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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Síndrome dos Ovários Policísticos – SOP A SOP acompanha a mulher em toda sua vida reprodutiva, manifestando-se desde a adolescência com distúrbio menstrual e hiperandrogenismo cutâneo, em geral, passando por infertilidade na idade adulta e podendo evoluir para maior risco de desenvolvimento de doenças cardiometabólicas antes e após a menopausa. Por essas características, assume grande importância em Ginecologia. Epidemiologia: É a endocrinopatia mais comum da mulher. A prevalência é de 6 a 20% em mulheres no menacme (período reprodutivo da mulher – momento em que está clicando). Ocorrência familiar é frequente, principalmente em parentesco de 1º grau (20-60%). Padrão genético ainda não foi totalmente caracterizado. Etiologia: Causa mais comum de anovulação crônica: ✔ Afeta 10% das mulheres em idade reprodutiva (uma das causas de infertilidade). ✔ Condições associadas ao ↑prevalência SOP: – Infertilidade / anovulação – Obesidade – DM – História de adrenarca prematura – Familiares de 1º grau com SOP – 20-40% prevalência. Patogenia: Concentrações séricas de LH > FSH. Superexpressão R-LH células da teca e da granulosa. ↑Sensibilidade dos R-LH. ↑Secreção de andrógenos nas células da teca. Resistência aos efeitos do FSH nos folículos ovarianos. ↓Atividade da aromatase =↑ hiperandrogenismo. Seleção anormal de um folículo dominante. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Resistência a insulina = muita insulina no sangue (alta glicemia) = Tenta aumentar ainda mais a insulina (hiperinsulinemia compensatória). SOP = mulher imitando um diabético e com características masculinas. A desregulação do eixo faz com que haja baixo nível de FSH. Sem o FSH, não há transformação de testosterona em estrógeno ( = acúmulo de testosterona). Disfunções metabólicas favorecem ainda mais o acúmulo de testosterona, agrando o quadro da SOP. SOP é uma síndrome multifatorial. Na SOP há falta de FSH, então não há a fase de conversão de andrógeno em estrógeno. Com isso, há acúmulo de andrógeno e falta de estrógeno. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C O hiperandrogenismo é muito marcante em muitas mulheres com SOP. Esse distúrbio pode interferir no sistema reprodutor, tanto central (eixo córtico-hipotalâmico-hipofisário) como perifericamente (ovários), levando à perda da ciclicidade funcional ovariana por retroalimentação inadequada. Haveria, pois, maior produção de androgênios, o que perpetuaria a anovulação, bem como a inadequação endometrial. SOP e Resistência à Insulina (associadas): A identificação de resistência insulínica, intolerância à glicose ou diabetes melito não faz parte do diagnóstico da SOP, mas, quando houver a associação com esses distúrbios do metabolismo dos carboidratos, deve-se também identificar e tratar adequadamente para evitar a síndrome metabólica e a doença cardiovascular. Prevalência: 44-70%. Independentemente do IMC. Obesidade agrava resistência à insulina. Sabe-se que a insulina desempenha importante papel na fisiopatologia da SOP. O mecanismo da resistência à insulina na síndrome parece estar relacionado com defeito pós-receptor de insulina. Concomitantemente, há maior hiperinsulinismo compensatório, como resposta do pâncreas a essa situação, o que pode predispor à intolerância à glicose ou até ao diabetes melito. A insulina tem ação sinérgica ao LH nas células da teca interna e do estroma ovariano, bem como determina aumento da produção de androgênios. SOP e Obesidade (associadas): Hiperandrogenismo: Gordura Visceral/Ectópica. SOP Não SOP VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Critérios Diagnósticos de Rotterdam – pelo menos 2 de 3 critérios: 1) Ciclos irregulares: Oligo ou Amenorreia. 2) Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial: – Clínico: hirsutismo, acne e alopecia androgênica – Testosterona total > 50ng/dL – Suspeita de tumor > 150ng/dL 3) Ovários policísticos ao US: – Volume ovariano >10cc E/OU – >=12 folículos periféricos com < 10mm diâmetro * 1 ovário com as características é suficiente. * Excluindo outras causas de hiperandrogenismo e anovulação (Lembre-se: o diagnóstico de SOP é eminentemente de exclusão)! A – clássico ou completo com as três características; B – anovulação com hiperandrogenismo sem as imagens de ovários policísticos; C – hiperandrogenismo com imagens de ovários policísticos, mas a paciente tem ciclo regular (ovulatório); D – a paciente não tem hiperandrogenismo. Os fenótipos mais comuns são o A e o B, correspondendo a quase 80% das mulheres com SOP. Assim, o diagnóstico final é baseado nos critérios de Rotterdam, afastando as afecções com quadro clínico semelhante. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Quadro Clínico: Amenorreia/intervalos menstruais longos de início peripuberal. ↑ Risco CA endométrio: E2 sem contraposição da P. Sangramento uterino anormal. Resistência insulínica. Obesidade. ↑ Atividade e/ou quantidade. Síndrome hiperandrogênica: – Hirsutismo; – Acne; – Alopecia androgênica. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C É preciso ter três dos cinco critérios. Essas pacientes são de alto risco para doença hepática e cardiovascular. a) aferição da cintura abdominal maior que 88 cm; b) pressão arterial sistêmica maior do que 135/85 mmHg ou uso de anti-hipertensivos; c) glicose superior a 100 mg/dL; d) triglicerídeos superiores a 150 mg/dL; e) HDL menor do que 50 mg/dL. Questões Metabólicas: Obesidade e resistência à insulina. Síndrome metabólica: DM 2, Apneia do sono / sonolência diurna excessiva, Dislipidemia (↓HDL ↑LDL ↑TGL). ↑ Risco DCV. ↑ Doença hepática gordurosa não alcoólica. Questões Psicossociais: Transtornos do humor – depressão e ansiedade. Transtornos alimentares – compulsão alimentar e bulimia nervosa. Pois há falta de FSH VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Critérios Diagnósticos: Exames para exclusão de outras causas de hiperandrogenismo e anovulação: – βHCG (exclusão de gravidez); – Hiperprolactinemia: PRL (exclusão de tumor de hipófise); – Tireoideopatias: TSH e T4L (exclusão de disfunção da tireoide); – IOP (insuficiência ovariana primária): FSH e estradiol – Hiperplasia adrenal congênita: 17OHP (exclusão de tumor da suprarrenal); – Cortisol urinário (exclusão de síndrome de Cushing). O diagnóstico só será firmado após a exclusão de gravidez e destas afecções: disfunção da tireoide, hiperprolactinemia, tumor ovariano ou da suprarrenal, defeitos de síntese da suprarrenal, síndrome de Cushing e uso de substâncias androgênicas (anabolizantes). Tratamento: Objetivos: – Melhora dos sintomas hiperandrogênicos; – Melhora do metabolismo dos carboidratos; – Metformina; – Gestão de anormalidades metabólicas e ↓RCV; – Prevenção de hiperplasia endometrial e carcinoma; – Contracepção para quem não busca gravidez; – Indução da ovulação para quem busca gravidez. Generalidades: - Conduta expectante; - Atividade física; - Orientação nutricional; - Tratamentos estéticos; - Apoio psicológico. Mudanças no estilo de vida: - Dieta e exercícios físicos para ↓peso; - ↓RI ↓conversão periférica; - Restauração dos ciclos ovulatórios normais; - Melhores taxas de gravidez; - ↓Hirsutismo. Cirurgia bariátrica (em pacientes muito obesas e que não responderam aos tratamentos anteriores). Anticoncepcionais Hormonais Orais - Mecanismo de Ação: - ↓ níveis LH; - ↓ produção androgênica nas gônadas; - ↑ produção SHBG - ↓ níveis testosterona livre; - inibição da atividade 5 alfa-redutase (para inibir a síntese de testosterona); - ↓ conversão testosterona em diidrotestosterona; - progestagênio com pequena ou nenhuma ação androgênica. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Nos casosmais intensos de hirsutismo, os contraceptivos podem não ser suficientes para debelar esses sinais do hiperandrogenismo. Portanto, a associação com substâncias antiandrogênicas deve ser prescrita (ex: acetato de ciproterona, espironolactona, flutamida e finasterida). Para o restabelecimento da fertilidade, utilizam-se fármacos indutores da ovulação, como citrato de clomifeno, citrato de tamoxifeno e os inibidores da aromatase, como o letrozol. SOP é responsável por até 80% dos casos de infertilidade por anovulação, ou seja, o fator ovulatório é o que leva a infertilidade nessa síndrome. Aumento de LH e redução de FSH estímulo a secreção de androgênios. Em outras palavras, o ovário tem mais dificuldade em transformar seu microambiente androgênico em estrogênico. O aumento de androgênios impede o desenvolvimento folicular normal, induzindo atresia folicular prematura. SOP é a causa mais comum de hiperandrogenismo na mulher. História: início gradual, irregularidade menstrual, anovulação. Exame físico: hirsutismo, acne, obesidade, acantose nígricans. Laboratorial: altas concentrações de testosterona e de LH. Para o diagnóstico de SOP é necessária a presença de pelo menos 2 dos 3 critério de Rotterdam (após a exclusão de outras causas): ciclos anovulatórios; hiperandrogenismo clínico ou laboratorial; USG com ovários policísticos. A SOP com ciclos anovulatórios não tratada pode aumentar o risco de câncer de endométrio. Na escala de Ferriman Gallwey, considera-se hirsutismo pontuação maior ou igual a 8. Tratamento: clínico com ACHO.
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