDO A PREPARAÇÃO DO FLAGRANTE PELA POLÍCIA TORNA IMPOSSÍVEL A SUA CONSUMAÇÃO. Sessão 06/12/1963 ATENÇÃO: Se a ineficácia ou impropriedade forem ABSOLUTAS, a conduta será impunível AINDA QUE O AGENTE TENHA ATUADO COM DOLO, e mesmo que a não consumação tenha sido devida a circunstâncias alheias à vontade do agente. ART. 17: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. EX.: comprei um placebo (totalmente ineficaz), usei-o para envenenar alguém, a perícia constata que o medicamento tinha ineficácia absoluta. Assim, é uma conduta impunível, mesmo agindo com dolo. “Flagrante preparado” X “Flagrante esperado” (flagrante forjado ou provocado) o flagrante preparado é aquele que a autoridade instiga ou de alguma forma auxilia a prática de um crime no flagrante esperado a autoridade sabendo que a conduta criminosa irá ocorrer apenas aguarda a possível prática delituosa Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG - CASO: X ingressou em um supermercado e, a todo tempo, sua conduta foi observada pelos funcionários responsáveis pela vigilância do local, por meio do circuito interno de televisão e filmagem. A conduta do agente fora monitorada durante todo o tempo, tendo sido visto o momento em que X colocou uma garrafa de bebida dentro do casaco. A permanência de X no local seguiu em observação enquanto os vigilantes aguardavam o momento mais oportuno para que fosse detido, o que ocorreu no exato momento em que X tentou sair do estabelecimento sem pagar o referido item. Na ocasião, a equipe de segurança já estava de prontidão na saída do mercado, preparada para prender X em flagrante delito. X foi acusado de furto, e em sua defesa, alegou ser crime impossível. CRIME IMPOSSÍVEL: o agente, agindo com dolo, acredita que poderá atingir o resultado almejado, apesar de não ser possível ,dada a ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto. (ex.: busca envenenar a vítima, mas coloca substância inofensiva na sua bebida) ERRO DE TIPO: o agente não atua com dolo, não tem o objetivo de praticar um crime, ele interpreta equivocadamente os fatos. (ex.: pensando apenas em agradar e ser útil, a cozinheira acrescenta na refeição da patroa uma substância que lhe causa grave alergia, matando-a) DELITO PUTATIVO: o agente pretende cometer um delito, mas não consegue seu intento porque a conduta eleita não constitui fato típico. (ex.: o agente deixa de pagar dívida, instrumentalizada por meio de nota promissória, crendo ser infração penal, quando, na realidade, não é) Caso atropelamento: houve conduta (culposa), resultado; porém, ficou faltando o nexo de causalidade. Caso HABIB'S: causa mortis foi infarto (uso de entorpecentes),não foram as hemorragias decorrentes da lesão corporal. O segurança foi responsável pela morte? Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG NEXO DE CAUSALIDADE: A linha que conecta a conduta ao resultado. Mostrando que o resultado derivou da conduta a qual se pretende imputar. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA: A causa é aquele evento adequado, apto, idôneo para a produção do resultado. Problema: Adota um conceito muito restritivo de causa. TEORIA DA RELEVÂNCIA JURÍDICA: A causa é tudo aquilo juridicamente relevante para a produção do resultado. Problema: Tem muita falta de precisão. TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS (CONDITIO SINE QUA NON): Todos os eventos que antecederam os resultados, relevantes ou com pouca relevância, equivalem ao status de causa. Causa é ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido tal qual ocorreu. Relação de causalidade Art. 13 — O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Juízo hipotético de eliminação: suprimindo o evento mentalmente, o resultado se altera? se sim, estamos diante de uma causa. Crítica: regresso ao infinito. Esses filtros da conditio sine qua non, são utilizados, p. ex., no exame do dolo e culpa. Exemplo: genitores do criminoso. CONCAUSAS: são doutrinariamente divididas em absolutamente independentes (sem vínculo de origem, independentes entre si; Identifica-se a concausa responsável pela consumação e a todas as outras se imputa, no máximo, a tentativa) e relativamente independentes (possuem um vínculo de origem; concausas conectadas entre si; o resultado não deriva de uma ou de outra, mas de uma soma de esforços; imputa-se a todas, conjuntamente, a consumação). Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou Concausa absolutamente independentes: tentativa Concausas relativamente independentes: Consumação. - concausa relativamente supervenientes: “por si só produziu o resultado?” - se rompeu o nexo - significa dizer que o agente vai responder pela tentativa. - MOMENTO: ● Pré-existentes ● Concomitantes ● Supervenientes - O fato de “b” estar baleado dentro da ambulância foi irrelevante, porque o que o matou foi o acidente da ambulância. “a” atira em “b” “b”sobrevive “b”- ambulância Ambulância cai de um viaduto: todos morrem, inclusive “b” “A” responde por: tentativa ou consumação? Acidente da ambulância: rompe o nexo de causalidade? Não rompe o nexo de causalidade ROMPE O NEXO DE CAUSALIDADE: o agente irá responder por tentativa tentativa consumado Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Erro médico grave também rompe nexo de causalidade. TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA (Não é uma teoria e sim uma sistematização de várias teorias. Roxin- sistematizador): barrar a imputação/ restringir a relação de causalidade. - Filtros/obstáculos de imputação X regresso ao infinito - Risco permitido X Risco proibido ➔ Prognose póstuma objetiva Não há crime se o risco é juridicamente irrelevante. foi criado pela própria vítima. ➔ Não serão imputáveis como causa uma conduta em situação de DIMINUIÇÃO DE RISCO. ➔ Não há crime se o agente apenas aumentou um risco permitido, Claus Roxin trabalha em um precedente no tribunal alemão, no caso dos fabricantes de pincéis. Ainda que os pincéis houvessem sido submetidos ao processo de esterilização, ainda assim a bactéria não teria morrido, assim os fabricantes não poderiam ser considerados causadores. Eles apenas aumentaram o RISCO PERMITIDO. ➔ Esfera de proteção da norma: só se pode falar em crime quando a conduta do agente afronta a esfera de proteção da norma. //// Schunemann vai dizer que o comportamento arriscado da vítima vai tirar a situação fática da esfera de proteção da norma (ex. induzir uma pessoa a erro para garantir vantagens (fins econômicos) - estelionato, mas situações nas quais a vítima não adotasse uma postura prudente em relação aos seus bens, não seria estelionato, já que foi erro da vítima - seria uma vítima-dogmático - o estado deveria punir a vítima que não tomou cuidado para com a tutela de seus bens) (não haveria crime). No caso do achocolatado, escolher os filtros vítima-dogmático/ esfera de proteção da norma seriacomplicado, já que a vítima seria a criança, gerando discussão ao aplicar aos pais e dono do mercadinho. Para a figura do ladrão: Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG O resultado não poderia ser atribuído ao dono do mercadinho já que, o achocolatado não estava disponível no horário comercial, então foi um risco juridicamente irrelevante. TIPICIDADE: FORMAL X MATERIAL X CONGLOBANTE X TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO - FORMAL: uma conduta formalmente típica é aquela que se enquadra na descrição/redação do tipo incriminador. EX.: Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Conduta formalmente típica, enquadramento entre a conduta e os elementos objetivos descritivos no tipo incriminador. - MATERIAL: pensada a partir da teoria do bem jurídico (ROXIN), o direito penal só se legitima se estiver tutelando bens jurídicos, além disso precisa ferir de forma significativa o bem jurídico. ➔ Conduta materialmente típica, é aquela que ofende de forma significativa o bem jurídico tutelado pela norma penal, o princípio da insignificância, dessa forma, vai ser trabalhado como uma forma de exclusão da tipicidade material. ➔ Tipicidade = tipicidade formal + tipicidade material (se existe tipicidade formal, mas falta a material, a conduta é atípica) - CONGLOBANTE: impedir que o mesmo ordenamento jurídico agregue mandamentos contraditórios entre si. CASO: Policial entra na casa de X para cumprir mandado de busca e apreensão; entra contra a vontade de X, e leva o computador de X para a perícia. O policial não cometeu crime de violação de domicílio ou de furto, porém, praticou uma conduta típica, mas não é crime pelo argumento de excludente de ilicitude: estrito cumprimento de um dever legal. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ➔ Zaffaroni diz que não faz sentido, que é contraditório, ao mesmo tempo em que não é crime é típico. Não haverá crime, em qualquer das hipóteses, o problema é o argumento. ➔ - Tipicidade = formal + conglobante ➔ Tipicidade material: Zaffaroni não nega o pensamento de Roxin. ➔ TIPICIDADE CONGLOBANTE = tipicidade material (ROXIN) + ANTINORMATIVIDADE ➔ Antinormatividade: é aquela conduta que não se encontra estimulada por nenhum outro ramo do direito. ➔ Excludentes de tipicidade: para Zaffaroni, o estrito cumprimento de um dever legal, o exercício regular de um direito e outros comportamentos estimulados são EXCLUDENTES DE TIPICIDADE ➔ Tudo que é estimulado não pode ser chamado de conduta típica, é contraditório. Faltará a tais casos a antinormatividade. (ou seja, são condutas normativas, estimuladas por normas do ordenamento jurídico) ➔ Para Zaffaroni, legítima defesa e estado de necessidade, continuam sendo causas de ilicitude. - ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO: ilicitude como essência da própria tipicidade. Para essa teoria, tudo aquilo que hoje chamamos de excludentes de ilicitude, seriam excludentes da própria tipicidade. ➔ O tipo seria a ratio essendi da antijuridicidade ➔ Tipicidade e antijuridicidade/ilicitude integrariam uma mesma essência ➔ Todas as normas permissivas, as excludentes de ilicitude, seriam excludentes de tipicidade. ESTRUTURA DO TIPO INCRIMINADOR: - Classificação de tipos penais: Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ➔ Incriminadores: Preceito primário (descreve a conduta) X preceito secundário (descreve a pena) EX.: Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê- la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Elementos objetivos: (descritivos, normativos etc.) a descrição, tudo o que compõem a redação do tipo incriminador. Elementos Subjetivos: No caso, o elemento subjetivo é o dolo. Núcleo do tipo: corresponde ao verbo do tipo incriminador, no caso acima, seria subtrair. Elementos normativos do tipo: elementos objetivos que integram a descrição do tipo, mas cujo conceito/significado varia no tempo/espaço. Por exemplo, ato obsceno: Art. 234. Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. ● Tipicidade subjetiva: relação de correspondência entre o elemento subjetivo do tipo e subjetivo da conduta. houve a intenção, dolo etc. É típica. EX.: Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. ● Tipicidade objetiva: conduta equivale a redação do tipo incriminador. ➔ Não incriminadores (não definem crimes) Permissivos (justificantes ou exculpantes): quando autorizam uma determinada conduta. Justificante é sinônimo de excludente da ilicitude. Exculpante é sinônimo de excludente da culpabilidade, p. ex., a obediência hierárquica, a coação moral irresistível. Explicativos: Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Complementares: Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime Em relação ao crime de infanticídio, depois de matar o filho, a mãe o coloca na lavanderia, essa conduta dela pode ser o exaurimento do iter criminis? Resposta: sim, é um post factum impunível, mas na hora da dosimetria da pena, seria levado em consideração OMISSÃO IMPRÓPRIA (PENALMENTE RELEVANTE): - Crimes COMISSIVOS: tipo incriminador descreve um “fazer”, e será esse tipo que virá a ser imputado a uma conduta que é igualmente comissiva, ou seja, que se perfaz em um “fazer”. Relação perfeita em correspondência, em que o tipo penal descreve e o que a conduta representa. - Crimes OMISSIVOS: ● próprios/puros: o tipo incriminador descreve um não fazer, uma omissão, que se enquadra no não fazer que se encontra descrito no tipo incriminador ● Impróprios/comissivos por omissão: situação peculiar. Tipos incriminadores são comissivos, descreve um fazer, porém, estamos diante de uma conduta omissiva. Hipótese de atipicidade. A princípio não poderá punir quem não fez nada quando o tipo incriminador que criminaliza um fazer; porém, existem determinados casos em que a omissão será penalmente relevante. Dessa forma, poderá considerar essa conduta típica, desde que o sujeito ativo desta conduta seja um garantidor, que também é Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG chamado de “garante” (art. 13, p. 2, CP) - § 2º . A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (ex.: cuidadores, babás, pessoas que por qualquer razão assumiram a responsabilidade de cuidado). c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. ➔ GARANTIDORES: A omissão é penalmente relevante. Tipo penal comissivo aplicar a uma conduta comissiva, é necessário provar que esse omitente era um garantidor, além disso, que o omitente devia agir (hipóteses do art. 13, p.2, CP), e é preciso provar também, que o omitente podia agir (razoabilidade/proporcionalidade),a ninguém é obrigado a fazer o impossível. Se o omitente era o garantidor que devia e podia agir, mas nada fez, será responsabilizado como se tivesse ativamente/comissivamente causado o resultado que não impedir. Seja título de dolo, seja a título de culpa. - * Nexo de não-impedimento. CASO 1: A banhista 1; B salva-vidas; C banhista 2 1. A e B conversam e não percebem C se afogando. C morre. 2. No caso anterior, suponha que A percebeu o afogamento, mas B, não. C morreu. 3. No caso anterior, suponha que A e B perceberam o afogamento e nada fizeram. C morreu. 4. No caso 3, suponha que a vítima foi salva por um banhista 3, “D”, e sobreviveu. OBS: considere, em todos os casos, que os agentes A e B poderiam agir. Resolução: - Situação 1: A só poderia responder por crime se existisse um tipo incriminador específico para ele. O sujeito B é um garantidor, deveria agir Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG e poderia, dessa forma, será responsabilizado pelo resultado que não impediu na forma culposa (homicídio culposo comissivo por omissão/ omissivo impróprio) - Situação 2: B será responsabilizado (homicídio culposo comissivo por omissão) e A será responsabilizado por omissão de socorro. - Situação 3: A (omissão de socorro, crime doloso); B (homicídio doloso omissivo impróprio/ comissivo por omissão). - Situação 4: A, existe um debate se poderá imputar a omissão de socorro. Para B, responderá por tentativa de homicídio omissivo impróprio. CRIMES DOLOSOS: Art. 18, Crime doloso, I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; Crime culposo, II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Quando fala-se em dolo, abarca tanto o querer quanto o assumir o risco. Quando fala-se em culpa, abarca-se a imprudência, negligência e imperícia, além do não querer e não assumir o risco. Os tipos dolosos: regra geral; Os tipos culposos: exceção legal; o legislador precisa mencionar expressamente a culpa. ELEMENTOS DO DOLO: - Dolo natural (“dolus bonus”): vontade; consciência do fato. - Dolo normativo (“dolus malus”): vontade; consciência do fato; consciência da ilicitude do fato Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Hoje, trabalhamos com o dolo natural. A consciência, hoje, é elemento autônomo e, situado na culpabilidade (Hans WELZEL, finalismo penal). EX.: art. 148, CP, Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos. - Basta vontade + consciência do privar de liberdade art. 159, CP, Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. - Basta vontade + consciência do privar de liberdade + especial fim de agir (obter resgate) art. 155- Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa - Dolo específico, já que especifica “para si ou para outrem”, finalidade de se assenhorar da coisa, ou fazer com que terceiros se assenhorem. Exemplo: A, no momento em que B saiu da sala, tirou o computador de B da mochila, levou para a sala ao lado com o fim de fazer breve pesquisa de Dolo genérico: Dolo específico: regra geral -> basta provar a vontade e consciência na produção do resultado. Tipos DOLOSOS O legislador exigiu, expressamente, um especial fim de agir (para; para o fim de; com o fim de…) sob pena de atipicidade subjetiva Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG jurisprudência (via wi-fi gratuito) e colocou de volta o equipamento 10 min depois, antes que B percebesse. - “Furto de uso”: é uma conduta atípica, em virtude dessa atipicidade subjetiva. TIPICIDADE: - Objetiva: a conduta corresponde ao que está descrito no tipo incriminador? - Subjetiva: tipos dolosos só podem ser aplicados a condutas dolosas; tipos culposos só podem ser aplicados a condutas culposas. - Material: a conduta lesiona, significativamente, um bem jurídico? DOLO GERAL: verifica-se na hipótese de erro de tipo sucessivo - Aberratio causae”, mantendo-se a incidência do tipo penal incriminador em virtude da existência de uma “vontade geral” de produzir o resultado. Exemplo: A quer matar B e dispara tiro contra a vítima. A, supondo que B estava morto, enterra o corpo da vítima. B morre, mas perícia identifica terra no pulmão, concluindo que B morreu por asfixia no momento em que foi soterrado. - Diante desse caso, o agente será punido de que maneira? Furto de uso Desde o início: vontade de usar e devolver (não é o caso de furto com arrependimento eficaz) Existiu a efetiva devolução Devolução em breve lapso temporal Coisa devolvida com a integridade preservada Antes da vítima perceber (discussão doutrinária polêmica) OBS: “roubo de uso” não é uma tese admitida Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Tese 1: A responde por tentativa de homicídio + homicídio culposo consumado Tese 2: A responde por homicídio doloso consumado. (houve um dolo geral de matar) erro de tipo sucessivo, a causa morte verdadeira não foi a mesma que a planejada pelo agente, porém, basta a vontade de matar, independente do meio e da causa TEORIAS DO DOLO: - Teoria da vontade: dolo = querer X. - Teoria do assentimento: dolo = assumir o risco (teoria adotada pelo código penal brasileiro). DOLO Direto: Primeiro grau Segundo grau Indireto Alternativo Eventual “Querer” “tanto faz” ex.: quero matar A, mato A. Vontade direcionada para um fim provocada pelo sujeito. ex.: quero matar A, mas, para isso, precisarei também matar B. Houve D.D 1° contra A, e D.D 2° contra B. Dolo necessário, existe um querer, mas é um querer porque entende-se ser uma etapa necessária para alcançar o verdadeiro fim. Objetivo: ex.: quero matar ou lesionar B. Existe um tanto faz. Subjetivo: ex.: quero matar A ou B, tanto faz. É dolo, mesmo que haja alternatividade em relação à vítima. ex.: A dirigia a 140km/h, avançou o sinal, matou B. assumiu o risco de matar alguém Prevê o resultado + o aceita/ sentimento de indiferença quanto ao resultado. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Art. 18, Crim1e doloso, I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; TIPICIDADE. TIPOS CULPOSOS E PRETERDOLOSOS: - Culposos: Art. 18: Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. - São os resultados causados pelo agente que não desejou, nem assumiu o risco de produção, todavia, o causou em virtude da inobservância de um dever de cuidado (imprudência, negligência ou imperícia) - São uma exceção legal. ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO: a) Conduta: tanto pode ser comissiva ou omissiva; teoria finalista, é direcionada para um fim lícito. b) Resultado: se efetivamente causou a lesão: …. se efetivamente causou a morte: homicídio culposo; crimes culposos não admitem tentativa. OBS: parte da doutrina defende a possibilidade de tentativa nos crimes culposos, especificamente nos casos de descriminantes putativas por erro de tipo vencível. c) Nexo: deve haver uma relação entre a inobservância do dever de cautela e o resultado lesivo. d) Previsibilidadeobjetiva:o resultado era previsível (mesmo que o agente não tivesse previsto). Faz-se uma análise abstrata- “homem médio” (recurso valorativo axiologicamente neutro, porém percebe-se que não tão neutro como deveria ser - críticas). Portanto, se o resultado era 1 Diferenciar dolo eventual de culpa consciente: diferenciar na próxima aula 20/09. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG Elementos dos crimes culposos Conduta Resultado Nexo Previsibilidade objetiva Tipicidade Inobservância de um dever de cuidado Imprudência, negligência ou imperícia objetivamente imprevisível, não haverá crime culposo; -subjetiva: o agente, efetivamente, previu o resultado. e) Tipicidade: f) Inobservância de um dever de cuidado: imprudência (conduta positiva/ação), negligência (conduta negativa/omissão - deixa de fazer algo que deveria) ou imperícia (inaptidão, momentânea ou não, para um perito ou um profissional desempenhar uma determinada técnica ou atividade. ESPÉCIES DE CULPA: - Culpa própria X Culpa imprópria ➔ Própria: propriamente dita, o agente não quis, nem assumiu o risco do resultado; ➔ Imprópria: culpa com “vontade”; o agente “quis” o resultado. OBS: a culpa imprópria, está presente nas hipóteses de descriminante putativa por erro de tipo vencível. - Culpa inconsciente X Culpa inconsciente Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ➔ Inconsciente: não há previsibilidade subjetiva, culpa sem previsão; o agente não previu o resultado que lhe era previsível. ➔ Consciente: culpa com previsão subjetiva (com previsibilidade objetiva); o agente previu o resultado, porém acreditava que o resultado não aconteceria. - Culpa temerária: culpa gravíssima, há um excesso de inobservância do dever de cautela. DOLO EVENTUAL X CULPA CONSCIENTE DOLO EVENTUAL CULPA CONSCIENTE - Não quis o resultado, mas assumiu o risco; - Fórmula subjetiva: previu o resultado + aceitou a possibilidade de causá-lo; - “Pode ser que ocorra, mas pouco me importa” - Sentimento de indiferença - Não quis o resultado, nem assumiu o risco; - Fórmula subjetiva: previu o resultado + afastou a possibilidade de causá-lo; - “Pode ser que ocorra, mas não comigo, pois impedirei a ocorrência” - Sentimento de super confiança. 2Não se admite compensação de culpas, assim como culpa presumida, no direito penal. CRIMES PRETERDOLOSOS: (tipo incongruente: a vontade é menor que o resultado. TIPO PRETERDOLOSO CONDUTA ANTECEDENTE RESULTADO CONSEQUENTE 2 Compensação de culpas e culpa presumida Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG deriva de dolo deriva de culpa + - Os crimes preterdolosos não admitem tentativa; - Ex.: lesão (cond. ante. - dolo) corporal seguida de morte (res. mor. - culpa); lesão corporal seguida de aborto. Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO (gênero) X CRIMES PRETERDOLOSOS (espécies) Crimes qualificados pelo resultado Conduta antecedente Resultado consequente DOLO DOLO CULPA DOLO CULPA CULPA OBS: os preterdolosos são espécies do gênero “crime qualificado pelo resultado”, que só admitem dolo no ant. e culpa no cons. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG - Latrocínio: crime qualificado pelo resultado. Roubo (subtração) + morte Admite: Dolo + dolo Dolo + culpa Ele admite essas duas possibilidades, portanto, não poderá chamar o latrocínio de preterdoloso. 3 ERRO DE TIPO - Conceito: todo erro de tipo decorre de uma má representação da realidade, seja por ignorância (desconhecer determinada circunstância), seja por equívoco na interpretação de algo. - Consequência: depende da espécie e da vencibilidade do erro. 3 Próxima aula, 27/09, será sobre erro de tipo. Dolo: vontade + consciência (ou seja, o agente quis o resultado e sabia que estava causando, havia pleno conhecimento das circunstâncias fáticas ao redor). Culpa: o agente não quis, nem assumiu o risco do resultado, mas o causou em virtude de um descuido (imprudência, negligência ou imperícia). Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ERRO DE TIPO ESSENCIAL: OBS: todo erro de tipo está relacionado a uma ignorância dos fatos ou má interpretação da realidade. - Conceito: nesse caso, o erro recai sobre as elementares do tipo, isto é, sobre as circunstância fáticas que integram a essência do tipo incriminador. EXEMPLOS: Art. 121. Matar alguém: (um atirador vai a uma floresta para matar um animal que está em frente a um arbusto, mas acaba matando uma pessoa) ERRO DE TIPO ESSENCIAL ACIDENTAL Invencível/justificável/ escusável Vencível/justificável/in escusável Erro sobre o objeto (error in objecto) Erro sobre a pessoa (error in persona) Erro na execução (aberratio ictus) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis/delicti) Erro sobre a causa (aberratio causae) erro se relaciona com as element ares do tipo ignorân cia ou má int. da realidad e exclui dolo e culpa exclui dolo, pune a culpa (se houver previsão legal do tipo culposo) erro se relaciona com os elementos externos ao tipo, acessório Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ➔ Quem é esse “alguém?” - elemento acidental, acessório, não se trata de uma circunstância fática elementar do tipo incriminador (fora da narrativa das elementares do tipo). Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: (não tinha a consciência) ➔ Consequências jurídicas: a) Erro de tipo essencial invencível/justificável/escusável: o erro é comum, qualquer pessoa mediana poderia ter incorrido nesse mesmo erro (“homem médio”). EXCLUI DOLO E CULPA (o agente não responderá pelo respectivo crime). b) Erro de tipo essencial vencível/justificável/inescusável: "o homem médio não teria cometido”, portanto o erro derivou de uma desatenção - EXCLUI O DOLO, MAS SE PUNE A CULPA se houver tipo culposo previsto em lei. ERRO DE TIPO ACIDENTAL: - Conceito: também se relaciona a uma má interpretação dos fatos, todavia, nesse caso, trata-se de uma má interpretação relacionada a circunstâncias fáticas externas ao tipo, que não integram a estrutura essencial do crime. - Consequências jurídicas: como a estrutura essencial do tipo foi plenamente preenchida, o erro acidental NÃO AFASTA DOLO OU CULPA, não torna lícita a conduta, e o agente RESPONDERÁ CRIMINALMENTE. - Espécies de erro de tipo acidental: Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ➔ ERRO SOBRE O OBJETO: ➢ “Objeto” é a coisa sobre a qual recai a conduta. ➢ O agente tem vontade e consciência de praticar o ilícito, mas sua conduta acaba recaindo sobre objeto/coisa diferente. ➢ ERRO IRRELEVANTE, o agente responderá normalmente pelo crime. ➔ ERRO SOBRE A PESSOA: ➢ “Pessoa”, nesse caso, é o sujeito passivo da conduta. ➢ No error in persona, o agente CONFUNDE AS VÍTIMAS, ex.: “quero praticar o ilícito contra A, mas pratico contra B porque CONFUNDI as vítimas.” ➢ O agente responde pelo crime COMO SE TIVESSEATINGIDO A VÍTIMA PRETENDIDA. ➢ Art. 20, CP: Erro sobre a pessoa § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. ➔ ERRO NA EXECUÇÃO: ➢ O agente acaba praticando a lesão contra pessoa diversa da pretendida, mas não por motivo de confusão entre as vítimas, e sim por conta de alguma falha na execução. ➢ ERRO DERIVA DE ACIDENTE OU FALHA NA EXECUÇÃO DO DELITO. ➢ O agente responde pelo crime COMO SE TIVESSE ATINGIDO A VÍTIMA PRETENDIDA. ➢ Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. ERRO SOBRE A PESSOA ERRO SOBRE A EXECUÇÃO quer praticar o crime contra pessoa X, mas atinge pessoa Y. quer praticar o crime contra pessoa X, mas atinge pessoa Y. responderá pelo crime como se tivesse atingido a vítima pretendida. responderá pelo crime como se tivesse atingido a vítima pretendida. quer atingir pessoa quer atingir pessoa motivo do erro> confundiu as vítimas (achou que x era y). motivo do erro: houve um acidente/falha na execução (mirou em x, mas o tiro acertou y). ➔ RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO: ➢ Existe aqui um erro quanto ao BEM JURÍDICO atingido: o agente QUER ATINGIR COISA, MAS ATINGE PESSOA. ➢ ERRO DERIVA DE UM ACIDENTE OU FALHA NA EXECUÇÃO. ➢ O agente responderá pela forma CULPOSA DO CRIME CONTRA A PESSOA. ➢ Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. ERRO NA EXECUÇÃO RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO acidente ou erro na execução do crime acidente ou erro na execução do crime quer atingir pessoa, mas atinge pessoa diversa quer atingir coisa, mas atinge pessoa O agente responde com base nas características da vítima pretendida o agente responde pela forma culposa do crime contra a pessoa Se o agente produz ambos os resultados (atingindo pessoa pretendida + não pretendida): responderá pelo concurso de crimes. Se o agente produz ambos os resultados (atingindo tanto a coisa pretendida quanto a pessoa não pretendida): responderá pelo concurso de crimes. ➔ ERRO SOBRE A CAUSA:4 ➢ Trata-se de erro que reside sobre a CAUSA DO RESULTADO. ➢ O agente QUER PRATICAR O CRIME, mas sob outra causa criminis, ex.: quero matar X por afogamento, mas acabo matando X por meio de traumatismo craniano. ➢ O agente responderá pelo crime normalmente. - Descriminantes putativas por erro de tipo (erro de tipo permissivo): 4 Começar a próxima aula, 04/10, por descriminantes putativas. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG ● O agente supõe estar vivenciando uma situação fática que, se realmente existisse, tornaria a sua ação legítima. (comportamento lesivo) Ex.: legítima defesa putativa; Estado de necessidade putativo; Cumprimento putativo de um dever legal. ● O erro reside na interpretação dos fatos. Caso: João, ao caminhar pela noite numa rua deserta, observa José caminhando em sua direção, portando um instrumento metálico que, por pura desatenção, julgou equivocadamente ser uma arma. Com o objetivo de Descriminantes por erro de tipo Erro de proibição indireto “Erro de tipo permissivo” “Erro de permissão” Erro de tipo -> Erro de fato Erro de proibição -> erro de dir. (má interpretação dos fatos) (má interpretação do ord. jur.) O agente acha que esta acontecendo algo, que na verd. não está acontecendo O agente acha que o ordenamento previu uma descriminante que, em verdade, não foi prevista. Exclui tipicidade Exclui culpabilidade Invencível/justificável/escusável Vencível/injustificável/inescusável Descriminante putativa por erro de tipo Exclui-se dolo e culpa. Exclui-se o dolo, mas se pune por culpa, se tipo culposos houver em lei. Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG defender-se, João atirou contra José para matar, acertando o rosto do mesmo. A situação é percebida por populares, que identificam o equívoco de João e o impedem de matar José. José sobrevive, mas com lesões graves. Faça uma análise jurídico-penalmente sobre a conduta de João e suas consequências. R: João, ao atirar em José, acreditando que o mesmo portava uma arma, agiu com erro de tipo em legítima defesa putativa (no primeiro momento), porém, os populares que estam presentes no momento do ato de João, identificaram o erro (homem médio), dessa forma, exclui-se o dolo, mas se pune por culpa, já que este erro não era invencível, não se aplicando o art. 20, p. 1. R. da professora: Descriminante putativa; legítima defesa putativa; erro vencível; exclui dolo, pune a culpa; culpa imprópria (tentativa culposa de homicídio ou lesão corporal culposa. ANTIJURIDICIDADE/ILICITUDE - Justificantes (excludentes de ilicitude) previstas no CP: ● Estado de necessidade ● Legítima defesa ● Estrito cumprimento de um dever legal ● Exercício regular de um direito ➔ Rol enumerativo: ● Consentimento do ofendido: justificante supralegal/extra legal - OBSERVAÇÕES GERAIS: ● O excesso é sempre punível -> seja doloso ou culposo ● Elemento subjetivo nas justificantes (não tem previsão legal, mas doutrina e jurisprudência exigem componente subjetivo nas justificantes). Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG TEORIAS Unitária: 1 espécie de E.N. Diferenciadora: 2 espécies de E.N. Justificante (exclui ilicitude) Exculpante (exclui culpabilidade) Justificante (exclui ilicitude) Bem jurídico protegido tiver valor superior ao bem jurídico sacrificado Vida > patrimônio Se o bem jurídico protegido vale mais que o bem jurídico sacrificado ou tem o mesmo valor, terá a Brasil, CPM Brasil, CP Valor maior ou igual. Vida > patrimônio Vida = vida Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. - “Perigo atual” (está acontecendo) -> risco (Pessoa; animal; coisa) [perigo-pessoa (estado de necessidade) não é igual a “injusta agressão” (legítima defesa)] ---- “Não provocou por sua vontade” (quem causa dolosamente o risco, não pode alegar estado de necessidade) ------ “Não podia evitar” -> se for possível fugir do perigo, o agente não poderá enfrentá-lo. ------ Estado de necessidade próprio ou E.N. de terceiro. ---- Razoabilidade § 1 º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2 º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. ➔ Tipicidade é um elemento indiciário da ilicitude. - Ratio cognoscendi ESTADO DE NECESSIDADE Aluna: Ana Beatriz de Morais/ Professora: Daniela Portugal / 2021.2 / FBDG LEGÍTIMA DEFESA: 5 - Art. 25: Entende-se em legítima defesa quem,
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