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CLASSE SOCIAL E VOTO PESQUISA

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CLASSE SOCIAL E VOTO
Trabalho apresentado à disciplina de Sociologia como requisito de atividade avaliativa.
2022
1 – INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por finalidade falar de um importante tema no âmbito da Sociologia, nomeadamente as conexões entre classe social e voto. Analisa-se, então, o possível carácter estruturante das categorias socioprofissionais sobre o voto.
Pretende-se definir conceitos e teorias-chave relacionados com o tema, pesquisa de índices de votos por cada região do país, através de levantamento de pesquisas bibliográficas, as problemáticas relacionadas, sobre como o voto influencia no dia a dia, e um pouco também de uma questão de disputa que hoje em dia é nítida: direita ou esquerda?
2 - O QUE SE ENTENDE POR CLASSE SOCIAL
Classe social é um grupo dentro de uma sociedade que se diferencia de outros em decorrência de características econômicas, políticas ou culturais. A classe social é composta por indivíduos que ocupam posição próxima na escala da produção e do consumo, por isso têm em comum um padrão de vida, hábitos culturais, poder de influência, mentalidade e interesses.
Na literatura sociológica, esse conceito abrange diferentes concepções, que divergem conforme o critério que adotam para classificar as classes. Nas sociedades capitalistas, esse critério é predominantemente econômico, mas, em algumas concepções, pode vincular a renda a outros aspectos, como escolaridade, aporte cultural ou poder político.
3 – COMO É FEITA A CLASSIFICAÇÃO DE CLASSE SOCIAL
Classe social para Karl Marx
Karl Marx (1818-1883), em sua análise econômica da história, observou que em todos os períodos as bases econômicas eram estruturadas pelo antagonismo entre grupos de opressores e oprimidos. Essa luta movia as sociedades e promovia a transição de um modelo econômico para outro. Assim, na sociedade antiga, havia senhores e escravos; na sociedade medieval, suseranos e vassalos; na sociedade moderna, capitalistas e trabalhadores. No capitalismo esse antagonismo é expresso nas classes sociais.
Para Marx, há dois grandes grupos de interesse de classe contrários um ao outro: o grupo dos que possuem os meios de produção (terra, fábrica, banco, etc.), também denominado burguesia, e o grupo dos que possuem apenas sua força de trabalho, também denominado proletariado. O grupo de proprietários é formado por uma minoria de indivíduos, já o grupo do proletariado é formado pela maioria dos indivíduos. Estes vendem sua força produtiva aos donos do capital, que pode ser produtivo (indústria, agricultura e pecuária), financeiro (bancos, seguradoras) ou ligado ao setor de serviços (comércio, transportes, comunicação, etc.). A desigualdade nas relações de trabalho e na divisão da riqueza produzida permite a acumulação de mais capital.
Para Karl Marx, a definição de classe social é essencialmente econômica.
Para Marx, as classes são um fenômeno social de motivação econômica, e o conflito entre elas também é de natureza econômica, isto é, conflitos de interesse material entre proprietários e não proprietários dos meios de produção da riqueza. Os interesses comuns na medida em que são identificados como tais geram consciência, e esta gera ação, portanto a classe social também tem uma dimensão política, já que pode promover mudanças sociais por meio da ação coletiva.
Em síntese, na teoria marxista, as classes sociais são grupos de indivíduos que partilham de uma posição similar nas relações de produção, quais sejam elas, sejam os proprietários dos meios de produção, sejam os que vendem sua força de trabalho. A estrutura de classes é caracterizada pelo antagonismo entre elas. A classe burguesa monopoliza o poder econômico, político e cultural de modo a disseminar para a classe proletária uma ideologia que distorce a realidade e a leva a acreditar que as desigualdades são naturais e não podem ser minoradas. Por sua vez, quando a classe proletária desenvolve a consciência de classe e se organiza politicamente, ela cria condições para mudanças sociais. Marx avaliava que a vitória da classe operária levaria ao fim do capitalismo e à construção de uma sociedade igualitária. 
Classe social para Max Weber
Max Weber (1864-1920) não se restringe ao critério econômico para definir classe social. Para ele, a posição social de um indivíduo é resultado da combinação de três fatores:
· o status (honra, prestígio);
· a riqueza (renda, posses);
· o poder, isto é, a capacidade de influência sobre outros segmentos da sociedade.
Weber não minimiza a preponderância do aspecto econômico, sendo esse o fator que gera uma “situação de classe”, em que um grupo possui condições similares quanto à possibilidade de possuir ou não bens materiais ou simbólicos. Todavia, esse autor avalia que há outros aspectos importantes que não se explicam exclusivamente pela renda, pois o status remete a uma dimensão subjetiva, simbólica, cultural, sendo um atributo de posição dentro da estratificação social que confere privilégios e deferências.
Em síntese, para Weber, as sociedades são divididas em estratos, e a posição das classes é condicionada pela renda, poder e status. O status é um fenômeno típico da estratificação social, segundo o qual ocupar determinada posição na estrutura da sociedade implica tratamento de honra, privilégios.
Para Max Weber, o conceito de classe social envolve renda, poder e status.
Um grande sociólogo que desenvolveu seu conceito de classes na linha teórica de Weber foi Pierre Bourdieu (1930-2002), para quem os grupos de classe são definidos não só pela posição que ocupam no processo produtivo, mas pelo acesso que têm a bens materiais e culturais. Assim, nas sociedades de massas, a distinção de classe engloba outro aspecto além da posse dos meios de produção: o poder de consumo. Essa capacidade de consumir bens culturais não necessariamente está ligada à renda ou à ocupação profissional. Ela está ligada à posse de determinados conhecimentos que permitem apreciar certos bens culturais — obras de arte, por exemplo. A delineação das classes agrega ao capital econômico o capital cultural (saberes artísticos, científicos, literários, entre outros), que permeia a construção dos gostos, hábitos, padrões de consumo e pode ser motivador de tratamento honroso perante os demais e também da diferenciação entre classes sociais. 
Classe social para Durkheim
Èmile Durkheim (1858-1917) estudou a divisão social do trabalho. Em seu livro, fruto de sua tese de doutorado e publicado em 1893, reforçou a ideia da predominância do coletivo sobre o indivíduo. Para ele, a divisão do trabalho gera uma solidariedade entre aqueles que desempenham a mesma função e um sistema de direitos e deveres entre eles. Sociedades complexas, com alto grau de diversificação do sistema produtivo e, por isso, incontáveis ocupações reforçam essa preponderância do social, de forma que o indivíduo não pode ser autossuficiente em um sistema altamente integrado e complexo.
Dentro da dinâmica da sociedade e conforme seu sistema de valores, as atividades laborais são classificadas como mais ou menos importantes e, a partir dessa escala valorativa, delineiam-se os agrupamentos sociais, o que Marx chamaria de classes, e Weber, grupos de status. Para Durkheim, a divisão do trabalho é norteada por princípios morais, e não econômicos. Seu impacto na vida social também é mais moral que econômico. E quanto mais complexa é uma sociedade, maior é a divisão social do trabalho.
Para Durkheim, os grupos sociais adquirem status, honraria ou prestígio em razão das posições profissionais ou funcionais que são mais valorizadas na sociedade e mais bem integradas. A vinculação entre os indivíduos se dá por meio da complementaridade das posições que ocupam na divisão do trabalho. 
Para Èmile Durkheim, grupos obtêm prestígio e inserção social a partir da ocupação profissional.
 Estratificação social e as classes sociais
Os conceitos de estratificação social são tentativas de explicar como as sociedades são divididas. Essa divisão, diferenciação e hierarquização dos grupossociais se dá mediante a sobreposição de fatores como
· a renda;
· o poder político;
· a profissão;
· o prestígio;
· a bagagem cultural;
· a profissão;
· os hábitos de consumo.
A classe social é uma divisão predominantemente econômica, a estratificação social não. Ela abrange aspectos culturais, subjetivos, que geram sentimento de pertencimento a posições sociais, que, por sua vez, são elencadas conforme o que é mais valorizado nessa sociedade. O conceito de estratificação abarca o conceito de status desenvolvido por Weber, que aponta o prestígio de grupos com base no conhecimento que eles dispõem, na atividade honrosa que exercem, na influência que detêm, seja no campo religioso, seja militar, científico, etc., sem necessariamente passar pelo componente econômico, embora em muitos casos esteja ligado a ele.
As classes sociais compõem a estrutura social. As sociedades, em sua maioria, apresentam divisões em camadas ao longo de sua estrutura, de modo que os grupos são condicionados a determinadas posições conforme a hierarquia social. Quanto mais rígida é uma estratificação social, menor é a mobilidade, isto é, a possibilidade de indivíduos mudarem de posição, galgando posições mais altas ou declinarem a posições mais baixas.
4 - COMO O IBGE CLASSIFICA AS CLASSES SOCIAIS NO BRASIL
Classe social no Brasil
Nas sociedades capitalistas, a mobilidade social é viabilizada por fatores como:
· ampliar a escolaridade;
· galgar uma ocupação de trabalho prestigiada;
· ter participação política.
Porém, a estrutura social, especialmente em economias emergentes como a brasileira, afunila as possibilidades para que essa mudança de posição na hierarquia seja atingida por meio do estudo, da profissão ou da conquista de direitos. Outros fatores como gênero e etnia se somam aos vetores renda e escolaridade para complicar essa equação, de forma que uma mulher negra, pobre e com ensino fundamental incompleto terá uma gama de possibilidades de ascensão social bastante reduzida comparada a um homem branco, com ensino superior e rico.
O Brasil é o segundo país mais desigual do mundo, atrás apenas do Catar. Aqui, 1% da população (cerca de 1,5 milhão de pessoas) concentra 23,2% da renda total declarada ao Imposto de Renda. Desde os anos 1930, esse 1% detém de 20% a 25% da renda total do país, ou seja, nesse grupo não há variação significativa.
Conforme dados da FGV Social, no ano de 2018, o percentual de famílias ricas e de classe média alta (A e B) no Brasil era de 14,4%, o que corresponde a cerca de 30 milhões de pessoas. Esse grupo também é denominado “classe média tradicional”. A escolaridade média desse grupo é de 13,2 anos contra 8,7 da média brasileira. A taxa dos que cursam MBA nessas classes é cinco vezes maior que a média nacional. Esses grupos concentram também uma quantidade maior de empregadores, empresários e comerciantes, além de deter uma taxa de empreendedorismo de 12,9% contra 4,8% da média da população.
Em 2018, a classe C, também conhecida como “nova classe média”, correspondia a 55,3% da população brasileira, em torno de 115,3 milhões de pessoas. Esse agrupamento incorporou famílias que melhoraram de vida no ciclo econômico positivo da primeira década de 2000, mas também inclui famílias da classe B que empobreceram. Todavia, se comparada a 2003, quando comportava cerca de 67,1 milhões de pessoas, é perceptível um grande crescimento desse grupo, que se estabilizou, mesmo com as sucessivas crises econômicas, na faixa de 55% da população.
Segundo a mesma pesquisa, as classes D e E, que abrangem a população pobre, em 2018, representava 30,3% da população do Brasil, aproximadamente 62,3 milhões de pessoas. Esse grupo possui rendimento volátil, isto é, é composto por um grande contingente de trabalhadores informais. Nesse grupo 70% das famílias não dispõem de reserva financeira para uma situação de crise, por isso é a mais afetada em termos de endividamento e mesmo pela fome em situações excepcionais, como a pandemia do novo coronavírus.
Classe social para o IBGE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, órgão que provê as informações estatísticas oficiais que orientam o governo federal no planejamento, formulação e gestão de políticas públicas, utiliza uma definição de classe social baseada na faixa salarial. A renda é dividida em cinco classificações, conforme a quantidade de salários mínimos na renda mensal das famílias. As classes são categorizadas em:
· A (acima de vinte salários mínimos);
· B (dez a vinte salários mínimos);
· C (quatro a dez salários mínimos);
· D (dois a quatro salários mínimos),
· E (até dois salários mínimos).
Outro instituto cuja métrica é a base de muitas pesquisas brasileiras é a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), cuja metodologia, conhecida como Critério Brasil, levanta, além da renda, características domiciliares que mensuram o grau de conforto e também a escolaridade. Cada item somado gera uma pontuação enquadrada na classificação A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E.
5 – COMO É GARANTIDO O SIGILO DO VOTO
O sistema eleitoral brasileiro atual é constituído não tão somente pelas urnas, mas também pelos sistemas responsáveis por armazenar os votos, apurá-los e transmiti-los. Com intuito de garantir a segurança e a credibilidade dos sistemas utilizados no pleito, a Justiça Eleitoral realiza diversos procedimentos de auditoria. Todos os métodos adotados têm como objetivo final garantir ao eleitor a segurança e o sigilo do voto.
Sigilo do Voto
A Justiça Eleitoral trabalha de modo que o eleitor não tenha que se preocupar com o sigilo do seu voto. Não há como saber em quem o eleitor votou. Ainda que o mesário faça a identificação da pessoa, a urna não distingue quem está votando. O registro do voto é feito de forma aleatória e a sua única vinculação é quanto à zona, seção e urna eletrônica onde ele foi registrado. Portanto, o eleitor pode ter a certeza de que o seu direito será garantido, a urna eletrônica está apta para receber o voto de forma segura e sigilosa.
A seguir veja as providencias que a Justiça Eleitoral toma para garantir a segurança do voto:
Assinatura Digital e Lacração dos Sistemas
Esse procedimento é realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em uma cerimônia que conta com a presença dos representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Ministério Público (MP) e dos partidos políticos e coligações. Os sistemas que constarão nas urnas recebem a assinatura digital, que assegura que o software da urna não foi modificado e é autentico, ou seja, produzido e gerado pelo TSE. Em seguida, são lacrados fisicamente e depositado em envelopes novamente lacrados. Esses sistemas são então encaminhados para os 27 Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
Geração das Mídias e Verificação de Dados e Fotos
O Tribunal convoca os candidatos para que confiram seus dados que constarão nas urnas, como nome, número do partido e foto. Em um segundo passo, os sistemas que foram encaminhados aos TREs serão reproduzidos nas mídias que estarão armazenadas nas urnas. Alem disso, também há os dados dos eleitores, das seções eleitorais, dos partidos políticos e dos candidatos que concorrerão.
Carga e Lacração das Urnas
Todas as urnas serão verificadas e abastecidas antes de serem encaminhadas ao seu destino final: a seção eleitoral. De modo que, os servidores do TRE, na presença dos juízes eleitorais, carregam as urnas com os sistemas de votação e com os dados pertinentes dos eleitores e dos candidatos. Em seguida, são realizados testes para verificar o correto funcionamento, para então serem lacradas e identificadas com a zona eleitoral e a seção de destino. Durante o procedimento, os representantes do MPE, da OAB, dos partidos políticos e coligações podem acompanhar.
Votação Paralela
Paralela a votação oficial, ocorre também a votação paralela, que é uma a auditoria realizada com o intuito de verificar por meio de amostragem, a segurança e o funcionamento das urnas eletrônicas. Uma comissão composta por um Juiz de Direito e servidores da justiça eleitoral,realizam o sorteio de uma urna que já está instalada no local de votação. A urna escolhida é recolhida e auditada. O procedimento ocorre durante o período de 8h às 17h, e conta com a presença do MPE, a OAB e os representantes dos partidos políticos. A imprensa e a sociedade civil podem acompanhar também. Todo o procedimento é filmado e acompanhado por empresa de auditoria contratada pelo TSE.
Urna Eletrônica
Após todos esses procedimentos, no dia da votação, antes das 8h da manhã, o mesário imprime a zerésima, que é o comprovante emitido em cada seção eleitoral, que atesta que não existe voto registrado para nenhum candidato antes do início da votação. A urna não tem ligação nenhuma com a internet ou qualquer meio de transmissão de dados. O único cabo que ela possui é o de energia. E ainda se for necessário, ela poderá ficar ligada somente na bateria por mais de 10 horas, por exemplo, caso falte luz.
O voto do eleitor é registrado de forma aleatória e a sua única vinculação é quanto à zona, seção e urna eletrônica onde ele foi registrado. Encerrada a votação, a urna imprime o boletim de urna, que é resultado da votação daquela seção eleitoral. São cinco cópias: uma ficará fixada no próprio local, três vias são encaminhadas ao cartório eleitoral e a última é entregue aos representantes dos partidos políticos presentes.
Deste modo, se torna transparente e de conhecimento público o resultado da eleição assim que é encerrada a votação, e esse procedimento ocorre simultaneamente em todas as seções eleitorais. Após a impressão, a mídia de resultado é enviada ao pólo de transmissão, que transmitirá os dados ao TRE.
6 – QUAL A IMPORTÂNCIA DO TÍTULO DE ELEITOR NA VIDA DE UM CIDADÃO
Um dos documentos de cidadania por excelência, o título de eleitor tem uma história antiga e de contínuo aperfeiçoamento, que é a porta de entrada para a participação ativa dos brasileiros na vida política do país. É o título de eleitor que dá o direito das pessoas votarem nas eleições. Pela Constituição Federal, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de 18 anos e facultativos para analfabetos e para quem tem idade entre 16 e 18 anos, ou superior a 70 anos. 
A falta do título traz ao cidadão obstáculos na hora de uma contratação profissional, da matrícula em uma universidade pública, de tomar posse em cargo de concurso público, e na retirada de outros documentos oficiais. 
Império
O primeiro documento de identificação do eleitor brasileiro foi o chamado Título de Qualificação, criado pelo Decreto nº 2.675, de 1875, na época do Segundo Império. O decreto também é conhecido como Lei do Terço. A lei aboliu o voto por círculos e determinou que o pleito fosse realizado por províncias. A lei teve como objetivo aumentar a representatividade das minorias. A solução foi limitar o voto de cada eleitor a dois terços do número total de cadeiras em disputa. No Império, o eleitor deveria comprovar possuir uma renda mínima anual, ser homem, e ter 25 anos.
O então deputado Rui Barbosa foi o autor do projeto de lei que se transformou no Decreto n° 3.029, de 1881, conhecido como Lei Saraiva, em homenagem a José Antônio Saraiva, presidente do Conselho de Ministros, que solicitou o projeto de reforma eleitoral ao parlamentar.
A Lei Saraiva instituiu o voto direto no país, criou o Título de Eleitor no Brasil, em substituição ao Título de Qualificação, e proibiu o voto do analfabeto, razão pela qual deveria constar no título sua instrução e sua assinatura. 
A partir daí, o documento passou a ser obrigatório no momento do voto. Entre as informações que continha, o título de eleitor trazia: nome, idade, filiação, profissão, estado civil, domicílio, renda do eleitor e número e data de alistamento. No entanto, o direito ao voto ficou restrito apenas aos homens que atestassem renda líquida anual maior do que 200 mil réis. A partir de 1881, o alistamento passou a ser de responsabilidade do Juiz de Direito. Havia revisões anuais do eleitorado.
República
Em 1890, um ano após a Proclamação da República aparece o novo modelo de título de eleitor. Com o Decreto n° 200-A o título traz agora também o estado, comarca, município, distrito de paz e quarteirão de residência do eleitor, além de manter dados como nome, idade, filiação, estado civil, profissão, domicílio, número e data do alistamento eleitoral. O decreto, nomeado de Regulamento Lobo – em razão do ministro do Interior Aristides da Silveira Lobo –, acabou com o voto censitário. Ou seja, a partir daí, comprovação de renda não era mais pré-requisito para o voto. 
Na Primeira República, o eleitor deveria ser do sexo masculino, ter 21 anos e ser alfabetizado. Com a separação do Estado e da Igreja e após um recadastramento eleitoral, União, estados e municípios passaram a emitir diferentes títulos de eleitor, o que trazia para o cidadão complicações na hora do voto.
A ideia do título padronizado surgiu em 1904, no alvorecer do Século XX, quando o senador Rosa e Silva propôs a criação de uma Unidade de Alistamento Eleitoral. Aprovou-se, então, a Lei nº 1.269, que levou o nome do parlamentar, que instituiu um título eleitoral com a novidade do número de ordem de inscrição do eleitor no alistamento municipal. O alistamento único espraiou-se gradualmente nos estados. Pela Lei Rosa e Silva, não podiam votar os analfabetos, mendigos, praças de pré (militar de menor categoria na hierarquia). e religiosos de qualquer denominação que tivessem feito voto de obediência.
Doze anos depois, a Lei nº 3.139/1916 criou um novo título de eleitor. Os requisitos que o cidadão deveria atender para solicitar sua inclusão na lista de eleitores passaram a ser: ter mais de 21 anos, exercer atividade ou comprovada capacidade de assegurar sua subsistência, comprovar residência por mais de dois meses na circunscrição do alistamento e ser cidadão brasileiro. Foi esta a lei que entregou ao Poder Judiciário a responsabilidade sobre o alistamento eleitoral.
Revolução de 1930 e avanços
A partir da Revolução de 1930, com o fim da Primeira República, o novo governo criou a Justiça Eleitoral, por meio do Decreto nº 21.076/1932, para organizar, administrar e fiscalizar as eleições brasileiras. O primeiro Código Eleitoral instituiu o voto secreto e obrigatório.
O título de eleitor de 1932 veio com duas inovações importantes: foi o primeiro a trazer fotografia e a impressão digital do eleitor. Além das informações sobre o eleitor contidas no documento, tais dispositivos aumentaram a segurança da Justiça Eleitoral quanto a quem estava votando ser realmente o titular do voto.
Com o Código Eleitoral de 1932 (Decreto nº 21.076), a mulher passou a fazer parte do rol de eleitores, mas o voto feminino só seria obrigatório para aquelas que exercessem atividade remunerada. Podiam votar os maiores de 21 anos. O voto era facultativo para os maiores de 60 anos e para as mulheres. Os analfabetos continuaram proibidos de votar. Também não podiam votar os mendigos e os praças de pré.
O Código Eleitoral de 1945 (Decreto-Lei nº 7.586) restabeleceu a Justiça Eleitoral e instituiu novo título, após os oito anos do Estado Novo de Getúlio Vargas, durante o qual não houve eleições para qualquer cargo. O modelo de título de eleitor daquele ano continha as seguintes informações: nome, idade, filiação, naturalidade, estado civil, profissão e residência. O documento era assinado pelo juiz e pelo eleitor e tinha duas partes, sendo uma entregue ao eleitor e outra depositada no cartório. O Código reduziu de 21 para 18 anos a idade mínima para o voto. A fotografia foi excluída deste modelo.
O título voltou a trazer a foto do eleitor cinco anos mais tarde. A Lei n° 1.164, de 1950, implantou um novo Código Eleitoral e regulamentou a Justiça Eleitoral, o alistamento, os partidos políticos e as eleições. O Código Eleitoral determinava que o título contivesse: nome do eleitor, idade, filiação, naturalidade, estado civil, profissão e residência, além de ser assinado pelo juiz eleitoral e pelo eleitor. Os requisitos para o alistamento passaram a ser: idadeacima de 18 anos, certificado de alistamento militar e nacionalidade brasileira.
A Lei n° 2.250, de 1955, fixou o eleitor a uma seção eleitoral específica. Ele só perderia essa ligação se mudasse de domicílio eleitoral. Para votar, o cidadão deveria, além de portar o título, ter seu nome na lista dos eleitores na seção.
Voto do analfabeto
Durante o Brasil colônia, havia o chamado “voto cochichado”, segundo as ordenações do Reino, quando uma pessoa ouvia os que não sabiam escrever. Do século XVI até o começo do século XIX, o voto dos analfabetos sofreu algumas restrições em determinadas ocasiões, mas foi, de certa maneira, preservado. Começa o Império, e o analfabeto ainda vota.
Foi somente com a promulgação da Emenda Constitucional nº 25, de 15 de maio de 1985, que os analfabetos recuperaram o direito de votar, agora em caráter facultativo.
A Constituição Federal de 1988 manteve inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Mas assegurou às pessoas analfabetas, definitivamente, o direito ao voto, em caráter facultativo. 
Modelo atual e alistamento
A Lei nº 7.444, de 20 de dezembro de 1985, estabeleceu o modelo em vigor do título eleitoral. A norma dispôs sobre a implantação do processamento eletrônico de dados no alistamento eleitoral e a revisão do eleitorado, que ocorreu em 1986.
As informações do eleitor contidas no modelo atual são as seguintes: nome, data de nascimento, número de inscrição, zona eleitoral, seção eleitoral, município, estado onde o eleitor mora, e data de emissão do título. Foi eliminada a fotografia do eleitor no documento.
A partir de 2008, com o recadastramento gradativo dos eleitores pela Justiça Eleitoral para o uso do sistema de identificação biométrica (por impressões digitais), as fotos dos eleitores são batidas e arquivadas no Cadastro Nacional de Eleitores. Atualmente, 49 milhões de eleitores já passaram pelo recadastramento biométrico.
Cidadania
A história dos modelos de título eleitoral revela as diversas formas de atuação cidadã ao longo do tempo. Isso porque acentua, durante esse processo, a gradativa inclusão dos negros, mulheres, índios, analfabetos e adolescentes no supremo direito de votar para eleger os representantes do povo nos poderes Executivo e Legislativo das respectivas esferas da administração pública. 
Atualmente, 146 milhões brasileiros estão aptos a votar e têm seu título de eleitor, fornecido gratuitamente pela Justiça Eleitoral. Hoje, constitucionalmente, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios aos brasileiros a partir dos 18 anos e facultativos aos jovens de 16 e 17 anos, aos maiores de 70 anos e aos analfabetos. 
Na hora de votar, apresentar o título eleitoral não é mais necessário. Bastar o eleitor levar um documento oficial com foto à sua seção de votação.
Mas o título de eleitor mantém a sua importância como um dos documentos máximos da cidadania. Ele estampa, para o cidadão, o local onde este pode exercer, periodicamente, o direito ao voto para a escolha de seus representantes. 
Como tirar o título
Para obter o título de eleitor, o cidadão deve ir ao cartório eleitoral de sua região, com os seguintes documentos: carteira de identidade (carteira de trabalho ou certidão de nascimento ou casamento. A apresentação da Carteira Nacional de Habilitação ou passaporte exigirá complementação documental para suprir os dados necessários à emissão do título); comprovante de residência original e recente; e certificado de quitação do serviço militar para os maiores de 18 anos do sexo masculino.
Em ano eleitoral, a solicitação do título deve ocorrer até 151 dias antes do pleito. Em ano não eleitoral, o documento pode ser requerido em qualquer dia. O cidadão deve solicitar o título de eleitor pessoalmente no cartório eleitoral, não sendo admitida, no caso, procuração.
Os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) dispõem de um sistema de pré-atendimento. Nele, o eleitor agenda pela internet o horário mais conveniente para comparecer ao cartório eleitoral para solicitar o título.
Em caso de perda ou extravio, o eleitor pode requerer a segunda via do documento. Para tirar a segunda via, o cidadão deve ir ao cartório eleitoral do município em que reside, portando documento de identidade.
7 – COMO O VOTO INFLUENCIA NO DIA A DIA
O voto foi expandido para todos os cidadãos com mais de 16 anos muito recentemente, mostrando que a participação política no país foi constantemente restringida.
"O voto, ou sufrágio, como é também conhecido, é um dos principais instrumentos utilizados para eleições de representantes políticos ou para tomar decisões políticas, em espaços em que há consulta popular para isso, como nos casos de referendos ou plebiscitos."
"Por meio do voto, é possível ao eleitor escolher dentre um leque de opções previamente estabelecido uma pessoa que o representará em algumas das instituições políticas por um período determinado. Essa escolha, na forma ideal, deve ser feita com consciência política e após uma análise das propostas do candidato e de sua viabilidade de aplicação, além do histórico pessoal e político do candidato."
"A urna eletrônica substituiu as cédulas de papel, garantindo maior rapidez na apuração dos votos."
"Intensas campanhas são feitas para combater a compra de votos, uma prática ainda comum durante as eleições no Brasil. Através da compra do voto, políticos com maior poder econômico conseguem influenciar de forma considerada não ética um maior número de eleitores. A compra de votos é crime no Brasil, mas isso não quer dizer que ela não exista.
Por outro lado, diversos posicionamentos críticos em relação à democracia representativa apontam que os financiamentos de campanhas, que são legais, acabam também fazendo com que as classes que têm maior poder econômico coloquem seus representantes no poder, limitando a abrangência da democracia. Nesse caso, somente as campanhas eleitorais milionárias teriam capacidade de serem vitoriosas nas principais eleições.
Outra característica do voto no Brasil é que ele é obrigatório. Há campanhas para que o voto seja facultativo, uma escolha das pessoas que querem eleger seus representantes. A favor desse posicionamento há o argumento de que tal medida diminuiria os casos de corrupção nas eleições, além de ampliar a possibilidade de escolha dos cidadãos, já que poderiam começar escolhendo se querem votar ou não.
Há ainda posicionamentos de crítica mais profunda às eleições, principalmente as decorrentes das campanhas do voto nulo. A prática de anular o voto visa expor um descontentamento com todo o sistema da democracia representativa ou, em alguns casos, a insatisfação com os candidatos que são apresentados. 
Em muitos casos, a crítica à representatividade indica uma limitação dessa forma de organização, que exclui da participação política direta a maior parte dos cidadãos, afastando-os desse tipo de prática, que se limitaria a votar apenas em certos períodos, em candidatos previamente escolhidos por agremiações. Nesse sentido, nos intervalos das eleições, os cidadãos ficariam afastados das decisões políticas, já que delegariam essa função a seus representantes.
Os vários posicionamentos no debate demonstram a importância do voto na prática política brasileira."
8 – ÍNDICES DE VOTOS POR CADA REGIÃO DO PAÍS
Eleições 2018: O peso de cada região do Brasil na votação para presidente
Metade dos votos de Bolsonaro teve origem no Sudeste. No caso de Haddad, metade de sua votação foi no Nordeste. A BBC News Brasil preparou 4 gráficos que mostram como cada região votou no primeiro turno.
O mapa do Brasil ficou novamente dividido em dois na apuração do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. De um lado, Jair Bolsonaro, o primeiro colocado, venceu em 17 Estados - em todos das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e na maior parte da região Norte. De outro, Fernando Haddad, em segundo lugar, liderou em 8 dos 9 Estados do Nordeste e no Pará, no Norte.
O único Estado do país que ficou fora dessa polarização foi o Ceará, onde Ciro Gomes ficou em primeiro lugar.
Esta é a quarta eleição presidencialseguida em que o mapa do Brasil fica dividido entre duas cores. Até 2002, a maioria dos Estados votava de forma semelhante.
Já a partir de 2006, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputou a reeleição, as regiões passaram a votar de forma diferente. Naquele ano, o PT liderou em todo o Nordeste, parte da região Norte, Minas Gerais e Rio de Janeiro, entre outros. Já o PSDB esteve à frente em São Paulo, no Centro-Oeste e em parte do Sul e do Norte. Em linhas gerais, esse padrão se manteve até 2014.
A principal diferença neste ano foi a substituição do PSDB pelo PSL, partido ao qual Jair Bolsonaro se filiou em março. A segunda mudança mais importante foi a redução da área de influência do PT. Nas eleições de 2014, o partido venceu em 15 Estados; em 2010, em 18. Nesta, foram apenas 9 Estados.
A BBC News Brasil mostra abaixo alguns gráficos que ajudam a entender o peso de cada região do país na votação dos candidatos a presidente neste primeiro turno.
Quem venceu em cada unidade da federação - eleição presidencial 2018 — Foto: BBC
1) De onde vieram os votos dos três primeiros colocados
A grande maioria dos votos de Jair Bolsonaro, 68%, teve origem no Sul e Sudeste. São 10 pontos percentuais a mais do que o peso dessas regiões no eleitorado brasileiro - ou seja, 58% dos eleitores do país vêm dessas duas regiões.
Já o desempenho do candidato no Nordeste foi baixo. Ali, o militar reformado conquistou 15% dos seus votos, quando a região representa 27% do eleitorado.
No caso de Haddad, o cenário é o oposto. De todos os votos no candidato, 46% foram no Nordeste. É mais do que o petista obteve nas regiões Sul e Sudeste juntas, 38%.
No caso de Ciro Gomes, de cada 100 votos que o candidato recebeu, 41 vieram do Sudeste e 36 do Nordeste. As demais regiões tiveram pouco peso na sua votação.
O gráfico abaixo mostra o percentual de votos dos três primeiros colocados no primeiro turno, decomposto por região. A primeira barra mostra os 46% de Jair Bolsonaro; a segunda, os 29% de Fernando Haddad; e a terceira, os 12,5% de Ciro Gomes.
Repare que, no caso de Bolsonaro, a faixa azul (Sudeste) é a mais representativa. Para Haddad, a faixa vermelha (Nordeste) é a maior. Note também que, apesar de Bolsonaro ter ido pior no Nordeste que em outras regiões, ainda assim obteve mais votos nordestinos que Ciro Gomes.
Percentual de votos dos três primeiros colocados no primeiro turno, decomposto por região — Foto: BBC
2) O número de votos que cada região deu para os três primeiros colocados
Outra forma de olhar para os números é pela quantidade de votos totais que cada região deu para cada candidato. A vantagem desse tipo de abordagem é que é mais fácil perceber o tamanho e o peso do eleitorado de cada região. O gráfico abaixo está dividido pelas cinco regiões. Cada cor representa um candidato e a altura de cada barra indica o total de votos.
O que mais chama a atenção é a votação de Bolsonaro no Sudeste, região que tem o maior número de eleitores do país. A distância do ex-capitão do Exército para Fernando Haddad no Sudeste é tão grande (15 milhões de votos a mais) que chega a superar a votação total do petista no Nordeste (14,5 milhões de votos).
Já a vantagem de Bolsonaro em relação a Haddad no Sul (cerca de 620 mil votos) é próxima à vantagem de Haddad em relação a Bolsonaro no Nordeste (em torno de 700 mil votos).
Na região Norte, por sua vez, a disputa entre Bolsonaro e Haddad foi mais acirrada.
Quantidade de votos totais que cada região deu para cada candidato - Eleição 2018 — Foto: BBC
3) O resultado da votação em cada região do Brasil
O resultado do primeiro turno foi 46% para Jair Bolsonaro, 29,3% para Fernando Haddad e 12,5% para Ciro Gomes. Veja abaixo qual foi a proporção para cada região do Brasil.
- Centro-Oeste: 58% Bolsonaro, 21% Haddad, 10% Ciro.
- Nordeste: 26% Bolsonaro, 51% Haddad, 17% Ciro.
- Norte: 43% Bolsonaro, 37% Haddad, 9% Ciro.
- Sudeste: 53% Bolsonaro, 19% Haddad, 12% Ciro.
- Sul: 57% Bolsonaro, 20% Haddad, 9% Ciro.
- Exterior: 59% Bolsonaro, 10% Haddad, 14% Ciro.
Proporção para cada região do Brasil - Eleições 2018 — Foto: BBC
Agora, compare com o resultado por região após o primeiro turno das eleições de 2014. No Brasil como um todo, Dilma Rousseff teve 42% dos votos válidos e Aécio Neves, 34%. Marina Silva ficou em terceiro lugar, com 21%.
É possível reparar que a votação do PT caiu em todas as regiões do Brasil. E que, também em todo o Brasil, a adesão a Bolsonaro é maior que o apoio ao PSDB quatro anos atrás.
Comparação com o resultado por região após o primeiro turno das eleições de 2014 - Eleições 2018 — Foto: BBC
9 – DIREITA OU ESQUERDA: O QUE CADA UM SIGNIFICA
Nas eleições de 2018, o Brasil assistiu a uma onda de debates agressivos, especialmente nas redes sociais, que se dividiam em dois lados: os de esquerda e os de direita, associadas pela maioria aos partidos PT, PDT e PSOL, e PSL, PSDB e Avante respectivamente. Definir um posicionamento político apenas pelo viés partidário pode ser uma armadilha repleta de clichês, já que essa divisão não reflete a complexidade e contradições da sociedade. O fato é que não existe um consenso quanto a uma definição comum e única de esquerda e direita. Existem “várias esquerdas e direitas”. Isso porque esses conceitos são associados a uma ampla variedade de pensamentos políticos. 
Polarização das últimas eleições causou muita discussões e brigas familiares nas redes sociais: você realmente entende o significado de ser de direita ou esquerda? (foto: Internet)
As ideologias “esquerda” e “direita” foram criadas durante as assembleias na França do século XVIII. Nessa época, a burguesia procurava, com o apoio da população - especialmente os "sans-culotte", diminuir os poderes da nobreza e do clero. Era a primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799).
Com a Assembleia Nacional Constituinte montada para criar a nova Constituição, as classes mais ricas não gostaram da participação das mais pobres, e preferiram não se misturar, sentando separadas, do lado direito. Por isso, o lado esquerdo foi associado à luta pelos direitos dos trabalhadores, e o direito ao conservadorismo e à elite francesa.
Dentro dessa visão, ser de esquerda presumiria lutar pelos direitos dos trabalhadores e da população mais pobre. Já a direita representaria uma visão mais conservadora, ligada a um comportamento tradicional, que busca manter o poder da elite e promover o bem estar individual. 
Com o passar do tempo, as duas expressões passaram a ser usadas em outros contextos. Atualmente, por exemplo, os partidários que se colocam contra as ações do regime vigente (oposição) seriam entendidos como “de esquerda” e os defensores do governo em vigência (situação) seriam a ala “de direita”. Embora os dois lados realizem reformas, uma diferença seria que a esquerda busca promover a justiça social enquanto a direita trabalha pela liberdade individual. 
Após a queda do Muro de Berlim (1989), que pôs fim a Guerra Fria, um novo cenário político se abriu. Por isso, hoje, as palavras ‘esquerda’ e ‘direita’ parecem não dar conta da diversidade política do século 21. Isso não quer dizer que a divisão não faça sentido, apenas que ‘esquerda’ e ‘direita’ não são palavras que designam conteúdos fixados de uma vez para sempre. Podem designar diversos conteúdos conforme os tempos e situações.
No Brasil, essa divisão se fortaleceu no período da Ditadura Militar, onde quem apoiou o golpe dos militares era considerado da direita, e quem defendia a instauração de um regime socialista baseado nas ideias de Karl Marx, de esquerda. Com o tempo, outras divisões apareceram dentro de cada uma dessas ideologias. Hoje, os partidos de direita abrangem conservadores, democratas-cristãos, liberais e nacionalistas, e ainda o nazismo e fascismo na chamada extrema direita. 
Na esquerda, temos os social-democratas, progressistas, socialistas democráticos e ambientalistas. Na extrema-esquerda temos movimentos simultaneamente igualitários e autoritários, como movimentos operários e comunistas pelo o fimda propriedade privada. Há ainda posição de "centro". Esse pensamento consegue defender o capitalismo sem deixar de se preocupar com o lado social. Em teoria, a política de centro prega mais tolerância e equilíbrio na sociedade. No entanto, ela pode estar mais alinhada com a política de esquerda ou de direita. A origem desse termo vem da Roma Antiga, que o descreve na frase: "In mediun itos" (a virtude está no meio).
Panorama ideológico dos partidos brasileiros
Outro tema fundamental é a visão sobre a economia. Os de esquerda pregam uma economia mais justa e solidária, com maior distribuição de renda e interferência do Estado. Os de direita seriam associados ao liberalismo, doutrina que na economia pode indicar os que procuram manter a livre iniciativa de mercado e os direitos à propriedade particular. Algumas interpretações defendem a total não intervenção do governo na economia, a redução de impostos sobre empresas, a extinção e simplificação da regulamentação governamental, e outros. Lembrando que há governos de direita também com forte intervenção estatal, como o ocorrido durante o período militar no Brasil.
O liberalismo não significa necessariamente conservadorismo moral. Na raiz, o adjetivo liberal é associado à pessoa que tem ideias e uma atitude aberta ou tolerante, que pode incluir a defesa de liberdades civis e direitos humanos. Já o conservador seria aquele com um pensamento tradicional. Na política, o conservadorismo busca manter o sistema político existente, que seria oposto ao progressismo.
Direita e esquerda também têm a ver com questões éticas e culturais. Avanços na legislação em direitos civis e temas como o casamento LGBT e legalização das drogas e aborto são vistas como bandeiras da esquerda, com a direita assumindo a defesa da família tradicional. No que nos faz perceber que esses conceitos são mais flexíveis hoje em dia.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Disponível em:< https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/1255/1/CIES-WP57%20_Godoy.pdf
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Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/classe-social.htm#:~:text=Classe%20social%20%C3%A9%20um%20grupo,caracter%C3%ADsticas%20econ%C3%B4micas%2C%20pol%C3%ADticas%20ou%20culturais.
>. Acesso em: 22/05/2022.
Disponível em: < https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2017/Janeiro/evolucao-do-titulo-de-eleitor-mostra-o-desenvolvimento-da-democracia-brasileira>. Acesso em: 22/05/2022.
Disponível em: < https://tre-df.jusbrasil.com.br/noticias/147592313/a-justica-eleitoral-garante-o-sigilo-do-seu-voto>. Acesso em: 22/05/2022.
Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/politica/importancia-voto.htm>. Acesso em: 22/05/2022.
Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em-numeros/noticia/2018/10/08/eleicoes-2018-o-peso-de-cada-regiao-do-brasil-na-votacao-para-presidente.ghtml>. Acesso em: 22/05/2022.
Disponível em: <://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2019/03/15/noticia-especial-enem,1037686/direita-e-esquerda-entenda-seu-significado.shtml>. Acesso em: 22/05/2022.

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