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Mateus Castro MED 2021 SEMANA 20 CLÍNICA MÉDICA 11 TOSSE CRÔNICA ASPECTOS INICIAIS Aguda: duração < 3 semanas. ° Infecção, irritação, congestão. Subaguda: duração de 3 – 8 semanas. Crônica: > 8 semanas. ° Tosse de vias aéreas superior (gotejamento pós-nasal), asma e DRGE – 3 principais causas. TUBERCULOSE Agente: Mycobacterium tuberculosis (Bacilo de Koch). Infecção ° Alta infectividade (transmite muito). ° Baixa patogenicidade (poucos adoencem). Transmissão: via aérea por aerossóis (gotículas: tosse, fala, espirro). A TB é uma doença de aglomeração (doença urbana) – precisa de um contato próximo para ocorrer a transmissão. Primoinfecção: ocorre mais frequentemente na infância. Durante a primoinfecção, o organismo não sabe se defender do microorganismo – ele brinca de pira no corpo nas primeiras semanas. Nas primeiras 3 semanas ocorre uma proliferação e disseminação importante de bacilos. No período de 3 – 8 semanas, a imunidade celular específica (linf T e IFN-gama) começa a combater o microorganismo de forma mais eficiente. → Os PVHIV tem uma deficiência de imunidade celular, assim ele tem maior risco de desenvolver TB. Esse combate leva a formação inicial de um granuloma caseoso (tentativa de contenção da infecção – paciente se infecta, mas não adoece). Em alguns pacientes, eles formam um granuloma caseoso grande a nível pulmonar, que é visto no RX, sendo chamado de nódulo de Gohn. Diante de uma primoinfecção, 90% dos casos conseguem ter um controle da infecção (granuloma ou matou o microorganismo) e 10% das pessoas adoencem. Um problema do granuloma é a TB latente – a pessoa pode desenvolver dependendo da situação clínica. Dos pacientes que adoecem, podem desenvolver a TB primária (adoeceu de cara) ou TB pós-primária (reinfecção ou reativação). Doença ° Pulmonar (80 – 85% dos casos). ° Extrapulmonar. Tuberculose Pulmonar – TB Primária Típico: criança (1° contato). Clínicamente, a criança pode se manifestar como uma pneumonia mais arrastada – ao RX, é comum o achado de um infiltrado persistente por > 2 semanas, linfonodomegalia hilar unilateral. Como no pulmão dessas crianças não é comum ter cavitação (destruição pulmonar), elas não são importantes disseminadoras da doença – paucibacilíferas. Atenção: forma miliar (micronodular ° < 2 anos não vacinados / imunodeprimidos. Tuberculose Pulmonar – TB Pós-Primária Típico: adulto/adolescente (reativação ou reinfecção). No RX é comum ter a lesão cavitária no ápice pulmonar, pois é a área mais aerada do pulmão. Uma complicação dessa lesão cavitária é a infestação fúngica e formação do aspergiloma (bola fúngica). Uma histórica típica, é anos após o paciente ter tido TB se apresentar novamente com os sintomas típicos. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 20 Diagnóstico Critério clínico-epidemiológico: ° Tosse > 3 semanas e/ou febre, sudorese noturna, perda de peso, inapetência. ° RX de tórax compatível. Critério laboratorial (microbiológico – escarro): ° Teste rápido molecular (TRM-TB): preferência – ele ainda avalia a resistência à rifampicina. ° Baciloscopia (BAAR): feito em 2 amostras – uma no momento da consulta e a outra no outro dia. ° Cultura do escarro. Para o diagnóstico em crianças, pode ser feito um sistema de pontuação (< 10 anos): C Clínica (sintomas > 2 sem): 15 pontos. H História de contato (últimos 2 anos): 10 pontos. I Imagem (RX alterado > 2 sem): 15 pontos. L Latente (PPD > 10 mm): 10 pontos. D Desnutrição (peso < p10): 5 pontos. Avaliação do escore: possível (> 30) e muito provável (> 40 pontos). O tratamento é indicado a partir de 30 (criança com clínica e RX compatíve já trata). Tuberculose Extrapulmonar – TB Pleural Epidemiologia: forma extrapulmonar mais comum (exceções: HIV+ e crianças – TB ganglionar). Características: adulto jovem com febre + emagrecimento + dor torácica pleurítica. Diante dessas queixas, ao realizar RX tórax é comum ser encontrado um derrame pleural, assim é feito uma toracocentese (exsudato, redução de glicose, linfomonocitário – podendo ser PMN no início). ADA > 40 é um achado muito sugestivo. Diagnóstico: ° BAAR < 5% / TRM-TB 30 – 50% / Cultura < 15%. ° Biópsia pleural 80 – 90%. Tuberculose Extrapleural – TB Meníngea Epidemiologia: não vacinados e imunodeprimidos. Características: ° Subaguda, acometimento de par craniano (II, III, IV, VI, VII). ° Líquor: aumento de proteína, queda de glicose, predomínio linfomonocitário. TC: hidrocefalia. Diagnóstico: ° BAAR 15% / TRM-TB 30 – 80% / Cultura 50 – 80%. Tratamento Drogas padrão: Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida + Etambutol. O Etambutol não é usado em crianças < 10 anos pelo risco de causar uma neurite óptica que pode evoluir para cegueira. Estratégia de tratamento: Caso novo ou Retratamento (6 meses): 2 RIPE + 4 RI. Meníngea ou Osteoarticular (12 meses): 2 RIPE + 10 RI. *Se meníngea: corticoide por 4 – 8 sem Entre as drogas usadas, a rifampicina e isoniazida são as mais bactericidas. Efeitos Colaterias ° R, I e P: hepatotóxicas (P é a Pior). Atualmente se um paciente tem efeitos hepatotóxicos no tratamento são retiradas as 3 drogas que podem causar esse efeito e são introduzidas 1 de cada vez para avaliar qual está causando a merda e então retirar de vez do esquema. ° R (RIMfampicina): urina laranja, nefrite, penias. ° I: neuropatia (repor vitamina B6 – piridoxina). ° P: hiperuricemia, rabdomiólise. ° E (etambutolho): neurite óptica. Seguimento Seguimento: baciloscopia mensal na TB pulmonar (TRM-TB não serve). Critérios de Falência do Tratamento: ° BAAR + ao final do tratamento. ° BAAR (2+/3+) até o 4° mês de tratamento. ° BAAR neg que volta a ser pos por 2 meses consecutivos. Diante desses casos, é interessante realizar cultura para iniciar um tratamento com medicações sensíveis para o caso. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 20 Controle ° Busca ativa de sintomáticos respiratórios (tosse > 3 sem). Pacientes mais vulneráveis: índios, HIV, presos, imigrantes, situação de rua – nesses pacientes não é necessário esperar 3 semanas para pensar em TB. ° Notificação e tratamento diretamento observado (TDO). ° Vacina BCG (formas graves – disseminada/meníngea). ° Controle de contactantes. Controle dos Contactantes Assintomático Sintomático Pesquisa TB Latente Pesquisa TB Ativa PPD > 5mm Escarro + RX Tratar TB Latente Se testes neg → Repetir em 8 semanas Uma outra forma de investigar a TB Latente é o ensaio de liberação de IFN-gama (IGRA) – é feito no sangue e é mais fácil de ser feito, porém menos disseminado. SOS: qualquer contactante HIV+ sempre deve tratar TB latente, mesmo sem investigar o quadro. Tuberculose Latente (ILTB) Conceito: infecção sem doença (assintomático). Indicações de tratamento (risco elevado de adoecer): ° PPD > 5 mm ou IGRA +: contactante, imunossupressão (corticoide, inibidor de TNF-alfa). ° PPD > 10 mm ou IGRA +: debilitados (diabetes, silicose, DRC em diálise, QT) e 10 mm de aumento na 2° prova tuberculínica (conversão). Tratamento: ° Preferência: Isoniazida 270 doses em 9 – 12 meses. ° Alternativa: Rifampicina 120 dorses em 4 meses (escolha para > 50 anos, < 10 anos e hepatopata). ° Novidade: Isoniazida + Rifapentina 12 doses em 3 meses (1x/semana). Indicação de prevenção (quimioprofilaxia primária): ° RN contactante de bacilífero. Conduta: ° Não vacinar para BCG ao nascimento. ° R ou I por 3 meses. ° Fazer PPD após os 3 meses: se < 5mm vacinar para BCG / se > 5mm manter I por 3 meses ou R por 1 mês. MICOSES PULMONARES PARACOCCIDIODOMICOSE Agente:Paracoccidioides brasiliensis (solo). Parece TB, mas é no meio rural. Manifestações Forma aguda: ° Mais comum em crianças / adultos < 30 anos. ° Mononucleose like: febre, linfonodomegalia, hepato esplenomegalia. Forma crônica: ° Infiltrado pulmonar em asa de morcego. ° Lesão cutâneo-mucosa. Diagnóstico ° Escarro / raspado / aspirado linfonodal: roda de leme. Tratamento ° Itraconazol 6 – 18 meses. ° Em casos graves, plano B = Anfotericina B. HISTOPLASMOSE Agente: Histoplasma capsulatum. BIZU: contato com morcego/galinheiro – BK das cavernas. Manifestações: ° Forma aguda: síndrome gripal. ° Forma crônica: mais comum em pneumopatas – sintomas respiratórios arrastados + infiltrado pulmonar iguais da tuberculose. Diagnóstico: escarro/sorologia/medula (disseminada). Tratamento: Itraconazol 12 m / Anfo B (graves). Anotações: Mateus Castro MED 2021 SEMANA 20 PEDIATRIA 5 CRESCIMENTO E SEUS DISTÚRBIOS CLASSIFICAÇÃO NUTRICIONAL Ministério da Saúde: compara dados do paciete com curvas de percentil e escoze-z. Escore-z: indica qua a distância o paciente está da média da população, por meio de desvio padrão. Pacientes com valores de escore-z positivo está acima da média e escore-z negativo está abaixo da média. Percentil: indica a posição que o paciente ocupa na distribuição ordenada de valores. Não compara com a média, e sim com toda a população. Correlação entre escore-z e percentil: ° +3 → 99,9 ° +2 → 97 ° +1 → 85 ° 0 → 50 ° -1 → 15 ° -2 → 3 ° -3 → 0,1 MS P / i E / i P / E ou IMC / i 0 – 5 a IMC / i 5 – 19 anos EZ > 3 Peso Obesidade Obesidade Grave EZ > 2 Elevado Sobrepeso Obesidade EZ > 1 Risco de Sobrepeso Sobrepeso EZ < -2 BP BE Magreza Magreza EZ < -3 Muito BP Muito BE Magreza Acentuada Magreza Acentuada **Magreza = desnutrição moderada. **Magreza acentuada = desnutrição grave (se tem edema de origem nutricional, sempre será desnutrição grave). Uma forma de avaliar se o paciente tem uma desnutrição crônica ou aguda é avaliar a estatura. Se apenas magreza é aguda, se associado com baixa estatura é crônico. CRESCIMENTO PESO ° Perde até 10% do peso nos primeiros dias de vida. ° Ganho ponderal médio: 1° TRI 700 g/m 2° TRI 600 g/m 3° TRI 500 g/m 4° TRI 400 g/m BIZU: A criança tende a duplicar o seu peso de nascimento com 4 – 5 meses e triplicar com 1 ano. ESTATURA ° Ganho estatural médio: 1° SEM 15 cm 2° SEM 10 cm 2° ANO 12 cm/a Pré-escolar 7 – 8 cm/a Escolar 6 – 7 cm/a PERÍMETRO CEFÁLICO 1° TRI 2 cm/m 2° TRI 1 cm/m 2° SEM 0,5 cm/m DESNUTRIÇÃO GRAVE Kwashiorkor: deficiência proteica, ingestão energética normal – doença do filho mais velho quando o mais novo nascia. ° Edema de extremidades, anasarca (devido a uma hipoalbuminemia e maior permeabilidade vascular). ° Tecido subcutâneo preservado ° Hepatomegalia (devido esteatose hepática). ° Alterações de cabelo e pele (alterações na cor e sinal de bandera, áreas hiperpigmentadas). Marasmo: deficiência global de energia e proteínas. ° Não há edema. ° Ausência de tecido adiposo, fácies senil ou simiesca, hipotrofia muscular e hipotonia. ° Não há alterações de cabelo e pele. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 20 Tratamento Fase de Estabilização Duração: 1 – 7 dias. ° Prevenção e tratamento de hipotermia, hipoglicemia, distúrbios hidroeletrolíticos e infecção. ° Alimentação para idade – nesse momento a alimentação não é para reverter a desnutrição, para evitar a síndrome de realimentação – o grande marcador é uma HIPOFOSFATEMIA grave. ° Reposição de micronutrientes: K, Mg, Az, vitaminas – não fazer ferro. CAUTELA: ° Reidratar pela via oral. ° Não tratar hiponatremia. ° ATB mesmo que assintomático. Fase de Reabilitação Duração: 2 – 6 semanas. ° Dieta hiperproteica e hipercalórica: catch up. ° Suplementação de ferro e tratamento de anemia ferropriva. Fase de Acompanhamento ° Pesagem regular. BAIXA ESTATURA Variantes normais do crescimento: ° Baixa estatura familiar. ° Atraso constitucional do crescimento e da puberdade: a criança amadurece mais lentamente – cresce mais lentamente, mas cresce por mais tempo. No 1° ano de crescimento, o fator genético tem pouco impacto no crescimento da criança – o que mais importa é o fator externo, se a criança está bem alimentada. Condições mórbidas: ° Desnutrição primária (desnutrido pois não recebe comida) ou secundária (desnutrido mas tem alguma doença que impede a absorção do alimento – doença celíaca). ° Doenças endócrinas: Hipotireoidismo: causa endóc mais comum. Deficiência de Gh. Hipercortisolismo. ° Doenças genéticas: Displasia óssea (acondroplasia – baixa estatura desproporcional). Síndromes cromossomiais (Sínd de Turner). Síndrome de Turner – 45X Principais alterações: ° Baixa estatura grave. ° Disgenesia gonadal: meninas com hipogonadismo – não entram em puberdade. ° No RN pode ter linfedema congênito. ° Pescoço alado, baixa implantação do cabelo. ° Cúbito valgo. ° Hipertelorismo mamário. ° Hipotireoidismo. ° Alterações cardíacas: valva aórtica bisúspide / co de aorta. Avaliação da Baixa Estatura Avaliação da estatura atual. Velocidade de crescimento. Alvo genético. Determinação da idade óssea. Organizando o Diagnóstico Defina se há baixa estatura: E/I < p3* Avalie a velocidade de crescimento (até o início da puberdade, a velocidade mínima de crescimento é em média 5 cm/ano). Normal: variante normal do crescimento. IO = IC Pais Baixos Baixa Estatura Familiar IO atrasada (IO < IC) Pais com Altura Normal Retardo Constitucional de Crescimento Anormal: condições mórbidas. ° Sexo feminino – avaliar cariótico para Turner. ° Avaliar alterações fenotípicas (genética?). Não → avaliação de IMC: 1 – Emagrecido: desnutrição. 2 – Bem nutrido ou obeso: doença endócrina. OBESIDADE Etiologia: ° Primária: resultado de alimentação ruim. ° Secundária: Como definir: Avaliação do IMC. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 20 Classificação CDC (Nelson de Pediatria): ° Avaliação somente > 2 anos. ° p85 ao p94: sobrepeso. ° > p95: obesidade. Comorbidades / Avaliação Complementar ° HAS. ° Dislipidemia (CT, HDL, LDL, TGD). ° Esteatose hepática (ALT). ° Resistência insulínica / DM (glicemia). ° Síndrome metabólica. Síndrome Metabólica ° 10 aos 16 anos. Critérios: ° Circunferência abdominal > ou igual p90 + 2 alterações: ° TGD > ou igual 150. ° HDL < 40. ° HAS > 130 x 85. ° Glicemia > ou igual 100 ou DM2. Tratamento ° Planejamento dietético. ° Atividades físicas. Anotações:
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