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Cirurgia no Paciente Hepatopata 1 🥓 Cirurgia no Paciente Hepatopata Bárbara Aguiar dos Santos Medicina UFMG - 158 Cirurgia no Paciente Hepatopata Doenças prevalentes, de tratamento cirúrgico, no paciente hepatopata: Colelitíase; Hérnia umbilical; Complicações de úlcera péptica; Sangramento de varizes esofagianas; Neoplasias do TGI. As hepatopatias, especialmente a cirrose, aumentam de duas a dez vezes o risco de morte após cirurgias; Mesmo durante a fase compensada, em que o indivíduo pode ser muitas vezes assintomático, já existem alterações fisiopatológicas que podem representar risco ao paciente durante procedimentos cirúrgicos; Pode-se dividir as complicações resultantes da cirrose em dois grupos: Hipertensão Porta - relacionadas à deformação do parênquima hepático: Varizes gastro-esofágicas; Ascite; Circulação colateral retroperitoneal; Hiperesplenismo. Alterações metabólicas - relacionadas à função dos hepatócitos: Hipoalbuminemia; Coagulopatia; Sarcopenia; Hipoglicemia; Déficit de proteínas do complemento; Encefalopatia; Hiperbilirrubinemia. ❗ Doenças hepáticas crônicas podem ser acompanhadas de um estado de hipercoagulabilidade, com ativação e consumo exacerbados dos fatores de coagulação, acima da capacidade de reposição pelos hepatócitos. Esse quadro é conhecido como coagulação intravascular disseminada. A cirrose provoca disbiose e aumento da permeabilidade intestinal, o que favorece a translocação bacteriana e bacteremia sistêmica; A encefalopatia é uma complicação relativamente comum no contexto de cirrose hepática, porém trata-se de um quadro grave que pode levar o paciente ao coma. Existem fatores pós-operatórios que podem precipitar uma crise, tais como: Hipovolemia; Distúrbios iônicos; Constipação intestinal; Desidratação; Drogas anestésicas e sedativas; Fatores de risco relacionados à cirrose: Score de MELD; Índice de Child-Turcotte-Pugh (CTP); Cirurgia no Paciente Hepatopata 2 Níveis de albumina; Contagem plaquetária; Presença de ascite; Quadro prévio de encefalopatia; Varizes gastroesofágicas ou abdominais; Hipertensão portal. Fatores de risco relacionados à cirurgia: Cirurgia de emergência; Tipo de cirurgia; Complexidade da cirurgia; Duração da cirurgia; Necessidade de transfusão sanguínea intraoperatória; Fatores de risco relacionados ao paciente: Idade, gênero e etnia; IMC; Uso de álcool ou de tabaco; Classificação ASA; Status funcional; Diabetes; Sepse; Índice CTP: Este score classifica o paciente em níveis de gravidade da doença hepática: Child A: 5-6 pontos; Child B: 7-9 pontos; Child C: 10-15 pontos. Trabalhos científicos demonstram relação íntima entre a mortalidade pós-operatória e o índice CTP; Operações eletivas não devem ser indicadas para pacientes Child C; Escala de MELD: Trata-se do índice que determina a prioridade de recebimento de transplante para pacientes com esta necessidade; Leva em conta o RNI, a creatinina e a bilirrubina. Em pacientes com risco muito grande de realizar a cirurgia, o médico pode buscar abordagens terapêuticas com objetivo de compensar a hepatopatia ou outras comorbidades; O médico também pode, neste contexto, tentar reduzir o vulto operatório. Cirurgia no Paciente Hepatopata 3 Pré-Operatório Abordagem da hipertensão porta: Uso de beta-bloqueadores não seletivos - auxiliam na redução do sangramento intraoperatório; Realização de ligadura elástica em pacientes com varizes gastroesofágicas de médio a grosso calibre (pelo menos duas semanas antes da cirurgia proposta); Controle da ascite com redução de sódio na dieta e uso de diuréticos. Abordagem da insuficiência hepática: Suporte nutricional; A ictérica pode provocar insuficiência renal por causa do depósito de pigmentos. Sendo assim, o paciente ictérico deve ser bem hidratado no período perioperatório; Correção da coagulopatia - apenas para pacientes com níveis plasmáticos de fibrinogênio abaixo de 100; ❗ Embora os exames laboratoriais apontem para disfunções de coagulação, a relação entre estes achados e o risco intraoperatório de hemorragia é controversa. Assim, exceto para situações específicas, não está indicada correção pré- operatória de rotina com hemoderivados. Usualmente, a equipe cirúrgica faz a reserva dos hemoderivados no pré-operatório, utilizados apenas em quadros de coagulopatia intraoperatória clinicamente comprovada. Tratamento da encefalopatia. Abordagem do alcoolismo: A interrupção repentina do uso de álcool pode precipitar o paciente em um quadro grave de síndrome de abstinência; Para interrupção segura do álcool, recomenda-se uso de medicação profilática: Lorazepan 8mg/dia ou reposição de tiamina. Monitorização Intra-operatória Monitorização contínua da PA intra-arterial por punção e cateterismo de artéria periférica; Monitorização eletrocardiográfica e oximetria contínuas; Punção e cateterismo venoso central utilizado para infusão de drogas; Capnografia contínua; Cateterismo vesical de demora; Monitorização da glicemia e da diurese a cada hora. ❗ No POI, paciente deve permanecer em centro de terapia intensiva. Principais Complicações Dor; Encefalopatia hepática; Edema de MMII; Ascite; Peritonite espontânea; Coagulopatia com sangramento; Cirurgia no Paciente Hepatopata 4 Insuficiência hepática.
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